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quinta-feira, janeiro 05, 2006

A Incredulidade no Púlpito

Crer naquilo que a Bíblia diz é um dom salvador de Deus. Aptidão para falar em público, não. Crer em Jesus Cristo como o Filho de Deus encarnado é obra salvadora da graça. Capacidade para administrar uma igreja, não. Receber os relatos bíblicos em fé e viver por eles é resultado da operação salvadora do Espírito de Deus no coração. Capacidade para liderar um culto e dirigir uma liturgia, não. Fé nos relatos bíblicos de milagres é graça especial aos eleitos. Poder intelectual e acuidade mental, não.

É por isto que existem pastores e professores de teologia que são incrédulos. Pois para ser pastor e professor de teologia não é preciso fé. Tive um professor de teologia no mestrado que me confessou ter sido um agnóstico durante toda sua vida. Creu aos 65 anos de idade, durante uma enfermidade. Sua vida mudou. O famoso William Barclay, autor de um comentário em todos os livros do Novo Testamento, ao fim da vida confessou que nunca realmente creu em coisa alguma do Cristianismo.

Pastores e professores de teologia que não têm fé têm que ter outra coisa: a habilidade de separar mentalmente o que ensinam domingo na sua igreja daquilo que realmente acreditam, quando estão a sós com seus livros. Se não tiverem isto, até o que tem lhes será tirado. Pois se ensinarem na igreja o que realmente acreditam, dificilmente manterão seu emprego. Qual é a igreja que deseja ouvir um pastor que não crê nas Escrituras? As que quiseram, fecharam ou estão morrendo. As igrejas da Europa que o digam.

Por não ter fé, o pastor incrédulo tem que direcionar seu ministério e seu culto para áreas onde sua incredulidade passe mais despercebida. Daí, a liturgia formalista, o ritual litúrgico elaborado, as recitações, as fórmulas, os paramentos, as cores, os símbolos. Tudo voltado para ocupar os sentidos de maneira que a fé não faça falta. A mensagem deve evitar temas difíceis. O foco é em pontos morais, sociais e políticos.

Tive amigos que eram membros de uma igreja cujo pastor eu desconfiava que fosse incrédulo. Perguntando a eles como eram as pregações, descobri que o problema não era o que o pastor dizia, mas o que ele deixava de dizer, os temas que ele evitava, os assuntos que nunca mencionava, como a ressurreição de Cristo, a infalibilidade das Escrituras, a veracidade e confiabilidade da narrativa bíblica, o poder do Espírito para regenerar a natureza humana pecaminosa, a morte vicária de Cristo, a realidade da tentação e a necessidade de resisti-la. Era assim que ele aprendeu a sobreviver, evitando matérias de fé e pregando aquilo que um rabino, um mestre espírita ou líder muçulmano também pregaria, como a honestidade, o amor ao próximo e a necessidade de votar a favor do desarmamento.

Meu filho de 16 anos leu o draft deste post. “Papai, por que alguém gostaria de ser pastor se não tem fé? Não tem uma maneira mais fácil dele ganhar dinheiro?”. Pois é, pior é que não tem.

21 comentários:

  1. Muito bom Augustus,

    seu filho tão novinho é mais sensato do que muitos pastores e estudantes de teologia "marmanjos" que vemos por ai (em grande número por sinal).

    Realmente são dias de muita incredulidade mesmo nos púlpitos, homens trocando a glória de Deus por humanismos baratos. Arggggg. Adorando a criatura em vez do Criador (final de Romanos 1).

    A confissão de Westminster (olha que sou batista, risos) tem um tópico que fala dos pastores não-convertidos. Não quero nem ver quando Cristo voltar o que vai acontecer com essa gente.

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  2. Excelente post, Nicodemus. Veio junto ao que tenho pensando já há algum tempo. Estudando em um Seminário hipotéticamente confessional, tenho visto o estrago que professores incrédulos podem causar aos mais desavisados e inconstantes.

    Tenho exemplos muito próximos de pseudo-cristãos, pessoas que já deixaram de crer há tempos. E é triste, viu? É triste perceber que, mesmo em meio à minha própria carnalidade, eu ainda não perdi o arrimo da minha fé... enquanto outros já entregaram as estribeiras ao diabo faz tempo, vivendo uma religião "meia-boca", como dizem meus amigos paulistanos.

    De qualquer forma, concordo com o Juan: não é a mim nem à Igreja que essas pessoas prestarão contas, mas sim a Cristo. Então... já viram o circo que vai se armar, não é mesmo?

    Um grandíssimo abraço.

    Eduardo Mano

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  3. Anônimo5/1/06 18:10

    Isso é um fato não só na europa, mas bem aqui pertinho de nós. Basta ler e ouvir os pregadores(as) da IEAB (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil). Um deles inclusive afirmou que recitava o Credo Apostólico, porque o povo da paróquia acreditava, mas ele não. Outro pároco em recente encontro promovido por esta Igreja, sobre sexualidade humana, afirmou também que Deus era gay. Misericórdia!!! Que Deus não deixe a Igreja Brasileira sem os fiéis pastores.
    Rev Raniere (Diocese Anglicana do Recife)

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  4. Anônimo5/1/06 20:11

    Rev. Augustus.

    Bastante edificante sua "Incredulidade no púlpito"...rsss

    Tentei fazer uma retrospectiva das vezes que preguei, pensando naquilo que poderia ter dito sem de fato crer. É um risco que correm todos os que são chamados para ensinar, especialmente quando nossas mentes são bombardeadas pela filosofia material e existencialista de nosso tempo, em que o Humanismo e as relações sociais são mais importantes que o reconhecimento do pecado e a simplicidade das Escrituras.

    Li, recentemente, "Eu não sei mais em quem tenho crido", livro que está para ser publicado pela Cultura Cristã. É uma resposta à Teologia Relacional. Muito bom. Fiquei impressionado com a influência da Filosofia liberal (Teologia do Processo) em nossa Teologia Clássica. Os mentores do Teísmo Aberto, numa roupagem diferenciada, advogando para si o título de evangélicos, parecem querer criar seu próprio deus, bem diferente do nosso Deus, o da Bíblia. Quebram o 2o. mandamento com tanta facilidade! Criam um deus somente amor. Um deus manco, impotente e incapaz. Que esteja longe de ser um Deus santo e de justiça, que disciplina os seus filhos e castiga aos que ama.

    Fico pensando no risco que corremos de negar a Teologia Relacional, por tradicionalismo, mas cairmos no mesmo pecado, criando para nós um deus funcional, movido por nossas invenções, um deus somente amor,. A conseqüência: sermões que não determinam a suficiência absoluta das Escrituras, o poder terrível do pecado nas vidas humanas e a força destrutiva de Satanás por meio da tentação em nosso meio.

    Que o Senhor nos livre de dizermos aquilo em que não cremos, nos livre do psicologismo de nossas mentes e da manipulação da sua Palavra.

    Com temor...

    Abraços
    Wendell.

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  5. De fato. A impressão que se tem é de que esse pessoal continua na igreja por uma questão de conveniencia mesmo.

    Dentro da igreja são vistos como intelectuais por questionarem algumas doutrinas, mas o que seriam fora dela? Nada! Apenas mais alguns incrédulos no mundo.

    E Nicodemus, sobre essa dicotomia entre o que se crê (ou que se não crê, na verdade) e o que se prega no domingo, é a mais pura verdade. Nós (eu, Eduardo Mano e Juan) conhecemos alguns professores assim. O pior é que falam com orgulho disso. Eu já acho vergonhoso. Hipocrisia das piores.

    Obrigado pela reflexão.

    Grande abraço.

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  6. Anônimo5/1/06 22:29

    A minha maior preocupação é pensar que muitos estudantes de teologia chegam a apostasia justamente por ter professores que ao invés de esclarecer-lhes dúvidas, causam-lhes incredulidade.

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  7. Nagel,

    Posto abaixo um trecho de artigo meu, "O Dilema do Método Histórico-Crítico", que vai sair na revista Fides Reformata, e que trata do assunto de seu comantério:

    "Esta separação entre púlpito e cátedra é claramente perceptível no fato que muitos neoliberais que permanecem como eclesiásticos (pastores, padres, ou oficiais de igrejas protestantes) deixam de trazer dominicalmente para os púlpitos aquilo em que acreditam durante a semana, com algumas prováveis exceções. Gerhard Maier, comentando este ponto, oferece as seguintes razões para esta falta de aplicação. Primeiramente, a facilidade com que os membros das Igrejas e demais pastores que não são incrédulos rechaçariam as teorias dos neoliberais, se eles ousassem prega-las do púlpito: “Na minha Bíblia é diferente”. Isto faz com que os neoliberais que são eclesiásticos raramente preguem de maneira clara e conspícua aquilo em que realmente acreditam, limitando-se a sermões e estudos gerais que podem ser interpretados de maneira ambígua. Em segundo lugar, os críticos não têm uma base ou plataforma comum sobre a qual lançar um novo movimento, visto que estão profundamente divididos quanto aos resultados de suas investigações.

    Pelos motivos acima, os críticos eclesiásticos geralmente se abstêm de colocar suas idéias em prática. O que acreditam academicamente quase nunca ganha os púlpitos onde pregam aos domingos. Bultmann, que havia declarado abertamente numa série de palestras acadêmicas que considerava o nascimento virginal de Jesus e a encarnação como lendas (Marburg Lectures), costumava pregava sermões natalinos por ocasião do Natal, e até chegou a enviar cópia de um deles para Karl Barth, em certa ocasião, com visível satisfação! Pastores que seguem o método histórico-crítico não hesitam em usar passagens da Bíblia, como os ditos “eu sou” de Jesus, na celebração do batismo e outros eventos, mesmo que intimamente duvidem que Jesus os tenha pronunciado."

    Um abraço!

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  8. Dina,

    Muita gente acusa os conservadores de só passarem livros de autores conservadores para seus alunos no seminário. Não é verdade. Quem foi meu aluno no seminário, mestrado e doutorado, leu mais livros de liberais do que de conservadores. Contudo, nunca passei essas leituras sem antes dar um ponto de referência para que os alunos fizessem um julgamento crítico.

    Acho um absurdo entregar um livro de Bultmann a um aluno de primeiro ano, que era presidente da união de adolescentes da sua igreja e veio para o seminário com praticamente a bagagem da Escola Dominical. Sei de professores liberais que zombavam desses coitados e passavam livros de liberais para eles para arrancar-lhes a fé inocente. O Mauro Meister, que é co-autor deste blog, estudou em um seminário liberal e quase perdeu a fé. Escapou por um triz. Teve de ir para outro seminário, para estudar teologia e continuar crente (acho que ele realmente conseguiu... :).

    Agora, pegue uma bibliografia de um curso de teologia de um professor neoliberal. Você só vai encontrar autores seculares, padres, teólogos da libertação e alemães protestantes liberais, de preferência luteranos. Não encontra um único livro de um conservador, nem para remédio. E no fim, os fundamentalistas somos nós...

    Um abraço.

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  9. Raniere,

    A coisa está ficando feia, mesmo. O que falta em alguns pastores incrédulos é honestidade para assumir o que realmente acreditam (ou deixam de acreditar). Mesmo que eu discorde de Rubem Alves em muita coisa, não posso deixar de apreciar a sua integridade quando voluntariamente largou o ministério pastoral da IPB por não acreditar mais naquilo que a IPB adota. Seria muito bom para todo mundo se pastores incrédulos fizessem a mesma coisa.

    Um abraço.

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  10. gostaria de postar dois pontos:

    1) à respeito de pastores apóstatas da fé, ainda não consigo enxergar se o maior perigo é daqueles que estão sem fé e evitam pregar sobre os pontos fundamentais da fé cristã ou se é pior aqueles que induzem as ovelhas à seguir por caminhos que os levam para longe da sã doutrina. um exemplo: ricardo gondim e ed rené kivitz abriram um blog chamado "outro deus", mas acabaram fechando mediante o manifesto e retutações bíblicas de irmãos que confrontaram as idéias teológicas nada acordantes com a Palavra de Deus. pois bem, os dois ministrarão, igreja assembléia de Deus betesda, nos dia 10 e 11 de Março, um seminário
    teológico (segundo diz o reclame no rádio) com o seguinte nome: "um outro Deus". tem inclusive algumas chamadas que são os títulos das divagações que foram encontradas no finado blog de ambos. o que será das almas que se alimentarão desse pasto?

    2) tomei a liberdade de colocar um link para o vosso blog no site que venho construindo (http://www.dosenhor.com). posso deixá-lo lá?

    ebenezer.

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  11. Rafael,

    Quanto ao link, pode deixá-lo lá, com certeza, só temos a agradecer a divulgação de nosso blog.

    De fato, pastores que ensinam doutrinas contrárias à Palavra de Deus são um grande perigo para o rebanho, especialmente se são hábeis, apresentam-se com pinta de intelectuais e têm um ministério de grandes proporções para provar que vêm de Deus. Contudo, cremos que os eleitos não serão iludidos, pois têm a unção do Santo e conhecem todas as coisas (João). Deus conhece os que são seus. E aparte-se da iniquidade todo o que professa o nome de Cristo (Paulo).

    Um abraço.

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  12. Muito obrigado pelo trecho do artigo!

    Grande abraço.

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  13. Caros irmãos Augustus, Solano e Mauro:

    Meu propósito aqui nem é fazer algum comentário específico nesta tão oportuna postagem sobre "Incredulidade no Púlpito". Realmente estamos vivendo um momento bastante singular no Brasil: uma nova e crescente onda de "incredulidade saindo do armário". Já tivemos onda semelhante no passado, mas agora estamos em tempos de tsunamis. Mas é bom lembrar que a incredulidade estava lá dentro do armário...

    (Abre parêntese: depois do último filme "Nárnia" a gente fica sem saber se o problema é entrar ou sair do armário:) Fecha parêntese).

    Bem... vim aqui apenas para ler suas boas postagens, e este foi o melhor meio que encontrei para expressar meu modesto encorajamento ao bom trabalho que estão fazendo.

    E quero agradecer também os bons comentários que irmão Augustus tem feito em meu blog pessoal. Aproveitei e coloquei um link lá.

    Um abraço fraterno.

    Gilson Santos
    www.gilsonsantos.com.br

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  14. A tentativa de dividir o que se fala no púlpito do que se crê na vida particular foi proposta de forma explícita por Kant em seu artigo "Resposta à pergunta: O que é Iluminismo?" No artigo, ele encara o pastorado como um emprego, onde a prática tem que ser a de repetir os mantras oficiais da empresa ("toe the company line"). Na vida privada, no entanto, ele acha que o pastor pode, e deve, expressar as suas opiniões (mesmo sendo contrárias às da sua denominação), na tentativa de mudar o pensamento da denominação por meio de diálogo com outros pastores e líderes. É isto o que muitas vezes vemos hoje nas nossas igrejas, o sermão no domingo pode até ser "bíblico", ou ser tão diluído e simplístico (ex. o amor é bom) que é impossível que vá contra os ensinamentos da Bíblia. Mas quando se encara os escritos de certos líderes em revistas ou na Internet, se vê que realmente crêem em coisas que são incompatíveis com as crenças de suas denominações, muitas vezes questionando até bases fundamentais da ortodoxia como a divindade de Cristo, etc.

    Ainda que a liturgia formalista contribua para uma facilidade maior de viver essa vida dupla, não creio que esta seja necessariamente um sintoma de uma igreja liderada por um pastor incrédulo, pois sei de várias igrejas no Brasil (e afora) onde a liturgia é tão formal que fede a formol (relíquia preservada por vários séculos, igreja viva mas velhinha...), mas onde o pastor crê realmente na Palavra de Deus e tenta lá ministrar às suas ovelhas. Ainda outros pastores não só ministram apesar desta "formolidade", mas empurram a mesma como sendo um princípio fundamental do culto, sem todavia se apartarem da pregação e vivência de outras verdades fundamentais da fé Cristã.

    Creio que esta questão da liturgia formal e elaborada, cheia de recitações e fórmulas, é mais um problema de muitas vezes ainda estarmos usando as formas de culto que se aplicavam à sociedade medieval, composta na maior parte de analfabetos que não tinham educação ou fácil acesso à Palavra de Deus. Carregamos ainda, até na nossa Igreja Presbiteriana (e em muitas igrejas reformadas), bagagem litúrgica Católica Romana, métodos e formas que funcionaram por dezenas de séculos mas que se encontram ultrapassadas numa era onde há fácil acesso à Palavra, alfabetização e educação da maioria da população, e uma popularização em massa da música como meio de comunicação e entretenimento, coisas que não existiam nem no ápice do Catolicismo, nem nos tempos da Reforma.

    É claro que não podemos simplesmente adaptar e/ou adotar as soluções litúrgicas encontradas nas igrejas que nos cercam, baseado apenas no pragmatismo ou no fato de serem novas e modernas. Há sim uma espécie de vínculo entre a liturgia demasiadamente formal e a incredulidade no púlpito, isto é, fica mais fácil para um pastor incrédulo passar despercebido nesta situação. São dois problemas que precisam ser enfrentados, e cuja resolução influenciará o outro: (1) pastores crédulos terão coragem de seguir "semper reformanda" e revitalizar a liturgia de suas igrejas, em vez de serem tentados a manter o formalismo, e (2) à medida que a nossa denominação começar a tomar posições sobre o formalismo litúrgico e buscar formas de liturgia que aplicam e ensinam as verdades bíblicas dentro do contexto dos nossos tempos (sem partir para a baderna ou sem faltar com a reverência), pastores incrédulos terão menos lugares para se esconder, e seus rebanhos terão menos distrações, resultando numa redução da obfuscação desta incredulidade.

    David (Comentáriozinho desse tamanho não dá, vou ter que reavivar o meu blog...)

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  15. Gilson,

    Obrigado pela visita ao nosso Tempora-Mores. Certamente suas participações enriquecerão o conteúdo!

    Davi,

    Realmente são duas frentes de batalha: a incredulidade no púlpito e a formalidade litúrgica. É verdade que nem sempre uma leva à outra, mas por vezes leva mesmo. Não sei direito como combater essas duas coisas em termos práticos. Passa pelos seminários, pelos presbitérios, pelos concílios e pelos conselhos. Quem sabe estamos todos sonhando com um legítimo avivamento espiritual?

    Abraços.

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  16. Pr. Fico feliz com sua percepção supra-ortodoxa, com sua retórica bela, e com sua capacidade de identificar "heresias" nos púlpitos alheios. Gostaria no entanto de lhe perguntar,pois o Sr. afirma (pelo que escreve) crer na ressureição, na infabilidade das Escrituras, e em toda a bula da "ortodoxia", quantos orfanatos o Sr. já visitou? Quantas vezes o Sr. saiu as ruas para evangelizar?, Quantas pessoas o Sr. já "ganhou" para Cristo? Cuidado pois em Lc 10.25-37, o exemplo de Fé, foi o samaritano, sim o que era de uma raça mista, que não frequentava a "igreja", não fazia parte do clero, nem do ministério de louvor, mas ao contrário desses, deixou de prosseguir sua jornada para cuidar de alguém que os outros (sacerdote e levita) julgavam que era apenas um malandro que cumpria o próposito de Deus (predestinado antes da fundação do mundo, para estar lá no momento em que eles estavam ocupados com o culto) sim o teológicamente incorreto foi aprovado por Deus, enquanto os teológico-políticamente corretos foram reprovados.
    Tenho certeza que muitos desses que o Sr. considera "incredulos", não recebem a mesma identifição de Deus.
    Douglas Ferreira da Silva.
    email: spurgeon19@ig.com.br

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  17. Douglas,

    Apesar da sua ironia, resolvi responder. É claro que você não fica feliz com a minha ortodoxia e muito menos com minha capacidade de identificar "Heresias". E é claro que a sua pergunta sobre a minha prática pastoral já pressupõe que eu nunca visitei orfanatos, nunca evangelizei nas ruas e nem ganhei pessoas para Cristo. Publiquei seu comentário e estou respondendo para que os demais leitores vejam como existem pessoas movidas pelo preconceito e que estão prontas para julgar a vida dos outros sem qualquer evidência externa.

    Agora, as suas perguntas. Já me envolvi na manutenção e condução de 2 orfanatos, um em Recife e outro aqui em São Paulo. Meus filhos cresceram jogando bola com crianças órfãs. Um dos meus irmãos foi adotado de um orfanato, com o qual a minha família envolveu-se a vida toda. Além de orfanatos, participei e ajudei por anos na recuperação de jovens drogados no movimento chamado "Desafio Jovem". Gostaria de saber, agora, qual o seu envolvimento com orfanatos e com crianças órfãs.

    Sobre evangelizar as ruas, comecei meu ministério plantando uma igreja entre pescadores numa zona pobre da cidade de Olinda. Visitei ruas e casas, batendo de porta em porta e evangelizando pessoas que me recebiam. Hoje, naquela região, existe uma igreja como resultado desse trabalho. Dezenas e dezenas de pessoas foram ganhas para Cristo . Depois, fui plantar uma igreja no interior de Pernambuco, entre os plantadores de cana da usina Cucaú, na cidade de Gameleira. Andei pelas ruas e visitei praticamente todas as casas da cidade, pregando o evangelho, orando com as pessoas. Depois, fui plantar uma igreja (acabou virando duas) entre os drogados da cidade de Olinda. De lá, entre as dezenas de jovens convertidos, sairam pelo menos dez pastores e um missionário (Índia) que eu me lembre. E ainda hoje, onde chego pregando, encontro convertidos sob meu ministério. Esse fim de semana encontrei em Fortaleza dois irmãos que disseram ter se convertido sob meu ministério. Quando estava estudando na África de Sul, visitava e evangelizava famílias indianas, além de negros que eram trabalhadores braçais da construção civil perto de minha casa. Nos Estados Unidos, durante os estudos de doutorado, evangelizei durante um ano a comunidade de imigrantes de Costa Rica. Não me recordo de todas as ocasiões, mas nunca deixei de aproveitar as oportunidades.

    Digo como Paulo, você me constrangeu a me gloriar, ainda que isso não convém. Provavelmente você terá uma folha de serviços maior ainda. Vamos ouvi-la.

    Um abraço.

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  18. A Paz do Senhor Jesus, Pr. Nicodemos, gostaria de agradecer seu e-mail e o post. Sobre o fato de o Sr. pressupor que eu fiz uma pressuposição, demonstra que eu sou preconceituoso o Sr. tanto quanto o Pr. (pois toda pressuposição, nada mais é do que um pré-conceito). Minha pergunta era uma questão de duvida. Eu fico feliz por ser um calvinista diferente da maioria que conheci. Sobre sua pressuposição de que eu tenha uma lista maior (embora o Sr. não acredite que eu tenha; e aqui mais pressuposições de pressuposições)não tenho não, eu estou no ministério a pouco tempo. E sobre me gloriar no que fiz, isso não desejo; minha intenção não é promover uma guerra de egos, apenas atenuar os discursos absolutistas, pois acredito que O Único que está certo a respeito de tudo é Ele, e qualquer que afirme o contrário tenta ser um "deus". Eu porém como diz Paulo: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo(Não na de Calvino, nem de Arminio), pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo".
    Fica na paz do Senhor Jesus

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  19. Caro Douglas,

    Já que você está começando seu ministério, e reconhece que não pratica as coisas que cobra dos outros, deixe-me dar um conselho. Quando você errar e disser bobagens, como é o caso aqui, não faz mal pedir desculpas. Eu mesmo já pedi desculpas muitas vezes por ter dito bobagens a outras pessoas, inclusive em público. Isso não diminui a gente, ao contrário.

    Outra coisa. As pessoas não são bobas. Elas vão ver com clareza que você está adotando aquela tática do "não foi isso que eu quis dizer". Mas, basta ler seu comentário inicial, meu amigo, para ver o que você realmente pretendia. Seu comentário já começa com ironias sobre minha capacidade de identificar heresias e termina me avisando para ter cuidado diante da parábola do samaritano. Não há nada aqui de curiosidade inocente.

    Você disse que não queria começar uma guerra de egos. Mas, o que acha que estava começando quando me inquiriu "quantas casas visitou, quantas almas ganhou, quantos orfanatos visitou"? E o que é pior, pelo jeito você não fez nada disso, ou muito pouco.

    Agora, como pastor mais antigo e com mais milhagem, posso realmente lhe dizer: cuidado com as palavras Douglas. E lembre de Pedro: "Rogo aos jovens que no trato com os mais velhos se revistam de humildade " (1Pedro 5).

    No amor de Cristo, nosso Pastor,
    Augustus

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  20. Aprecio muito esses comentários do Rev. Augusto. Leio também os comentários bastante pertinentes. Creio que um cristão incrédulo( pastor, teólogo, comentarista,...)pode se esconder em qualquer situação, não apenas em uma liturgia formal e elaborada. "Nem todos que dizem Senhor, Senhor...". O liberalismo teológico nasceu no ramo protestante, menos litúrgico. Como anglicano tenho dificuldade para fazer a associação imediata de incredulidade e liturgia. Até porque a cultos que assisti que era melhor que ficassem todos calados em oração a ter que falar (e ouvir) tanta tolice...

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  21. Parabéns ao blog

    Minha pergunta é a seguinte : posso utilizar o material do Barclay ou tenho que rejeita-lá?
    Abç

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