1) Recebem-na como Palavra de Deus, inspirada, autoritativa, infalível, suficiente e única regra de fé e prática. Assim, desejam submeter-se a ela, pois a consideram como estando acima de suas tradições e confissões.
2) Entendem que ela, como texto, tem somente um sentido, que é aquele pretendido pelo autor humano inspirado. Esse sentido é geralmente o sentido natural e óbvio do texto. E para descobri-lo, acreditam que ela é a sua melhor intérprete. Por conseguinte, dedicam-se a estudá-la, pois também reconhecem que ela foi escrita por homens de cultura e língua diferentes vivendo em momento histórico também diferente.
3) Professam que a mensagem central das Escrituras é clara a todos, e que seus pontos essenciais são suficientemente revelados, de forma que, pelo uso dos meios normais, qualquer pessoa, sob a iluminação do Espírito, pode ter conhecimento salvador dessa mensagem.
4) Reconhecem que as diferenças doutrinárias que existem entre si próprios são decorrentes, não de erros ou contradições das Escrituras, mas da incapacidade deles, causada pelo pecado e pelas limitações humanas, de compreender perfeitamente a revelação perfeita de Deus.
5) Esforçam-se para continuamente rever seus pressupostos teológicos e características denominacionais à luz das Escrituras. Entretanto, não rejeitam o legado hermenêutico das gerações anteriores.
Essa atitude interpretativa para com a Bíblia tem sido chamada de gramático-histórica porque considera importante para seu entendimento tanto a pesquisa do sentido das palavras (gramma, em grego) quanto a compreensão das condições históricas em que foram escritas. Apesar de sua idade avançada e das críticas que tem recebido, ainda prefiro esse método de interpretação, por várias razões.
Primeira, mais que qualquer outro sistema hermenêutico, ele honra as Escrituras. Ele parte de um alto apreço pelas Escrituras e seus atributos, como inspiração, autoridade, infalibilidade, coerência e suficiência. As escolas alegóricas de interpretação sempre consideraram, em alguma medida, irrelevante a historicidade das narrativas bíblicas, e se interessaram pelo pretenso sentido oculto atrás delas. O método histórico-crítico, surgido ao final do século 17, partindo de suas pressuposições racionalistas, reduziu a Bíblia ao registro da fé de Israel e dos primeiros cristãos, negando sua inspiração e infalibilidade. As novas hermenêuticas centradas no leitor, com seu relativismo, negam a autoridade e infalibilidade das Escrituras e transformam o leitor em autor, pois é ele que determina o sentido. A hermenêutica do neo-misticismo evangélico desonra as Escrituras submetendo-a à autoridade dos espirituais e iluminados.
Segundo, mantém em equilíbrio a tensão entre oração e labuta no estudo da Bíblia. Os praticantes do método gramático-histórico sempre procuraram manter em equilíbrio a espiritualidade e a erudição no labor teológico, especialmente aqueles comprometidos com o método gramático-histórico, adotando o binômio orare et labutare: Orare, porque a Bíblia é divina, porque somos pecadores, porque Deus é muito diferente de nós. Pela oração buscamos a iluminação do Espírito. Labutare, porque a Bíblia, como literatura produzida por seres humanos num determinado contexto, numa outra cultura e numa outra época, é humana, e está distante de nós, o que provoca a necessidade de estudo. A interpretação alegórica neo-mística descuida do labutare – tudo o que o intérprete precisa é ser homem de oração, jejuar e aguardar iluminação do Espírito – provocando interpretações absurdas, cabalísticas e místicas. O método histórico-crítico tende a esquecer o orare – tudo o que o intérprete precisa é ser um especialista nas diversas críticas literárias – provocando intelectualismo árido e seco. As novas hermenêuticas tendem a esquecer as duas coisas. Por que orar e estudar, já que a interpretação é resultado da fusão de horizontes entre o leitor e o texto e se o sentido é determinado inexoravelmente pelas estruturas da linguagem? Ou, se não há um único sentido, mas muitos e diferentes e todos igualmente válidos?
Terceiro, o método gramático-histórico preserva a objetividade na interpretação. Os seus proponentes, mesmo admitindo que haja partes difíceis de entender na Bíblia, sempre afirmaram que a sua mensagem central é clara. Assim, foram capazes de elaborar confissões, credos e teologias. O método gramático-histórico parte do princípio que Deus se revelou proposicionalmente nas Escrituras e que esta revelação pode ser entendida, sintetizada e transmitida. Quando digo que Deus se revelou proposicionalmente, refiro-me ao fato de ele nos fala através de declarações, sentenças, frases. Setores do método histórico-crítico e das novas hermenêuticas defendem que Deus não se revelou de forma proposicional, mas através de histórias, poesias, experiências. Para eles, não existe um sistema doutrinário revelado na Bíblia, e conseqüentemente, não se pode sintetizar os resultados da interpretação – não se pode ter teologia.Toda interpretação é subjetiva, provisória, contextual e temporária. Nunca se pode afirmar que sabemos a verdade que a Bíblia ensina.
Por último, a escola gramático-histórica de interpretação produziu grandes pregadores e grandes expositores bíblicos, mais que as outras. O método histórico-crítico, por exemplo, costuma produzir mais professores acadêmicos do que grandes pregadores. Já o método alegórico e as novas hermenêuticas produzem contadores de experiências, visto que não lhes interessa o conteúdo teológico, doutrinário e práticos das Escrituras.
Em conclusão, eu diria que um retorno ao uso coerente do método gramático-histórico pode ser crucial para uma reforma no protestantismo brasileiro, como foi na igreja do século XVI. A ferramenta principal dos reformadores foi uma postura para com a Bíblia e uma leitura que rompeu com os métodos alegóricos medievais. Foi esta atitude para com a Bíblia que consolidou a Reforma. Acredito que a crise de identidade que vive o evangelicalismo brasileiro tem como uma das principais causas a falta de consistência e coerência no emprego do método de interpretação que sempre acompanhou o Cristianismo histórico.
Irmão Augustus, sou batista reformado e aprecio muito esse blog. Gostaria de saber o que você pensa acerca do método histórico-redentivo do teólogo holandês Geerhardus Vos. É uma tentativa válida de aperfeiçoar o método gramático-histórico ou se enquadra nas tais novas hermenêuticas contemporâneas que desonram as S. Escrituras de que o irmão acabou de mencionar?
ResponderExcluirHouve resposta a essa pergunta? Gostaria de ler.
ExcluirGrande pastor e mestre,
ResponderExcluirTenho sempre apreciado os seus escritos. Com isso quero dizer que não obstante a distância, continuo aprendendo sempre com o irmão a valorizar como pregador a Sagrada Escritura e a aplicar o método histórico-gramatical para interpretação da Palavra de Deus. A minha oração é que possamos experimentar de fato uma verdadeira reforma da religião em nossos dias através da exposição fiel da Bíblia.
Um grande e saudoso abraço :)
Caro irmão Anônimo reformado,
ResponderExcluirObrigado por ler nossos posts. Sempre somos muito gratos a deus pelos irmãos que comentam a aqui em nosso blog.
O método do teólogo holandês Vos não é propriamente um método interpretativo ou exegético, mas uma abordagem teológica às Escrituras, bem em linha e em consonância com a teologia reformada. Sem dúvida, Vos se utiliza do método gramático-histórico, enfatizando a necessidade de reconhecermos que a história da redenção é o mitte (centro) das Escrituras.
O método dele nada tem a ver com as novas hermenêuticas. Um sistema similar ao dele tem sido defendido mais recentemente por um estudioso alemão chamado Peter Stuhlmacher, sucessor de Ernest Käsemann em Tübingen, que batizou seu método como histórico-teológico. Todos eles enfatizam que o liberalismo teológico e o seu método de interpretação, que é um método histórico-crítico, não levou em consideração o caráter divino e sobrenatural das Escrituras, o que resultou num tratamento inapropriado, inconveniente e infrutífero da revelação divina, privando a Igreja da sua fonte de autoridade. É necessário um método que considere não somente o caráter humano da Bíblia como também o seu caráter divino, ou seja, o fato de que ela foi divinamente inspirada.
Um abraço.
Querido Kleber,
ResponderExcluirQue bom ter notícias suas! Sim, creio que somente se o evangelicalismo brasileiro passar a tratar a Bíblia como a divinamente inspirada Palavra de Deus, dada mediante homens que viveram num contexto definido -- o que provoca em nós o orare et labutare -- é que teremos uma verdadeira reforma em nosso meio.
Abraços.
É aquela velha história: devemos ler a Bíblia baseados na fé de quem a escreveu.
ResponderExcluirObrigado pela diretriz hermenêutica.
Abraços.
Olá Nicodemus...
ResponderExcluirVamos a mais perguntas novamente..srsrsrs
Considero que o método histórico gramatical é a melhor maneira de se interpretar a biblia, pois evidencia o contexto e o que o autor da época quis expressar...
1) Um cristão católico romano me fez a seguinte questão: "Se a biblia é a única regra de fé e prática, superior até mesmo a tradição, não seria contraditório pensar dessa maneira, uma vez que a Escritura foi formada pela própria tradição e igreja?". Ou seja, como eu coloco a biblia acima da tradição, se ela foi formada pela tradição?
2) Alguns teólogos afirmam que grande parte dessa visão exposta "cultua" a biblia. Impõe um valor místico excessivo às escrituras. Por exemplo, existem passagens que evidenciam um contexto cultural da época e hoje necessariamente não se aplica, mas por causa do "culto" as escrituras, acabam se tornando válidas ainda hoje.
Assim afirmam que a escritura contém falhas e muita influência da autoria humana, mas o que importa não é isso, o que importa é como o cristão a lê e como se torna revelação naquele momento.
Até que ponto isso é válido?
3) Um pastor recentemente afirmou "A chave principal para se entender as escrituras é Jesus Cristo". O contexto que ele quis expressar é de crítica aos tipos de métodos existem. Até que ponto isso é válido?
4) Até aonde eu posso (qual o limite) alegorizar na biblia??
Acho que eu fiz muita pergunta...srsrs
Abraços
JP
Rev. Augustus,
ResponderExcluirPrefiro o método gramatical-histórico também. Porém, há os famosos textos "messiânicos" que nós, os cristãos utilizamos para fundamentar a nossa fé em Jesus Cristo. Sei que quando algum autor bíblico afirma que tal passagem é aquilo que é, não devemos duvidar, mas quando não há apoio dos profetas e apóstolos? Podemos afirmar alguma coisa neste sentido? Lutero dizia que "aquilo que a Bíblia não ensina com clareza, não se deve ensinar como certeza". Acredito que ele estava certo. Por outro lado, ainda pela questão 'messiânica', o mesmo Lutero dizia que devemos sempre encontrar/ver Cristo na interpretação de toda a Bíblia, especialmente em textos do Velho Testamento. Então, pergunto: não seria isto uma forma de alegoria, ao, por exemplo, vermos a história de José como uma tipologia de Jesus?
E, ainda, aproveitando o ensejo, como ficariam aquelas afirmações de Ezequiel e Isaías em relação ao rei de Tiro? Muitos dizem que se refere à queda do diabo.
Não existe então, dentro de nossas igrejas que, ainda que primam por este método de interpretação, recorrem nalgumas tradições um tanto alegóricas?
Como fica Lutero? Devemos mesmo encontrar Cristo em todo os textos bíblicos?
Olá Augustus,
ResponderExcluirmuito obrigado pela contribuição hermenêutica. Onde estudo o método histórico-gramatical é tratado como primitivo e tendo a sua hermenêutica no texto em si e não no autor. Sua explanação ajuda a desfazer essa caricatura sobre o método.
O método histórico-crítico parte de um pressuposto do ateísmo metodológico (não dizendo que são ateus os que usam o método), uma cosmovisão iluminista, carregadas de ideologia, assim como o sr. escreveu na fides sobre o assunto.
Creio que o método histórico-gramatical preserva a dialética divino-humano nas Escríturas. Quem adota o crítico, como dizer que a Bíblia é a Palavra de Deus?
Deus o abençoe, Augustus!
P.S: Ao irmão batista reformado acima, sugiro e convido a visita a www.crbb.org.br, orgão de comunhão entre os batistas reformados.
Caro Rev. Augustus,
ResponderExcluirMais um excelente texto. Certamente, o método gramático-histórico é o mais fecundo para a Igreja, e possivelmente o único que pode garantir a sua saúde espiritual, proporcionando fidelidade ao seu Senhor e à sua missão.
O problema, a meu ver, começa nos seminários, sobretudo naqueles que pretendem ter (ou manter) o reconhecimento do MEC, para o qual a adoção do método histórico-crítico (com a conseqüente exclusão do gramático-histórico) parece ser um pré-requisito! Pois uma coisa é que teólogos (ou filósofos) trabalhem com o método histórico-crítico; outra, muito mais grave, é que pastores o adotem.
Para piorar a situação, há ainda a hegemonia do ideário socialista no meio acadêmico brasileiro, com o relativismo, o imanentismo e o progressismo que lhe acompanham.
E como se tudo isso não bastasse, os pastores egressos dos tais seminários não se contentam em estragar seus respectivos rebanhos, mas também batem ponto na Internet, espalhando pela grande rede suas bizarrices teológico-filosóficas...
É por essas e outras que o "O Tempora, O Mores!" vai se tornando, cada vez mais, leitura obrigatória para todos os pastores e lideranças da Igreja no Brasil. Cabe a todos nós divulgá-lo!
Um abraço,
Marcos M. Grillo
Caros Nagel, Isaias, JP, Charles, Juan, Marcos,
ResponderExcluirObrigado pelos comentários, contribuições e questionamentos. Vou tentar responder brevemente em seguida. Um abraço a todos.
Enquanto penso o que dizer, encaminho a piada do dia, só para quebrar a costumeira seriedade de nosso blog.
Assunto: Nomes dos jogadores, para locutores estrangeiros...
Para facilitar os locutores dos outros países, a CBF divulgou a seguinte lista com os nomes dos jogadores da seleção brasileira:
1 - Did are
2 - Car full
3 - Look see you
4 - who one
5 - when mear son
6 - who bear to car loss
7 - add dream an no
8 - car car
9 - Who now do ( Few now mem no )
10 - Who now dream you gay you show
11 - Zero bear to
12 - who jerry scene
13 - see seen you
14 - Crisis
15 - lowis on
16 - G you bear to
17 - June in you
18 - Mean arrow
19 - G you bear to silver
20 - Rich are dream you
21 - Fried
22 - July seissor
23 - Who bean You
Coach : Car loss all beer to pair here a
Isaias,
ResponderExcluirVocê pergunta sobre bons títulos que nos ajudem a trabalhar com este método. Creio que há várias opções no mercado, desde aquelas obras que tratam do emprego de métodos de interpretação dos diversos gêneros literários da Bíblia, até aqueles que discutem teoricamente os pressupostos do método e da sua aplicação. Em geral, eu mencionaria:
1) A Hermenêutica Reformada, de Paulo Anglada -- lançado recentemente, vai se tornar livro texto nos seminários reformados, pela abrangência, erudição e praticidade. Encomendas diretamente com o autor: pauloanglada@terra.com.br.
2) Hermenêutica Contemporânea à Luz da Igreja Primitiva, de D. S. Dockery, também lançado recentemente.
3) A Bíblia e seus Intérpretes -- a modéstia me impede de dizer quem é o autor desse...
4) Entendes o Que lês?, de Gordon Fee, e especialmente o apêndice de Ênio Muller sobre o método histórico-crítico.
5) Perigos na Interpretação Bíblica, de D. A. Carson -- um clássico, excelente.
Estes são apenas alguns exemplos, espero que ajude.
Um abraço.
Meu caro JP,
ResponderExcluirDe fato, são muitas perguntas e cada uma delas precisa de um extenso comentário para ser bem respondida. Como não tenho o tempo e nem o espaço, respondo resumidamente:
1) A Escritura não foi formada nem pela tradição e nem pela Igreja. Quando o cânon do AT foi definido em Jamnia no ano 90 pelos judeus (depois adotado pelos cristãos) e o cânon do NT foi oficialmente reconhecido no século IV, a Igreja estava simplesmente fazendo isto mesmo, reconhecendo a inspiração e autoridade daqueles livros. Eles se impuseram por si próprios e coube à Igreja apenas reconhecer a autoridade inerente neles.
2) Não cultuamos a Bíblia, é acusação tola de quem deseja fazer uma caricatura da doutrina da Escritura adotada pelo Cristianismo histórico. Sobre falhas e erros na Escritura, recomendo a leitura de meu post sobre a inerrância da Bíblia, colocado aqui no blog faz uns dois meses. Lá tem resposta para essas indagações. É claro que há coisas culturais na Bíblia e são óbvias o suficiente para que não as imitemos, como o uso do véu, o ósculo santo, o costume de lavar os pés dos visitantes e de ungi-los com óleo na cabeça, etc.
3) Dizer que Jesus Cristo é a chave para compreendermos as Escrituras pode significar coisas diferentes na boca de pessoas diferentes. Na boca de um neo-ortodoxo, significa simplesmente a distinção entre Jesus e a Bíblia, Jesus sendo a Palavra de Deus e a Bíblia sendo o registro humano falível desta Palavra. Na boca de um reformado, significa simplesmente que Cristo é o centro da mensagem dos dois Testamentos.
4) Alegorizar é significar uma coisa dizendo outra. Interpretação alegórica é aquela que parte do princípio que o sentido mais importante da Bíblia não é aquele que está contido nas palavras, mas que se esconde por detrás do texto, que não é óbvio a todos, e que só pode ser descoberto mediante algum catalisador, como fé, espiritualidade, etc. Logo, os limites para uma interpretação alegórica da Bíblia são estreitos... sob pena de estarmos lendo e pregando aquilo que os autores bíblicos nunca pretenderam.
Um abraço.
Hehe. Eu não entendi o 18 da lista da CBF. "Mean Arrow", quem é esse?
ResponderExcluirSó um pitaco: diante da afirmação "A chave principal para se entender as Escrituras é Jesus Cristo", deve-se perguntar: "Qual deles?" Afinal de contas, cada método hermenêutico vai encontrar um "Jesus" no texto bíblico.
Atualmente, é comum escutar isso da boca de pessoas desinsteressadas e descomprometidas com o cristianismo histórico.
Abraços.
Querido Professor!
ResponderExcluirSou adepto "roxo" do método Histórico-Gramatical.
Uma pequena observação é que ficou implícito que o Sr. ao mencionar o método alegórico parece se referir apenas a atualidade, não devemos esquecer porém, que este método fora utilizado por muitos pais da igreja. Por exemplo, Orígenes utilizou o método alegórico quando fez interpretações do principais personagens do Antigo Testamento. alías, esse método fora elaborado por Filo de Alexandria por volta de 30 a.C.
Já em tradições judaicas anteriores é possível notar uma que se admitia uma interpretação literal das Escrituras fosse complementada por um apêlo à Alegoria. mas o que vem a ser alegoria? Heráclito (filósofo Grego) definiu-a como "O fato de dizer uma coisa com intenção de dizer outra". alguns "pais" que utilizaram esse método: Clemente; Orígenes; e Dídimo o Cego.
há.. ia me esquecendo... há ainda a "Quadriga" que significa "os quatro sentidos das escrituras", onde as origens desse método encontra-se na diferenciação entre os sentidos literais e espirituais.
Oi, Augustus! Não tenho perguntas, só elogios (pelo post translúcido) e gargalhadas (pelos nomes "adaptados" dos jogadores!).
ResponderExcluirAbração!
Que agraça de Deus sela sempre com sua vida. Amado à luz do nosso metodo em comum de interpretação a atualidade dos dons ela é defendida ou cancelada.
ResponderExcluirNagel,
ResponderExcluirEu acho que também não entendi direito o 18 da lista da CBF, mas acho que deve ser "Mineiro". Seu pitaco sobre a chave principal para se entender as Escrituras é muito pertinente.
Lindoberg
Agradeço o reparo. Eu, na realidade, tinha em mente a interpretação alegórica praticada desde a época da escola de Alexandria e de Orígenes, só que não coloquei no papel...
Norma,
Obrigado pelos elogios. Estou lhe devendo mais visitas ao "Flor de Obsessão". Contudo, tenho seguido o índice das novas postagens e sempre fico impressionado com sua capacidade de produção mesmo sob pressão de terminar o seu doutorado.
Onésimo,
A sua pergunta não pode ser respondida em um simples comentário. Prometo um post sobre esse assunto mais adiante.
Um abraço a todos.
Nicós...
ResponderExcluircomo sempre parabés por mais este post... Qdo vem a Cuiabá novamente?
Um abraço, Deus te abençoe...
Como um calvinista pode ser adepto do método histórico-gramatical de interpretação bíblica e não crer no pré-milenismo? Pelo que tenho notado a grande maioria dos reformados são amilenistas ou pós-milenistas. Como podem não fazer a devida distinção tão clara entre a Igreja e Israel? Não que tenham que ser dispensacionalistas (ou deveriam?), mas vejo no calvinismo um ranço do anti-semitismo católico nessa área. O que vcs acham?
ResponderExcluir[ ]'s
Sergio
Adalberto,
ResponderExcluirObrigado. Estou sem data para ir a Cuiabá, aguardando quem sabe para 2007 uma oportunidade de rever essa terra boa!
Abraços.
Sérgio,
ResponderExcluirSua pergunta é excelente: "Como um calvinista pode ser adepto do método histórico-gramatical de interpretação bíblica e não crer no pré-milenismo?"
Sua constatação não está totalmente correta. Houve e há ainda calvinistas adeptos do método G-H de interpretação e que são pré-milenistas. Na verdade, os puritanos, todos adeptos desse método, se dividiam entre pré-milenistas, amilenistas e pós-milenistas. Dê uma olhadinha no livro de Ian Murray, The Puritan Hope. Todavia, acredito que a maioria dos calvinistas se inclina para o amilenismo.
Os que fazem isso, como eu, não percebem qualquer incompatibilidade em entender as referências do AT a Israel como se referindo à Igreja, pois não é uma questão hermenêutica (interpretar espiritualmente ou literalmente) mas teológica.
Entendemos que Deus fez somente uma aliança (pacto) com seu povo, que também é único. Essa aliança ou testamento tem Cristo como fiador. Reproduzo o que disseram os puritanos, autores da Confissão de Westminster: "No tempo da Lei não foi administrado como no tempo do Evangelho. Sob a Lei foi administrado por promessas, profecias, sacrifícios, pela circuncisão, pelo cordeiro pascoal e outros tipos e ordenanças dadas ao povo judeu, prefigurando, tudo, Cristo que havia de vir; por aquele tempo essas coisas, pela operação do Espírito Santo, foram suficientes e eficazes para
instruir e edificar os eleitos na fé do Messias prometido, por quem tinham plena remissão dos pecados e a vida eterna: essa dispensarão chama-se o Velho Testamento".
Ainda: "Sob o Evangelho, quando foi manifestado Cristo, a substância, as ordenanças elas quais este pacto é dispensado são a pregação da palavra e a administração dos sacramentos do batismo e da ceia do Senhor; por estas ordenanças, posto que poucas em número e administradas com maior simplicidade e menor glória externa, o pacto é manifestado com maior plenitude, evidência e eficácia espiritual, a todas as nações, aos judeus bem como aos gentios. É chamado o Novo Testamento. Não há, pois, dois pactos de graça diferentes em substância mas um e o mesmo sob várias dispensações".
Assim, todas as referências ao reino messiânico de paz, à restauração de Israel, ao cumprimento das promessas feitas à Abraão, Davi, são entendidas como tendo se cumprido no todo ou em parte em Cristo e na Igreja.
Você pergunta ainda: "Como podem não fazer a devida distinção tão clara entre a Igreja e Israel?" É porque essa distinção nñao é tão clara assim para nós. O que é claro é que os cristãos são o verdadeiro Israel, que Deus não tem dois povos, que Cristo não tem duas noivas e que não há dois sistemas diferentes de salvação, um para o judeu e outro para o gentio que crê.
Sobre o dispensacionalismo, sem chance!
Você diz "vejo no calvinismo um ranço do anti-semitismo católico nessa área. O que vcs acham?" Bom, acho que você está equivocado, embora certamente devam existir calvinistas anti-semitistas (e arminianos também). O que quero dizer é que o amilenismo não leva necessariamente ao anti-semitismo. Na verdade, muitos amilenistas crêem, e eu sou um deles, que ainda haverá um grande número de judeus convertidos a Cristo. Nas orações dos puritanos amilenistas havia um item que pedia a salvação dos judeus.
Mês passado convidei um professor judeu para falar aos meus alunos do mestrado no Andrew Jumper. Ele levou umas três horas explicando as diferentes linhas de judaismo que existem hoje. Ele mesmo é reformista (equivale aos liberais protestantes). Foi muito bem recebido e muito bem tratado.
Meu último comentário é que o método G-H de interpretação não é necessariamente literalista, isto é, ele não lê o texto sempre literalmente, mas somente quando a literalidade faz parte do gênero. A interpretação das profecias é sempre complicado e nesse ponto, não brigo com irmãos premilenistas e pós-milenistas.
Um abraço.
Prof. Nicodemus,
ResponderExcluirFoi citado pelo senhor acima: “Você pergunta ainda: ‘Como podem não fazer a devida distinção tão clara entre a Igreja e Israel?’ É porque essa distinção não é tão clara assim para nós. O que é claro é que os cristãos são o verdadeiro Israel, que Deus não tem dois povos, que Cristo não tem duas noivas e que não há dois sistemas diferentes de salvação, um para o judeu e outro para o gentio que crê.
Sobre o dispensacionalismo, sem chance!”
Se me for permitido dar minha contribuição ao assunto, diria o seguinte: também não concordo em nada com o dispensacionalismo, mas Israel não pode ser riscado do mapa bíblico e confundido com a Igreja seja qual for o sistema escatológico adotado. E quando o irmão diz que “cristãos são o verdadeiro Israel”, eu me pergunto: O que foi feito de Israel? Será que a existência da nação de Israel hoje não é um cumprimento profético? Não é um verdadeiro milagre que, de acordo com o cumprimento profético (volto a insistir) veterotestamentário que nos afirma que Israel seria dispersado entre as nações (Dt 4.27; Ez 20.34) se não fosse fiel a Deus como seu povo escolhido, mas que Deus, em sua misericórdia, os traria de volta à sua terra, os reuniria dos confins do mundo de volta à sua terra. Isso se cumpriu em pleno século XX (Ainda que os espalhei por entre os povos, eles se lembrarão de mim em lugares remotos; e viverão com seus filhos, e voltarão - Zc 10:9. E isso e mais centenas de profecias bíblicas sobre Israel não o coloca no plano escatológico bíblico? Poderia me estender muito sobre esse assunto, mas creio que basta-me citar 2 versículos por ora:
"Eis que eu farei de Jerusalém um copo de tremor para todos os povos em redor, e também para Judá, durante o cerco contra Jerusalém. E acontecerá naquele dia que farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que a carregarem certamente serão despedaçados; e ajuntar-se-ão contra ela todo o povo da terra". (Zc 12.2,3).
Em que dia da semana podemos ligar a televisão e assistir ao noticiário sem uma notícia sobre Israel e Jerusalém? Desde a fundação do Estado de Israel em 1948 não há um só dia em que não seja notícia na mídia internacional.
Em 200 versículos no AT aparece a expressão “Deus de Israel”. Ele deixou de sê-lo? Devemos interpretar agora que ele é o Deus da Igreja somente? Ora, “Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou ISRAELITA, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo: Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma? Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal. Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça.” De quem é o povo de Deus a que Paulo se refere? A Igreja? Remanescente de quem, segundo a eleição da graça? De ISRAEL!
O irmão relata não perceber “qualquer incompatibilidade em entender as referências do AT a Israel como se referindo à Igreja, pois não é uma questão hermenêutica (interpretar espiritualmente ou literalmente) mas teológica”. Aprecio sua total sinceridade neste ponto, pois as leis da hermenêutica contradizem sua conclusão, que prefere a teologia agostiniana e, por conseguinte, católica a uma interpretação coerente e sensata do texto bíblico.
É mister entender-se que o fato de Israel e Igreja serem distintos entre si não significa dois sistemas diferentes de salvação, tampouco dois pactos etc. É de vital importância compreender a existência desses “2 sujeitos” em questão. Portanto, uma teologia que afirma que a Igreja é o novo Israel e que Israel foi substituído pela Igreja é uma teologia anti-semita por excelência. Assim como em “anticristo”, o prefixo “anti” não significa apenas “contra” mas “em substituição a”, “no lugar de”. Que se busque uma solução de coexistência, pois não há como escapar dessa definição. Cheque-mate!
Fraternalmente,
Alfredo Gomes Telles
Que a graça de Deus seja contigo.Amado dou Glórias a Deus por sua vida e seu ensino que me tem edificado muito, pois moro no interior do Ceará e por aqui não tem nenhum tipo de literatura reformada.Mais nobre Augustus gostaria de saber sobre "TEOLOGIA REFORMACIONAL,UM NOVO PARADIGMA DE SE FAZER TEOLOGIA" Li sobre isso num artigo no sit Monergismo. o artigo era de Gordon J. Spykman sobre milagres.No mais só isso mesmo até logo amado.
ResponderExcluirPrezado Onésimo,
ResponderExcluirFico feliz em saber que temos um leitor no interior do Ceará!
Sobre sua pergunta, sugiro encaminhá-la para Dr. Davi Gomes, especialista em teologia reformada contemporânea. Pode mandar para o endereço do Andrew Jumper, academicocpaj@mackenzie.com.br
Um abraço.
PS: Se der, mande uns piquis pelo correio, tenho um seminarista cearense que só fala nisso.
Alfredo,
ResponderExcluirÉ claro que é permitido que o irmão contribua. Publiquei seu comentário para que sua contribuição ficasse registrada. Pronto!
Permita-me também não responder, querido, pois essa discussão é antiga, batida e tem muitíssimo material sobre o assunto, inclusive na Internet. Espero que você se dê por satisfeito com a publicação de seu comentário. Apenas lhe sugiro que seja um pouco mais cortês quando entrar num debate – não há necessidade de me xingar de católico, anti-semita e insensato.
Recomendo-lhe também um pouco de humildade. Você deu um cheque-mate muito cedo, querido. E parece que estava muito satisfeito consigo mesmo em colocar-me em cheque! Ficou evidente que seu objetivo era ganhar o argumento em vez de aprender com esse seu modesto irmão. Mais uma razão para deixá-lo em paz, curtindo a alegria de ter me dado um cheque-mate. Aproveite o momento!
Um abraço.
Bom dia!
ResponderExcluirQuerido pastor! Sou aluno do JMC e peço a sua autorização para imprimir o texto acima!
Pois precisamos le-lo como requisito.
Alexandre,
ResponderExcluirEstá autorizado!
Um abraço.
Graça e paz querido Nicodemos. Sou grato a Deus por esse blog, não tenho curso teológico, mas cada artigo que leio é uma verdadeira aula. que Deus você e sua equipe
ResponderExcluirGOSTEI MUITO.
ResponderExcluirUSEI NO MEU TRABALHO DE ESCOLA.
Rev. Augustus, gostei muito do artigo sobre o método histórico-gramatical. Gostaria de saber se há uma possibilidade de haver uma dialética entre este método e ou histórico-crítico, pois há partes que não são de todo nocivas no processo de interpretação bíblica. Bom gostária de saber a sua ponião sobre este possibilidade! Caro Rev. Augustos tenho um interesse em escrever muito sobre a necessidade de interpretção alegorica no tempo em que ela foi criada, para sanear as contradições do tempo da Escola de Alexanderia, por que Fílon criou este método e Orígenes o lapidou?
ResponderExcluirMuito Grato
Wesley Rédua
Prezado Wesley,
ResponderExcluirO problema é que os pressupostos dos dois métodos são radicalmente diferentes. O métogo g-h acredita na inerrância da Bíblia e portanto aceita sua historicidade e veracidade. Já o método h-c parte do pressuposto que a Bíblia tem erros de todos os tipos.
Os dois métodos têm objetivos diferentes. O g-h procura entender sua mensagem à época e aplicá-la aos nossos dias. O h-c procura separar o que é verdadeiro do que é falso dentro da Bíblia.
Portanto, uma dialética me parece improvável.
Sobre a alegoria da Escola de Alexandria, recomendo meu livro sobre o assunto, "A Bíblia e Seus Intérpretes", tem um capítulo só sobre esses pontos.
Abraços.
Comprei o livro que o senhor escreveu A bíblia e seus interpretes é ótimo.
ResponderExcluirEsclareceu muitas duvidas que eu tinha.
Em relação Israel e igreja.
Creio que a igreja é a Continuação de Israel.
O Pentecostes foi uma demonstração disso, que Deus estava ampliando a Israel.
Creio que o quando Deus escolheu a nação Israelita, Ele tinha também um propósito de futuramente agregar todos os que são os Israelitas de Coração(Eleitos de Deus) de todas as nações e épocas.
Creio que a Salvação pela graça sempre existiu deste no antigo testamento. (Acho um horror que Deus tenha dois sistemas de Salvação)
No antigo testamento eram necessárias as leis cerimônias e alguns costumes.
Essas eram sombras no futuro, eram símbolos de Cristo.
Creio que as lei morais não foram abolidas. E Que Jesus nos tornou capazes de cumpri-las, ou seja, livres para obedecê-la.
Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei.”Romanos 3.31
Creio que a Graça sempre existiu.
E que para obedecer a lei moral é necessário ser eleito de Deus( Israelita de Coração)
Para mim não existem mais diferença entre Israelitas e Cristão.
Como o apostolo Paulo afirma que não mais diferença entre Judeus e Gregos.
E que para israelita ser salva é necessário reconhece o sacrifício de Cristo.
Claro que se tratando de Etnia há diferença entre Gentios e Israelitas.
Mas relação a Salvação A Igreja é a israel espiritual, ele é continuação do ISRAEL DE DEUS.
E creio que Deus é imutável
Perdoa os meus erros de Português.
ResponderExcluirÉ porque eu escrevi rapido.
pastor você realmente acredita que precisamos de uma reforma no protestantismo brasileiro?
ResponderExcluirPaz e graça Reverendo Augusto Nicodemos, sou muito grato ao bom e Eterno Deus por sua vida.Sou bastante abençoado pelos comentários que assisto nos meios de comunicação onde o Reverendo aborda muitos assuntos da palavra de Deus,sou de linha pentecostal mais nem tudo eu aceito, creio na soberania de Deus na livre agencia e que o homem perdeu o seu livre arbítrio la no jardim do Éden.foi membro da IGREJA EMANUEL EM FORTALEZA com o Pr,George Emanuel pessoal admirador da sua pessoa.
ResponderExcluirRev Nicodemus,
ResponderExcluirPodemos dizer que o método histórico-crítico "mata" ou "faz morrer" a fé?
Grande abraço
Caro Pr. Nicodemus, sou grato pela publicação da temática do seu artigo relacionado com os métodos de interpretação bíblica, em especial o método histórico-gramatical. Suas palavras serão de suma importância para a produção do meu trabalho de conclusão de curso, sou um adventista do sétimo dia, e mais uma agradeço por seus ensinos!
ResponderExcluirFraternalmente,
Jonas Tavares.