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quarta-feira, agosto 02, 2006
Para quem Pensa Estar em Pé (I) -- Versão para Pentecostais e Neopentecostais
Faz alguns anos fui convidado para ser o preletor de uma conferência sobre santidade promovida por uma conhecida organização carismática no Brasil. O convite, bastante gentil, dizia em linhas gerais que o povo de Deus no Brasil havia experimentado nas últimas décadas ondas sobre ondas de avivamento. “O vento do Senhor tem soprado renovação sobre nós”, dizia o convite, mencionando em seguida o que considerava como evidências: o movimento brasileiro de missões, crescimento na área da ação social, seminários e institutos bíblicos cheios, o surgimento de uma nova onda de louvor e adoração, com bandas diferentes que “conseguem aquecer os nossos ambientes de culto”. O convite reconhecia, porém, que ainda havia muito que alcançar. Existia especialmente um assunto que não tinha recebido muita ênfase, dizia o convite, que era a santidade. E acrescentava: “Sentimos que precisamos batalhar por santidade. Por isto, estamos marcando uma conferência sobre Santidade...”
Dei graças a Deus pelo desejo daqueles irmãos em buscar mais santidade. Entretanto, por detrás dessa busca havia o conceito de que se pode ter um “avivamento” espiritual sem que haja ênfase em santidade! Parece que para estes irmãos — e muitos outros no Brasil — a prática dos chamados dons sobrenaturais (visões, sonhos, revelações, milagres, curas, línguas, profecias), “louvorzão”, ajuntamento de massas em eventos especiais, e coisas assim, são sinais de um verdadeiro avivamento. É esse o conceito de avivamento e plenitude do Espírito que permeia o evangelicalismo brasileiro em nossos dias. Parece que a atuação do Espírito, ou um avivamento, identifica-se mais com essas manifestações externas e com a chamada liberdade litúrgica, do que propriamente com o controle do Espírito Santo na vida de alguém, na vida da igreja, na vida de uma comunidade.
Lamentavelmente, o escândalo da participação maciça da bancada evangélica (a esmagadora maioria de igrejas pentecostais e neopentecostais) na máfia dos sanguessugas vem confirmar nosso entendimento de que em muitos ambientes evangélicos, a santidade de vida, a ética e a moralidade estão completamente desconectados da vida cristã, dos cultos, dos milagres, da prosperidade em geral.
Uma análise do conceito bíblico de santidade que fosse orientada para pentecostais e neopentecostais – sempre lembrando que não estou generalizando, pois há irmãos pentecostais e neopentecostais que amam a santidade – teria de destacar os seguintes aspectos.
1) A santidade não tem nada a ver com usos e costumes. Ser santo não é guardar uma série de regras e normas concernentes ao vestuário e tamanho do cabelo. Não é ser contra piercing, tatuagem, filmes da Disney, a Bíblia na Linguagem de Hoje. Não é só ouvir música evangélica, nunca ir à praia ou ao campo de futebol e nunca tomar um copo de vinho ou uma cerveja. Não é viver jejuando e orando, isolado dos outros, andar de paletó e gravata. Para muitos pentecostais no Brasil, santidade está ligada a esse tipo de coisas. Duvido que estas coisas funcionem. Elas não mortificam a inveja, a cobiça, a ganância, os pensamentos impuros, a raiva, a incredulidade, o temor dos homens, a preguiça, a mentira. Nenhuma dessas abstinências e regras conseguem, de fato, crucificar o velho homem com seus feitos. Elas têm aparência de piedade, mas não tem poder algum contra a carne. Foi o que Paulo tentou explicar aos colossenses, muito tempo atrás: “Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade” (Colossenses 2.23).
2) A santidade existe sem manifestações carismáticas e as manifestações carismáticas existem sem ela. Isso fica muito claro na primeira carta de Paulo aos Coríntios. Provavelmente, a igreja de Corinto foi a igreja onde os dons espirituais, especialmente línguas, profecias, curas, visões e revelações, mais se manifestaram durante o período apostólico. Todavia, não existe uma igreja onde houve uma maior falta de santidade do que aquela. Ali, os seus membros estavam divididos por questões secundárias, havia a prática da imoralidade, culto à personalidade, suspeitas, heresias e a mais completa falta de amor e pureza, até mesmo na hora da celebração da Ceia do Senhor. Eles pensavam que eram espirituais, mas Paulo os chama de carnais (1Coríntios 3.1-3). As manifestações espirituais podem ocorrer até mesmo através de pessoas como Judas, que juntamente com os demais apóstolos, curou enfermos e ressuscitou mortos (Marcos 10.1-8). No dia do juízo, o Senhor Jesus irá expulsar de sua presença aqueles que praticam a iniqüidade, mesmo que eles tenham expelido demônios e curado enfermos (Mateus 7.22-23).
3) A santidade implica principalmente na mortificação do pecado que habita em nós. Apesar de regenerados e de possuirmos uma nova natureza, o velho homem permanece em nós e carece de ser mortificado diariamente, pelo poder do Espírito Santo. É necessário mais poder espiritual para dominar as paixões carnais do que para expelir demônios. E, a julgar pelo que estamos vendo, estamos muito longe de estar vivendo uma grande efusão do Espírito. Onde as paixões carnais se manifestam, não há santidade, mesmo que doentes sejam curados, línguas “estranhas” sejam faladas e demônios sejam expulsos. Não há nenhuma passagem em toda a Bíblia que faça a conexão direta entre santidade e manifestações carismáticas. Ao contrário, a Bíblia nos adverte constantemente contra falsos profetas, Satanás e seus emissários, cujo sinal característico é a operação de sinais e prodígios, ver Mateus 24.24; Marcos 13.22; 2Tessalonicenses 2.9; Apocalipse 13.13; Apocalipse 16.14.
4) O poder da santidade provém da união com Cristo. Ninguém é santo pela força de vontade, por mais que deseje. Não há poder em nós mesmos para mortificarmos as paixões carnais. Somente mediante a união com o Cristo crucificado e ressurreto é que teremos o poder necessário para subjugar a velha natureza e nos revestirmos da nova natureza, do novo homem, que é Cristo. O legalismo não consegue obter o poder espiritual necessário para vencer Adão. Somente Cristo pode vencer Adão. É somente mediante nossa união mística com o Cristo vivo que recebemos poder espiritual para vivermos uma vida santa, pura e limpa aqui nesse mundo. É mais difícil vencer o domínio de hábitos pecaminosos do que quebrar maldições, libertar enfermos, e receber prosperidade. O poder da ressurreição, contudo, triunfa sobre o pecado e sobre a morte. Quando “sabemos” que fomos crucificados com Cristo (Romanos 6.6), nos “consideramos” mortos para o pecado e vivos para Deus (Romanos 6.11), não permitimos que o pecado “reine” sobre nós (Romanos 6.12) e nem nos “oferecemos” a ele como escravos (Romanos 6.13), experimentamos a vitória sobre o pecado (Romanos 6.14). Aleluia!
5) A santidade é progressiva. Ela não se obtém instantaneamente, por meio de alguma intervenção sobrenatural. Deus nunca prometeu que nos santificaria inteiramente e instantaneamente. Na verdade, os apóstolos escreveram as cartas do Novo Testamento exatamente para instruir os crentes no processo de santificação. Infelizmente, influenciados pelo pensamento de João Wesley – que noutros pontos tem sido inspiração para minha vida e de muitos outros –, pentecostais e neopentecostais buscam a santificação instantânea, ou a experiência do amor perfeito, esquecidos que a pureza de vida e a santidade de coração são advindas de um processo diário, progressivo e incompleto aqui nesse mundo.
6) A santificação é um processo irresistível na vida do verdadeiro salvo. Deus escolheu um povo para que fosse santo. O alvo da escolha de Deus é que sejamos santos e irrepreensíveis diante dele (Efésios 1.4). Deus nos escolheu para a salvação mediante a santificação do Espírito (2Tessalonicenses 2.13). Fomos predestinados para sermoas conformes à imagem de Jesus Cristo (Romanos 8.29). Muito embora o verdadeiro crente tropece, caia, falhe miseravelmente, ele não permanecerá caído. Será levantado por força do propósito de Deus, mediante o Espírito. Sua consciência não vai deixá-lo em paz. Ele não conseguirá amar o pecado, viver no pecado, viver na prática do pecado. Ele vai fazer como o filho pródigo, “Levantar-me-ei e irei ter com o meu Pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lucas 15.18). Ninguém que vive na prática do pecado, da corrupção, da imoralidade, da impiedade, – e gosta disso – pode dizer que é salvo, filho de Deus, por mais próspero que seja financeiramente, por mais milagres que tenha realizado e por mais experiências sobrenaturais que tenha tido.
Estava certo o convite que recebi naquele dia: precisamos de santidade! E como! E a começar em mim. Tenha misericórdia, ó Deus!
[Próximo Post da Série: Para quem Pensa Estar em Pé (II) -- Versão para Neo-Puritanos]
Pr Nicodemus, de uma maneira simples voce conseguiu traçar um esboço para quem quiser se recuperar dos problemas causados pela falta de doutrina no meio neo pentecostal, estou pensando em ministrar aos jovens de nossa igreja, posso?
ResponderExcluirAbraço.
Rev Augustus,
ResponderExcluirMuito bem explicativo o post. Só tenho algumas observações:
*Podemos considerar quais denominações Neo e Pentecostais realmente comprometidas com a verdade> (ainda sem interrogação).
*Há a possibilidade de algum membro ser realmente cristão e concordar com as "práticas santificadoras" que são propostas pelos líderes das denominações>
*Não deveria haver uma "migração natural" daqueles que buscam a verdadeira interpretação do Evangelho para aquelas igrejas que a detém>
*Sendo muito xucro: Eles se convertem lá e aprendem aqui>
Abraços Reformados,
Nossa, post muito bom,
ResponderExcluirtempora-mores em boa forma!!!!!!!
Lendo esse post agora refleti em duas coisas:
1 - Como é forte nossa miséria, precisamos mesmo pedir a Deus misericórdia a cada dia.
2 - Geralmente em livros e pregações quase não se fala em união mística com Cristo, o ponto 4, que é alicerce na santificação, que aliás, carece de uma boa definição de conceito (ex. santo, separado, saudável) mas prefiro deixar que outros aprofundem a definição do conceito.
Sugiro também (não sei se está em mente) um "quem pensa que está em pé" para nós reformados. Acho que uma ênfase no conhecimento é tão grande em nosso meio (e tem que ser) mas as vezes pode surgir uma soberba intelectual e a incapacidade de exercer a piedade para com o próximo.
Que Deus o abençoe, pastor,
Juan
Olá Nicodemus..
ResponderExcluirAcredito que a santificação deve ser um dos principais alvos dos cristãos..
No entanto, é muito comum nas igrejas (tradicionais, pentecostais, etc) se aliar santificação a um processo em que o homem almeja em algum momento se tornar um "semi-deus"..ou seja, num patamar superior ao que é humano e inferior ao que é deus...
Essa concepção ascética de santificação pode levar o homem a querer deixar de ser homem, como ele não consegue deixar de ser homem pode acabar levando a algum tipo de fracasso....basta o primeiro pecadão, principalmente aqueles pecadões de igreja conhecidos...srsrsr
É muito comum cristãos frustados por não conseguir se santificar....
Minha pergunta: O homem deve ter algum tipo de ação (vontade própria) na santificação? Isso não incorreria numa santificação arminiana? Se a graça irressistível de Deus nos ajuda, como conciliar nossos pecados e a santificação, para que isso não venha a se tornar motivo de frustração?
(não adianta minhas perguntas são muito extensas....srsrsr)
Abraços
JP
Rev Augustus,
ResponderExcluirGraça e Paz!
Ótimo post.
Mas gostaria de pegar carona nos questionamentos do André e acresentar o seguinte:
- Primeiro, se sua posição em relação ao que decidiu a IPB quanto a IURD foi favorável ou não?
Assim, respondido isso e caso a resposta seja afirmativa,penso que tal entendimento deve naturalmente ser extensível àqueles que repetem os métodos IURD, e nesse contexto pergunto:
- é possível a compreensão coletiva do conceito de santidade numa "seita"?
- antes, aliás, é possível falar em renegeração sem compreensão do Evangelho?
Acredito muito na análise feita pelo pastor Estevam Fernandes, da paraíba, em seu livro entitulado "Coversão ou Adesão".Não sei se o Rev.conhece a obra!
Ressalvo apenas exceções individuais, rarissímas, mas conhecidas, de pessoas crentes nesse meio, mas no geral tenho dificuldades de crer que haja espaço para a verdade nesse meio.
Caso creia, ajude-me a encontrar esse entedimento.
Abraços Fraternos,
Dilsilei
Rev. Augustus,
ResponderExcluirAcho que não fui claro na parte de meu comentário a respeito da regeneração. Assim, complemento:
Bem o que gostaria de entender é como podemos ver como eficaz a "regeneração de uma seita" e, ainda, sabendo que havendo na "conversão um ato eficaz, poderoso e criativo do Espírito Santo sobre e nas mentes dos homens, que os capacita a ver ou discernir as coisas espirituais de forma espiritual, naquilo que a palavra chama de renovação das nossas mentes (Efésios 4:23; Colossenses 3:10; Romanos 12:2; Tito 3:5) e com essa perspectiva perceber milhares de pessoas "ditas regeneradas" seguindo no erro, sendo incapazes de discernir o enorme equívoco que se pratica ali.
Como falar em santificação para estas pessoas de modo que possam entender?
Será que Deus concedeu luz às suas mentes na regeneração (2 Coríntios 4:6)?
Se não entendem o Evangelho, como poderão entender sobre santidade?
Desculpe-me o aborrecimento de apresentar minha dúvida em 2 parcelas? (rrss).
Que Deus continue lhe abençoando ricamente seu ministério.
Abraços reformados,
Dilsilei
Talvez esse seja o grande problema: nós, que temos o mínimo de senso crítico, olhamos pra situação da igreja brasileira e lamentamos, desanimamos, tememos o futuro, etc; eles olham a igreja e dão graças a Deus pelo "avivamento". É um grande absurdo.
ResponderExcluirMuito útil a análise.
Abraços, reverendo Augustus.
Excelente texto e muito apropriado; porém, é necessário lembrar que nao existe avivamento também somente com santidade, mas com a manifestação da glória de Deus de várias formas. Isso é comprovado pelas Escrituras e pela história. Todos os avivamentos, tanto do VT, como do NT foram cheios de glória e manifestações poderosas: o Espírito falava, as pessoas sentiam o poder de Deus, havia manifestações poderosas. Em atos, quando os discípulos pediam intrepidez ao Senhor, Deus fez tremer o lugar e ficaram cheios do Espírito Santo. Na história dos avivamentos, sempre aconteceram manifestações poderosas de Deus. Nao se está colocando paradigmas da forma de Deus fazer, mas avivamento só com santidade nao existe, pois assim como Deus é santo, ele é espírito e todo-poderoso também. O próprio Paulo, falando aos coríntios, tendo mostrado que eles eram infantis, nao deixou de escrever que o incrédulo poderia perceber que Deus estaria no lugar quando houvesse uma manifestação sobrenatural de profecia (1 Co 14.25). Àqueles que dizem que essas manifestações somente foram para os apóstolos caem no mesmo erro, ou pior, dos neo-pentecostais em desprezar a Palavra de Deus como única regra confiável de prática. Portanto, a falta dessas duas características configura-se um pseudo avivamento.
ResponderExcluirWilson Bento,
ResponderExcluirFique à vontade para usar o texto com os jovens da sua igreja.
André,
Respondendo às suas observações, digo o seguinte: podemos considerar como denominações comprometidas com a verdade aquelas onde a palavra de Deus é pregada fielmente, onde os sacramentos (batismo e ceia) são aplicados corretamente e onde a disciplina eclesiástica é praticada com firmeza e amor. Isto vale para denominações pentecostais, neopentecostais, históricas ou quaisquer outras. São as chamadas marcas da verdadeira igrejas do ponto de vista da fé reformada.
Sua segunda observação: para ser cristão, segundo a Bíblia, é necessário fé genuína no Senhor Jesus Cristo, nosso único e suficiente Salvador. É possível que existam cristão verdadeiros mas que estão enganados em alguns pontos doutrinários ou práticos.
Sua terceira observação: existe uma migração crescente de cristãos verdadeiros saindo de denominações neopentecostais em busca de igrejas sólidas doutrinariamente. É provável que com o tempo, esta migração cresça ainda mais a, à medida que as pessoas vão cansando da superficialidade desses movimentos.
Juan,
Obrigado pelas considerações. Sim, já está planejado um "Para quem pensa estar em pé" versão para reformados. O próximo é versão para neopuritanos, seguido de um para os neo-ortodoxos e provavelmente terminando com os reformados.
Um abraço a todos.
JP,
ResponderExcluirVocê tocou num ponto muito importante na questão da santificação, que é a falta de uma compreensão adequada, digo, bíblica, do assunto. Ser santo não é ser um semi-deus e nem um crente super-poderoso. Quando isto não fica claro, realmente as pessoas se frustram diante da sua própria falibilidade, fracasso e derrota. Sobre sua pergunta, se o homem deve ter algum tipo de ação na santificação, respondo que sim. A Bíblia está cheia de exortações para que nós nos santifiquemos, para que mortifiquemos o pecado, para que rejeitemos as obras das trevas, e para que pratiquemos a verdade, a pureza, e a justiça. Isso em nada interfere com a ação soberana de Deus no processo de santificação em nós, que de maneira incompreensível para nós, opera em nós tanto o querer quanto o realizar. A graça irresistível não implica em perfeição, mas na garantia de que Aquele que começou a boa obra haverá de completá-la até o dia de Cristo Jesus.
Um abraço.
Dilsilei,
ResponderExcluirA IPB decidiu reafirmar um posicionamento sobre a IURD emitido em 1998, e que foi publicado sob a forma de uma pastoral e distribuída na IPB. Esta pastoral pode ser lida online no endereço http://www.cacp.org.br/iurd.htm.
Leia o texto. Eu concordo integralmente com ele, tendo sido inclusive um dos seus autores em 1998.
A decisão recente do SC/IPB 2006 estendeu as observações contidas na pastoral sobre a IURD a todas as igrejas e denominações que praticam as mesmas coisas.
Quanto à sua indagação, a compreensão coletiva do conceito bíblico de santidade só é possível se houver uma compreensão correta da natureza pecaminosa do homem, da obra mediadora de Cristo e da ação santificadora do Espírito Santo. Dificilmente estas com pretensões poderiam ser encontradas em seitas.
Naturalmente, teremos que definir primeiro que todas as denominações pentecostais e neopentecostais são seitas, coisa que tenho dificuldade em fazer. Prefiro ficar com o posicionamento da PB que considera igrejas com práticas neopentecostais como sendo "menos puras". O motivo é que, a julgar o pelos escritos que publicam, existe alguma verdade no discurso dessas igrejas, embora muito misturado com o erro. O Espírito Santo pode e empenho usado esse pouco de verdade para converter muita gente nesses movimentos.
Não conheço a análise feita pelo pastor Estevam Fernandez, embora conheça o referido pastor e tenho apreço por ele.
Um abraço.
Dilsilei,
ResponderExcluirA sua pergunta é muito interessante e não tem uma resposta fácil para ela. Eu entendo que uma pessoa pode ser verdadeiramente regenerada e ainda assim não ter um conhecimento exato de todos os pontos doutrinários do Cristianismo. Se a nossa salvação fosse depender da nossa exatidão teológica, todos estaríamos condenados ao inferno, a começar de mim. Existem alguns pontos centrais sobre os quais não pode haver dúvida, que são aqueles que sempre constituíram o cerne do cristianismo, como a compreensão da obra de Cristo em nosso favor, a sua ressurreição literal de entre os mortos, e que a salvação é um dom gratuito de Deus mediante a fé, para citar alguns.
Mas, existe entre os cristãos divergências quanto a questões como a aplicação dos sacramentos, forma correta de batismo, escatologia, dons espirituais, o ministério feminino, a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana, sem que estas diferenças se constituam necessariamente em empecilho para a salvação. O melhor exemplo histórico é do arminiano Wesley e do calvinista Whitefield, irmãos em Cristo e amigos e no meu entender, cristãos genuínos. Um deles estava errado teologicamente quanto ao assunto da liberdade humana (não preciso dizer quem, na minha opinião). No caso da santificação, conheço irmãos verdadeiros em Cristo Jesus que acreditam, por exemplo, que a perfeição é possível nesse mundo. E não duvido que muitos irmãos pentecostais clássicos, que acreditam que faz parte da santidade ter o cabelo curto e não deixar a barba crescer, vão ter um susto quando chegarem na glória e encontrar Steve Demoss, um dos melhores cristãos que já conheci, que usa rabo-de-cavalo e barba enorme.
Um abraço.
Mário,
ResponderExcluirEu entendi o que você quis dizer, mas é evidente que a sua tese não se sustenta. O conceito de reavivamento ou avivamento espiritual, como os próprios termos indicam, implicam em trazer de volta à vida àquilo que estava num estado de morte. O melhor é exemplo é o vale de ossos secos de Ezequiel. Avivamento é quando Deus visitam o seu povo trazendo-lhe vida espiritual. Esse é o conceito bíblico. Manifestações poderosas, sinais e prodígios, podem existir sem que haja real avivamento. E vice-versa. O âmago do avivamento é o despertamento espiritual interior da alma da pessoa, quando suas faculdades são aguçadas, e o discernimento espiritual retorna, e com ele, o ódio ao pecado, o amor a pureza, o desejo de ter íntima comunhão com Deus, desejo de ler e ouvir a Palavra de Deus e ter comunhão com os irmãos. Todas estas características são encontradas nos avivamentos espirituais narrados na Bíblia, como as reformas feitas pelos reis Ada, Josafá, Ezequias, etc. e o grande avivamento entre os judeus que retornaram do cativeiro sob Esdras. Contudo, não houve em nenhum deles sinais e prodígios, curas, etc.
Concordo com você que avivamento traz manifestação da glória de Deus, mas parece que você entende que deus só manifesta a sua glória através do sobrenatural. Discordo desse entendimento.
É verdade que no livro de Atos houve manifestações como a que você mencionou, do local tremer. Mas, pergunto, tais manifestações sempre aconteceram? O próprio livro de Atos narra as três viagens missionárias de Paulo e a fundação de várias igrejas em diferentes locais, e existe absoluto silêncio sobre manifestações sobrenaturais (sinais e prodígios) durante os avivamentos em Corinto, por exemplo. Creio que também estão ausentes em Tessalônica.
Você citou 1Coríntios 14.5 como se fosse uma manifestação sobrenatural de profecia. Todavia, é possível que a profecia ali mencionada nada mais seja do que a pregação da palavra de Deus, que segundo o escritor de Hebreus, penetra até o interior do pecador, como uma espada aguçada.
Não me entenda mal. Creio em milagres. Só não acho que sejam essenciais a um avivamento.
Um abraço.
Alguns qustionamentos, com todo respeito a sua pessoa q admiro muito:
ResponderExcluir1) A espiritualidade nao inclui o sobrenatural tambem? ... mas recebereis poder ao descer sobre vós...; ... sede cheios do espírito, falando entre vós com canticos espirituais?
2) Se excluirmos o sobrenatural da glória de Deus nao o estaríamos fazendo um Deus natural, já q a glória é manifestação da pessoa e atributo de Deus? Todas as vezes que fala em glória de Deus nao inclui o sobrenatural? Dê-me um texto se nao for, por favor.
3) Por que q Isaías antes de perceber a necessidade de santidade, Deus se revelou em glória e majestade a ele?
4) Podemos dizer q nao houve manifestações de poder em corinto, somente porque Lucas nao registrou? por que Paulo disse q a sua palavra foi em demonstração de espírito e de poder? (1 Co 2.4)
5) O que o Sr. acha do ponto de vista do Dr. Martin-Loydjones sobre avivamento?
Rev. Nicodemus...
ResponderExcluirRealmente esse post representou bem a situação atual do evangelicalismo brasileiro.
Pessoalmente, tenho enfrentado algumas dificuldades com esse tipo de coisa. Pastoreio uma igreja presbiteriana no interior do Maranhão, mais especificamente, em Araioses. A cidade é pequena, possuindo cerca de trinta mil habitantes. Entre os evangélicos, o que predomina é a cultura pentecostal. Quando cheguei, encontrei a igreja presbiteriana influenciada por muitas idéias pentecostais. Pela graça e misericórdia de Deus tenho conseguido dissipar alguns conceitos.
Entretanto, a minha pessoa tem sido alvo de "piadas" por parte dos irmãos pentecostais. Por exemplo, o pastor de uma dessas igrejas disse num culto ao ar livre: "Quem ensina predestinação é comparado a um feiticeiro!" Confesso que não sabia se ria com tal associação ou se me entristecia pela noção possuída pelo irmão. Em outra oportunidade soube que um deles disse para uma de minhas ovelhas que eu "não iria para o céu, pois eu gostava muito de futebol e se Jesus voltar eu não irei".
Peço a Deus que me conceda graça e sabedoria no trato com estes irmãos.
Fico no aguardo pelo post para os reformados e neo-puritanos.
SOLI DEO GLORIA...
Apreciei a matéria do blog, mas não podemos nos tornar uma espécie de censores dos atos de Deus, pois apesar de inexistirem evidências bíblicas e outras serem controvertidas, não devemos nos esquecer que Deus atua em conformidade amorosa à capacidade humana de entendê-Lo ou apreciá-Lo, de forma que sem trair Seus princípios, Ele não está limitado ao que nós entendemos a respeito de suas manifestações passadas, presentes ou futuras.
ResponderExcluirA descartar toda manifestação sobrenatural como "possível, mas desnecessária" acabamos fazendo com que Deus só aja se conseguirmos explicar Seus motivos e métodos, e isso, creio eu, é um erro um tanto pueril. "Quem entendeu a mente de Deus ou O ensinou"?, parafraseando quase literalmente a Jó.
Entendo que não é porque em algumas igrejas a doutrina seja massificada no sentido de repelir manifestações sobrenaturais da fé, que isso seja uma regra para Deus. Pode ser uma simples opção doutrinal ou litúrgica desta igreja em conformidade com a parcela de entendimento sobre Deus que lhe cabe, mas não uma regra geral.
Se ocorrem milagres em certas igrejas com maior freqüência e não em algumas outras, creio que a atitude cristã não seria dizer que o ocorrido ali não seja manifestação de Deus ou que seja desnecessário, pondo em dúvida se é Deus ou o Diabo ou a tolice humana imperando em tal lugar e fatos. Creio que deveríamos adotar uma postura ética de não criticar somente por ser diferente, mas com igualdade no principal, que é pregar Jesus Cristo Salvador à milhões de pessoas, como poucas outras organizações fazem.
E a questão não é nem numérica, a bem da verdade, pois mesmo uma igreja com 10 fiéis pode ser tão abençoada quanto uma de um milhão, bastando seguir o principal, que é Cristo ressuscitado.
Em minha igreja não ocorrem milagres, mas numa outra próxima de casa ocorrem com certa freqüência e eu, simples mortal, não ouso dizer a Deus que Ele está sendo desnecessariamente exibicionista ou supérfluo... pode ser que não seja Deus atuando mesmo, mas sim fenômenos psíquicos à là Jung, mas o fiel crê que é Deus e não honra outra nome por isso... e quem garante que Deus não pode usar a ciência do mundo para confundir os doutos, como está registrado na Bíblia que Ele faz?
Também sou contrário ao fanfarronismo, mas se é Deus atuando ali no meio dos milagres atuais, ninguém tem condições de negar ou afirmar, então pediria que fôssemos éticos e aceitássemos o diferente, assim como os neopentecostais aceitam sem criticar as igrejas em que os dons carismáticos são reprimidos em prática, sem demonizá-las por isso.
E eles estão evangelizando muito mais do que nós, presbiterianos...
Mário,
ResponderExcluirVocê não me desrespeita por me questionar. E agradeço sua admiração por minha pessoa.
Nenhum dos argumentos ou textos que você mencionou provam que sinais e prodígios como curas, expulsões de demônios, visões e revelações são parte essencial de um avivamento. Esse é meu ponto, e somente esse: santidade não está atrelada às essas manifestações.
Anônimo,
Não costumo responder anônimos, mas no seu caso, farei uma exceção para dizer algumas coisas: (1) Eu não disse que milagres não acontecem. Lembre que meu assunto no post é santidade. É nesse contexto que eu disse que não são necessários. (2) Não se trata de julgar os atos de Deus e nem de uma avaliação "pueril", mas de uma constatação bíblica reforçada pela prática. (3) Os mórmons evangelizam mais que os pentecostais e nem por isso estão mais certos.(4) Você pede ética, mas nem se identificou. Comece dando o exemplo.
Abraços a todos.
Anonimo, você disse: "A descartar toda manifestação sobrenatural como "possível, mas desnecessária" acabamos fazendo com que Deus só aja se conseguirmos explicar Seus motivos e métodos, e isso, creio eu, é um erro um tanto pueril. "Quem entendeu a mente de Deus ou O ensinou"?, parafraseando quase literalmente a Jó."
ResponderExcluirSe você ainda estiver rondando por aqui, defina por favor SOBRENATURAL.
Abraço,
Daniel
Concordo na integra com o seu texto e prz pela coragem!!!!
ResponderExcluirMensagem bastante atual e clara para um mundo evangélico de bastantes desencontros!
ResponderExcluirApenas uma ressalva: no item 2 o senhor afirma "As manifestações espirituais podem ocorrer até mesmo através de pessoas como Judas, que juntamente com os demais apóstolos, curou enfermos e ressuscitou mortos (Marcos 10.1-8)". Salvo melhor juízo, a referência está incorreta. Talvez trate-se de Mateus.
Paz!
Hugo,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário e pela correção. De fato, é Mateus 10.1-4: "Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades. 2 Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; 3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4 Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu.
Abraços.
Agnaldo,
ResponderExcluirA decisão da IPB foi aceitar membros advindos da IURD somente após seis meses de reciclagem teológica na Escola Dominical (classe de catecúmenos) e uma profissão pública de fé, que inclui aderência à Confissão de Fé de Westminster.
A IPB também resolveu nomear uma comissão especial para reexaminar a decisão de “rebatismo” de pessoas oriundas da IURD, devendo tal comissão prestar relatório em março de 2007. Pode ser que o resultado será que passaremos a rebatizar pessoas oriundas da IURD, considerando seus agravamento dos desvios doutrinários e práticos.
Um abraço.
Apenas mais uma ressalva como um leitor dos seus artigos q muito me serviram e servem. Esse artigo foi excelente, contundente; porém, na minha opinião, nao deveria ter esse tema: Versão para Pentecostais e Neopentecostais, pois dá a entender q os escândalos somente se dao nessas igrejas e nós sabemos q nao é isso. Escândalos se dao em todos os lugares. Antes dos escândalos dos sanguessugas, teve o escândalo de um líder evangelico e sua esposa q saiu na revista Veja e eles nao sao de igrejas pentecostais. Portanto, na minha opiniao, o tema nao foi feliz (se posso discordar) e concordo q santidade nao está vinculada a dons carismáticos, mas nao podemos dizer isso de avivamento. Exceto, se alguém pensar q dons carismáticos sao somente os dons de corintios 12, q sabemos q nao é, mas sao vários... e se o Espírito renova os dons diversos, pq escolhermos uns em detrimentos a outros? Nao tem base. Caso se pense o contrário, várias perguntas ficariam no ar.
ResponderExcluirIrmão, que comentários sóbrios e abençoados! Fui muito edificado ao lê-los. Que Deus, em Sua maravilhosa graça, continua te abençoando e te enriquecendo em Cristo, com todas as bençãos espirituais.
ResponderExcluirDepois não deixe de visitar o meu blog, e postar seus comentários. http://teologia-vida.blogspot.com
Abraços, fica na paz
Rev. Augustus,
ResponderExcluirA santificação enquanto processo poderia ser explicada pelo conceito de concorrência da providência divina(ações 100% feitas pelo homem e 100% efetuadas por Deus)?
Não tenho certeza se esse é o termo correto que li na Teologia Sistemática do Grundem.
Um abraço,
João
Que tristeza ler constatações como a de Agnaldo: "os mais carismáticos da igreja que eu era (ccb) eram os mais perversos". De fato, tenho refletido bastante sobre isso e sobre minhas experiências pessoais com essas manifestações, e tudo confirma uma das teses centrais desse post: as manifestações sobrenaturais não são conseqüência nem sinal de conversão, muito menos de santidade! Isso não deveria nos assustar, pois é o que disse o próprio Jesus quando anunciou que declararia a muitos que curavam e expeliam demônios: "Não vos conheço." Mas como assusta!
ResponderExcluirTalvez o caso mais evidente, penso, seja o de Caio Fabio, cujas pregações continuavam a converter e compungir multidões (esta que vos fala inclusive), estando ele já em pecado.
Parabéns pelo post, Augustus! Quanto mais o leio, mais confirmo sua sensatez no trato com os mais variados assuntos. Precisamos demais disso na igreja brasileira.
Olá, Augustus.
ResponderExcluirSua colocação foi muito pertinente e concordo com ela. Estive em um retiro da RCC neste fim de semana, e o formador enfatizou muitíssimo o que disse neste post.
A RCC está cada vez mais buscando a formação de seus servos para que não hajam essas distorções, bem colocadas pelo senhor.
A Paz de Jesus!
Para quando o artigo "Para quem Pensa Estar em Pé - versão para Presbiterianos?
ResponderExcluirRev.Augustus,
ResponderExcluirTomei a liberdade de "linkar" seu texto no meu blog.
Se quiser eu tiro, OK?
Um abraço,
João
Acredito que estamos vivendo um reavivamento satânico. Cristãos evangélicos apoiando a causa comunista – mesmo sabendo (ou não?) que se der certo, eles serão presos e torturados por sua fé (talvez mortos), se é que não a abandonarão antes (ou abandonaram?). Quando se convertem buscam o dom de línguas – ora, o único dom para edificação pessoal, e quanto ao dom de hospitalidade, que edifica a igreja, que abençoa os viajantes, os pregadores? Não, senhor, eles querem aparecer... no fundo é um povo carnal, fingindo ser espiritual. O novo convertido até que tenta ser santo, mas o pentecostalismo o empurra para a “carne”. Só falta o povo evangélico fazer vigília pedindo a reabilitação física do Fidel Castro.
ResponderExcluirMarcelo Hagah
João Pessoa-PB
Mário, querido,
ResponderExcluirÉ claro que você tem razão: escândalos se dão em todo lugar. Eu não disse que só acontecem nos campos neopentecostais. Tanto é que ao final desse post eu coloquei que o próximo post seria uma versão para os puritanos e neo-puritanos.
Davi Luan,
Parabéns pelo seu blog, breve vou postar um comentário!
João de Séllos.
Eu já disse que sou fã de seu sobrenome? Concordo: a santificação é 100% divina e 100% humana, numa linguagem bem simples. Sobre o Grudem, não sei o que ele escreveu sobre isso. E quanto ao link para seu blog, fico honrado!
Norma,
Obrigado por sua presença no nosso blog, que sempre nos enriquece! Parabéns pelos seus posts recentes no Flor de Obsessão, especialmente aqueles sobre Fidel.
Andréa,
Interessante! A RCC também pensa nesses assuntos!
Diogo,
O próximo post desta série é a versão presbiteriana, fique tranquilo que vai sobrar para nós, reformados.
Grande Marcelo,
Saudações paraibanas!
Se o "reavivamento" é satânico, está mais para um "amortecimento", concorda...? :-)
Abraços a todos.
Amado irmão:
ResponderExcluirSe fosse possível gostaria que pudesse comentar o texto de Rm7.15-25.
Com carinho
Pr. Daniel.M.S(I.E.congregacional em Passa Três RJ).
Augustus,
ResponderExcluireu é que me sinto honrado. :)
Sábado passado eu conheci pessoalmente o Nagel, em um evento da igreja do Juan, e ele (Nagel) me contou que você havia feito um comentário sobre meu sobrenome.
Eu não me lembro de ter respondido acho que acabei não lendo...
Aqui está a retratação: a origem do meu sobrenome é espanhola.
Também sou fã do seu sobrenome:Nicodemus(está até na Bíblia!).
Um abraço fraternal,
João
Mais uma vez um texto que serve como referencial em meio a tantos equívocos teológicos. Pessoalmente tenho sido muito edificada pela leitura dos posts deste blog, que considero tão oportuno em nossos tempos.
ResponderExcluirA propósito, também tomei a liberdade de criar um link para este blog em meu blog pessoal. Creio que seja indispensável divulgar tão importante canal de comunicação da genuína fé cristã.
Um grande abraço,
Suenia
Daniel,
ResponderExcluirNa minha visão, Romanos 7 retrata o fracasso e o desespero do não-regenerado em guardar a Lei de Deus. A experiência cristã normativa se encontra em Romanos 8, a vida no Espírito. Não quer dizer que o crente não tenha um conflito interno perene. Eu sei que ele tem, sim. Só que esse conflito é descrito em outras partes do Novo Testamento, como Gálatas 5 (obras da carne versus fruto do Espírito).
Um abraço.
Agnaldo,
ResponderExcluirObrigado por compartilhar sua experiência, que aparentemente é similar a de muitos amigos e irmãos que comentam aqui no blog.
João de Séllos -- agora eu sei de onde vem seu nome! Muito legal.
Suênia,
Obrigado por seu comentário. Yes, please, faça o link!
Abraços.
Augustus Nicodemus,
ResponderExcluir1)Seu nome é de origem grega, certo?
2)Qual é o respaldo bíblico para o cessacionismo? Essa "feira de milagres" que se vê hoje em dia é exagerada mas não consigo enxergar o cessacionismo como uma doutrina bíblica (me desculpe a franqueza).
Se preferir me responda em joaosellos@gmail.com
Um abraço,
João
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ResponderExcluirCaro João de Séllos,
ResponderExcluirAugustus é latim, "divino". Nicodemus é grego, "vencedor de entre o povo" (niktos + demos). Se eu já falasse naquela época teria pedido um pouco mais de modéstia e menos ufanismo ao meu saudoso pai...
Bom, vamos à sua pergunta. Os cessacionistas divergem em alguns pequenos pontos para chegar à essa conclusão. Mas, basicamente, o raciocínio é o seguinte:
Os cessacionistas consideram que todos os dons "espetaculares" (línguas, profecias, milagres) eram revelacionais. Uma vez que a Bíblia, como revelação de Deus, ficou completa, não há novas revelações hoje. Portanto, estes dons revelacionais deixaram de existir, pois se Deus ainda se revela hoje, a Bíblia deixa de ter a sua razão e fica subordinada à revelações modernas. TODOS os reformados concordam nesse ponto, que não existe revelação contemporânea hoje. Jesus Cristo foi o ápice da revelação de Deus, e essa revelação foi registrada de forma inerrante, suficiente e final na Bíblia, sendo ela portanto a ÚNICA regra de de fé e prática.
O respaldo bíblico são aquelas passagens em que a Bíblia ensina os crentes a entender a vontade de Deus, não por revelações ou sinais, mas usando os princípios revelados na Escritura. Os casos da Bíblia onde registram-se revelações, como as visões de Paulo, ocorreram antes da conclusão da Bíblia. Não valem como regra para nós hoje.
Percebe-se também que a maneira que os apóstolos escolheram para instruir as igrejas foi escrevendo evangelhos, cartas e o apocalipse, em vez de ensinarem, os cristãos a ficar dependendo de revelações diárias mediante línguas, profecias, visões, etc. Foi assim que surgiu o NT.
Alguns cessacionistas admitem línguas hoje, por não serem revelacionais, embra somente se ocorrerem conforme as instruções de Paulo em 1Cor. Admitem profecia, mas somente como pregação -- nunca como revelação nova. E admitem milagres em resposta à oração, mas não como um dom apostólico.
O assunto é muito complicado, complexo e polêmico, com potencial para discussões acaloradas, pois entra muito da experiência individual aqui. Gostaria de não levar avante a discussão nesse fórum, pois o assunto do post era outro.
Abraços.
Rev. Augusto, como os comentários sao públicos, dou-me o direito de tocar e ver a minha preocupaçao de alguns comentários. Penso que se precisa ter o cuidado para nao ser como os de Corítios: "eu sou de Paulo, eu de Apolo.. eu de Cristo". Todas as vezes q o nosso julgamento tenha como base nós mesmo ou o nosso grupo, consiste perigo. Precisamos analisar com temor. É muito estranho, q esse artigo traga comentários exclusivistas como se a igreja ou denominaçao x seja mais correta q os pentecostais, pois deveria trazer temor como Isaías e nao partidarismo; é muito estranho q haja comentários como esses: "Eu fui muitos anos pentecostal, e cada vez fiquei mais convencido da cessação dos dons extraordinarios, mesmo convivendo tanto tempo, mais me convencia do inverso, pois nao passam pelo prumo biblico.
ResponderExcluirHoje estou convicto que em minha experiencia em tanto tempo no meio pentecostal, não vi nem uma vez se quer uma só profecia como da biblia, uma só lingua como de atos 2, e outras coisas com aparencia de miraculosas, que eu mesmo ao investigar melhores detalhes vi que nao passava de um mau entendido, ou testemunho falso.". Em total contradiçao, já q se critica os Neo-pentecostais por darem enfase mais as experiencias q as Escrituras. Estranho, pois eles entenderam, talvez errado seu post ou nao foi passado como deveria. É muito estranho q tenham comentários "Que tristeza ler constatações como a de Agnaldo: 'os mais carismáticos da igreja que eu era (ccb) eram os mais perversos'... Talvez o caso mais evidente, penso, seja o de Caio Fabio, cujas pregações continuavam a converter e compungir multidões (esta que vos fala inclusive), estando ele já em pecado.". Muito estranho, pois essa irma nem percebeu q Caio Fábio era da Igreja Presbiteriana.
Acerca dos testemunhos q os dons nao sao mais p hoje, outros dizem diferente, q os dons existem p hoje e podem testemunhar contrariando esses amados q se frustraram em igrejas pentecostais. Muito estranho q alguns acharam q nao possa existir salvaçao na IURD, mesmo q eu reconheça as distorçoes teológicas. Aliás, onde nao existem? Nao se luta contra a neo-ortodoxia nas igrejas históricas? Nao se luta contra igrejas históricas americanas q aderem ao homossexualismo? Essa santidade onde olhamos os outros de cima, nao procede de Deus, mas dos homens (falo dos q comentaram, nao do autor). Portanto, esse comentário se formou uma grande ferramenta de julgamento dos pentecostais ou uma ferramenta de olhar p si mesmo e ajoelhar-se diante de um Deus q é santo q olha a nossa podridao?
Augustus,
ResponderExcluirEu devia ter me informado melhor antes. Concordo plenamente com a segunda linha de cessacionistas por você exposta.
Obrigado e um abraço,
João
Caro Rev. Augustus Nicodemus,
ResponderExcluirJá comentei a oportunidade deste seu post, e agora venho apenas para retomar o assunto de Romanos 7, já mencionado em outros comentários. Tenho acendrada noção de sua grande influência hoje nos meios reformados neste país, grande reverência por suas opiniões sempre tão ortodoxas e teologicamente impecáveis, e é como um discípulo redargúi seu estimado mestre a fim de dele poder extrair o máximo de sua sabedoria que venho aqui apresentar distinta opinião sobre o significado desta argumentação apostólica (Rm 7.18-25).
Chamo a defesa de Calvino, que em suas Institutas (1539, Livro I, Cap II , item 44 - recém editadas pela Editora Cultura Cristã como Edição Especial com notas para Estudo e Pesquisa, p.115) afirma o que se segue:
"Não há dúvida de que os escolásticos concordavam com a opinião de Orígenes e de alguns outros antigos, visto que, quando consideravam o homem em sua natureza e nada mais, descreviam-no conforme as palavras do apóstolo Paulo, no capítulo 7 de Romanos: 'Não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço; pois o querer está em mim; não, porém, o efetuá-lo'. Ora, dessa maneira, eles pervertem toda a discussão empreendida pelo apóstolo Paulo nessa passagem. Porque ali Paulo trata da luta cristã (1), da qual ele fala mais resumidamente quando se dirige aos gálatas: que os fiéis sentem perpetuamente em si um conflito entre o Espírito e a carne (2). O Espírito não recebido da natureza, mas pela regeneração. Que ele fala dos regenerados se vê do fato de que, tendo dito que nele não habita bem algum, acrescenta na exposição que isto se refere à sua carne e, portanto, nega que seja ele que pratique o mal, afirmando que é o pecado que nele habita que o pratica.
Que significa 'em mim, isto é, na minha carne'? Certamente é o mesmo que dissesse: não habita nenhum bem em mim que venha de mim mesmo, visto que eu não saberia encontrar coisa alguma em minha carne. Daí decorre esta espécie de desculpa: 'Não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim'. De falar assim só têm direito os fiéis, os crentes, que se esforçam do fundo da alma para praticar o bem. Com maior força e razão, a conclusão que se segue demonstra isso claramente: 'No tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus', diz ele; 'mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente (ou do meu entendimento), me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros'.
Quem teria um tal conflito interior, senão aquele que, tendo sido regenerado pelo Espírito de Deus, sempre traz consigo restos da sua carne? Por isso Agostinho, tendo tomado erroneamente essa passagem sobre a natureza do homem, retratou-se depois, repudiando a sua exposição como falsa e imprópria. E de fato, se concebermos que, sem a graça de Deus, o homem tem a menor motivação do mundo para a busca e prática do bem, que responderemos ao apóstolo, o qual nega que sequer somos capazes de pensar em qualquer forma de bem? Que responderemos ao Senhor, que, por meio de Moisés (3), denuncia que tudo o que o coração humano produz é inteiramente perverso? Pois, uma vez que os tais mestres são enganados pelo entendimento errado de uma passagem, não temos necessidade de sentir-nos detidos pela fantasia deles. Antes, devemos acolher o que disse Cristo, que 'todo o que comete pecado é escravo do pecado' (4). E mais, se todos os homens estão presos à servidão do pecado, é necessário que a vontade, que é a principal parte da constituição do seu ser, seja apertada e amarrada com laços firmes."
(1)"Paulo nos ensina que os crentes jamais alcançam a meta da justiça enquanto habitam a carne, senão que prosseguirão em seu curso até despirem-se do corpo." [João Calvino, Exposição de Romanos, São Paulo, Parakletos, 1997, (Rm 5.25), p.255].
(2)Gl 5.17
(3)Gn 8.21
(4)Jo 8.34
Penso, portanto, que trata-se sim da luta cristã. O senhor discorda?
Um fraterno abraço, fiel mestre. Espero vê-lo no início de setembro em Maringá. Paz!
Prezado Hugo,
ResponderExcluirTirando meu chapéu ao genial Reformador de Genebra, tirando as sandálias dos pés nesse terreno santo que é Romanos, confesso que sigo uma interpretação diferente de Romanos 7, juntamente com Herman Ridderbos, Martyn Lloyd-Jones, entre outros. Atualmente estou orientando um dos melhores alunos do Andrew Jumper na sua tese de mestrado que é exatamente nesse área.
Não se espante que eu discorde de Calvino. Até a última vez que chequei, a inerrância é atributo somente das Escrituras...! :-)
Um abraço.
Obrigada, querido Augustus! Ando postando bem menos agora, pois estou muito ocupada (e preocupada também) com a tese. Agora só restam alguns meses para defender, e preciso correr! Ore por mim, sim?
ResponderExcluirUma palavrinha ao Mario: é uma pena, mas parece que seu olhar está contaminado por um certo partidarismo denominacional, o que prejudicou sua leitura. O que enfatizei no meu comentário foi a ausência de correspondência entre "poder" (dons, manifestações etc.) e santidade; ora, o "poder" é mesmo especialmente valorizado no pentecostalismo, mas esse não foi o ponto do que escrevi - senão, não teria citado justamente CF, ex-presbiteriano, para ilustrá-lo. Mas sua leitura está tão comprometida com essa idéia ("os reformados rejeitam ou criticam muito os pentecostais") que você, além de não entender o que eu quis dizer (devo ser a cristã menos preocupada com demominação que conheço), deixou de perceber que a trinca tempora-moreana pretende mexer com todos os "grupos" evangélicos, não só com os pentecostais - pelo que se depreende do anúncio dos próximos títulos.
É claro, creio que exista algum exagero quanto à crítica aos pentecostais nos meios históricos. Mas não neste post, e não no meu comentário - logo eu, que fui/sou abençoadíssima por irmãos pentecas, justiça seja feita a eles. Portanto, um conselho ao irmão: que não se aborreça em vão, mas procure checar se ainda não alimenta certos ressentimentos com relação a esse antagonismo, para discernir melhor as coisas da próxima vez. Abraços (e desculpe, Augustus, pelo tamanho e pelo "abuso" em dirigir-me ao seu leitor como se eu fosse um dos autores do blog).
Rev. Augustus,
ResponderExcluirEsse trecho que vc escreveu me descreve nos últimos tempos: "Muito embora o verdadeiro crente tropece, caia, falhe miseravelmente, ele não permanecerá caído. ... Sua consciência não vai deixá-lo em paz. Ele não conseguirá amar o pecado, viver no pecado, viver na prática do pecado. "
Obrigado, pois isso me foi um consolo que você não faz ideia.
Juliana