Você vai ouvir cada vez mais a palavra Cosmovisão. Apesar dela não fazer parte de nosso vocabulário diário, ela sempre foi muito usada nos meios teológicos e filosóficos e é imprescindível que o resto de nós, leigos, tenhamos a compreensão do que ela representa. É um pássaro? É um avião (até rima)? É um bicho exótico - e será que ele morde?
Simplificadamente, cosmovisão é a compreensão que uma pessoa tem do mundo, do universo que a cerca, da vida. O alemão expressa esse significado com a palavra weltanschauung. O inglês, como worldview, ou com a combinação: world and life view. O significado, principalmente no alemão, abrange mais do que simplesmente a visão do universo físico. É nesse sentido que a devemos utilizar. Para o cristão, a cosmovisão cristã vai colocar o entendimento do universo como criação de Deus, e todas as esferas de conhecimento, possíveis de estarem presentes na humanidade, como procedentes do Deus único e verdadeiro, Senhor do universo, comunicadas a nós por Cristo “...no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Cl 2.3)”.
Disse que você vai ouvir cada vez mais esta palavra, porque está em andamento uma movimentação muito intensa, no meio evangélico, para estabelecimento de escolas evangélicas, que ensinem todas as matérias a partir da perspectiva cristã da vida. Para isso, há a necessidade de que se ensine e se dissemine uma cosmovisão cristã. A fé cristã deixa de ser uma “questão religiosa” para o domingo, mas volta a assumir o seu posto original, e que havia sido resgatado pela reforma do século 16.
O curioso, é que esse movimento por escolas cristãs, tem características interdenominacionais. A fé reformada sempre enfatizou a questão da cosmovisão cristã. Agora, esse tesouro está sendo procurado por segmentos que até pouco tempo rejeitavam qualquer coisa que tivesse o mais remoto relacionamento com o calvinismo. O que pregadores e autores, durante anos, não conseguiram, Deus, em sua soberania, está fazendo – com a absorção, pela necessidade, dos conceitos transmitidos na idéia de uma cosmovisão cristã.
Nesse sentido, Deus tem sido pregado como soberano real do universo em comunidades teologicamente arminianas. Escolas de igrejas que “fogem” da teologia reformada, não piscam quando livros tais como: Calvinismo (de Abraham Kuyper) e E Agora, Como Viveremos (que tem como co-autora Nancy Pearcey – que estudou com o filósofo e teólogo calvinista, Francis Schaeffer), são recomendados, apresentados e suas idéias ensinadas. Tais círculos têm compreendido que é impossível se praticar a verdadeira educação das esferas de conhecimento, sem a coesão proporcionada por uma cosmovisão cristã reformada, na qual Deus é verdadeiramente regente do universo, e não um mero espectador, que reage às circunstâncias, procurando “consertar” as coisas.
Por isso é necessário que o pastor e líder cristão, e até nós, leigos, tenhamos uma boa compreensão deste tema. Porque precisamos também orientar os irmãos e familiares nesse entendimento. Cosmovisão cristã, também, tem tudo a ver com o estudo de Governo e Economia, e outras áreas de conhecimento e de atividades humanas que, para serem adequadamente compreendidas e exercitadas, não podem ser divorciadas dos princípios contidos nas Escrituras.
É óbvio que para o desenvolvimento de uma cosmovisão cristã é crucial a pertinência e a necessidade da Palavra de Deus, para compreensão e envolvimento nosso, com o mundo em que vivemos. Mas, nesses posts, agora, quero focalizar a nossa atenção no conceito de cosmovisão, mostrando como existe um relacionamento de todas as atividades humanas, com o rumo traçado nas Escrituras para a criação.
Falar em cosmovisão no singular ou sem qualificá-la, somente, não resolve. Cada filosofia, cada forma de ver e entender as coisas, é uma cosmovisão em si. Norman Geisler diz que a “cosmovisão é análoga à lente intelectual através da qual as pessoas vêem a realidade. A cor da lente é um fato fortemente determinante para contribuir o que elas crêem acerca do mundo”. Ele continua, indicando que toda cosmovisão “procura explicar como os fatos da realidade se relacionam e se ajustam uns aos outros”. Além disso, a cosmovisão se preocupa com “as conseqüências lógicas associadas a viver de acordo com as convicções” sustentadas como verdadeiras.[1]
Por isso, devemos considerar sempre a cosmovisão cristã. Nossa lente são as nossas premissas. Nossas premissas são verdadeiras, porque se fundamentam na revelação de Deus ao homem – As Escrituras. Não precisamos pedir desculpas por nossas pressuposições, apenas devemos reconhecê-las claramente e demonstrar que todas as demais cosmovisões possuem suas próprias pressuposições. Quando falamos de cosmovisão cristã, portanto, já expressamos o entrelaçamento de nossa visão do universo e da vida, com as premissas da nossa fé cristã, reveladas de forma objetiva e proposicional nas Escrituras.
No próximo post vou dar um tratamento resumido sobre o relacionamento da fé cristã com algumas áreas do conhecimento humano.
[1] Norman Geisler, Fundamentos Inabaláveis, p. 53.
Prezado Pb. Solano.
ResponderExcluirO irmão tocou num assunto esquecido, mas pertinente e relevante. Creio que a discussão deve caminhar no rumo da necessidade de voltarmos a influenciar a sociedade acerca do pensamento teológico sério, de uma cosmovisão cristã e reformada, afinal, os princípios da Reforma do século XVI, se aplicados, são os melhores para a sociedade, principalmente no que diz respeito à educação formal.
Penso que deveríamos bater na tecla da necessidade de construirmos ao lado de cada templo de nossas igrejas, uma escola que se preocupasse em passar os ensinamentos cristãos, como foram entendidos pelos teólogos calvinistas e expor um pensamento que venha abrangir o todo da educação formal brasileira. Não podemos deixar que pessoas desprovidas do conhecimento de Deus, continuem a dar as cartas na elaboração dos currículos oficiais.
Essa é uma boa discussão.
Pb. Solano caríssimo,
ResponderExcluirVivemos um período de extrema individualização da fé, de privatização da experiência religiosa. Por mais intensa e vibrante que esta possa ser, o cristianismo reclama muito mais que isso. Busca envolver todas as áreas da vida, todas as dimensões da existência; aspira subordinar cada pensamento e gesto, colocando-os cativos à Palavra de Deus.
Esse esforço redentivo, isto é, de colocar todas as coisas sob o senhorio de Cristo, tem que ser um projeto global encetado pelas mais diversas frentes, sob coordenação da liderança cristã nacional (idealismo de minha parte?). Urge um despertar do torpor e sonolência reinantes.
Sem dúvida, isso passa necessariamente pela compreensão de que a educação é a via por excelência para se alcançar - a longo prazo, é verdade - uma cosmovisão cristã que oriente o cristão a responder as demandas da vida de um modo coerentemente ancorado nos preceitos bíblicos.
Sem o esforço conjunto da família, da Igreja e das escolas cristãs jamais teremos crentes habilitados a ler escrituristicamente o mundo.
Parabéns pela sensibilização tão oportuna!
Pb. Márcio
(IP Emaús)
Olá Solano, excelente post.
ResponderExcluirNo entanto, vou fazer uma pergunta que eu tenho muita dificuldade em encontrar uma resposta mais acurada. Mesmo eu não concordando com ela com a própria pergunta.
Será que uma cosmovisão não é influenciado pelo seu contexto. Talvez essa idéia ao longo do tempo sofra alterações em sua concepção e idéia?
A noção do todo de um homem do século 17 não seria muito diferente a daquela que temos hoje?
Se é pela bíblia que esta a estrutura da cosmovisão, ela não sofre mudanças de interpretação ao longo do tempo?
Abraços
JP
Caro Presb. Solano e demais, seu texto traz uma preocupação geral sobre formação integral, com uma visão de nosso ministério e de nosso papel na sociedade.
ResponderExcluirComeçar pelo ensino é sempre o melhor caminho. Como educador, vejo que o ambiente escolar cristão não é a solução hoje se não ocorrer um trabalho prioritário com as famílias. Os alunos de hoje refletem claramente as suas famílias (ou ainda a ausência desta).
Qualquer trabalho tem que ser iniciado do ensino infantil junto com as famílias para se obter um mínimo de resultado.
Espero ansioso por ver esse dia e esta escola.
Um abraço
Alexandre
Eita ferro lá vem mais fundamentalismo por aí, nas entrelinhas se percebe uma arrogancia típica dos que acham a cosmovisão reformada perfeita e única. Calvino achou o livro perdido? Existe lugar para uma contribuição das outras igrejas não reformadas ? Quem são os donos da verdadeira cosmovisão cristã ?
ResponderExcluirRespondendo ao anônimo...
ResponderExcluirSe tem lugar para as outras igrejas? Claro que tem, desde que elas se pronunciem, quem fica parado é poste. Os donos da verdadeira cosmovisão como vc disse são os cristãos, todos os verdadeiros e não só os nominais.
A igreja reformada tem uma resposta, e hoje é a melhor. Se outra igreja tiver uma melhor visão, bem vinda...
Alexandre
Olá Anonimo...
ResponderExcluirEm geral alguns cristãos fazem duras críticas a esse conceito de cosmovisão. E a maioria delas, como eu coloquei no post anterior, são muito frequentes.
Eu não entendo uma coisa. Porque muitos teólogos cristãos, assim como o seu post, tanto criticam uma cosmovisão cristã, sendo que em geral, principalmente no campo das ciências sociais, essa idéia é tão comum, mesmo que o termo não seja muitas vezes utilizado.
Para se ter uma idéia, o próprio marxismo possui um sistema de pressupostos e premissas que delineiam o mundo. Vide a luta de classes e o método dialético.
Porque eles podem, até mesmo com uma capa de cientificismo e a gente não?
JP
Todos possuem suas cosmovisões, até os marxistas foras de moda, más o cristianismo hoje não é monolítico ele é plural, e tem gente que se arrepia com isso e tenta impor sua cosmovisão como a verdadeira e única. Vivem farejando heresias em todos os lugares e os seus dedos longos metralham condenações.
ResponderExcluir''QUALQUER CRISTIANISMO QUE ABSOLUTIZE O CRISTIANISMO E SUA REVELAÇÃO É IDOLATRIA''.
Caro João D'Eça - A vocação cristã para educação foi ressaltada pelo próprio Lutero, o qual, em sua soteriologia e compreensão de Deus e seu relacionamento com o mundo (Cosmovisão) era "reformado", no sentido contemporâneo da palavra (por mais que esse pensamento incomode a alguns).
ResponderExcluirDaí a ênfase luterana nas "escolas paroquiais" e o esforço de alguns segmentos luteranos nos estabelecimento de um currículo que não ignore Deus e as suas verdades, no contexto maior da educação.
O caminho a percorrer é longo, mas a formação filosófica de professores é um dos passos cruciais nesse percurso.
Caro Márcio Você tem razão. Essa visão corporativa é intensamente necessária. O interessante, é que ela não é contraditória ao aspecto individual da salvação. Ela transcende e é uma extensão lógica das nossas responsabilidades como Povo de Deus e Corpo de Cristo.
Caro JP O contexto muda, nossa compreensão pode ser ampliada, com os tempos (ou mirrada, também), mas se acreditamos nas Escrituras como Palavra Inspirada, aceitaremos que ela contém absolutos discerníveis. Eles lá estão, não como "cabalá" - para serem discernidos apenas por uma casta de poucos exploradores, mas feitos compreensíveis a todos que compartilham o Espírito, de acordo com a soberana dádiva de Deus, conforme Paulo expõe no Início de 1o. Coríntios.
Assim, é possível compreendermos a ação de Deus na história e os pontos chaves que formam uma cosmovisão, conforme ele se revela a nós, independentemente de nossas diferenças de interpretação. Essas diferenças não devem nos levar a um "agnosticismo cristão" - como é tão comum em nossos dias, nem a "jogar a toalha" prematuramente.
Ou seja, podemos considerar perfeitamente a palavra de Deus "incompreensível", no sentido de que não possuímos o conhecimento exaustivo da verdade, até em função de nossa finitude e do fator pecado - que mescla nosso entendimento. Mas, enquanto não possuímos conhecimento exaustivo, aquilo que nos é dado compreender, é verdade verdadeira (Cristo não abra mão dessa âncora e afirma, só nos registros do Evangelho de João, 25 vezes - em verdade, em verdade vos digo...).
Devemos nos cuidar, portanto, para:
1. Não subestimar a iluminação do Espírito Santo nas vidas e compreensão do Povo de Deus, assumindo uma postura pós moderna ou meramente ancorada em uma "teologia natural". Ele dá "insights", sim, e não somente à uma casta privilegada.
2. Não relativizar sempre a verdade, sob a alegação de que ela está sempre sujeita à nossa interpretação. Por exemplo - por mais que nossas interpretações sejam diferentes e por mais que estejamos distanciados e nem tenhamos passado por perto da cratera do metrô ("carinhosamente" apelidado por alguns de "buraco do Serra"), o fato é que ele existe, suas dimensões são conhecidas e várias outras "verdades" sobre ele. Não temos o conhecimento exaustivo (o que causou o demoronamento? Como foi construído, o buraco original, passo a passo? Qual o propósito total daquela escavação em todos os seus detalhes?), quem estuda mais à fundo sabe mais, mas o que podemos genéricamente saber sobre ela dá para construir uma compreensão veraz da realidade. O que passa disso é devaneio filosófico, nihilista, que não leva a nenhuma âncora metafísica à nossa existência.
Caro Alexandre Concordo que o que você apresenta é a situação ideal, mas ela nem sempre se fará presente. Como trabalhar todos os vetores para que venham a convergir nessa situação de trabalho conjunto? A família deveria estar totalmente sintonizada - quantas estão? Quantas não são famílias fragmentadas? Você identifica isso, e muito bem. No entanto, conquanto entendamos esse trabalho como prioritário (e aí já foge um pouco - não totalmente - da esfera da Escola; já entra na da Igreja), não devemos deixar de fazer a nossa parte (quer sejamos escola - instituição; escola - corpo docente; ou, simplesmente, pais) almejando a aproximação com o ideal, que você bem especifica.
Caro Anônimo Quanto preconceito enrustido! Esse fel não azeda a vida, não? O post foi proativo e não crítico, mas você já o rotulou? Quem é que se passa por "dono da verdade"? JP fez algumas colocações válidas, em resposta, mas está claro que sua rejeição não é quanto a existência de uma cosmovisão cristã, mas quanto à validade de uma cosmovisão sobre a outra. O fio de prumo é a Escritura, amigo. Quando falamos em fé cristã, é porque extraímos a sua base, conceitos e implicações da Palavra. Quando falamos em calvinismo, não é porque absolutizamos Calvino, mas porque compreendemos que Deus permitiu que ele cristalizasse conceitos que lá estão, na Palavra. E ele se esmera em demonstrar isso, não recorrendo simplesmente a chavões interessantes, mas destituídos de significado real, como o que você utilizou no encerramento do seu segundo post (sei que a confraria de anônimos é grande, mas estou presumindo que os dois comentários são de uma mesma fonte).
Olá Anônimo..
ResponderExcluirEu não entendo muito essa idéia de cristianismo plural.
Porque os que defendem o pluralismo, geralmente não suportam a idéia da existência de cristãos mais ortodoxos (sei que o rótulo não é o mais adequado), no fundo não é nada de pluralismo, mas também uma forma de se conceber uma idéia para que possa predominar.
O "fundamentalismo pluralista" chega ser mais reacionário do que o que voce chamou de fundamentalismo.
Quando a sua frase final, gostaria que voce explicasse melhor...
Pergunto isso porque o próprio Jesus definiu claramente o que é a verdade...ele disse "EU SOU"...ELE É, passado, presente e futuro...
A essência do cristianismo é o absoluto e a verdade em Cristo, logo, é muito complicado dizer que existe um cristianismo que absolutiza tudo e um que não absolutiza...
Abraços
JP
Olá,
ResponderExcluirAcredito que esse negócio de escola cristã, sociedade influenciada por uma cultura cristã, localidades regidas por uma cosmovisão cristã (vide antiga Genebra) é muito perigoso! Bom, escola ainda vai, mas acho que deve parar por aí.
Esse discurso reformado de que a fé cristã deve influenciar e permear a cultura é pura bobagem, demagogia, utopia, ideologia totalitária. Nenhuma "sociedade" aqui neste mundo jamais foi e nem será cristã. Se isso fosse possível de acontecer, seria um inferno! Isso é bom prá seitas, como os Mórmons que têm lá nos USA o seu estado de Utah.
Um exemplo simplório. Se alguém viesse me dizer que tem uma cidade puritana no interior de SP, ou uma cidade presbiteriana em MG, etc. - eu correria léguas de distância desses locais! Imagine o inferno que seria um lugar desses... o fanatismo, a grandiosidade, a arrogância, a falta de respeito com pessoas de outros credos! Deus me livre!
Você vai me desculpar, mas essa conversa de buscar uma "sólida" cosmovisão cristã é papo de gente insegura, de gente que vive atrás de certezas... Num mundo como o nosso a tal da "certeza" está virando coisa mais preciosa do que poder, dinheiro, sexo, fama... Quero me ver livre dessas certezas... Como sempre digo, quem tem certeza, amigo, acaba explodindo bomba na própria cintura, porque tem "certeza" que vai ganhar o Paraíso com isso.
Outro exemplo, e aqui peço o seu comentário, se possível. Você conhece a história do ex-pastor Dan Barker? Esse camarada tinha uma firme e sólida cosmovisão cristã, e foi durante mais de duas décadas pregador e compositor cristão. Hoje ele é ateu declarado, praticante e ativista! Como você me explica isso?
Ele explica, dizendo que se estivesse lendo até hoje autores cristãos continuaria cristão. Foi o fato de ler outros autores que o levou a abandonar o teísmo. Viu só?! Adiantou a cosmovisão?! Quer dizer que os jovens educados em escolas cristãs não sobreviveriam à leitura de um Russel, Niezstche, Voltaire, Dalai Lama, ou qualquer outro ateu ou agnósticos?
Cosmovisão se adquire e se baseia em livros? Bom, então eu estou ferrado... porque a quantidade de argumentos extremamente convincentes e razoáveis que estou lendo em fontes ateístas, agnósticas e cristã-liberais é considerável... E embora esses textos me cativem muito e eu não seja lá um sujeito muito crédulo, ainda não abandonei totalmente a fé cristã.
A história do Dan Barker está nesse endereço http://www.ffrf.org/about/bio_dan.php
Obrigado,
Luiz Fernando
Prezado Solano Portela,
ResponderExcluirGostaria de responder ao Luiz Fernando, (antes anônimo), que cada leitura que fazemos, colocamos nela os nossos pressupostos. Até o jornal da manhã é lido de acordo com alguns pressupostos, porque ninguém consegue ser isento, ou seja, as convicções de cada um, já existem, independente do que está lendo, e se muda os seus próprios pressupostos a cada leitura, então, ainda está vivendo em uma insegurança existencial.
Bultmman propôs a retirada de todos os pressupostos quando alguém fosse fazer a leitura da Escritura, por exemplo. Para ele o texto seria recheado de mitos e lendas, tirando-se os pressupostos da leitura, o que sobrasse seria a verdade, segundo ele.
O fato é, que se eu tirar os meus pressupostos da leitura que faço, estarei estabelecendo como meu pressuposto, o de quem está me orientando a fazer assim, ou seja, não temos como fazer uma leitura isenta, seja da Biblia ou de qualquer outra obra, sempre a leremos com base nos pressupostos que temos.
Os que ficam mudando de idéia a cada leitura, é porque não possuem conteúdo profundo da teologia bíblica. Estão nadando na superfície, enquanto o tesouro está depositado na areia, lá no fundo, é preciso mergulhar bem fundo para que se alcance o tesouro.
Rev. João d'Eça
Solano,
ResponderExcluirExcelente postagem. Essa questão das premissas e pressupostos que formam as avenidas pelas quais o conhecimento se processa -- cosmovisão -- representa uma excelente porta de entrada para entendermos várias questões relacionadas com educação, teologia, etc.
Aguardo os próximos posts.
Um abraço.
Parabéns pelo post Presbítero Solano,
ResponderExcluirTambém eu dentro de minhas parcas possibilidades e sempre contando com a graça de Deus quero em meu curso de Filosofia na Universidade Federal do Pará ajudar a fazer brilhar a luz solar da cosmovisão cristã. O Renascimento Cristão se aproxima como profetizou René Girard então que possamos como diria o matemáticoClaudio Tellez encher nossa canequinha de água e ajudar a apagar o grande incêndio da modernidade...
Abraços a todos.
Olá, a todos...
ResponderExcluirMuito bom o post, de facto é muito bom frisar a importância da cosmovisão cristã em nossas vidas, não dá, por exemplo, pra ser cristão, e ao mesmo tempo, acreditar na teoria da evolução (a nível macro), nossas premissas devem ser retiradas da Bíblia, o axioma principal é este (nas palavras de Gordon Clark):
"Deus tem falado. De uma forma mais completa: Deus tem falado na Bíblia. Mais precisamente: o que a Bíblia diz, Deus falou."
*****
Anônimo,
tudo bem? Gostaria de perguntar duas coisas, lembrando que você disse "ainda não abandonei totalmente a fé cristã":
- qual sua cosmovisão?
- o que você acha da cosmovisão cristã?
Abraços...
Eu só queria entender a razão dessa gente em encerrar no anonimato comentários tão pertinentes, tão inteligentes, hehe.
ResponderExcluirParece mesmo que os calvinistas desenvolveram bem essa questão da cosmovisão; mas talvez seja interessante ressaltar o fato dela não ser uma idéia estritamente calvinista. É uma tese encontrada em alguns filósofos, que de calvinistas não tem absolutamente nada. Por exemplo: na filosofia de Ortega y Gasset, filósofo espanhol, e na de seu discípulo, Julían Marías, que era católico. Eles chamavam de "pré-filosofia" o mesmo que a gente costuma conhecer como cosmovisão, isto é, o conjunto de crenças, de saberes, de idéias, que o sujeito carrega ao se aproximar de algo; e o cristianismo, com seus conceitos originais, serve como esse "subsolo de idéias", como essa cosmovisão.
Grande abraço aos senhores.
Esses do anonimato e dos bogus da vida, caro Nagel, são os medrosos de assumirem o que pensam e suas fraquezas ou virtudes, isto é, suas características humanas para o bem e para o mal. O que nunca foi o meu caso...
ResponderExcluirA propósito Nagel, você é amigo da Norminha e do Eliot? Também sou amigo de ambos sobretudo do segundo, venho me interessando pelo calvinismo ainda que me previna com relação aos deterministas radicais que mais parecem islâmicos... Poderias me adicionar como teu amigo no Orkut?
Abração.
Anthony,
ResponderExcluirNagel,
1) Suas Excelências perceberão que eu assinei o comentário. Portanto, não me escondi no anonimato. Meu nome é Luiz Fernando;
2) Nagel, que bobagem! Inteligente é Sua Excelência! Eu não tenho esse atributo, de forma alguma. Na verdade, os calvinistas são muito inteligentes. Sempre que tenho a oportunidade de me encontrar com um sinto que estou na presença de um deus, tamanha a grandiosidade, brio, elegância, perspicácia, etc.;
3) Agora sem ironia. Vejam Suas Excelências o romantismo do João Emiliano! Ele já está apaixonado pela idéia de que teremos um novo Renascimento Cristão... Acho isso de uma pieguice tremenda, coisa de alienado! Deixem o mundo caminhar no ritmo que tem caminhado! O secularismo ainda é o melhor para nós;
4) Anthony, não sei se tenho uma cosmovisão. Costumo ser cético quanto a muitas coisas que escuto e leio, e faço o papel de advogado do diabo como forma de não me deixar manipular por demagogias - religiosas, ou não. Quanto a cosmovisão cristã... Bom, tenho muitas dificuldades para assinar embaixo dos posicionamentos reformados conservadores... Se, para abraçar uma cosmovisão cristã, eu tenho que sair por aí defendendo que a Bíblia é totalmente verdadeira, então seria muito complicado prá mim... Como extrair da Bíblia uma cosmovisão segura? Um livro que mostra jumento conversando com ser humano, profeta sobrevivendo no estômago de peixe, Deus ordenando matanças inacreditáveis, etc.
Obrigado,
Luiz
Entendo, Luiz, obrigado pela resposta...
ResponderExcluirEntão seu maior problema para acreditar na Bíblia, são os milagres presentes nela? Você é ateu ou agnóstico? Ou você acredita em Deus, mas em um Deus incapaz de operar milagres?
Abraço...
Luiz,
ResponderExcluirQue raciocínio circular!
Então a Bíblia não é totalmente verdadeira porque "mostra jumento conversando com ser humano, profeta sobrevivendo no estômago de peixe, Deus ordenando matanças inacreditáveis, etc."?
O caminho racional não seria mostrar que a Bíblia não é completamente verdadeira, e daí rejeitar os relatos dela? Seu argumento é uma falácia lógica. Você está afirmando aquilo que precisa provar.
Você diz que não sabe se tem uma cosmovisão, mas não deve saber o que está falando. Se você não tem uma cosmovisão, como acha inconcebível "Deus ordenando matanças inacreditáveis"? Que padrão (cosmovisão) você está usando para julgar isso? Sua cosmovisão só tem ética? E se sim, qual é ela e de onde extraiu?
[]'s
Felipe Sabino
Luiz Fernando, intriga-me imaginar por que você veio aqui fazer esses comentários. Por que tanta carga pesada de ironia, negação, recusa? Se você veio aqui e não se refugiou no anonimato, é porque quer conversar, certo? E, se quer conversar, por que não se expõe numa boa? Seus comentários são tão generalistas e em um tom tão "convicto" que parecem mais ocultar aquilo que você realmente, no fundo, queria dizer. Por que não diz de fato o que vai pela sua cabeça? Assim ficaria mais fácil conversar. Crise de fé (se entendi, você está numa) se resolve com calma e disposição para confrontar o que você mesmo pensa. Seja "o advogado do diabo de si mesmo" e não se furte ao diálogo aberto. Se está de fato buscando a verdade, essa postura o ajudará.
ResponderExcluirPessoal,
ResponderExcluirOk! Ok, Norma!
Peço aos autores do blog, e a todos os participantes que me perdoem por minha imaturidade.
Reconheço que eu escrevo mesmo muita besteira.
Não vou mais incomodá-los e nem escrever meus comentários.
Desculpem-me!
Luiz Fernando