Páginas

quinta-feira, março 04, 2010

Impressões do Congresso de Teologia do Mackenzie

Acabou ontem a noite o Congresso Internacional de Teologia, realizado no Mackenzie e tendo como principal preletor Dr. Michael Horton, com mais de uma dezena de livros publicados em português. A freqüência às palestras de Dr. Horton e dos demais preletores superou a expectativa dos organizadores do evento. Diversas oficinas foram oferecidas durante as tardes, e as salas reservadas ficaram pequenas para a grande afluência de interessados. Na noite da abertura havia perto de 800 pessoas no auditório Ruy Barbosa. As palestras foram também transmitidas ao vivo pela internet. Juntamente com o fato de que a maioria do público participante era composta de pastores, professores e alunos de teologia, a transmissão ao vivo aumentou bastante o potencial multiplicador do Congresso.

Um stand de livros teológicos selecionados ofereceu obras até com 50% de desconto, de diversas publicadoras, com vendas recorde em eventos anteriores realizados no Mackenzie. Na última noite, tivemos o lançamento do último título do Dr. Horton no Brasil, Cristianismo sem Cristo.

Acho que a causa da grande procura pelo evento foi seu objetivo principal, de identificar, analisar e mostrar os prejuízos do antigo liberalismo teológico e das teologias modernas que ainda seguem em sua esteira no Brasil. As palestras principais do evento mostravam claramente esta tendência. Além daquelas de Dr. Horton mostrando as falácias do liberalismo e da neo-ortodoxia, tivemos outras como "O fim do método histórico-crítico", que tive o prazer de apresentar, e "Teologia e Academia: Os opostos se atraem?" por Dr. Hermisten Costa.

As oficinas também foram nesta direção, explorando as origens, falácias e perigos do liberalismo teológico, antigo e novo.

Uma oficina que chamou a atenção foi a de Franklin Ferreira, onde ele mostrou que o "Cristianismo positivo" professado por Hitler e seu partido nazista era resultado do liberalismo teológico dos séculos 19 e 20. O anti-semitismo, a rejeição do Antigo Testamento, a negação de Jesus como judeu e de Paulo como rabi, e tudo mais, encontra ressonância nas obras de liberais como Schleiermacher, Wellhausen, Harnack. Dr. Franklin usou entre outras fontes a obra recente lançada no Brasil, O santo reich, de Richard Steigmann-Gall, publicada pela Imago, onde essa associação entre o protestantismo liberal e o nazismo é claramente documentada. O prestigiado jornal americano Sunday Times endossou a tese do livro dizendo "… connects Nazism to liberal Protestantism in a convincing way" (... [o livro] conecta o Nazismo ao Protestantismo liberal de maneira convincente").

No geral, vejo o Congresso como parte do movimento crescente no Brasil em busca de uma teologia bíblica, que respeite as Escrituras como a infalível Palavra de Deus, que leve a sério seus ensinamentos como um todo, ao mesmo tempo em que rejeita cada vez mais o liberalismo teológico que, apesar da negação de muitos, continua sendo ensinado e disseminados nos seminários e escolas de teologia do Brasil.

47 comentários:

  1. Anônimo4/3/10 14:14

    Prezado Augustus,

    Como fica o caso de Chesterton, um católico de alto poder intelectual, grande baluarte contra o liberalismo e o ateísmo, mas que acusou Calvino de ser responsável pela insistência em destacar o abismo intransponível da predestinação? (Consulte-se seu livro Ortodoxia, recomendado por muitos protestantes conservadores)

    Saudações teológicas

    ResponderExcluir
  2. Anônimo4/3/10 16:49

    Infelizmente não pude ir. Graças a Deus pelas obras lançadas em português, e pelas sínteses esposadas nesse blog.
    Que Deus abençoe.
    Interessante a vinculação do nazismo com o liberalismo. Havia mesmo tal conexão? A igreja realmente se envolveu com o nazismo ou se omitiu? Ainda bem que sempre houve o remanescente fiel, e o livro Refúgio Secreto deixa isso claro.
    A paz
    Tales

    ResponderExcluir
  3. Caro rev. Augustus:

    Lamento não ter comparecido comparecido ao Congresso e nem acessar a internet. Sei o que perdi. Espero que em outras oportunidades eu possa ajustar a minha agenda para participar de eventos desse nível com os amados irmãos.

    De qualquer modo, se o material gravado estiver disponível para venda, se não puder ser o primeiro quero pelo menos estar no começo da fila para comprar.

    Abraços!

    ResponderExcluir
  4. Estive lá e aproveitei muito bem o congresso!
    Foi muito desafiador em vários aspectos.

    Parabéns à Chancelaria do Mackenzie, e à EST por um congresso tão interessante. A Deus a glória por esse espaço na universidade. Que venha mais.

    Deus abençoe.

    ResponderExcluir
  5. Excelente post.

    Com relação ao novo livro do Dr. Horton, é realmente excelente. Meu único questionamento é porque livros publicados pela CEP são tão caros. Olha só quanto custa o livro nos EUA:http://bit.ly/b8YXFN.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  6. Anônimo4/3/10 21:39

    Dr. Augustus,
    Judas 2,
    Parabens pela iniciativa, nao pode ir ao congresso,porque estou morando por motivos outros.vou ficar esperando o material que vai ser liberado para download.
    Graca e Paz.

    ResponderExcluir
  7. Tânia Cassiano5/3/10 02:47

    Deve ter sido maravilhoso o Congresso, como sempre a Mackenzie, prima pela excelênci(falo isso porque minha filha fez mestrado e faz o doutourado
    aí).Lamento não ter participado, mesmo como leiga. Quem sabe um dia?
    Parabéns.
    Que Deus continue abençoando-os.
    Tânia Cassiano

    ResponderExcluir
  8. Anônimo5/3/10 09:56

    Dr. Augustus -

    O congreso foi muito bom. Pude participar de quase todo ele.

    Estou impressionado com o Dr. Horton, a quem ouvi pela primeira vez. O sujeito é brilhante.

    Também tive a oportunidade de participar da aula do Dr. Franklin Ferreira. Achei-a reveladora.

    Gostei de sua conclusão, ao mostrar que a efemeridade da teologia daqueles que reagiram, vigorosamente, ao "novo cristianismo", Bonhoeffer e Barth, se deu por conta de sua falta de uma base epistemológica calcada nas Escrituras, visto que ambos compartilhavam a visão liberal sobre a Bíblia.

    Agora, o ponto em que os liberais forneceram o background teológico para a defesa da religiosidade nacional-socialista foi de matar. Acho que tem um monte de liberal morrendo de raiva. Fazer o que? Palestra documentada faz diferença.

    Parabéns pelo evento. Achei-o muito bom.

    --- Esaú Santos --- SP.

    ResponderExcluir
  9. Anônimo5/3/10 12:00

    Prezado pastor Augustus. Vejo com preocupação o crescimento do liberalismo teológico em nosso país. Um dos grupos que seriam contrários ao liberalismo, os pentecostais, já se renderam a cantiga de Schleiermacher, Barth, Tillich e cia. E isso tem descaminhado muitos alunos. Achei interessante a ligação entre o nazismo (anti-semitismo) e a famigerada teologia liberal. Mesmo sem o respaldo acadêmico e de pesquisa, havia feito uma observação na obra de Bultmann. Notei que ele buscava fundamentar a construção mitológica do Novo Testamento na cosmovisão indo-européia e rejeita o arcabouço judaico para o entendimento do Novo Testamento. Bom que a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto iluminou muito o entendimento do pano de fundo judaico e sua influência na escrita do Novo Testamento. Lançando por terra muitas da elaborações fictícias de Bultmann. O tema merece ser bem explorado. Valeu pela dica. Um abraço.

    ResponderExcluir
  10. Rev. Augustus,


    Eu gostei muito do congresso. O Dr. Horton é muito bom realmente. Já tinha lido livros dele, mas ouvi-lo realmente impressionou-me. O Mackenzie está se tornando um centro de referência nesses eventos e isso é muito bom. Sua palestra foi ótima, a do Pr. Franklin também e a do Rev. Heber. As 3 que mais gostei fora as do Horton.

    Gostaria que o Mackenzie pensasse em como fazer uma interrelação da teologia com as demais áreas de conhecimento. Como estudante de jornalismo e interessada em futuramente cobrir - e me especializar nisso - religião, essa intersecção seria muito útil.

    Abraço,


    Juliana

    ResponderExcluir
  11. Rev. Nicodemus,

    eu assiste somente a primeira palestra do M. Horton via net. Uma dúvida. O que Horton quis dizer quando fez uma diferenciação entre liberalismo e ortodoxia falando em termos de "modo imperativo" e "modo indicativo", tomando emprestado a terminologia gramatial do grego? Eu não entendi isso ainda.

    Um abraço.

    ResponderExcluir
  12. Anônimo5/3/10 14:14

    Paz e Graça, irmãos

    Parece que os liberais apoiaram Hitler. Mas será que houve um corte nesse apoio? Hitler, em todos os aspectos, se apresentado sem que o seu nome apareça (há vários vídeos sobre isso na internet), era um perfeito ortodoxo.

    Já no Brasil, os protestantes convervadores apoiaram a ditadura militar. Isso é até razoável, pois o comunismo parte do ateísmo como princípio fundamental.

    Saudações teológicas

    ResponderExcluir
  13. Parabéns pela iniciativa do Mackenzie por esse congresso. Acredito que foi um dos mais importantes de todas as instituições, juntamente com o do Darwinismo.

    Preletores eruditos crentes, equilibrados e autoridades no assunto.

    Rev. Nicodemus, esse congresso teve uma importância muito grande até mesmo para trazer esperança a seminaristas, mestres e pastores que estão simpatizando a teologia liberal e católica.

    Pena que muitos não puderam ir. Imagino que repercussão será se esses vídeos forem disponíveis na internet. Aconselho a ter misericórdia dos que "comem das migalhas que caem da mesa". Só Deus poderá recompensar. Um abraço.

    ResponderExcluir
  14. Parabéns Augustus, a você, que, sem dúvida está por trás de tudo isso juntamente com outros tantos homens de Deus, comprometidos com seu reino e Evangelho.

    Pude assistir duas noites pela internet. Espero ansioso pela disponibilização das palestras!

    Como eu amo essa escola! Que Deus os mantenha sempre com essa visão.

    Wilson
    rumoaoalvo.blogspot.com

    ResponderExcluir
  15. Gostaria de dizer que foi um privilégio falar no Mack. E agradeço ao Augustus mencionar a palestra. Que honra!

    Estou preparando o texto que li na palestra para se tornar um artigo a ser publicado.

    Abaixo, transcrevo uma nota de rodapé do mesmo:

    "O autor documenta a partir de fontes primárias todas estas ênfases teológicas liberais [que estou citando no corpo do texto] nos escritos e discursos dos principais líderes nazistas, como Hitler, Joseph Goebbels, Erich Koch, Dietrich Eckart, Dietrich Klagges, Walter Buch, Hans Schemm entre outros, além, claro, de Houston Stewart Chamberlain."

    O que Steigmann-Gall faz no seu livro é citar textos, documentos e até conversas privadas dos principais ideólogos do nazismo (citados acima) para mostrar que o cristianismo desses homens era equivalente à fé liberal.

    Então, todos os temas do liberalismo protestante do século XIX são repetidos quase textualmente nas palavras destes homens.

    Há problemas no livro de S-G? Sim, os há, especialmente no tratamento injusto que ele dá aos membros da Igreja Confessante (Barth, Bonhoeffer), e estou trantando disto no ensaio também. Mas a tese central, isto é, que o discurso 'cristão' nazista era uma apropriação da teologia liberal protestante do século XIX me parece além de qualquer dúvida nas citações que S-G faz em seu livro - inclusive isto é documentado com a citação de católicos da época!

    Mais uma vez, agradeço, Augustus, a honra por ter apresentado o texto no Mack.

    Abs
    Franklin

    ResponderExcluir
  16. Anônimo5/3/10 18:17

    Prezadado Dr. Franklin,

    "O que Steigmann-Gall faz no seu livro é citar textos, documentos e até conversas privadas dos principais ideólogos do nazismo (citados acima) para mostrar que o cristianismo desses homens era equivalente à fé liberal."

    A teologia de Hitler não tinha nada a ver com a teologia liberal cristã. Sua teologia era a do diabo mesmo. Há muitos documentários na internet mostrando que sua base era diabólica.

    De fato ele conseguiu iludir cerca de 50% dos cristãos da alemanha, fossem eles católicos ou protestantes, liberais ou conservadores. Mas isso é outra história.

    Saudações teológicas

    ResponderExcluir
  17. Anônimo5/3/10 20:22

    Anônimo das 18:17

    "A teologia de Hitler não tinha nada a ver com a teologia liberal cristã. Sua teologia era a do diabo mesmo. Há muitos documentários na internet mostrando que sua base era diabólica"

    No fim dá no mesmo, pois a teologia liberal também é do diabo.

    ResponderExcluir
  18. Poderia dizer o link onde as palestras são disponibilizadas para download?

    ResponderExcluir
  19. João Neto7/3/10 13:41

    Paz de Cristo amados.

    Gostaria de perguntar, se os vídeos do congresso vão ser disponibilizados pelo site da Mackenzie?

    Se por acaso for, gostaria de pedir para que quando for disponibilizado pela Mackenzie poderiam postar o Link aqui no blog ou em comentários?

    Muito bom congresso pena que não deu pra mim ir (distância).

    Abração e paz

    João Neto - Campo Grande

    ResponderExcluir
  20. A Todos que perguntaram sobre os downloads:

    Esperamos muito em breve colocar um link na página do Mackenzie para download dos videos das palestras do Congresso. Leva um tempinho para preparar estas coisas, mas aguardem que está chegando.

    Avisaremos aqui no blog, com certeza.

    Abs.

    ResponderExcluir
  21. Anônimo das 14:14 (o primeiro comentário):

    Não li o livro de Chesterton, e portanto não posso avaliar a crítica dele feita a Calvino.

    Não sei se Chesterton pode ser considerado "um grande baluarte contra o liberalismo e o ateísmo", pois ele atacou também o conservadorismo.

    A crítica dele feita a Calvino é absolutamente normal por parte dos católicos, semipelagianos e arminianos, até aqui nada de novo. Se tem uma coisa da qual Calvino pode ser acusado é de ensinar a predestinação. E deste pecado eu e todos os Reformados somos culpados.

    ResponderExcluir
  22. Danilo,

    "Uma dúvida. O que Horton quis dizer quando fez uma diferenciação entre liberalismo e ortodoxia falando em termos de "modo imperativo" e "modo indicativo", tomando emprestado a terminologia gramatial do grego? Eu não entendi isso ainda."

    Lamento, esta foi a única palestra dele que perdi. Não tenho como responder. Só posso dizer que o modo indicativo no grego é usado para descrever, declarar, afirmar, e o imperativo, como o nome indica, para ordenar e determinar. O que isto tem a ver com liberais e conservadores, me escapa completamente...

    ResponderExcluir
  23. Anônimo das 14:14,

    "Parece que os liberais apoiaram Hitler. Mas será que houve um corte nesse apoio? Hitler, em todos os aspectos, se apresentado sem que o seu nome apareça (há vários vídeos sobre isso na internet), era um perfeito ortodoxo."

    Não. Hitler era católico com simpatias pelos protestantes. O cristianismo positivo, que era o nome que os nazistas davam ao tipo de cristianismo adotado pelo partido e que esperavam implantar na Alemanha nada tinha de ortodoxo, apesar de usar linguagem cristã. Rejeitava o Antigo Testamento, negavam que Jesus era judeu, que Paulo era rabino. Uma espécie de Marcionismo injetado de ódio aos judeus. Muitos protestantes das igrejas confessionais e livres da Alemanha se opuseram a Hitler, como Bonhoeffer.

    "Já no Brasil, os protestantes convervadores apoiaram a ditadura militar. Isso é até razoável, pois o comunismo parte do ateísmo como princípio fundamental."

    Nada a ver. Não há comparação entre a ditadura militar no Brasil e o holocausto nazista e o extermínio de milhões de judeus. Os militares não se valeram de uma religião, enquanto que os nazistas tinham como ideologia o "cristianismo positivo" (que não era cristianismo ao final das contas). Os militares não pregavam e executaram um extermínio em massa de uma raça, em que pese os abusos de poder notórios e conhecidos.

    ResponderExcluir
  24. Amigos,

    Para os que desejam ler uma revisão crítica do livro de Steigmann-Gall, que diz que os nazistas eram cristãos - apesar do cristianismo deles ser o liberalismo teológico, vejam:

    http://www.atlantic-times.com/archive_detail.php?recordID=642

    E para uma página que relaciona o Nazismo com o liberalismo teológico vejam:

    http://jewsforjesus.org/publications/issues/16_10/01

    Abs.

    ResponderExcluir
  25. Anônimo8/3/10 21:55

    Irmãos,

    Não cheguemos a esse ponto. Hitler enganou (quase) todo mundo, incluindo Stalin e o primeiro ministro Britânico à época, considerado espertíssimo.

    Associar os liberais cristãos honestos ao nazismo é demais. Se houvesse afinidade eletiva com um dos lados, com certeza seria com os ortodoxos, como ele.

    ResponderExcluir
  26. Anônimo,

    "Associar os liberais cristãos honestos ao nazismo é demais".

    Primeiro, ninguém fez esta associação. A associação que é feita no livro mencionado acima e na palestra do Dr. Franklin é entre o cristianismo positivo dos nazistas (e não de todos os nazistas, pois havia os nazistas pagãos que queriam um retorno das antigas religiões germânicas pagãs) e o liberalismo teológico alemão. Eram os nazistas que estariam lançando mão das idéias que, antes deles, foram propagadas pelos liberais.

    Segundo, não tenho dificuldade em dizer que havia liberais honestos. Meu problema é colocar o liberalismo teológico como se fosse cristianismo. Para mim, são duas religiões completamente diferentes.

    Sobre as diferenças entre liberalismo e cristianismo já colocamos vários posts aqui, leia:

    http://tempora-mores.blogspot.com/2007/10/batalha-contra-o-liberalismo-citaes-de.html

    http://tempora-mores.blogspot.com/2007/01/religio-dos-liberais-esquerdistas.html

    ResponderExcluir
  27. Louvo a Deus pela sua vida, Franklin. E desejo fazê-lo aqui, publicamente, pois há 10 anos, em um seminário no Rio de Janeiro, eu quase escorregei e fui nadar nas ondas do liberalismo teológico. Ouvi que Cristo nunca ressuscitou. Que o Mar Vermelho nunca se abriu. Que os pães nunca foram multiplicados. Confesso que, em minha completa ignorância, estava indo na onda daquelas línguas de serpente que, em sala de aula negavam a ressurreição de Cristo, mas que em suas igrejas agiam como bons e velhos pelagianos...
    Eu estava indo nessa até que Deus usou a vida do Franklin para me trazer à fé reformada, a qual abracei com tanto amor. Como eu amo o Evangelho de Cristo, o puro Evangelho, o da graça cara. E nunca deixarei de testemunhar o quanto sou grato a Deus pela vida do Franklin, pois foi seu amor à Palavra que me trouxe para as Doutrinas da Graça.
    Apenas um testemunho.

    ResponderExcluir
  28. Prezados,

    Como disse acima, estou trabalhando no texto e em breve ele estará pronto. Já está com 15 páginas e documentação.

    Cito uma das notas de rodapé:

    "O autor documenta todas estas ênfases teológicas liberais nos escritos, discursos e conversas pessoais dos principais líderes nazistas, como Adolf Hitler, Joseph Goebbels, Hermann Göring, Erich Koch, Dietrich Eckart, Dietrich Klagges, Walter Buch, Hans Schemm entre outros, além, claro, de Houston Stewart Chamberlain. O livro também trata dos lideres nazistas promotores do paganismo, como Martin Bormann, Heinrich Himmler, Reinhard Heydrich e Alfred Rosenberg. Ainda que discorde da conceituação imprecisa e generalista do cristianismo deste autor é necessário enfatizar que sua descrição do 'cristianismo positivo' e de sua dependência do protestantismo liberal é baseada em fartas fontes primárias, compulsadas a partir dos seguintes arquivos alemães: Bundesarchiv Potsdam, Bundesarchiv Berlin-Zehlendorf, Bayerisches Hauptstaatsarchiv, Evangelisches Zentralarchiv in Berlin, Geheimes Staatsarchiv Preussischer Kulturbesitz e Staatsarchiv München."

    Repito: não concordo com as concluões do autor (e que tratei na palestra e amplio a resposta no ensaio). Mas ele documenta linha a linha o discurso religioso nazista a partir de fontes primárias. Não é achismo. Se não se concorda com a tese do autor, deve-se apresentar outros fatos baseados em fontes primárias, ou provar a insuficiencia da interpretação também com fatos e documentação primária.

    Resumo a argumentação do autor: a interpretação nazista chamada "cristianismo positivo" apropriou-se do discurso teológico liberal dos séculos XIX e XX. Então, o que o autor do livro faz é mostrar como as principais ênfases do liberalismo teológico estavam presentes no discurso religioso nazista.

    Ele menciona inclusive um observador católico que, em 1930, afirmou que o cristianismo positivo dos nazistas era produto da "teologia liberal protestante" (citado de "Die Religion in Programm und Praxis der Nationalsozialisten Deutschen Arbeiterpartei", Fränkischer Kurier, 31 de julho de 1930).

    Um ponto que preciso pesquisar mais é a insinuação do autor de que o ambiente que gestou a teologia liberal alemão (especialmente as hipóteses documentais) era o anti-semitismo. Pelo menos na reinterpretação da vida de Cristo, de Ernst Renan, o autor fala explicitamente de anti-semitismo por parte do francês.

    Tanto na palestra como no ensaio estou historiando a resistência ao nazismo por parte da Igreja Confessante. Alguns teólogos luteranos relativamente conservadores (Gerhard Kittel e Paul Althaus) apoiaram os nazistas. Mas foram os liberais em peso, por meio do movimento "cristãos alemães" que apoiou o nazismo. Os conservadores apoiaram a Igreja Confessante ou resistiram nas chamadas "Igrejas Intactas".

    Abs
    Franklin

    ResponderExcluir
  29. Só uma curiosidade: Neville Chamberlain não era "espertíssimo". Era um tolo, que perdeu a oportunidade de impedir a guerra. Recomendo o ótimo livro 'A Conspiração Oster', de Terry Parssinen. O quadro pintado de Chamberlain é criticamente devastador.

    ResponderExcluir
  30. Anônimo9/3/10 09:46

    Nada resiste a uma boa crítica

    Cristo foi considerado liberal nocivo pelos judeus. Ele disse coisas tão duras que muitos dos seus discípulos o abandonaram.

    Lutero poderia ser considerado culpado de liberalismo individualista ao extremo, e de estar na raíz de tudo de ruim que vemos hoje. Pior do que isso, só se continuássemos com a autoridade papal intocada!

    Entretanto, Calvino, a quem consideramos ortodoxo, chamou Lutero de "meu pai". Os exageros decorrentes de se levar ao estremo algumas de suas ideias bíblicas, diga-se de passagem, poderia congelar o cristianismo como algo morto e inviável sob todos os aspectos. Há quem se baseie nisso para defender suas doutrinas "ortodoxas".

    Contudo, tudo isso estava nos planos de Deus. Como podemos, então, acusar de culpados aqueles que fizeram coisas que estavam planejadas detalhadamente desde a fundação do mundo?

    Minha solução: Eu Não Sei!

    Quanto mais estudo mais consciente me torno de minha ignorância sobre as coisas de Deus.

    Minha paz depende de aceitar minha ignorância. Mas, continuo estudando!

    ResponderExcluir
  31. Meu caro anônimo 9:46,

    Eu não gostaria de ter uma paz que se fundamenta na ignorância. Não se desespere. Continue estudando, mas "leve cativo todo pensamento à obediência de Cristo" (2Cor 10:5).

    Um abraço.

    ResponderExcluir
  32. Anônimo9/3/10 15:10

    O anônimo das 9h56 disse que Bonhoffer compartilhava de visão liberal sobre a Bíblia. Ao ler seu livro sobre discipulado, achei-o bastante conservador e sério - nada vi de liberalismo, pelo contrário. Ele interpreta as ordens de Jesus de modo muito sério e literal. Incomodaram-me apenas alguns luteranismos, tais como sua visão sobre o batismo e sobre a presença de Cristo na Ceia - nada que impeça de aproveitar muito do que ele disse. Seria noutras obras que ele demonstraria esse liberalismo? Alguém poderia comentar / dirimir a dúvida?

    ResponderExcluir
  33. Anônimo9/3/10 17:12

    pastor,
    quando as palestras serão disponibilizadas?
    Aquele abraço.

    ResponderExcluir
  34. Ao anônimo das 15:10 - Bonhoeffer não pode ser classificado como liberal. Ele é classificado como neo-ortodoxo, isto é, parte do movimento que reinterpretou as doutrinas-chave da Reforma. Infelizmente, a apropriação que a teologia da libertação e a teologia da morte de Deus fez de algumas das suas idéias registradas nas Cartas da Prisão "queimou" seu filme entre os conservadores.

    A ironia é que a nova edição crítica das cartas da prisão mostra que o Bonhoeffer de Berlin-Tegel não estava em descontinuidade com o Bonhoeffer de Finkenwald (que escreveu Discipulado e Vida em Comunhão). A questão que o aflige, às vésperas do 20 de julho de 1944, é como ser cristão num mundo onde falar de Deus não faz mais sentido. Não romper ou abandonar a fé cristã. Interessante que aqueles que se agarram às idéias do teólogo alemão sobre "cristianismo a-religioso" etc parecem não dar a devida atenção à idéia da patrística, que Bonhoeffer estava estudando em Berlin-Tegel, sobre a disciplina arcana.

    As posições doutrinais de DB (sobre Trindade, Cristo, pecado, justificação) são basicamente ortodoxas/luteranas. Só que ele, assim como Barth, compartilhava a idéia de que a Bíblia não é a palavra de Deus ou tem qualquer tipo de caráter inspirado. Só que, por outro lado, ambos tomaram o texto como autoritativo e normativo para a vida cristã.

    Espero que ajude.

    ResponderExcluir
  35. Anônimo9/3/10 22:11

    Olá:

    Respondendo à indagação do Anônimo das 15:10, (se bem que o Dr. Franklin já o fez muito bem), eu disse que Bonhoeffer compartilhava da visão liberal das Escrituras porque ele, bem como Barth e vários de seus colegas teólogos contemporâneos (Reinhold, Niebuhr, Troeltsch, e outros) criam (com suas variações) que as Escrituras podem se tornar a Palavra de Deus para o leitor, quando aplicadas em sua vida, etc --- e não que elas SÃO a revelação inerrante, infalível e suficiente de Deus aos homens, como crê a ortodoxia cristã.

    Obras suas como Ethik e Gemeisames Leben mostram - e aqui, cito um importante historiador - que a transcendência e religiosidade, para Bonhoeffer têm um caráter mais ético, onde os mandamentos de Deus se divinizam, por assim dizer, do que epistemológico.

    --- D. José (SP) ---

    ResponderExcluir
  36. Gostaria de perguntar ao Dr. Franklin sobre a influência da filosofia de Nietzsche para Hitler. Já vi alguns artigos e teses sobre isso como esse: http://www.history.ucsb.edu/faculty/marcuse/classes/133p/133p04papers/MKalishNietzNazi046.htm

    O Sr. poderia falar alguma coisa? Tem algum fundamento?

    ResponderExcluir
  37. Se puder ajudar o Anônimo:

    Ignorância é diferente de limitações cognitivas. Por exemplo: um cientista pode estudar profundamente um assunto para chegar a uma conclusão que existem ainda mais coisas que se precisa descobrir. Isso não significa total ignorância, mas aprendizagem. Isso aconteceu com o DNA e muitos estudos científicos.

    Quando se trata da teologia, quanto mais conhecemos a Deus, mais vamos ver limitações cognitivas. Isso não significa ignorância, pois algo foi aprendido. Por isso, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo (2Pe 3.18). Paulo afirmou: Eu sei em quem tenho crido (2Tm 1.12). Não há sinal de ignorância aqui. Para Paulo, a fé exige conhecimento.

    As antinomias existem, inclusive na matemática. Deus é soberano e usa a responsabilidade humana para cumprir os seus propósitos. Isso exige fé e a fé exige conhecimento, não ignorância.

    ResponderExcluir
  38. Francisco Mário: se você lê em inglês, clique no link abaixo. O texto procura mostrar uma relação entre My Kampf e a filosofia de Nietzche.

    http://www.history.ucsb.edu/faculty/marcuse/classes/133p/133p04papers/MKalishNietzNazi046.htm

    ResponderExcluir
  39. Oi Francisco,

    No livro do Steigmann-Gall, é sugerido que foi um filósofo ligado ao partido nazista, Alfred Bäumer ("ao lado de Heiddeger, Bäumer era o mais notável filósofo a apoiar o regime nazista com seu prestígio intelectual") que nazificou Friedrich Nietzsche. Por outro lado, tenho lido algum material associando Nietzsche ao nazismo.

    S-G continua dizendo que "Hitler sentia tanta antipatia por Nietzsche quanto pelas religiões substitutas" dos paganistas do partido. Mas um problema de S-G é que ele concede uma honestidade e coerência intelectual aos nazistas que eles não merecem. S-G não leva em conta que ninguém tem uma cosmovisão totalmente coerente/consistente. Todos temos pontos cegos. Ele menciona (para fechar o debate sobre Nietzsche) uma citação de Hitler ridicularizando os paganistas, no qual ele critica estes porque "lêem Nietzsche como garotos de quinze anos". Só que esta conclusão... não conclui ou diz nada. E foram estes paganistas que, depois de 1937, e especialmente no começo da II guerra, ganharam importância na estrutura do partido, suplantando os "cristãos positivos" (Göring, etc): Himmler, Heydrich, Rosenberg e a "eminência parda", Bormann.

    No fim, a liderança do partido, por questões utilitárias, criou uma cosmovisão multifacetada, que bebia em fontes da teologia liberal alemã, e que, por suas inconsistências e fraquezas, era combinada sem nenhuma sofisticação intelectual com outras abordagens não tão refinadas.

    ResponderExcluir
  40. Agradeço ao anônimo das 16:36 e ao Francisco pelo link postado. Muito interessante!

    ResponderExcluir
  41. Anônimo, esse link fui eu que dei. Pelo menos o título eu teria que ler rsrs...

    O que eu gostaria de saber é como a filosofia ateísta de Nietzche se relacionou com uma ideia cristã, mesmo distorcida de Hitler?

    ResponderExcluir
  42. Dr. Augustus,

    Em primeiro lugar, parabens pelo o blogger,tem muito conteudo Biblico Reformdo.Tenho acompanhado quando possivel as publicacoes.
    Em segundo,gostaria de saber o link aonde as palestras serao disponibilizadas para download?

    Graca e Paz,
    R.Gomes

    ResponderExcluir
  43. Oi Francisco,

    Veja acima o que escrevi sobre a credibilidade intelectual dos nazistas.

    Por outro lado, aspectos da filosofia de Nietzsche foram agregados à ideologia nazista justamente porque o "cristianismo" liberal abraçado pelos nazistas não é, como Machen ensinou, cristianismo de verdade. É outra religião.

    Isto me lembrou de meus professores liberais, que livremente recomendavam Nietzsche... mas isto é outra história.

    hehe

    ResponderExcluir
  44. Rev. Augustus, não só tenho acompanhado este excelente blog, mas, sou seguidor e resolvi divulgá-lo no meu blog. Vez por outra tenho postado alguns comentários. Não sei se o senhor lembra de mim. Eu sou o Rev. José Roberto (aqui do Recife), amigo do Rev. Robério Basílio . Estou pastoreando a Igreja do Ibura (que foi pastoreada pelo Rev. Daniel Carneiro). Atualmente leciono História da Igreja no SPN. Bem, fiz toda essa referência, para lhe dizer que também tenho um modesto blog de história. Ficarei muito feliz, se puder tê-lo divulgado no seu blog. Visite o meu blog, e veja se vale a pena.
    http://www.historiaedebate.blogspot.com/
    Sim, se não quiser, não precisa publicar esse "comentário".
    E-mail: revjoseroberto@gmail.com
    Abç. Rev. José Roberto de Souza

    ResponderExcluir
  45. Irmãos,


    Já estão disponíveis os vídeos das palestras com o Dr. Michael Horton!

    Acesse: http://www.mackenzie.br/videos_congresso.html


    abs
    Mauro

    ResponderExcluir
  46. NICODEMUS DISSE

    "O cristianismo positivo, que era o nome que os nazistas davam ao tipo de cristianismo adotado pelo partido e que esperavam implantar na Alemanha nada tinha de ortodoxo, apesar de usar linguagem cristã. Rejeitava o Antigo Testamento, negavam que Jesus era judeu, que Paulo era rabino. Uma espécie de Marcionismo injetado de ódio aos judeus."

    Esse parece exatamente o cristianismo dos "evangélicos progressistas" brasileiros: profundamente anti-judaico, anti-histórico e marcionita.

    Parece que o "liberalismo" está produzindo aqui, os mesmos frutos que porduziu lá.

    ResponderExcluir
  47. Até pouco tempo achava que combater a Teologia Liberal Protestante não era tão importante, inocentemente pensava que tais pensamentos não atingiriam o nosso Brasil e muito menos os nossos seminários, já que temos uma práxis cristã avivada e com fortes fundamentos bíblicos. Nos últimos dias estou cada vez mais perplexo. Ministrando aula em diferentes seminários teológicos tenho notado o avanço do pensamento liberal protestante. Os meus alunos (pastores, futuros pastores, ministros, obreiros, etc) estão com dificuldades em reconhecer a inspiração, revelação, infalibilidade e veracidade das Escrituras e outras doutrinas fundamentais que sempre foram bases do pensamento teológico em nossos seminários. Tenho pensado em começar a militar e a unir grupos de estudiosos e alunos contra esse veneno colocado em nosso meio. Tenho recomendado os livros e palestras de Franklin Ferreira e Augustus Nicodemos, grandes militantes nessa área, parabéns pelo bom combate da fé, contem comigo

    Que Deus Proíba o Liberalismo !

    Prof. Pr. José Ribeiro Neto
    Mestre em Teologia do AT pelo STBNET
    Coordenador da Pós-Graduação do STBNET

    ResponderExcluir