Recentemente respondi a uma entrevista para uma revista evangélica, sobre educação cristã escolar. Aproveito a entrevista para falar um pouco a respeito de como andam as coisas nesta área no Brasil e, especificamente, falar sobre a Associação Internacional de Escolas Cristãs.
Também aproveito para fazer um convite: dias 30 de abril e 1o de maio teremos um evento para educadores cristãos aqui em São Paulo. Você pode saber mais a respeito do mesmo acessando o site da Associação Internacional de Escolas Cristãs (ACSI).Teremos outros eventos em outros estados, fique de olho.
1. Quando foi fundada a Associação e quantas escolas ela representa?
A associação foi fundada no Brasil em janeiro de 2003. Atualmente representa em torno de 80 escolas associadas, cerca de 25.000 alunos e está em franca expansão. A associação como um todo está presente em mais de 100 países, atende mais de 5.500 escolas e mais de 1.2 milhão e alunos ao redor do mundo.
2. O gráfico de representação de crescimento da associação, desde sua fundação, é crescente ou decrescente?
Nossa associação demonstra um crescimento de 10% ao ano e cremos que existe um potencial cada vez maior para o movimento no Brasil. Para isto basta considerar que a população evangélica no país é crescente. Se as escolas cristãs forem relevantes, certamente o crescimento virá.
3. A CNBB informou que, recentemente, cerca de 200 escolas católicas fecharam suas portas em todo o Brasil. Também temos conhecimento de várias escolas evangélicas que tem declarado falência, por falta de alunos. Em geral, qual o panorama da educação cristã no Brasil?
Quanto a nossas escolas associadas, 4 fecharam as suas portas desde o início da associação em 2003, e nem todas essas fecharam devido a diminuição de matriculas, mas por dificuldades diversas. Temos várias escolas associadas que estão em plena expansão. Também recentemente temos visto vários projetos para a abertura de novas escolas. Além disto, há de se considerar que o fechamento de escolas particulares é marcante no Brasil, não só entre escolas de origem religiosa.
Há dois anos que realizamos um curso para pastores e líderes evangélicos intitulado “Organização e Desenvolvimento de uma Escola Cristã”. Ele foi desenvolvido para pessoas que tem interesse em abrir uma escola cristã na sua comunidade, igreja ou bairro. Vários participantes tomaram inciativas e começaram escolas cristãs depois destes eventos, encorajados pela viabilidade e necessidade da escola cristã.
4. Há algum estado em específico em que esteja ocorrendo um declínio na procura por escolas cristãs? Há outro que esteja obtendo acréscimo? Não tenho essas informações de maneira específica. Quase 50% dos nossos associados estão no estado de SP, entretanto, há visível interesse e expansão em várias regiões. Entre os participantes do curso citado acima, tivemos todas as 5 regiões representadas. Nas duas edições do evento participaram mais de 100 interessados.
5. Na sua opinião as escolas de ensino cristão ainda fazem a diferença se comparadas as escolas particulares seculares?
A escola realmente cristã deve ter embutido em sua missão e visão ensinar sobre todas as áreas da vida com uma cosmovisão cristã. Quando os seus professores e gestores são profissionais vocacionados para serem modelos na sala de aula, tanto no seu falar, andar, agir, quanto nas suas competências, demonstrando nisto o seu amor a Deus, toda a diferença será feita sobre a vida de cada aluno e, consequentemente, sobre a cultura, governo e etc. Temos visto isto acontecer constantemente e nossos educadores associados dão constante testemunho do impacto que a educação tem diretamente sobre seus alunos e comunidades.
Há vários segmentos da sociedade que, mesmo não confessando a fé cristã, procuram uma escola que valoriza a cidadania, valores éticos e o caráter, tanto quanto a preparação acadêmica. Muitos pais não cristãos ainda procuram escolas cristãs em função do ambiente, disciplina, tratamento amoroso e cordial, o que não se encontra um muitas instituições de ensino. Além da preparação acadêmica de excelência que a escola cristão deve oferecer, preparando o aluno para o vestibular e ENEM, a preocupação da escola cristã deve ser a de preparar o aluno para uma vida de diferença na sociedade. Temos visto esta diferença e a associação se propõe a investir em preparação e ferramentas para que nosso associados cumpram estas tarefas com eficiência cada vez maior.
Por outro lado, quando a escola se denomina cristã por laços denominacionais, mas perde a essência da sua vocação cristã, tende a tornar-se medíocre, imitando os cânones das escolas seculares, sem ter um real diferencial a ser mostrado.
Olá pastor,
ResponderExcluirSomos gratos a Deus por ter nos abençoado com a ACSI aqui no Brasil. Faço parte da Diretoria da Associação de uma pequena igreja reformada em Maceió-AL e desenvolvemos um projeto de educação cristã (Escola Cristã João Calvino) com a ajuda de igrejas reformadas canadenses. Nos últimos anos sentimos uma grande necessidade de nos aperfeiçoarmos administrativamente e de desenvolvermos o aspecto reformado da educação oferecida por nossa escola. O problema era: onde encontrar ajuda no Brasil? Pessoas com experiência em escolas cristãs reformadas tanto do lado organizacional quanto do lado da aplicação da nossa cosmovisão reformada à educação? Foi quando soubemos da ACSI e enviamos o nosso diretor para o encontro do ano passado. Podemos dizer que este encontro representou um divisor de águas - pudemos definir melhor o que queríamos e agora sabemos onde encontrar ajuda! Sem falar no material didático apresentado pelos irmãos que se tornou nosso sonho de consumo (fiquem orando para que consigamos apoio para adquirí-lo)! Em nossas igrejas é quase uma meta ter uma escola para cada igreja, mas percebemos que uma escola cristã bem pensada e administrada é uma grande bênção, mas se não há o preparo e a organização necessária um projeto deste tipo pode representar uma grande dor de cabeça para as congregações. Que o Senhor abençoe o trabalho de todos que estão envolvidos em projetos de educação cristã e que essas escolas venham ser fator de transformação de nossa sociedade e uma bênção para nossas igrejas.
Graça e Paz!
Agora para discutir:
ResponderExcluirSobre "cosmovisão cristã" e suas consequências no campo da educação: tenho a impressão que muitas vezes o aspecto cristológico de nossa cosmovisão é deixado de lado e quase que totalmente substituído pelo tema da aplicação da Lei de Deus hoje (não que eu considere os dois temas como excludentes - ou "um" ou "outro" - de maneira alguma). Acho que às vezes as discussões sobre educação cristã chega a um resultado parecido com uma "cosmovisão judáica" - Existe um só Deus conforme foi revelado no Antigo Testamento que criou tudo o que existe incluindo o homem; este homem caiu em pecado e necessita de salvação. A diferença entre a "cosmovisão cristã" e a "cosmovisão judáica" está principalmente no tema da SALVAÇÃO: Pelas obras da Lei ou pela Obra de Cristo que cumpriu a Lei? A Lei de Deus faz parte do tema da SALVAÇÃO ou da GRATIDÃO (considerando a divisão do catecismo de Heidelberg - Miséria, Salvação e Gratidão)? Nós cristãos reformados respondemos com a bíblia na mão: faz parte do tema GRATIDÃO. Geralmente nos materiais de educação cristã nós vemos o seguinte: " - Temos que ensinar e mostrar a nossas crianças que existe um Deus que se revelou nas Escrituras, que criou tudo o que existe, incluindo o homem, que nós estamos num estado caído e que este Deus nos deu sua Lei que deve ser obedecida e aplicada por nós em todas as nossas relações". Onde está Cristo? Onde está a ênfase que não conseguiremos nunca guardar perfeitamente esta Lei e por isso precisamos de Cristo, que faz com que a Lei deixe de ser uma obrigação porque eu tenho que me salvar, mas uma obrigação de amor por já ter sido salvo? Queremos forma crianças que crêem em Cristo ou que apenas sabem se comportar conforme as regras dos cristãos? Não sei se só eu percebo esta deficiência nos nossos materiais sobre educação cristã, ou se na verdade eu estou vendo um problema onde não existe, mas gostaria de ouvir mais sobre isto.
AH... Me deliciei com a FIDES REFORMATA sobre Educação Cristã!!!!
Abraços fraternos.
A essência da educação, sob qualquer perspectiva, é a disciplina consciente. Isso implica partir de um princípio abrangente, no caso a Lei e os Profetas, segundo sua apresentação sintética feit por Jesus Cristo, e aplicá-la a situações particulares de acordo com o grau de maturidade do educando.
ResponderExcluirNo início o educando precisa de supervisão. Mas a meta deve ser torná-lo autossuficiente, pela internalização do Evangelho de Cristo.
A educação cristã é, sob essa perspectiva, uma educação para a liberdade da mente "escrava" de Cristo. Liberdade para amar, respeitar, construir e criar vida em abundância.
Em Cristo
Olá anônimo!!!
ResponderExcluirVocê disse: "A essência da educação, sob qualquer perspectiva, é a disciplina consciente. Isso implica partir de um princípio abrangente, no caso a Lei e os Profetas, segundo sua apresentação sintética feit por Jesus Cristo, e aplicá-la a situações particulares de acordo com o grau de maturidade do educando."
Agora eu pergunto: Isto é um tipo de educação judáica que aceita Jesus como um grande profeta, ou educação cristã de fato? O objetivo da educação cristã é salvar a mente ofertando os pressupostos básicos que explicam toda a realidade e as regras morais que devem reger todas as nossas relações, ou é salvar o homem por inteiro - 'corpo' e alma ainda que isso implique também no ensino da Lei?
Eu sinto falta de um enfoque mais cristológico.
Prezado Geraldo,
ResponderExcluirPenso que a educação é sistêmica, mas partindo da Lei resumida por Jesus. Acontece que o crescimento do cristão passa por detalhes, implicando toda a Lei, mas esses detalhatres não podem ser cobrados, pois é impossível que sejam praticados por uma pessoa comum em farisaísmo.
Ora, Cristo educa, mas, sabendo que as crianças não estão em condições de praticar a Lei, trata-as com amor, admoestando com amor, e, somente em último caso, com coerção.
Se a criança crescer com base no amor, ela será invadida no seu ser pelo amor de Cristo, praticando as obras do amor e da fé. Mas elas continuarão pecadoras, porém, com o diferencial de que Cristo já absorveu os seus pecados involuntários.
Enfim, o judaísmo deve ser superado. Cristo passa a ser a referência (vide Lutero). Calvino é, na minha opinião, um pouco mais judáico; mas, ele respeitava Lutero. É possível, na minha opinião, buscar o equilíbrio entre ambos, mas sempre centrado em Cristo.
Por outro lado, a educação que funciona não é aquela cuja prioridade é a pregação; mas no exemplo do educador. Falando menos e fazendo mais, Cristo será fixado na mente e no coração dos educandos.
Assim penso, na minha pequenez.
Em Cristo
Rev. Mauro, gostaria de saber como as escolas cristãs ou essa associação fazem para incorporar o ensino do criacionismo nas aulas de ciências, aproveitando as pesquisas do design inteligente. Ou seguem a mesma coisa das demais escolas?
ResponderExcluirCaro Geraldo Henrique,
ResponderExcluirA respeito de cosmovisão e educação cristã, temos que ter sempre em mente o estado no qual vivemos. É verdade que a lei fala claramente sobre escolas confessionais e que elas tem o direito constitucional de existir (ainda que muitos não gostem disso e estariam prontos a fechar as escolas de qualquer confissão).
Entretanto, quando se trata de material pedagógico, temos que ser cuidadosos. Existe um clima de censura da parte do establishment quanto ao que se publica no material didático.
O que penso que devemos fazer para trabalhar a cosmovisão em um material de escola confessional: dentro do tripé da compreensão bíblica de mundo que temos (criação, queda e redenção), enfatizamos, no material, o aspecto da criação, apontamos para o aspecto da queda, diante de problemas existentes nas matérias de estudo e propomos uma reflexão para a busca da solução (redenção).
O que é complexo diante da realidade brasileira é expor a redenção de maneira direta no material, principalmente considerando que o público de nossas escolas é composto de uma pluralidade religiosa (lembre-se, estou falando de material didático, o que pode ser diferente da proposta curricular geral da escola).
A primeira acusação feita a material didático cristão é que se "parece com material de escola dominical" (quantas vezes já ouvi isto!).
A segunda acusação é que o material é 'proselitista' e a orientação do estado é laica (como se o governo que rege o estado não carregasse sua cosmovisão [ideologia] religiosa para a educação). Aliás, vejam esta notícia de hoje (cole na barra de endereços do seu browser): http://educacao.uol.com.br/ultnot/2010/03/31/conae-livros-didaticos-e-escolas-terao-de-incluir-tematica-lgbt.jhtm
Percebe? A grande questão é que isto deveria servir para a educação pública e políticas públicas, financiadas como bandeiras do atual governo, tanto brasileiro quanto do estado de SP, que promulgou leis supostamente anti-homofobia nesta mês de março [na verdade, são leis homofílicas, que impingem a apreciação à homossexualidade]. Mas, em última instância, são leis para a formação de uma visão de mundo dentro da nação (veja a postagem "A Sociedade Refém da Visão Homossexual de Vida" (http://tempora-mores.blogspot.com/2007/03/sociedade-refm-da-viso-homossexual-de.html).
Bem, vejo as coisas por ai e creio que devemos sempre trabalhar com sensatez nestas questões.
abs
Caro Francisco,
ResponderExcluirOs "Parâmetros Curriculares Nacionais" colocam a evolução darwinista como conteúdo indispensável nos currículos escolares brasileiros. Logo, não há como não ensinar e não há razão para não ensinar. Não queremos viver fora do mundo! A grande questão é, como ensinar.
Acredito que o processo de formação de uma visão de mundo, seja ateísta ou religiosa, vem muito antes do tempo ensino do darwinismo propriamente dito. Como conteúdo, passa a ser ensinado no quinto ou sexto ano do ensino fundamental. Antes disto, porém, o processo de formação de uma visão de mundo já está a pleno vapor e o livro cristão deve usar este tempo como preparação para o ensino da teoria darwinista.
Ao ensinar a teoria darwinista, deve-se mostrar sua lógica, sua própria "evolução" (hoje impera o 'neo-darwinismo'), seus frutos dentro do campo científico assim como suas conquistas. Por outro lado, existem os seus furos, fracassos e esperanças esvaziadas quando foi tomada como a última teoria, a resposta última de todas as coisas e, sobretudo, como uma filosofia que governa toda uma visão de mundo. Ao lado, pode-se explorar alternativas, sejam elas do criacionismo (existem várias vertentes), umas mais inclinadas ao design inteligente, outra não. Veja a resposta científica sobre as pressuposições do darwinismo no "Desafiando a Nomenklatura Científica".
Creio que o grande problema da forma e fonte do darwinismo como ensinado hoje é a sua pressuposição materialista/naturalista, embalada no berço do racionalismo como a resposta das grandes perguntas do homem.
Como ensinar o fato da criação nas escolas? Como fazer isto na prática? Muitos professores cristãos ao redor do mundo estão lutando com esta pergunta, alguns acertando mais do que outros nas respostas. Uma resposta final? Ainda estamos por ver.
abs
Prezados,
ResponderExcluirTalvez seja mais importante ensinar um modelo universal de teoria do conhecimento, e exemplificar casos particulares e singulares.
O criacionismo, neste contexto, é uma explicação que não exclui o evolucionismo, pois não sabemos se 1 dia para Deus significa 1 bilhão ou 1 trihão de anos para o homem.
Popper, por exemplo, registra que o evolucionismo é um programa de pesquisa. A física está caminhando para encontrar o campo unificado, e já avançou bastante ao demonstrar que todos os fenômenos passíveis de explicação podem ser explicados por um conjunto de no máximo seis leis fundamentais.
Racionalmente falando, não temos um criacionismo ou evolucinismo para ensinar. Temos suposições que podem ser ou não confirmadas por evidências e experimentos. O fundamento último para o qual todos se aproximam pode receber nomes nomes diferentes.
No fundo tudo é uma questão de crença em ação. Como teoria o cristianismo pode ser facilmente combatido pela razão. Mas não pode ser combatido como prática de vida que gera os frutos do espírito, a não ser que a árvores cristã seja estéril.
Caro anônimo, a quem seria interessante conhecer, até para poder dialogar
ResponderExcluirCreio que a questão, para o cristão que parte do princípio que a Escritura é palavra de Deus e Revelação, não é se "1 dia para Deus significa 1 bilhão ou 1 trihão de anos para o homem." Como teoria científica, a definição da evolução darwinista, conforme entendida hoje, parte da pressuposição que todo o processo é absolutamente o acaso. Não há lugar para o Criador, para o designer e, consequentemente, para o design. Logo, aqui temos pontos de partidas em absoluta oposição entre as duas teorias (estou tomando aqui o criacionismo científico como uma proposta teórica, não os seus pressupostos). Isto tudo sem contar que, segundo os proponentes do Design Inteligente, a teoria darwinista continua a ser uma ideia interessante e atrativa, mas contraditória e, logo, não comprovável.
Logo, a explicação não é tão fácil assim.
abs
Prezado Mauro,
ResponderExcluirO evolucionista ateu, principalmente o ativista, é um crente. Crente na acepção de Erich Fromm, que afirma que o ser humano, como tal, tem a necessidade de um sistema de orientação e devoção. Esse sistema pode ser, inclusive, o consumismo.
Dizer que tudo veio do nada pode equivaler a dizer que tudo veio de Deus. Ora, se tudo veio do nada, é porque tudo já estava contido, em potencial, no nada. Então, o nada não existe como vazio absoluto.
Acaso? Existe sim, mas dentro das possibilidades inerentes ao processo. Há o potencial que se realiza pelo movimento, dentro de certas combinações que poderão promover a conjunção dos fatores que, juntos, desencadeiam um processo.
Então, se aceitamos que homem é um ser finito (não é Deus), então, por via de consequência, temos que:
1) É impossível ao homem conceber o nada absoluto, assim como é impossível conceber o infinitamente grande e o infinitamente pequeno;
2) É impossível ao homem interpretar cientificamente a Bíblia;
3) Se não aceitarmos o axioma simples e claro de Jesus Cristo, no seu resumo sobre as Leis e os Profetas, sempre podemos pegar uma carona em Aristóteles com o seu trio: Potência, Movimento e Ato.
Assim, conforme penso, não há necessidade de confronto nessas coisas secundárias, pois temos o axioma fundamental - Deus -, para orientarmos nossas vidas. Fugir disso é procurar "chifre na cabeça de cavalo".
Devemos, então, na minha opinião, colocar em prática a Palavra e gerar os seus frutos. Quanto aos demais estudos devemos fazê-los em silêncio. Se nos colocarmos na luta intelectual, temos tudo para perder o jogo.
O intelecto é o instrumento preferido pelo diabo, embora a razão espiritual seja o instrumento de Deus.
PS.: Se eu me identificar as minhas ideias perdem o seu valor. A discussão pode ser mais impessoal se as ideias forem julgadas, não a pessoa que as emite.
Caro anônimo filósofo,
ResponderExcluirEstou em grande desvantagem no diálogo! Eu sou julgado por ser quem eu sou, mas você não!
abs
Caro Mauro,
ResponderExcluirQuando Aristóteles falou, o mundo parou. Aquino se referia a ele humildemente. Os inquisidores o tomavam por autoridade. Ninguém se atrevia a falar se o nome dele fosse citado.
Não é o meu caso. Deus me livre de ser filósofo com o sentido deturpado que o termo adquiriu. Sou apenas um amigo do conhecimento cujo ponto de partida é a fé.
Não tenho interesse em combater suas ideias. Não quero vencê-lo. Quero apenas, se possível, aprender. Mas não sou totalmente passivo. Tento pensar.
Saudações
Prezado amigo filósofo,
ResponderExcluirCom certeza, seu primeiro parágrafo acima também não fala de mim! Por outro lado, não sou inimigo da filosofia. Da mesma forma, também quero ser amigo do conhecimento e tentar pensar. Também, não quero vencê-lo, queria apenas, conhecê-lo. Nossas ideias nunca estão separadas da nossa pessoa. Por isto não somos passivos de mente!
abs
Prezado amigo teólogo,
ResponderExcluirMinhas fontes, se quer me conhecer:
1) A Bíblia de Estudos de Genebra;
2) As Institutas, de Calvino;
3) Sócrates;
4) Epistemoligia em geral, especialmente a Einstein;
5) Minha razão espiritual, alimentada dia e noite, silenciosamente, pela busca de Deus.
As fontes acima influenciaram a "coisa em si" que eu julgo ser. Mas, a coisa em si pode ser conhecida por um nome? Não há correspondência biunívoca entre ambas.
Saudações
Ia me esquecendo:
ResponderExcluirAcho interessante a obra Didática Magna, de Comenius, como referência clássica sobre educação em geral e, especialmente, sobre educação cristã.
Saudações
(Não sou filósofo, sou apenas um ser humano)
Prezado anônimo,
ResponderExcluirQuer dizer que ser cristão é ser anti-intelectual, ou irracional? Quem disse que "...como teoria o cristianismo pode ser facilmente combatido com a razão"? Eu teria vergonha se a minha fé fizesse com que eu abrisse mão da racionalidade com a qual eu creio que Deus me dotou!!! Nossa fé não é um salto no escuro!!! Temos as maiores razões do mundo para crer!!! E posso te dizer com certeza: a razão está do lado dos cristãos e contra todos os outros sistemas filosófico-doutrinários!!! Vamos diga alguma coisa em que o cristianismo é irracional!!! Me dê uma prova de que o cristianismo é irracional. Vamos desafio você. Como você pode dizer que "o intelecto é o instrumento preferido do diabo". Você é cristão? Então como explicar a Revelação proposicional que temos? Você está sendo usado pelo diabo agora enquanto está usando intelecto para expor idéias que eu posso compreender e quando está entendo o que nós estamos dizendo? Você está sendo usado pelo diabo quando está com sede e procura água ao invés de terra? Deus estava sendo usado quando dotou os homens com intelecto? Será que foi um erro dele? Eu tenho certeza que não, já você...
Talvez já tenha tido algum contato com a obra dele, mas é uma grande ajuda a nós que estamos começando... Francis Schaefer: "A morte da Razão", "Deus que intervém" e "Deus que se revela". Acredito que você seria muito abençoado com a leitura destes livros.
Um abraço
"Leais são as feridas feitas pelo que ama..." Pv 27:6
Prezado Geraldo,
ResponderExcluirSe você refletir melhor sobre o que escrevi, não terá as dúvidas que manifestou.
Se falo o que falo é porque, antes de tudo, testei o caminho intelectual. Li à esquerda, á direita e pelo centro. Compreendi que o intelecto é uma arma neutra e, portanto, passível de uso pelo diabo.
Você já ouviu falar na "loucura do evangelho"? Você já leu Imanuel Kant para aprender como se pode provar uma ideia pela razão e, em seguida, provar o contrário?
R.C Sproul, em seu livro, Filosofia para Iniciantres, deu o tom: encontrar o caminho intelectual entre Tomas Aquino e Kant. É ai que eu estou. Nas ciências exatas, escolhi Einstein. Você já leu sobre sua epistemologia a partir dele mesmo?
Afirmo, apenas, que o intelecto é útil como servo, mas é perigoso se desperta o nosso orgulho. Existe algo acima dele: a razão espiritual. Já ouviu falar nisso?
O cristianismo parte de um axioma, como toda boa ciência. Um axioma não se prova. Ele se manifesta como certeza absoluta. Mas exige que, a partir daí, se use o raciocínio para derivar quais são suas consequências lógicas. Em seguida, tais consequências devem ser colocadas em prática.
O cristianismo, sob esta perspectiva, é perfeitamente científico. Basta que se pratique a Palavra, e que dela se gerem os frutos do espírito. Fora isso ele vira intelectualismo paupérrimo.
Saudações
Não sou anti-intelecutual. Sou anti-intelectualismo, e a favor do Evangelho que os intelectuais quase sempre deturpam.
Completanto o raciocínio
ResponderExcluirLeia Gênesis 1:1
Leia Joao 1:1
Combine e veja que:
1) Um ateu inteligente, como Jean Paul Sartre, em seu desespero, terminou o seu livro O Ser e o Nada com a seguinte afirmação: "Entre o Príncipe guerreiro mais agitado e o bêbado na sargeta, a única diferença é que o príncipe é mais agitado".
Isto é, para Sartre, o Ser e o Nada são a mesma coisa. Em outras palavras, não existe o nada como vazio absoluto.
2) Veja o que diz o cientista ateu sobre a origem de tudo
Tudo veio do nada, por acaso. Traduzindo: não existe o vazio absoluto, pois Tudo já estava no Nada.
3) Veja o que diz o crente pensante
No início Deus criou os Ceus e a Terra (Gênesis 1:1) ou No início era o Verbo (João 1:1).
4) Pense, ainda, o seguinte
Número pi, raiz de dois, raiz de menos 1 e outros mistérios da matemática.
Conclusão:
Repouse na fé em Deus, e viva segundo sua Palavra. Só assim você encontrará repouso para sua alma. Mas não deixe de estudar e de pensar no seu silêncio.
Se insistir em resolver tudo intelectualmente, ficará por toda a eternidade tentando encontrar a raiz quadradada de dois, ou o número pi, ou a compreender o significado exato de raiz de menos 1.
Os cristãos, em sua fé, repousam. Os ateus, com sua inteligência, optam pelo caminho intelectual (nem todos, como Russel, por exemplo). É lógica que os cristãos podem ser tão ou mais inteligentes do que os ateus, mas não é isso que faz diferença, pois coube aos humildes compreender o que os sábios não compreenderam (Jesus o disse).
Tudo, pois, se resume na fé, na esperança e no amor. E o amor é o maior dom.
Vemos hoje como num espelho. Quando, porém, vier o que é perfeito, o que é em parte será aniquilado.
O finito deve humilhar-se diante do infinito!
Amém
Caro anônimo,
ResponderExcluirDevo reconhecer que a sua cultura é muito maior que a minha (e eu é que preciso ler mais!!!)
Concordo plenamente com o que você disse: "O cristianismo parte de um axioma, como toda boa ciência. Um axioma não se prova. Ele se manifesta como certeza absoluta. Mas exige que, a partir daí, se use o raciocínio para derivar quais são suas consequências lógicas. Em seguida, tais consequências devem ser colocadas em prática.
O cristianismo, sob esta perspectiva, é perfeitamente científico. Basta que se pratique a Palavra, e que dela se gerem os frutos do espírito."
Porém não entendo isto: "Fora isso ele vira intelectualismo paupérrimo".
Acho o contrário. Nós temos a base axiomática perfeita para daí pesquisar e explicar tudo o que existe. Temos toda a Revelação Geral e Especial para nos debruçar. Podemos explicar o homem, a história, a sociedade, a política, o direito, o cosmos etc... Tudo isso - mesmo partindo de um axioma - exige muito do intelecto!
Também acho que você está criando um conflito entre conceitos que de fato não existe:
Ser humilde X Ser intelectual
Vida prática X Crescimento intelectual.
Fé X Razão
A Bíblia, se bem lida, em momento algum cria um conflito entre estes conceitos, pelo contrário, mostra que cada um destes conceitos depende do outro para existir: Não tem como ser humilde sem antes conhecer a miséria na qual nos lançamos e a graça com a qual Deus nos tratou. Não há como praticar a Palavra sem antes conhecê-la e quanto mais profundamente você conhecê-la, mais você poderá praticá-la. É impossível crer em algo do qual não se tem nenhum conhecimento.
Devo, aqui, deixar duas coisas bem claras:
1 - A fé é obra do Espírito Santo : então, o fato de que eu possa demonstrar a alguém que não há outra alternativa coerente, lógica e prática além do cristianismo não vai fazer dele um cristão.
2 - Eu não estou do lado das pessoas que colocam a lógica como Deus ou visse-versa. Parece que há um movimento crescente de cristãos que pensam assim (influenciados, por exemplo, por Gordon Clark). Eu prefiro me calar em muitos momentos (e continuar estudando) do que ousar dizer algo sobre Deus que seja um erro.
Um abraço.
Prezado Geraldo,
ResponderExcluir"Porém não entendo isto: Fora isso ele vira intelectualismo paupérrimo".
Se estamos de acordo no tópico anterior, então não há intelectualismo. Há verdade e prática. Não sairemos por ai querendo ser os tais. Falaremos com mansidão, pois temos fundamentos sólidos. Mas precisamos submeter o intelecto à "razão espiritual", pois ele gosta de aparecer. O intelectual típico sabe até fazer "cara de inteligente".
"Também acho que você está criando um conflito entre conceitos que de fato não existe:"
Acho que propus uma solução exatamente para não criar o tal conflito. A solução é estudar, praticar, e falar só do que sabemos.
"A Bíblia, se bem lida, em momento algum cria um conflito entre estes conceitos"
Certo, mas ela precisa ser bem lida. Lutero tentou ensinar como lê-la. Veja o seu livro Da Liberdade do Cristão. Mas, em geral, ela é mal lida, quando se confunde livre exame com livre interpretação.
"Não tem como ser humilde sem antes conhecer a miséria na qual nos lançamos e a graça com a qual Deus nos tratou."
Concordo.
"Não há como praticar a Palavra sem antes conhecê-la e quanto mais profundamente você conhecê-la, mais você poderá praticá-la. É impossível crer em algo do qual não se tem nenhum conhecimento."
Certo, mas é preciso partir daquilo que se pode compreender bem. Se nos fixarmos naquilo que o próprio Calvino defendeu, mas que alertou que seria um pântano sem saída para os que querem deslindar os segredos de Deus, quanto mais se aprofunda, mais se afunda. Exemplo: - predestinação versus livre arbítrio. Neste caso, apesar da dificuldade, o assunto poderia ser bem compreendido via Aristóteles.
"Eu prefiro me calar em muitos momentos (e continuar estudando) do que ousar dizer algo sobre Deus que seja um erro."
Concordo.
CONCLUSÃO:
Você está sendo sensato!