A Visão Nacional Para a
Consciência Cristã (VINACC) lançou há alguns dias a carta/manifesto abaixo. Trata-se de um resumo das pregações que foram feitas no XV Encontro Para a Consciência Cristã, em Campina Grande-PB. Eu e Augustus estivemos lá no ano passado e no ano que vem (2014), Solano também estará, além de muitos outros (veja a lista).
O tema deste ano foi baseado em Romanos 12.1-2, texto que usei para a exposição no domingo, explorando a não conformidade com um culto falsificado e que não se expressa em vida de adoração a Deus. Os pregadores durante as 7 noites do evento foram Hernandes Dias Lopes, Geremias do Couto, Renato Garcia Vargens, Aurivan
Marinho, Mauro Meister, José Bernardo e Ricardo Bitun. O texto abaixo, fruto das observações de cada sermão, é uma exortação bíblica e relevante para a Igreja Evangélica no Brasil. Vale a leitura.
Mauro
Não vos conformeis
Carta da 15ª Consciência Cristã
A Igreja Brasileira, solidamente representada no XV
Encontro para a Consciência Cristã, realizado em Campina Grande de 6 a 12 de
fevereiro de 2013, incumbiu-se de avaliar a situação do movimento evangélico em
nossa nação, à luz da convocação que o apóstolo Paulo fez aos crentes em Roma,
para a prática da teologia que ensinou nos onze primeiros capítulos da carta
que lhes escreveu: "Portanto, irmãos, rogo pelas misericórdias de Deus
que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto
racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas
transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar
e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus."
Vivemos tempos de grande inquietude para aqueles que
decidiram conhecer, praticar e ensinar as Escrituras como a Palavra de Deus.
Por todo lado se ouve de heresias, mundanismo, desvio e promiscuidade com toda
sorte de ideias de homens: por fraqueza e ignorância, por conveniência e
prazer, por ganância e apostasia. Os lobos passeiam livremente pelo meio do
rebanho e dilaceram as ovelhas e o dano que fazem nos horroriza; não podemos
observá-lo passivamente. Exortamos e animamos a igreja a tomar-se de um
inconformismo santo que a impulsione à mudança. Nós chamamos a Noiva a encher-se de um descontentamento que a leve à
transformação no íntimo, cremos que somente assim experimentaremos as coisas
boas e desejáveis que Deus quer para nós.
Não vos conformeis com a amargura
A felicidade exaustivamente propagandeada nos
comerciais de televisão é fugidia. De fato, vivemos em um mundo cada vez mais
infeliz, amargurado, cheio de angústias, desespero e perplexidade. A
infelicidade serve apenas aos mercadores de sonhos e envolve as pessoas em uma
inútil e ansiosa corrida. Nesse cenário a depressão é uma pandemia que afeta a
Igreja tanto quanto o mundo e enfraquece a motivação para a transformação e
para o serviço. Sabemos que a alegria do Senhor é a nossa força, mas nossa
alegria é roubada todos os dias: a) pelas circunstâncias, quando não conhecemos
a grandeza de Deus; b) pelas pessoas, quando não exercemos o perdão; c) pelo
dinheiro, quando amamos as coisas materiais; d) pela preocupação quando nos
falta fé. Deixemos de lado essa tristeza mundana e abracemos a alegria no
Senhor nosso Deus.
Não vos conformeis com a soberba
A arrogância do ser humano chega a tal ponto que ele
se achou dono da verdade, cada um de sua própria e particular verdade. As
pessoas tornaram-se tão evidentes aos próprios olhos que não podem mais
enxergar o próximo e são incapazes de ver Deus. A Igreja tem sido afetada por
esse orgulho, por essa vaidade, e sofrido as mesmas consequências que em Babel:
Como Igreja, estamos separados, divididos, não nos entendemos e não servimos a
Deus, porque estamos cultuando mais a homens e aos desejos da carne, porque
estamos construindo para nossa própria glória, achando que podemos atingir o
céu por nossos próprios méritos. Deus, em sua graça insuperável, poderia nos
lembrar de que somos pó, mas temos fugido disso: a) quando rejeitamos o
sofrimento; b) quando desprezamos o autocontrole; c) quando valorizamos nossos
próprios desejos; d) quando ignoramos os planos de Deus para nós. Venha Igreja!
Gloriemo-nos em nossas fraquezas, pois quando estamos fracos é que somos
fortes.
Não vos conformeis com o pecado
Ló, separando-se de Abrão, escolhendo as campinas
verdejantes, tão aprazíveis que se pareciam com o Jardim do Senhor, ficando
cada vez mais perto de Sodoma e Gomorra e finalmente perdendo tudo, é um modelo
do que acontece com a Igreja e com os crentes hoje. A cobiça dos olhos tem
atraído, seduzido, gerado pecado e morte. A ganância pelas coisas materiais,
pelo sucesso a todo custo, a busca insana pela aceitação do mundo e pela fama
têm sido tão envolventes e ilusórias que os crentes se aproximam do pecado
achando que estão encontrando a bênção de Deus. O pecado se torna aceitável e
tão comum que às vezes parece obrigatório. Nesses dias chamamos a Igreja para
reagir, nós a conclamamos a: a) odiar o pecado como Deus o odeia; b) fugir do
pecado como Deus ordenou; c) buscar a santidade como Deus é santo; d) denunciar
o pecado falando o que Deus diz sobre ele. Confiados de que temos recebido na
graça os recursos para uma vida em santidade, chamamos os crentes a serem
amigos de Deus, porque os amigos do mundo são inimigos de Deus.
Não vos conformeis com a igreja
Quando as igrejas estão se conformando com o mundo,
não podemos nos conformar com elas. A Igreja sempre lutou contra heresias: Os
judaizantes e os gnósticos no primeiro século, os ataques à humanidade ou à
divindade de Cristo, a mercantilização da salvação na Idade Média, a negação da
Verdade na modernidade, a contaminação da verdade na pós-modernidade. A
diferença é que hoje a crise que a Igreja enfrenta é eclesial. As pessoas
percebem que as igrejas têm se desviado do plano de Deus e, com isso, as
abandonam e menosprezam. O inconformismo que a Palavra de Deus exige de nós
nada tem a ver com essa atitude de descompromisso. A Igreja é uma instituição
divina e se expressa institucionalmente. Somos chamados a enfrentar o
mundanismo e o pecado dentro dela, não pelo abandono, mas lutando para que seja
a Igreja que Cristo quer: a) igreja com a missão de Cristo; b) igreja com a
confissão de Cristo; c) igreja com a revelação de Cristo; d) igreja com a
autoridade de Cristo. Não nos conformemos! Há esperança para a Igreja do século
XXI, pois é Deus quem estabelece a revelação
que a mantém. Portanto, trabalhemos por uma igreja que cumpra o propósito dado
pelo Senhor segundo os recursos que Ele mesmo provê.
Não vos conformeis com o culto
O culto que oferecemos a Deus nesse mundo tem sido
marcado pela alienação e pelo simplismo. As pessoas nos conhecem mais por
nossas obrigações do que por nossas motivações, mais por nossos costumes do que
por nosso pensamento. Nossa adoração a Deus não tem produzido os resultados que
Deus espera de nós, em nossas vidas ou nas vidas daqueles que nos observam. Mas
Deus nos chama para um culto em que nos ofereçamos continuamente em santidade
ao Senhor, de modo que isso seja primeiro agradável a Ele e, assim, se torne
agradável a nós. Esse culto que devemos oferecer a Deus deve ser: a)
fundamentado em sólido conhecimento das Escrituras; b) caracterizado pelo dar de
nós mesmos; c) distinguido pela renovação de nossa mente; d) resultante na
experimentação da vontade de Deus. Não nos conformemos com um culto que não
seja aceitável a Deus. Seja o nosso culto um sinal da presença de Deus para
todos os homens, um testemunho incontestável da graça salvadora de Jesus.
Ofereçamos a Ele um culto que o agrade verdadeiramente e comecemos isso, como
Paulo, pelo ensino da sã doutrina.
Não vos conformeis com o silêncio
A Igreja foi chamada para comunicar o Evangelho e
ensinada por Cristo a fazê-lo na pregação, no ensino, no testemunho e na
representação. Como crentes em Cristo não podemos nos calar a qualquer pretexto
ou em qualquer situação. Devemos obedecer a Deus primeiro, não aos homens, e
responder a quem quer que questione a esperança que recebemos em Cristo. Mas a
Igreja tem se calado nas escolas e universidades, nos locais de trabalho e nos
lugares públicos, com os amigos e os vizinhos, às vezes com a própria família.
Os crentes têm emudecido por causa das leis, para não perder os amigos ou
clientes, para não perder o status ou o emprego, temendo multas e prisão. A
Igreja tem sido afrontada com mentiras e calúnias, ameaçada e desprezada, e não
tem sido capaz de responder, porque teme coisa que acha pior. Nesse cenário
somos chamados a: a) não ter medo como as pessoas do mundo; b) não ficarmos
alarmados diante da perseguição; c) termos Cristo como único Senhor, único dono
de nossa vida; d) nos prepararmos para responder a qualquer pessoa que
questione a esperança que temos em Cristo. Rompamos o silêncio e anunciemos o
Evangelho, respondamos a qualquer pessoa e em qualquer situação, a tempo e fora
de tempo!
Não vos conformeis com a morte
Muitos líderes têm deixado uma lacuna de integridade,
um vazio de direção, uma ausência de paz no meio da Igreja. Nosso povo, muitas
vezes, está perplexo, confuso, inseguro e isso causa temor e angústia acerca do
futuro da Igreja. Essa era a situação de Israel no início do livro de Isaías. O
inimigo estava às portas, o pecado consumia o povo e o rei morreu deixando um
trono vago. Nessa situação o profeta teve uma visão que a Igreja Brasileira
também precisa ter: a) uma visão da soberania de Deus; b) uma visão da
santidade de Deus; c) uma visão da miséria humana; d) uma visão dos meios para
a salvação. Depois dessa visão Isaías pode ser comissionado para o ministério
que denuncia o pecado e que anuncia a restauração. Diante dos problemas e
dificuldades que enfrentamos na Igreja nesses dias, não podemos nos conformar
com a mesmice, não podemos nos entregar à estagnação, não podemos nos conformar
com uma igreja morta. Deus reina soberano, Ele é santo, Ele ama a nós pecadores e proveu meios para nos salvar,
portanto, apresentemo-nos para a missão que Ele anuncia. A revelação dessas
coisas deve ser continuamente enfatizada aos crentes, até que, inconformados,
clamem contra o pecado e celebrem a alegria da salvação.
Aos trinta dias do encerramento do 15° Encontro para a
Consciência Cristã, em 12 de março de 2013, nós reafirmamos, juntos, que não
nos conformamos com a estagnação da presente era, antes buscamos mudança pela
renovação de nossa mente.
Muito bom mesmo. Reverendo Mauro Fernando Meister, esse texto precisa chegar a todos os crentes. Obrigado.
ResponderExcluirRoney Leao
Rev. Mauro, graça e paz!
ResponderExcluirA reflexão e manifesto são excelentes. A igreja brasileira precisa de mais reflexões amplas como esta, pois ela precisa de unidade, mas precisa também demarcar fronteiras.
Penso que precisamos de reflexões que ajudem a definir as fronteiras da verdadeira igreja, isso facilitará a obedecer o que as Escrituras nos falam acerca da unidade e nos ajudará também a proteger a igreja dos lobos.
Que o Senhor nos ajude neste tempo confuso carente de definições.
Pr. Cleyton Maciel