O DIA DE PENTECOSTES - em que pentecostais e reformados concordam e discordam.
Domingo 31 de maio é o dia de Pentecostes em 2020, de acordo com o calendário litúrgico cristão. Faço parte daqueles que não prestam muita atenção a esse calendário. Acho que em parte é uma reação, por vezes inconsciente, contra os abusos deste calendário praticados pela Igreja Católica.
Mas o fato é que esta data, dia de Pentecostes, está razoavelmente firmada na história. Pentecostes era a festa dos judeus celebrada 50 dias após a Páscoa. E foi durante uma celebração destas que o Espírito Santo de Deus veio sobre os apóstolos e os 120 discípulos em Jerusalém, cerca de 50 dias após a morte do Senhor, de acordo com Atos 2:1-4. Os cristãos se interessam pela data, portanto, por este motivo e não pela festa de Pentecostes em si.
A descida do Espírito naquele dia marcou o início da Igreja Cristã. Todavia, este que foi um evento da mesma magnitude que a morte e a ressurreição do Senhor Jesus, acabou se tornando motivo de polêmicas e controvérsias em meio à Cristandade, apesar de existir um bom número de pontos em comum entre os evangélicos sobre Pentecostes.
Em que pentecostais e reformados concordam?
Podemos, por exemplo, concordar que a vinda do Espírito representou o início da Igreja Cristã. Concordamos que ele veio para capacitar os discípulos com poder para poderem pregar o Evangelho ao mundo, que Ele habita na Igreja de Cristo, isto é, em todos que são realmente regenerados. Confessamos que Ele concede dons espirituais ao povo de Deus, que Ele nos ilumina, santifica, guia e consola em nossas tribulações. Concordamos que devemos buscar a plenitude do Espírito mediante a oração. Cremos que nossos pecados entristecem o Espírito. Sabemos que o Espírito nos sela para a salvação, que é o penhor, a garantia que Deus nos dá de que haveremos de herdar o Seu Reino.
Todavia, em que pese este consenso não pequeno, permanecem diferenças de entendimento sobre diversos aspectos da obra do Espírito e o significado histórico-teológico de Pentecostes. Vamos encontrar homens de Deus, sérios, dedicados e usados por Deus em lados diferentes. Ainda que brevemente, vou enumerar algumas destas diferenças e expressar a minha opinião.
Pontos de divergência
Quanto ao significado histórico de Pentecostes.
Para muitos, o que aconteceu em Pentecostes é um paradigma, um modelo e um padrão para hoje. Estes entendem que a descida do Espírito, o revestimento de poder e as línguas faladas pelos apóstolos estão hoje à disposição da Igreja exatamente como aconteceu naquele dia no cenáculo em Jerusalém. Os que assim acreditam se caracterizam pela busca constante desta experiência. Para eles, a Igreja ficou sem o Pentecostes por quase dois mil anos, e foi somente em 1906, no chamado avivamento da Rua Azusa 312, em Los Angeles, Estados Unidos, que Pentecostes retornou à Igreja, e tem se repetido constantemente entre os cristãos de todo o mundo.
Do outro lado há os que pensam diferente, como eu, por exemplo, mas que creem que podemos experimentar a plenitude e o poder do Espírito Santo hoje. Desejo isto e busco isto constantemente. Todavia, não creio que cada enchimento que eu ou outro irmão venhamos a ter é uma repetição de Pentecostes, mas sim uma apropriação pessoal daquele evento, que aconteceu de uma vez por todas e que não tem como se repetir. Pentecostes foi o cumprimento das promessas dos profetas do Antigo Testamento de que o Messias derramaria Seu Espírito sobre Seu povo. Foi assim que Pedro entendeu, ao dizer que a descida do Espírito era o cumprimento das palavras de Joel (Atos 2). Pentecostes é um evento da história da salvação e à semelhança da morte e da ressurreição de Cristo, ele não se repete. E da mesma forma que hoje continuamos a nos beneficiar da morte e da ressurreição do Senhor, continuamos a beber e a nos encher daquele Espírito que já veio de uma vez por todas ficar na Igreja. E eu creio que neste ponto podemos todos concordar.
Quanto à nomenclatura da plenitude do Espírito
Não há consenso, igualmente, em como designar o enchimento do Espírito. Alguns irmãos chamam a experiência de plenitude e revestimento de poder de "batismo com o Espírito". Outros, entre os quais me incluo, não estão certos de que esta designação é a mais correta. Ninguém discute que devemos buscar esta plenitude. Eu quero ser sempre cheio do Espírito. Mas não acho que devamos chamar o enchimento de "batismo". Meus motivos para isto estão num artigo que escrevi comparando a posição de John Stott e Martyn Lloyd-Jones. Fico com Lloyd-Jones que enfatiza a necessidade de buscarmos este enchimento como uma experiência distinta da conversão, mas fico com Stott em não chamá-la de batismo (veja o link para o artigo ao final desse post). Apesar da diferença de nomenclatura, acredito que estamos juntos neste ponto, que todos precisamos nos encher constantemente do Espírito de Deus.
Quanto aos sinais miraculosos que aconteceram em Pentecostes
Há diferença também quanto aos sinais miraculosos que acompanharam a descida do Espírito no dia de Pentecostes, conforme Atos 2. Alguns acreditam que falar em línguas é o sinal externo da descida do Espírito sobre uma pessoa. Assim, buscam esta experiência constantemente e encorajam os novos convertidos a fazer o mesmo. Eu, contudo, não encontro na Bíblia evidência suficiente que me convença que a plenitude do Espírito sempre será seguida pelo falar em línguas e que devemos buscar falar em línguas como um dos melhores dons. Em Pentecostes houve outros sinais além das línguas, como o som de um vento impetuoso e a aparição de línguas de fogo, sinais estes que aparentemente não são repetidos nas experiências de hoje (salvo desinformação de minha parte).
A minha dificuldade e de muitos outros é que não conseguimos ver nas cartas do Novo Testamento qualquer orientação, ordem ou direção para que aqueles que já são crentes busquem o batismo com o Espírito seguido pelas línguas. O que eu encontro são ordens para nos enchermos do Espírito, andarmos no Espírito, vivermos no Espírito e cultivarmos uma vida no Espírito. Bem, este ponto é mais controverso e acirra mais os ânimos do que os anteriores. Ainda assim existe o consenso entre nós de que sem os dons do Espírito a Igreja não tem como realizar sua missão aqui neste mundo.
Lamento tão somente que, apesar de termos tanta coisa em comum quanto ao Espírito, acabemos divididos por uma atitude de arrogância espiritual por parte daqueles que acham que somente eles conhecem o Espírito, e pela atitude de soberba daqueles que se consideram teologicamente superiores aos ignorantes que vivem à base de experiências.
Minha oração é que todos os que verdadeiramente creem no Senhor Jesus e o amam de todo o coração, apesar das diferenças, glorifiquem ao Pai e ao Filho por terem enviado o Espírito Santo para santificar, capacitar e usar a Sua Igreja neste mundo.
*Link para o artigo sobre a controvérsia sobre o batismo com o Espírito Santo:
Eu creio que certos dons espirituais, como o falar em línguas, possa ainda ocorrer em circunstâncias como o de plantação de igrejas em regiões remotas, cujo idioma é pouco conhecido, por exemplo. Isso procede, pastor?
ResponderExcluirOlá pastor Augustus Nicodemos!
ResponderExcluirEu encontrei vários assuntos na Internet que dizem que igrejas presbiterianas estão aceitando pastores homossexuais como o seguinte assunto que foi postado pelo pastor Augustus Nicodemos: http://tempora-mores.blogspot.com/2011/05/por-que-igrejas-presbiterianas-pelo.html?m=1
Por favor, responda as seguintes perguntas:
A maioria das igrejas que tem o título de presbiterianas dizem que homossexualismo é pecado?
Quais são as igrejas que tem o título de presbiterianas que dizem que homossexualismo não é pecado?
Eu faço essas perguntas porque eu não quero congregar em igreja que tem título de presbiteriana que diz que homossexualismo não é pecado.
O senhor acha que é boa idéia escrever um assunto que mostra a lista das igrejas históricas que dizem que homossexualismo é pecado e a lista das igrejas históricas que dizem que homossexualismo não é pecado?
Oi Jorge Luis,
ResponderExcluirNos Estados Unidos, as seguintes igrejas presbiterianas aceitam a prática homossexual como não pecaminosa: PCUSA
Essas outras consideram como pecaminosa: EPC, OPC, PCA
No Brasil creio que somente a IPU (Igreja Presbiteriana Unida) tenha essa posição. AS demais, como IPB, IPF, IPR, IPI, etc. consideram como pecaminosa.
Pentecostes, eu compreendo que neste dia o espirito santo usou os discípulos para que cada um falassem no idioma que cada pessoa que estavam ali pudessem compreender o que eles diziam em sua própria língua de origem, entendo que falar em línguas nesta passagem seja como falar no idioma de cada pessoa que estavam ali nesta "festa" de pentecostes onde se reuniam pessoas de vários países etc, essa é minha compreensão.
ResponderExcluirPaz e graça reverendo queria muito que vc pudesse posicionar sobre a igreja congregação cristã do Brasil pois lá é caracterizado pelos dons espirituais e eles afirmam ser a única igreja a graça maravilhosa do filho de Deus segundo assim eles afirmam
ResponderExcluirVc conhecê essa igreja gostaria muito de saber a sua posição sobre essa igreja agradeço des já paz e graça reverendo
vdd
ResponderExcluirOpinião minha..nao precisa a igreja dizer o que e pecado. E só estudar a bíblia toda qualquer resposta está ali..a igreja as vezes interpreta como lhe convém, mas a verdade está na palavra. Deus criou homem e mulher para que se reprodusissem
ResponderExcluirexato... simples assim, as vezes, existem pessoas que querem a fim da força, que se ache nas igrejas, "justificativas " para que andem envolvidas com o pecado, ao invés de mergulharem nas escrituras, buscam congregações que dizem o que é pecado ou não...
Excluirexato... simples assim, as vezes, existem pessoas que querem a fim da força, que se ache nas igrejas, "justificativas " para que andem envolvidas com o pecado, ao invés de mergulharem nas escrituras, buscam congregações que dizem o que é pecado ou não... quando na verdade, basta pedir entendimento ao Senhor, mergulhar na Palavra e guardar seus ensinamentos...
ExcluirDifícil esta questão das línguas... na igreja cristã Maranata muitos falam em línguas e interpretam... aprendi que são línguas dos anjos... nestas línguas estranhas eles falam com a igreja é edifica tanto coletivo como também nas orações individuais onde em línguas Deus fala aos homens... será que está tudo errado?? Será tudo mentira??
ResponderExcluirPreciso desta resposta.
Como leigo e ex participante do movimento pentecostal ( na época conhecido com a nomenclatura "igrejas renovadas" ), me posiciono da seguinte forma: O assunto é delicado! Isso é fato.Porque envolve também a questão das emoções. O que interessa nesse contexto, é o que sentimos. Ou seja a experiência pessoal predomina. Minha experiência pessoal, meus sentimentos regem a Bíblia. Esse é um ponto, e acredito que seja muito forte. Outra questão relevante se dá no campo da interpretação ou exegese do texto de Atos 2. Para muitos, tanto pentecostais como reformados,acreditam que a Igreja começou nesse período. Daí a contemporaneidade dos dons. Para os que acreditam como eu que a igreja começou com o ministério do apóstolo Paulo, ( me refiro a Igreja Corpo de Cristo ), o assunto está encerrado nas epístolas de Romanos e 1 coríntios. Depois disso não vemos menção de batismo com poder gerando dons espirituais em Paulo. Mas ações e ensinamentos já mencionados pelo pastor Augustus Nicodemus, como: enchei-vos etc. Portanto, para mim esse assunto está encerrado. Mas não fecho a porta para a soberania de Deus. Ele pode tratar com sua igreja na perspectiva dos dons, como alguns pensam.. mas com certeza será temporal. O problema no meu entendimento é que os pentecostal eternizaram a experiência. E mais difícil ainda pra mim entender pentecostais reformados. Bem, como disse vale aqui um posicionamento de um leigo. Que Deus continue iluminando a cabeça dos nossos queridos irmãos em Cristo, no campo dos ensinos de sua Palavra. Amém!
ResponderExcluirBoa noite pastor Augustos a paz do Senhor Jesus, eu acredito na segunda vinda de Jesus pós tribulacionista, porém a um texto na bíblia que me intriga:
ResponderExcluirLucas 21:36 Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem.
Nesta passagem Jesus no fim do sermão escatológico profere estás palavras se referindo aos acontecimentos de todo sermão, inclusive a grande tribulação, e Ele diz que podemos evitar essas coisas, ou seja a grande tribulação, seria um arrebatamento pré tribulacionista? Gostaria que por favor o senhor pudesse me explicar essa passagem.
Tem algum email publico que possa enviar uma mensagem para o senhor no privado? caso não tenha, vou deixar a minha pergunta aqui...Conheço um amigo pastor que esta fazendo um trabalho de pesquisa sobre a "maçonaria" no período da reforma (existiu um movimento de pedreiros da idade media com esse nome) e gostaria de indicações de nomes de livros, sites, videos, etc, enfim o que tiver em mãos para desenvolver esse trabalho. O senhor já ouviu alguma vez a menção desse assunto em algum livro e puder indicar, o mesmo esta comprando tudo que pode sobre o tema. Já ouviu alguma vez na historia da igreja ou secular esse assunto? Obrigado pela atenção...
ResponderExcluirCaro Prof. Isaque, infelizmente não tenho como atender, pois essa não é a minha área de pesquisa, embora no passado eu tenha estudado o tema para uma palestra sobre o assunto. Abs
ResponderExcluirBoa tarde Rev,Augustus Nicodemus;
ResponderExcluirConheci o evangelho na igreja batista, e fui para igreja da minha esposa que era presbiteriana,o que foi uma das melhores escolas para mim.Durante esse tempo tive uma experiencia de batismo com o Espirito Santo em uma igreja neopentecostal.O que foi um divisor de aguas na minha vida,recebi dons sim,mas o mais importante foi ler a biblia por um outro prisma o do Espirito,e aprender e entender melhor o evangelho!Acho que o senhor tem uma visão equilibrada de zelo pela palavra e dons,o que é muito bom. Não estou mais na presbiteriana,mas seus ensinos são preciosos,acho que o senhor segue a linha de Martin Lloyd Jones,um autor maravilhoso! Gloria a Deus por sua vida Reverendo!Pretendo fazer um curso ministrado por voces!!
Olá pastor Augustus Nicodemos!
ResponderExcluirA Igreja da Escócia aprova casamento gay e remove as palavras “marido" e "esposa" segundo o seguinte link: https://guiame.com.br/gospel/noticias/igreja-da-escocia-aprova-casamento-gay-e-remove-palavras-marido-e-esposa.html
Está também escrito no último parágrafo do link que eu citei acima que de acordo com o The Guardian, a Igreja do País Gales indicou que pode seguir o mesmo caminho nos próximos anos e que os Metodistas, Quakers e a Igreja Reformada Unida já realizam cerimônias de casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Pastor Augustus Nicodemos,
A Igreja Batista e a Igreja Congregacional que existem na América do Norte e na Europa aceitaram a teologia liberal e também realizam casamento de pessoas do mesmo sexo?