Páginas

domingo, agosto 28, 2011

Sutilezas da teologia


Túmulo vazio - jardim da tumba, Jerusalém
Prezado leitor,

Alguém me mandou o texto Adão e Eva somos nós. Título que chama a atenção e conecta imediatamente quem conhece a história bíblica com a realidade, afinal, como descendentes de Adão e Eva carregamos todos os dias as marcas do seu pecado em nossa natureza e herdamos a 'originalidade do pecado' (a doutrina do pecado original afirma a verdade bíblica da universalidade do pecado - Rm 5:12-14).   Entretanto, fiquei  incomodado com algumas afirmações feitas no texto. Ainda que eu seja como Adam, formado como ele e caído como ele, culpado como ele e sujeito aos mesmos erros e condenação, não sou Adão. Ele foi um personagem na história da humanidade, o primeiro ser humano criado por Deus,  assim como Jesus, a segunda pessoa da Trindade, encarnou-se e veio ao mundo num lugar, dia e hora específicos. Não é uma questão de ótica e ideia a respeito da humanidade, mas o relato da história da criação e queda, por mais embaraçoso que possa ser para qualquer um.  Diante disso, pensei se algo semelhante não poderia ser escrito a respeito de Cristo e dos Evangelhos. Veja como fica:

Você pode interpretar a história de Jesus como uma descrição de como as coisas aconteceram. Mas pode também interpretar como descrição de como as coisas acontecem. Pode ser uma história que conta como as coisas foram, ou como as coisas são. Pessoalmente, opto pela segunda alternativa. Não me interesso tanto em saber se as coisas foram daquele jeito ou não, não estou preocupado com a literalidade da narrativa, que aliás, me traz mais embaraços que esclarecimentos: houve mesmo um menino nascido de uma virgem e concebido pelo Espírito Santo? e aquela história da estrela e dos sábios do oriente?  e aqueles milagres e expulsões de demônios? alguns pães e peixes para alimentar 5000 pessoas? o que será que fizeram do que sobrou? andar sobre as águas? túmulo vazio e ressurreição dentre os mortos? anjos anunciando a ressurreição e depois Jesus atravessando paredes e comendo junto do mar? será que a comida não atravessou direto? 

A história de Jesus, sua morte e ressurreição, visa a comunicar a ótica cristã da necessidade humana de se relacionar com Deus por meio do sacrifício pessoal e do dar-se aos pobres e necessitados. O autor bíblico não está preocupado em descrever o processo mecânico de um sacrifício para cumprir a justiça do Deus daquela cultura antiga. Seu texto não tem a pretensão das religiões pagãs, que tratam de um Deus que foi ofendido pelo pecado de Adão e Eva, mas de uma religião do amor, que têm por objeto a complexidade do humano e suas relações.
Jesus Cristo somos nós quando nos entregamos ao próximo, sem tentar definir o bem e o mal, o certo e o errado, sem ambição e auto-suficiência, buscando o bem dos outros e suas necessidades. Somo Jesus Cristo quando não optamos pela competição em detrimento da cooperação, deixamos a violência e damos lugar ao diálogo...

Pois é leitor, afirmações sutis podem parecer belas, mas destroem a fonte de autoridade bíblica na revelação registrada e a doutrina reformada do Tota Scriptura. Não estou afirmando que o autor do texto citado no início vá concordar com a paródia acima. Mas estou apontando o fato de que desprestigiar a autoridade do texto bíblico pode nos colocar em posição estranha com relação à Escritura. Esta tem sido a proposta, tanto do antigo liberalismo como da mais piedosa e moderna neo-ortodoxia.
 
Pois eu, entre as duas leituras, fico com a primeira, fico com a narrativa das Escrituras, suas consequências e seu embaraço!

43 comentários:

  1. Mauro,

    Quem fica constrangido com o relato da criação do homem do pó da terra também fica com o relato de um homem andar sobre águas, nascer de uma virgem, tirar moeda da boca de peixe, multiplicar pães, mudar água em vinho e voltar dos mortos. A raiz é a mesma.

    Abraços.
    Augustus

    ResponderExcluir
  2. A veracidade do Antigo Testamento e a comprovação de que somos de uma casta adâmica sempre nos leva à consciência de quem realmente somos. O pecado ofenda a Deus. Adão ofendeu a Deus. Eu ofendo quando peco. Mas em tudo, me projeto nesta visão do Cristo que não só fez, mas se deu. Este doar da VIDA, provocou a VIDA. E a vida, ávida de vida, produz em nós um desejo imenso de não pecarmos. Mas conscientes de um limite que se projeta na glória.
    Nos gloriamos na cruz. Nos constrangemos com o Amor. Mas jamais deixando nosso eu projetar-se acima do que realmente somos... pó...

    ResponderExcluir
  3. Não podemos jamais apagar os traços da história. E esta regida pelo Senhor. A história narra tanto uma quanto outra parte, fazendo de ambas a realidade do ser humano. O que somos, o que fizemos. No entanto, temos nossa glorificação em Cristo, que foi capaz de não julgar com usurpação o ser Deus. E assim, com esta capacidade de amar, entregou-se para mostrar que a natureza humana, ainda que adâmica, seria resgatada com sangue. Sangue... suficiente. Portanto, assim como o apóstolo aponta para para o primeiro Adão como quem deu entrada na ofensa a Deus, também aponta para o nosso Senhor, como o Cordeiro que tira o pecado dos seus... A cristo a glória. A Deus a glória devida a seu nome.

    ResponderExcluir
  4. Fico com a literalidade da Bíblia, mas confesso que como defensor da liberdade de pensamento e expressão; característica maior dos países democráticos, confesso que me deliciei um bocado com a analogia proposta pelo autor no texto em análise, e sobretudo, apreciei o posicionamento de nossa liderança intelectual em discernir os pontos falhos do texto.

    ResponderExcluir
  5. Eu também fico com a primeira. Não confio no meu coração, nem em minha mente mui limitada para intrepretar a Bíblia ao meu jeito. Fico com o que realmente esta escrito.
    Se formos pegar tudo e fazer analogias sem parar, a Bíblia seria apenas um livro de fábulas, metafóras e outras figuras de linguagem esperando apenas para serem interpretadas. Que pena que alguns cristãos pensem assim, fico triste com essa hermenêutica humanista que puxa tudo para o próprio homem.
    Eu gostei de uma pregação de um pregador americano, eu acho, falando sobre a forma como expomos o evangelho no evangelismo. Expomos amor, paz, fraternidade e tudo de bom. Mas não é toda a história. O autor diz, e eu concordo com ele, que a pessoa não pode se arrepender de seu erro se ele não acha que esta errado. Temos, então, que conscientizar as pessoas do pecado delas pra depois conscientizar do perdão, do amor, se não estes se tornam sem sentido, como sendo os únicos atributos de Deus.
    Espero que pessoas que tem esse pensamento possam tranformar-se pela renovação da mente. Vejo muito humanismo nestas interpretações, até acho "engraçado", interpretar a palavra de Deus com olhos humanistas.
    Muito obrigado pelo texto.
    Em cristo,
    Marcus Vinícius

    ResponderExcluir
  6. Rev. Mauro,

    Muito importante este seu texto.
    Creio que o autor de "Adão e Eva somos nós" esqueceu, nesta sua "nova" compreensão hermenêutica (bem típica da atual espiritualidade pós-moderna que leva as pessoas a ficarem "em cima do muro" em assuntos como esse), que nossa limitada e finita mente não pode compreender, in totum, os desígnios e afirmações do nosso infinito e insodável Deus. Que por assim ser, tudo o é, tudo entendemos e vivemos "pela fé em Cristo Jesus". A fé, mormente, é a resposta para o "embaraço" apontado.
    Da mesma forma, vejo, nas camadas latentes do texto, que o autor não entende que no tempo, modo e lugar em que o texto de Gênesis foi escrito, a autoridade e credibilidade do discurso poético e retórico era infinitamente mais categórica, real e verdadeira que a autoridade/credibilidade que damos hoje aos textos de discurso analítico e descritivo. O texto, no contexto, muito mais que hoje, só era compreendido a partir de uma abertura sincera e relacional com o mesmo, daí o discurso poético e retórico; sem isso, não haveria possibilidade de comunicação e entendimento. Neste sentido, talvez o autor ignore que na tão proclamada filosofia grega, na sua gênese, com os chamados pré-socráticos - por ser típico da época e contexto histórico - os textos sobre fatos reais foram escritos em discurso poético, tal como o Gênesis. A prosa veio logo depois. Sendo os dois tipos de discursos/textos - poético e prosa - correspondentes à natureza e realidade das coisas. Esta análise a fazem todos os estudiosos da chamada "cultura clássica", ou seja, não sou (apenas) eu que estou a afirmar isso.
    Penso que o autor deveria ler um pouco de Northrop Frye e do filósofo Olavo de Carvalho, no que diz respeito à análise desses 4 tipos de discursos e sua correspondência com a Verdade e a Realidade. Se não quiser ir além, é só orar e pedir fé ao Senhor Jesus que Ele derramará em abundância!
    Eu não sou Adão, ainda que sofra os efeitos do VEREDITO que sim foi dado a ele e a nós (Rm 3:23, 5:12). Mas, EM CRISTO, há possibilidade de RESCISÃO de tal VEREDITO e a IMPUTAÇÃO de uma nova Justiça e Sentença: Absolvido, Salvo!

    Por fim, eu creio no que Tota Scriputura disse, de “tapa a tapa”, inclusive no homem de barro! Esse sim, somos nós!

    Glória a Deus por isso.

    Em Cristo,

    Uziel

    ResponderExcluir
  7. "Pois é leitor, afirmações sutis podem parecer belas, mas destroem a fonte de autoridade bíblica na revelação registrada e a doutrina reformada do Tota Scriptura. Não estou afirmando que o autor do texto citado no início vá concordar com a paródia acima. Mas estou apontando o fato de que desprestigiar a autoridade do texto bíblico pode nos colocar em posição estranha com relação à Escritura. Esta tem sido a proposta, tanto do antigo liberalismo como da mais piedosa e moderna neo-ortodoxia" -

    Aos editores do Tempora, quero afirmar, com toda minha convicção, e não delírio, que precisamos estar atentos aos escritos, pois estes tomam forma, como se verbos encarnados fossem, criam pernas, criam problemas... e assim, como vocês sabem, nascem as heresias. A sua resposta foi pertinente.

    Porém ao usar a expressão "paródia" podemos incorrer na mesma qualidade de texto. Precisamos mais do que escritas irônicas, mas precisamos do que tenho lido em muitos blogs... defensores da Verdade, como a expressão "defesa da fé", que é uma revista que trouxe, por bom tempo, temas que precisavam de mentes pensantes, mentes que trouxessem luz sobre o texto que Deus soprou aos homens para terem um prumo na estrada de suas vidas.

    Faço votos que o blog de vocês continue primando pela expressão real do que somos e devemos ser para servir ao Senhor. Não creio que Deus colocou cada um de vocês neste alto lugar apenas para um momento "kivitz de sucesso", mas para um sério comprometimento com a sociedade que está em queda livre e que precisa de vozes relevantes para mudar seu status.
    Que Deus os abençoe. E que Deus os livre do mal.

    ResponderExcluir
  8. Rev.
    "Só sei que nada sei ...", mas literalmente, Adão era Adão, Jesus é Jesus, e eu sou Tânia.
    Abs.

    ResponderExcluir
  9. o fato de nós sentirmos incomodados com opinioes como essa não é o suficiente,é nessessario que justificamos com mais profundidade o por que essa maneira de interpretar o texto biblico ou espiritualizar os personagens biblicos dando a eles existencia simbolicas nao é o que tencionava os autores das escrituras...acho que nossa clara posiçao apontando o subterraneo de onde parte esse tipo de eisegese é que vai ajudar a muitos de nossos queridos irmão da fé a se sentir mais seguros quando se depararem cam esse tipo de texto.pelo menos o que eu percebi do renomado mauro meister (que o adimiro muito) é que neste seu comentario pareceu-me que cada um tire sua propria conclusoes em que texto acreditar , carecendo como ja disse de refutaçao mais profunda e que sei que o reverendo mauro saberá fazer.

    com amor

    sandro barcelos

    ResponderExcluir
  10. Sr. Meister, por favor, me diga: em que momento o texto ao qual o senhor se refere desprestigia a autoridade do texto bíblico e nos coloca em uma relação estranha com as Escrituras? E qual a base para se chegar à conclusão de que seu autor não fica com a narrativa das Escrituras? Ele apenas não lê o relato literalmente, só isso.

    ResponderExcluir
  11. Lembrou Bultmann esse artigo do Kivitz. Ele não prega a tal da desmitologização, mas afirma que não é importante saber se os milagres eram verdade ou não. A raiz apontada por Augustus, acredito, é o desejo de tornar a fé cristã algo aceitável para a intelectualidade contemporânea (ciência inclusive). Mas, sem os milagres, a fé cristã fica desprovida de identidade. Ou ficamos com todos os milagres (homem feito do pó, multiplicação de peixes, RESSURREIÇÃO) ou ficamos com o mundo e as coisas que o mundo valoriza. Não há meio termo. A Bíblia "simbolizada" se torna um livro sem unidade e sem credibilidade. Além disso, quem se constrange com essas coisas é racionalista, e o racionalismo é mais uma doença do pensamento.

    Post pertinente, Mauro!

    Abraços!

    ResponderExcluir
  12. É dessa mesma maneira sútil, bem típica de emergentes liberais como Rob Bell que Kivitz também defende o teísmo aberto, como nessa citação dele:
    " O sol não precisa tomar decisões: ele simplesmente está lá. Assim também em relação a Deus."
    Parabéns pela postagem Rev. Mauro Meister, Deus o abençoe.

    ResponderExcluir
  13. Não sou teóloga, sou uma ovelha e que o Senhor me ajude a pisar sempre na terra firme das literalidade escrituras. Filosofar menos e crer mais!!

    ResponderExcluir
  14. A resposta é simples:

    Como JESUS interpretava Adão e Eva?

    Resposta: Como seres reais e históricos:

    Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez,
    E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?
    Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.


    Tudo isso relatado por Jesus se encontra em Genesis e, segundo Ele, existiram de verdade.

    Abraço

    ResponderExcluir
  15. Acho que cada texto tem que ser lido no seu contexto e estilo literário apropriado... Uma coisa é a narrativa do evangelho em que Jesus transforma agua em vinho numa festa numa época e lugar determinado, outra coisa é dizer que Deus soprou no nariz do homem como se Deus tivesse pulmão. Serpentes podem de fato falar se Deus quiser mas também é diferente comparar o jumento do balaão, tambem com tempo e lugar determinado, com a serpente do paraíso. De modo que, não descrendo de milagres, é meio desonesta essa paródia feita no artigo.

    ResponderExcluir
  16. É muito diferente a linguagem dos evangelhos e a da criação. Uma coisa é dizer que Jesus transformou agua em vinho numa festa num local determinado e em uma época determinada, com testemunhas que estavam no local. Outra coisa é narrar a história da criação, na qual o escritor não teve contato com nenhuma testemunha ocular, e dizer que Deus soprou no nariz do homem como se Ele tivesse pulmão e boca... Sem desacreditar de milagres e sem desmerecer as escrituras, comparar uma coisa com outra e parodiar como faz esse texto é algo que me parece sem propósito e intelectualmente desonesto

    ResponderExcluir
  17. Ivan e Norma de certo modo dão a resposta a Leandro, com certo conhecimento do que tem sido a sutileza de fábulas de velhas caducas em nosso meio cristão. Com todo respeito ao escritor do texto, creio que haja profunda infelicidade das expressões... quem tem olhado numa perspectiva da sutileza quase judaizante, com situações de um site que beira um judaísmo ou quem sabe uma tentativa de se inserir num talmidismo bonitinho com capas esquisitas... bem... ali podemos ver o que é a intenção do texto.

    ResponderExcluir
  18. Como dizia um velho pastor que já descansa em Jesus Cristo: "se a Bíblia me dissesse que foi Jonas quem engoliu a baleia era nisso que eu iria acreditar"

    ResponderExcluir
  19. Caro Sr. Leandro,

    Fui perguntado: "Sr. Meister, por favor, me diga: em que momento o texto ao qual o senhor se refere desprestigia a autoridade do texto bíblico e nos coloca em uma relação estranha com as Escrituras? E qual a base para se chegar à conclusão de que seu autor não fica com a narrativa das Escrituras? Ele apenas não lê o relato literalmente, só isso."

    Respondo: a autoridade do texto da Escritura é colocada em cheque quando os personagens, Adão e Eva, são propostos como um protótipo e não como seres históricos. A comparação de Paulo em Rm 5, entro o primeiro Adão e o últimos Adão, um como a porta de entrada do pecado no mundo e o outro como o caminho da redenção acabam ficando no apenas no campo das ideias e especulação. Se o primeiro Adão não existiu, o último apenas lidou com uma ótica a respeito a respeito do ser humano e não com o seu real pecado. Se Adão e Eva somos nós (diga-se de passagem, Eva só recebeu este nome no final do capítulo 3 de Gênesis), as palavras de Paulo a respeito da obra de Cristo também não podem corresponder a uma realidade: Romanos 5:12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram... Romanos 5:14 Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir."

    Se Adão prefigurava a Cristo (aquele que havia de vir) e o primeiro é só uma ilustração, quem garante que o segundo também não é?

    Romanos 5:15 Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.

    Logo, dentro desta hermenêutica, posso ler qualquer texto escolhendo sua literalidade ou não, historicidade ou não. Com isto não estou dizendo que todo texto deve ser interpretado literalmente e que toda narrativa deve ser lida como histórica, mas se uma narrativa se propõe como histórica e os outros autores da Escritura a leem desta forma, tenho que buscar coerência hermenêutica, ainda que isto traga 'embaraços' ao leitor...

    ResponderExcluir
  20. Caro Carlos e Sandro,

    Fico intrigado com vossas questões. Estamos aqui em um ambiente virtual, tratando de assuntos sérios e até de 'vida ou morte', redenção ou não redenção.

    Mas venhamos e convenhamos, é um blog, com textos curtos para a exposição de ideias. A contestação do texto é fruto de reflexão, anos de estudos e conclusões teológicas, assim como as do próprio autor contestado, não tenho dúvida. Eu e os demais autores aqui, não temos necessidade de um momento de sucesso e nem a obrigação escrever postagens como um tratado teológico. Simplesmente tratamos dos assuntos que cremos são relevantes e necessários. Neste caso específico, digo, para bom entendedor, meia palavra basta.

    Além do que, contamos com leitores que interagem, a favor ou contra, e que também expressam pontos de vista que nos ajudam a caminhar na compreensão dos textos.

    Agradeço as interações e convido-os a escrever a respeito do tema e estudá-lo mais amplamente, mesmo que usando de alguma pitada de ironia.

    abs

    ResponderExcluir
  21. É engraçado constatar que esse "embaraço do leitor" a que Kivitz alude (como se fosse uma espécie de obrigatória sensação universal) estava totalmente ausente das apreciações não só dos discípulos de Cristo quando tratam do AT, mas das palavras do próprio Cristo. É triste verificar que, em vez de desconfiar de si mesmo e de seu embaraço, esse leitor constrangido projeta seus sentimentos sobre a Bíblia e deixa que se sobreponham a ela, sem preocupar-se quanto a ferir sua integridade. Isso lembra Chesterton quando diz que o homem moderno desconfia de tudo, menos de si mesmo. Subjetivismo e racionalismo andam mesmo de mãos dadas.

    ResponderExcluir
  22. Muito interessante esse post.
    Eu tive a infelicidade de ver esse tipo de distorção no domingo, quando fui presenciar uma palestra do Jung Mo Sung, que simplesmente usa passagens bíblicas fora do contexto pra poder embasar seus "questionamentos" e após criar a dúvida, poder lançar suas idéias, que mesmo que de forma sutil e sorrateira, e causando um frissom pela "intelectualidade" do palestrante.
    O mais triste é ver os jovens coreanos sem nenhum discernimento, que acabem aplaudindo heresias e ironias que tratam Deus como um ser imperfeito, cheio de contradições e Jesus como um ser humano de "boa índole" tal qual Gandhi e Masdre Teresa.
    Lamentável...

    ResponderExcluir
  23. BOM NAO TENHO A MINIMA INTEÇAO DE IRONIZAR, MAIS FICO FELIZ E SATISFEITO COM SUA SABIA RESPOTA, E PACIENCIA EM SUPORTAR CERTOS COMENTARIOS, AGRADEÇO E PROMETO NA MEDIDA DO QUE ALCANÇO, CONTRIBUIR SIM COM ESSE BLOG QUE REALMENTE ME EDIFICO LENDO E FORTALECENDO MINHA CRENÇA NA SAGRADAS ESCRITURAS

    QUE DEUS O ABENÇOE

    SANDRO BARCELOS

    ResponderExcluir
  24. Pois é... como disse alguém aqui... se Jonas engolisse o peixão... ainda assim acreditaria desta forma. POis o que um pensador bíblico deve ter antes de viajar em delírios, é saber que a inspiração é de Deus e que Ele, executor e finalizador de tudo, estava lá, presente, mostrando, e depois levando à mente de homens o que de fato seria chamada de Sagrada Escritura. Se eu depender de personagens presentes nos fatos para me animar à fé, certamente, 2011 anos depois, teimaria em não acreditar na Cruz do Calvário e na eficácia do sangue de um homem que poder limpar-me da culpa. Crer nisso é tão mito quanto crer no sopro nas narinas de um pouco de pó chamado Adão. Ou creio na inspiração plena da Palavra ou não creio em meia inspiração. Tolice pensar num Deus que se põe e prende em cadeias mentais humanas. Ler Paulo aos Romanos, quanto de seu capítulo 11, versos finais 33 a 36... e ali vemos uma coisa... quem pode ser seu conselheiro... isso vem depois de um tópico que diz que pode o vaso dizer ao oleiro faça-me assim... O homem, para quem ainda tem dificuldades, é limitado. A Bíblia, para quem teima em não aceitar... é a PALAVRA DE DEUS. Pronto.

    ResponderExcluir
  25. Bem. Depois de analisar alguns comentários de Kivitz, e depois de ler sobre sua tendência teológica, não resta mais nada a dizer... apenas que há tempo pra ele mudar de opinião, pois as teologias abertas e relacionais são veneno puro aos santos que desejam a sã doutrina. Depois deste post não mais comento. Tá muito claro o que ele pensa. Lamento. Mas seria o mesmo que lamentar Pelagio.

    ResponderExcluir
  26. A primeira coisa que chama a atenção nesse papo de "mitos bíblicos" é que nenhum dos que defendem essa idéia podem estabelecer até que ponto do relato bíblico vai o "mito" e quando começa a história. Se Adão e Eva são um mito, provavelmente os ante-diluvianos também. E porque crer literalmente na história de Noé? Então, provavelmente, os patriarcas anteriores a Abraão também sejam mitos. A própria história de Abraão, que ouvia o Eterno falar com ele, e essa conversa sobre fogo caindo sobre Sodoma e Gomorra, porque considerar isso tudo literal? Porque considerar a história do Exodo como literal, se ela é tão cheia de significado simbólico (e milagres)? Já que chegamos até aqui, consideremos também as histórias dos profetas como simbolos piedosos. Etc, etc, e chegaremos até Jesus e até aos apóstolos.


    Quem propõe que algo da narrativa bíblica seja simbólico, diga extamente onde termina o símbolo e onde começa a história. Mas diga isso com forte embasamento, mostranto que é o texto que induz essa leitura e não seu próprio embaraço. Agora, se o fulano diz "acho que isso é simbólico porque me deixa embaraçado", então tenha a santa paciência!!! Isso lá é critério??? Tem algumas coisas na minha vida que me deixam embaraçado. Provavelmente são apenas símbolos criados pela minha mente, não lembraças verdadeiras...

    ResponderExcluir
  27. Rev. Mauro Meister, também é engraçado ver que algumas pessoas preferem suspeitar e duvidar dos pressupostos dos crentes na Palavra, imaginando que não estamos vendo ou entendendo os pressupostos deles. Parecem mesmos discípulos de Bultmann ou sei lá quem mais. Como dizia C.S.Lewis, querem que eu acredite em quem? Nos autores que escreveram, ou nos intérpretes que pensam desconstruir tudo, e afirmarem sua "liberdade", escrava de uma ótica ignorante, que não quer ver?
    Roney Leão

    ResponderExcluir
  28. Pode parecer uma discussão irrelevante a historicidade de Adão, mas na realidade é crucial. Porque se o primeiro homem não é histórico [ou não interessa que seja] o segundo Adão, Cristo, não o é [ou não interessa que seja], no entanto..."Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante." (1 Coríntios 15:45, cf. 1 Timóteo 2:13-14; Judas 14).
    Cabe aqui a afirmação de John MacArthur: "E assim, em um importante sentido, tudo que a Escritura diz a respeito da nossa salvação através de Jesus Cristo depende da verdade literal do que Gênesis 1-3 ensina sobre a criação de Adão e a queda. Não há passagem mais essencial nas Escrituras." [http://www.gty.org/Blog/B100425]

    ResponderExcluir
  29. Mauro,

    Acabo de ler um excelente artigo do Albert Mohler em que ele trata da questão da historicidade de Adão e Eva. Para nossos leitores familiarizados com inglês, o link é este:

    http://www.christianpost.com/news/adam-and-eve-clarifying-again-what-is-at-stake-54827/

    Em linhas gerais, ele argumenta que se Adão e Eva não são figuras históricas, temos de reler o Evangelho de maneira nova e diferente da tradicional. A compreensão historica do Evangelho é CRIAÇAO-QUEDA-REDENÇAO. Se não houve Queda, a Redenção fica sem sentido e sem necessidade.

    Brian McLaren e outros defendem exatamente esta nova leitura e uma redefinição do Evangelho.

    Para quem pensa que isto é coisa nova, trata-se da velha agenda do liberalismo teológico dos séc. anteriores.

    ResponderExcluir
  30. Me deu vontade de dar um abraço no pr. Augustus agora... porque... olha pertinente a postagem... e mais... de boa classificação... Meus irmãos... que assunto bom de se estudar... de se ler... de se aprender... e de se perguntar... porque Kivitz caiu nesta situação tão complicada... e porque a gente pensa estar em pé... oxe! A gente precisa mesmo de JESUS. Continuem nesta instrução... vale a pena.

    ResponderExcluir
  31. Augustus,

    De fato, o artigo do Mohler é muito bom! Aliás, observe o leitor que o contexto é exatamente uma resposta a autores que jogam a historicidade de Adão para baixo do tapete. Neste caso, a Bíblia não é o registro da revelaçao de Deus, mas uma bela ideia sobre quem Deus seria, o que seria o problema da humanidade e um caminho totalmente humano de redenção, afinal, Jesus não veio cumprir a justiça de Deus em função do pecado original...

    ResponderExcluir
  32. Parabéns pela postagem, Pr. Mauro. Muito clara e inteligente!

    Quanto ao texto que o Pr. Augustus Nicodemos recomendou, fiz uma tradução para português que está disponível no meu blog.

    Graça e paz!

    Leandro Teixeira
    Editor do blog Liberdade é Pensar

    Link para a tradução:
    http://liberdadeepensar.blogspot.com/2011/08/adao-e-eva-precisam-ser-reais-pro.html

    ResponderExcluir
  33. Caro Mauro Meister,

    Excelente o artigo, porque desmistifica esse discurso pseudo-intelectual-cristão que quer dar novos contornos à verdade bíblica.

    Interessante como os argumentos do Kivitz, do Gondim e de alguns outros são semelhantes, todos travestidos de sabedoria, beleza estética, poesia - e igualmente anátemas! Por isso é bom lembrar Paulo: "ainda que um anjo descesse do céu e anunciasse um outro evangelho que não este (...) que seja anátema!"

    Mais uma vez reforço a certeza de que a raiz de todos os males da igreja é o liberalismo teológico, disseminado pelos seguidores de Bulttmann, Moltmann McLaren e outros tantos, todos imensamente "constrangidos" com as estorinhas bíblicas e sedentos de se aglutinarem aos sábios deste século com toda a sua sapiência científica e sumamente racional.

    E não é que o evangelho para eles é mesmo loucura?

    Ricardo.

    ResponderExcluir
  34. Lendo comentários no blog do Kivitz, vemos como temos influência e como as palavras têm peso - se possível leiam este texto, mas vejam o blog dele que tem muitos mais... e como devemos tratar um problema tão sério que é torcer a VERDADE:

    "Muito interessante! Não basta ler a Bíblia é preciso deixá-la nos ler também, como já ouvi do próprio pastor Ed. Esse texto ilustra essa ideia de leitura pessoal" (1)
    "Bom dia, excelente texto que nos coloca de frente com as escolhas que podemos fazer. Oro por seu ministério" (2)
    "Texto sensacional e esclarecedor.
    Desde Adão e Eva buscamos a felicidade nas pequenas coisas e em nós mesmos e esquecemos de buscá-la no óbvio: no nosso Criador.
    Buscamos a independência de Deus para sermos felizes, quando devemos buscar a independência do mundo e das coisas que dele vêm.
    Obrigada pelo momento de reflexão" (3)

    ResponderExcluir
  35. Suscitar esta discussão trouxe ao público o esclarecimento... graças a Deus.

    ResponderExcluir
  36. Excelente texto. Foi brilhante a forma de "contextualização" do Cristo no "moldes" destes que se dizem "pensadores" do Evangelho. O senhor mostrou que para andar na linha "intelectualizada" e politicamente correta destes que se dizem defensores de Deus e da fé racionalizada basta escrever usando belas palavras e uma sintaxe que não é usual pela grande massa. Ou seja, escreva "bonito" afirmando qualquer bobagem que seja e logo será aplaudido pela Doxa. É interessante que mesmo a Doxa, quando é de fato regenerada pelo evangelho, percebe que tem alguma coisa errada nas palavra bonitinhas destes lobos. Seu texto foi muito esclarecedor.

    Allan

    ResponderExcluir
  37. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  38. Entendo que o relato de gênesis não se propõe a dar um conhecimento científico mecanico do surgimento do universo e da especie humana. Sou pesquisador na area das ciencias mais exatas, vamos dizer, e sei que não procede esse tipo de interpretação. Mas daí falar que Adão e Eva somos nós é diluir demais as coisas. Como tudo na doutrina do teísmo aberto, parece que a mania é arrancar tudo que dá problema e confusão com quem não cre nas escrituras e despois jogar fora reduzindo ao máximo para que não levante discussão com ninguem. Ou mesmo fazer a escritura ou Deus ser mais palatável. Então ponha um açucar no vinho da ceia ou um salame no pão da vida quem sabe não melhora!! Ao tentar resolver um problema epistemológico cria-se um pior, de ordem ontológico. Somos Adão e Eva? Não! Isso vai dar mais confusão ainda. Temos que enfrentar as aparentes (só aparentes) contradições apresentados por nossas convicções e não tentar fugir deles. Fico imaginando se no meu laboratório eu tentar fugir dos problemas que a ciencia me apresenta para desenvolver algo de acordo com as leis da criação de Deus, pra poder reduzir as coisas em sistemas mais simples e fáceis… Acho que ainda estaríamos na idade da pedra. Não dá pra ser assim muito menos no campo da teologia e da fé.

    ResponderExcluir
  39. Lamentável o texto aqui comentando. Mais uma tentativa de dar uma "guaribada" na Bíblia para se tornar mais aceitável. Essas "guaribadas" funcionam bem em chevete, opala, fusca... Mas na Palavra de Deus na se encaixa.

    ResponderExcluir
  40. Belo texto. Tanto o do Kivitz quanto o seu.É bom ler e ouvir o que todo pensam.Hoje em dia, o evangelho no Brasil tornou-se um misto de guetos teológicos, onde uns gritam: "eu sou de Kivitz,Gondim", eu sou de Calvino,eu de Silas, eu de Caio Fábio. Impressionante a prepotência de todos os guetos em achar uma verdade ou pelo menos a versão que mais se aproxima da mesma. E eu, achando que apenas os economistas e filósofos produziam opiniões tão distintas, escondidas debaixo de elegante e profundo intelecto sobre o mesmo assunto. Realmente, fico com a narrativa das escrituras,não com a minha, nem com dos teólogos,mas com a do Cristo, revelada Nele.

    ResponderExcluir
  41. Caro Thales,

    Vc acabou de fazer o que condenou e exatamente o que fizeram em Corínto. Eu não concordo com ninguém: "sou de Cristo". Mais ainda, é só você... mas é claro, não vi qualquer prepotência em suas palavras.

    Gostar de ambos os textos e incoerência lógica, bem normal nos tempos pós-modernos.

    ResponderExcluir