Muita polêmica em torno do óbvio e de perguntas muito mal
feitas e, consequentemente, mal interpretadas e mal usadas em diversas agendas.
Digo o seguinte, e não espere uma sequência lógica de argumentos, se não um
desabafo desordenado no final do dia:
1. Ninguém merece ser estuprado! Nem mulher, nem homem, nem religioso ou ateu, nem velho, nem criança, nem homossexual, nem prostituta, nem jornalista, nem tímidos ou extrovertidos... será que é preciso estabelecer categorias de quem não merece ser estuprado? Ninguém merece isso, nem o insano que pensa que outro merece ser estuprado (eles existem!).
2. Ninguém merece ser atacado. Isto vale para todos os seres humanos. É por isto que temos leis que devem ser respeitadas, inclusive aquelas que dizem respeito à moral, os bons costumes, respeito a valores que a sociedade construiu durante décadas e que encontram-se em baixa no meio da população contemporânea e que prezam mais o valor das ideias individuais do que o que diz respeito a todo mundo: “o corpo é meu e eu faço dele o que quiser”. Se assim for, tudo é permitido e as leis contra, por exemplo, drogas, deveriam mesmo ser extintas. Não é isto que querem os consumidores de drogas e abolicionistas da canabis? Isso é só o começo, mais virá a frente.
3. Ninguém merece ser ameaçado e nem intimidado. A única coisa que deve ameaçar um ser humano é sua própria consciência e a lei, que afirma quais são os direitos e os deveres do cidadão e, consequentemente, as penalidades que ‘ameaçam’ aqueles que quebram a lei. Até mesmo Deus, ao tratar com o homem, trata-o conforme a sua santa lei e a consciência, afirmando que esta o condena.
Da matéria da Veja, citada na postagem |
4. Ninguém merece responder as questões conforme feitas na pesquisa do IPEA. Conforme bem exposto por Felipe Moura Brasil na sua matéria A culpa do estupro não é da mulher, mas a da confusão é da pesquisa do IPEA! Essa, sim, merece ser “atacada”! Não vou me delongar aqui. A pesquisa é mal feita!
5. Ninguém merece a rápida e tola conclusão de boa parte da mídia: 65% da população pensa que mulheres que mostram o corpo merecem ser estupradas. Estou quase batendo de porta em porta aqui no meu prédio para ver se a pesquisa se confirma, mas tenho cá minhas dúvidas. Afinal de contas, o que significa “merecer ser atacada”? Tem algo de podre no reino da dilmamarca. Da tolice da pergunta, à conclusão tola, porém, óbvia e imediata, já ouvi várias vezes no rádio e televisão: 65% da população pensa que mulheres que mostram o corpo merecem ser estupradas (porque a próxima questão diz “Se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros.”)
6. Ninguém merece viver numa sociedade que ataca e explora qualquer pessoa! Existe mais violência contra aquele que é mais fraco? Sim, existe! Existe mais violência contra a mulher do que o homem? Digamos que sim, que o homem, normalmente, por ter mais força física que a mulher, tende a agredir e querer resolver disputas na força física. Assim também são atacados todos, todos os dias. Hoje mesmo vi na TV a cena dantesca de uma caixa de supermercado ser assassinada a sangue frio, diante de câmeras, pela seguinte razão: nenhuma. O fato é que a vida numa sociedade sem valores, não tem valor.
7. Ninguém merece viver com leis que não são severas e realistas e governos que não usam sequer a fraca a lei para punir quaisquer crimes, inclusive o estupro! Felipe Moura Brasil publicou em outro artigo o que a população brasileira, de fato, pensa sobre estupradores: “Mas o que a população brasileira realmente pensa a respeito de estupradores? Eu conto: de acordo com uma pesquisa de 2010 do Núcleo de Estudos da Violência da USP, 39,5% dos entrevistados acham que estupradores merecem pena de morte, 34,3% defendem prisão perpétua e 11,1% apoiam prisão com trabalhos forçados. Ou seja: a imensa maioria da população defende penas tão duras aos estupradores que elas sequer estão previstas no nosso Código Penal. Ou ainda, traduzindo para o idioma do IPEA: nenhum outro criminoso “merece” tanto a pena de morte, para os brasileiros, quanto o estuprador.” Não é que nosso povo é mesmo esquizofrênico? É a favor do estupro se a mulher mostrar o corpo e depois, de aplicar a pena de morte porque o estuprador fez aquilo que a mulher merecia!?!?
Tinha ainda mais a desabafar, mas tenho que fazer o jantar.
Pura opressão feminina!
"Pura opressaõ feminina"... Grand finalle, rev. Meister!
ResponderExcluirMuito interessante a reflexão!
Esperar mais o que de um órgão aparelhado pela esquerda? A esquerda tem criado uma situação separatista no Brasil, criando classes e mais classes e botando umas contra as outras.
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirSem entrar nas questões de opinião, quais os critérios para dizer que a pesquisa do IPEA foi mal feita?
E quais os critérios para dizer que a "pesquisa de 2010 do Núcleo de Estudos da Violência da USP" foi bem feita? (o senhor não disse isso, mas pude concluir de acordo com o texto).
Concordo muito com a parte da mídia. O estudo (intitulado "Tolerância social à violência contra as mulheres"), que pode ser lido na íntegra na página do IPEA, traz 25 questões ao todo, além das considerações dos pesquisadores. Mas a mídia pegou 2 questões e transformou em algo absoluto. Qualquer informação divulgada tem que ser confirmada o mais próximo da fonte possível.
Kelly.
Compartilho inteiramente com os pontos dessa reflexão, caro Meier! Era o desabafo que queria fazer... Parabéns. Ótima reflexão. #NinguémMereceSerEstupradoePonto!
ResponderExcluirKkkkkkkkkkk..
ResponderExcluirAmei o texto!
O final então....muito legal!
Kelly, os textos que ele indica do Felipe Moura Brasi podem te ajudar a entender porque a pesquisa foi mal feita.
ResponderExcluirAcho que você não entendeu onde está o problema. É de construção e clareza das frases. É da escolha marota de termos elásticos e vagos, que geram interpretações que podem variar MUITO de pessoa para pessoa. Agora, imagina usar destas técnicas para fazer um questionário com uma população com boa porção de analfabetos funcionais, onde a escola sempre leva os últimos lugares nas avaliações mundiais? Você consegue até convencer que 2+2=5. Que o quadrado é redondo.
Leia também sobre a história do IPEA, de como quatro pesquisadores de linha política divergente foram afastados de seus cargos: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1511200702.htm
Jonatas
Opressão Feminina!? Oxê!
ResponderExcluirVivemos em um país fraco de ideias onde a opinião do povo é a opinião da grande mídia, a qual baila a favor do que chama mais atenção. Duvido que algum jornalista da grande mídia tenha coragem de falar desse texto, não dá ibope porque aqui o que é inteligente é enfadonho.
ResponderExcluirJonatas
ResponderExcluirLi um dos textos do colunista da Veja, mas não foi muito claro, a menos que comprovem que o governo junto com o IPEA promoveu todas as manchetes dos principais meios de comunicação do país.
A plaquinha deveria ser "não mereço ser enganada pelo(a)... " G1, Folha e a própria Veja.
Olha como ela divulgou o resultado: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/65-dos-brasileiros-acreditam-que-mulher-de-roupa-curta-tem-culpa-por-ser-atacada
Qual é a manchete destacada? Sobre mulher ser atacada. Logo abaixo, em letras menores, só então é mencionada a opinião sobre homem que bate em mulher ser preso.
Quanto a pesquisa, gostei do vídeo do Adolfo Sachsida (apesar da primeira afirmação ser tendenciosa).
Ele explica tecnicamente o porque a pesquisa é questionável.
Aliás, é só olhar as respostas do estudo e a contradição delas para ver que a metodologia tem brechas (contradição esta apontada pelos próprios pesquisadores).
http://youtu.be/Eai83tWBFVU
Kelly.
O IPEA afirmou que houve erro na divulgação dos dados da pesquisa...
ResponderExcluirBRASÍLIA - O Instituo de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) informou nesta sexta-feira que os dados da pesquisa na qual 65,1% dos entrevistados concordavam que "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas" estavam errados. De acordo com o Ipea, a porcentagem correta é 26%.
O diretor de Estudos e Políticas Sociais, do Ipea pediu demissão do cargo assim que o erro foi detectado, informou o órgão.
O instituto informou que o erro foi causado pela troca de gráficos. Outros dois dados divulgados também apresentavam equívocos.
Os 65% dos entrevistados concordam, na verdade, com a seguinte afirmação: "Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar". Outras duas das 41 afirmações da pesquisa tiveram os dados invertidos na pesquisa divulgada.
Sobre a frase: "em briga de marido e mulher, não se mete a colher" 58,4% dos entrevistados concordam plenamente, ao contrário dos 47,2% que haviam sido divulgados. Os dados dessa sentença foram trocados pelos da frase: "o que acontece com o casal em casa não interessa aos outros".
A pesquisa gerou repercussão nacional e manifestação em redes sociais, inclusive com manifestação da presidente Dilma Rousseff . Em nota, o Ipea pede desculpa pelo erro. “Pedimos desculpas novamente pelos transtornos causados e registramos nossa solidariedade a todos os que se sensibilizaram contra a violência e o preconceito e em defesa da liberdade e da segurança das mulheres.”
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/ipea-admite-erro-em-pesquisa-que-apontou-que-maioria-dos-brasileiros-apoiava-ataques-mulheres-12093685#ixzz2xwso8tvt
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Kelly,
ResponderExcluirhttp://g1.globo.com/brasil/noticia/2014/04/ipea-diz-que-sao-26-e-nao-65-os-que-apoiam-ataques-mulheres.html
Diogo.
Um problema técnico não postou minha outra resposta.
ResponderExcluirEnfim, resumindo: de acordo com a crítica do Felipe Moura (da Veja), a plaquinha deveria dizer "Não mereço ser enganada pelo(a) ..." G1, Folha, e a própria Veja.
Acontece que o IPEA divulgou um estudo, mas os canais da imprensa resolveram destacar erroneamente uma das resposta, justamente a que mostra um suposto machismo!
Os próprios pesquisadores apontam no estudo a contradição das respostas, que hora mostram como a mulher é protegida, e outra hora mostram esse tal machismo. É só ler o estudo ao invés de ler essas revistas e jornais, apenas.
A não ser que provem que o governo, junto com o IPEA, comprou todos os canais de mídia para divulgar esse resultado (e se for levantar a questão "histórico", a Veja também não fica muito atrás em contradições, nem por isso iremos desqualificar tudo o que ela divulga).
Sugiro assistir o vídeo de Adolfo Sachsida, intitulado "Contraponto ao IPEA: Brasileiros desprezam a violência contra a mulher" (youtube) que, apesar de eu não concordar com as primeiras frases do vídeo, ele mostra efetivamente e tecnicamente os problemas de metodologia da pesquisa!
bkrs
ResponderExcluirErrado. Não é preciso provar que alguém comprou alguém, basta observar que este governo, o IPEA (que é aparelhado pelo partido no governo) e a imprensa agem de acordo com as mesmas ideias e agendas muito semelhantes. Além disso, a maioria dos jornalistas, ou apoiam os partidos de esquerda, ou se sentem constrangidos por colegas que apoiam. Os três entes (o governo federal, o IPEA e a grande parte da imprensa) se sentem naturalmente atraídos pela da "cultura machista" (assim entendido qualquer pensamento que não seja "progressista" em matérias de costumes). Os pesquisadores de IPEA, quando se "equivocaram" na formulação da pesquisa (e novamente no tratamento dos dados) sabiam muito bem que a maior parte da imprensa daria as manchetes que deu. Depois, quando alguém apontasse o erro, era só dizer que foi um pequeno equivoco técnico, pois o trabalho sujo da imprensa já estaria feito.
Mauro Meister disse:
ResponderExcluir"Não é que nosso povo é mesmo esquizofrênico? É a favor do estupro se a mulher mostrar o corpo e depois, de aplicar a pena de morte porque o estuprador fez aquilo que a mulher merecia!?!?"
Anto o quê eu respondo: sim, o nosso povo é esquizofrênico!
Apesar do aparelhamento político, que comprometeu a qualidade do trabalho do IPEA, poucas pessoas se deram conta de que um percentual de 26,6% que reputa a mulher culpada pelo próprio estupro ainda é um percentual muito alto, que representa quase 1/4 da população. E, sim, o povo costume ter opiniões esquizofrênicas - principalmente quando a questão envolve costumes e valores morais.