Tive a oportunidade de falar nas duas ocasiões. Pela manhã, brevemente, fiz referência ao trecho que descreve o ministério de João Batista e tem, na minha Bíblia, o título - "João dá testemunho de Jesus" (Lucas 3.15-20). Eu disse que aquele título poderia ser o da vida do João Paulo, dedicado a essa tarefa, pregando a Jesus em tempo e fora de tempo. Durante o seu curto ministério, ele pregou a Palavra e treinou inúmeros obreiros, tendo viajado por incontáveis vezes ao sertão de Pernambuco e da Paraíba, fortalecendo os ministérios existentes naquelas localidades distanciadas e carentes. João Batista termina o seu ministério na prisão - em situação de dificuldade física. João Paulo também terminou seu ministério de uma forma inesperada, com muito sofrimento em um leito de hospital. O sucesso, na vida espiritual, certamente não é aquilo que muitos projetam e Deus, em seus propósitos insondáveis, leva os seus servos fiéis e aqueles bem valiosos a esses momentos. Mas, graças a Ele, que temos capítulos como Hebreus 11, que mostra o destino dos heróis da Fé - muitos levados em martírio para que a Fé deles servisse de exemplo para nós e como uma chamada prematura à comunhão eterna com o Pai, pois "o mundo não era digno deles". Em toda sua enfermidade e sofrimento, alguma perplexidade, mas nenhuma palavra de revolta ou indignação contra Deus. Deixa viúva sua esposa, Gorete e dois filhinhos - João Paulo Neto ("Terceirinho" - 10 anos) e João Pedro ("Pedrinho" - 5 meses).
Voltando ao funeral, li o Salmo 131 e disse que aquele salmo expressava bem o que tinha sido a sua vida, com toda humildade (olhando para ele e conversando com ele, ninguém poderia aferir a intensidade do seu ministério), mas, esperando sempre no Senhor e realizando a Sua obra: "SENHOR, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim. Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo. Espera, ó Israel, no SENHOR, desde agora e para sempre".
À noite, resolvemos não cancelar o culto de ação de graças pelos 60 anos de casamento dos meus pais, já anunciado de longa data e para o qual reunimos a família em Recife - todos os meus quatro filhos, nora, futuras noras, etc., e para o qual muitos haviam sido convidados e não conseguiriam ser contatados em tempo hábil.
Foi bom termos mantido o culto, pois o fator que uniu as duas cerimônias e que nivela as tragédias e as alegrias na vida dos cristãos é exatamente a capacidade de dar graças em todas as situações. Cerimônia simples, com uma hora de duração, seguindo o programa com alguns cânticos e leituras bíblicas - sem retrospectivas de vida ou elogios exagerados, pois era, essencialmente, um culto a Deus em situação especial, como acreditamos que devam ser tais ocasiões (Confissão de Fé de Westminster, XXI, 5 - "... ações de graças em ocasiões especiais..."). Na exposição da Palavra, preguei sobre Malaquias 2.13-16, sobre "Uniões Duradouras" - como sendo o ideal expresso nas Escrituras, pois o "Senhor odeia o repúdio e a violência" (v. 16), e como sendo que devemos almejar para as nossas vidas e para as dos nossos filhos. Nesse sentido:
1. A união duradoura não é fruto de um mero contrato entre pessoas, mas de um pacto solene - uma aliança testemunhada por Deus e pelos homens (Vs. 10, 11 e 14).
2. A união duradoura não se firma em mera religiosidade externa (V. 13).
3. A união duradoura não vem automaticamente aos que estão em liderança (v. 15a - Abraão é dado como exemplo de um que racionalizou com palavras piedosas o seu pecado. Temos visto muitos exemplos de racionalizações e quedas, nos anos recentes).
4. A união duradoura ocorre quando cuidamos dela com carinho, nos caminhos do Senhor (vs. 15b e 16 -
"cuidai de vós mesmos").
Foi, portanto, uma quinta-feira (29.12.2005) inusitada, como o é a vida, com lágrimas de saudades e com alegrias, mas tudo dentro da providência divina e sustentados pela graça infinita do nosso Senhor Jesus.
Solano,
ResponderExcluir"Nosso povo morre bem", disse João Wesley. Diante da inevitabilidade da morte, sim, diante da sua imprevisibilidade, somente a plena confiança na soberania de Deus mediante sua sábia providência nos traz conforto. Um abraço,
Augustus
Já em Recife, de férias.
Prezado Solano;
ResponderExcluirLouvado seja Deus que nos consola quando somos confrontados com a morte! Não conheci o irmão, Rev. João Paulo, mas fico feliz em verificar, em seu relato, que ele confirmou em sua vida os doces frutos da salvação. Encaminhe um abraço fraterno, por gentileza, a toda a família.
Ao mesmo tempo (quão contrastante é a operação da providência divina!), fico feliz pelo aniversário de casamento de seus pais.
Fique na paz de nosso Senhor.
Misael Nascimento
Solano,
ResponderExcluirque Deus continue te usando na seara do Mestre Jesus e louvado seja Deus pelo seu consolo no momento de perdas para a família, porque o Rev. citado acima se encontra descansando com o cordeiro aguardando o dia da ressurreição.
Juan de Paula
Augustus e Misael:
ResponderExcluirObrigado pelas palavras. Já dizia um pregador do passado que, na morte, o cristão chora "lágrimas de saudade e não de desespero". Como é diferente o funeral do crente e como o testemunho da graça e misericórdia de Deus fortalece, conforta e edifica aos que ficam.
Um abraço,
Solano
Caro Juan:
ResponderExcluirTem razão. Ele está bem melhor do que nós, por aqui.
Um abraço,
Solano