Duas coisas me intrigam:
1. Os islâmicos promoveram violentos protestos para provar que não são violentos! Em Basra, no Iraque, a efígie do Papa foi queimada; no oriente médio, muçulmanos jogaram bombas incendiárias em sete igrejas, no fim de semana seguinte ao pronunciamento; enquanto líderes islâmicos, em todo o mundo, condenaram o pronunciamento e exigiram um pedido integral de desculpas, com reconhecimento de erro. Acredito que se aumentaram um pouco mais a violência talvez consigam provar o seu ponto – seremos violentamente forçados a acreditar que eles realmente não o são.
2. O que eles não estão alcançando é o grande dilema em que estão jogando o pobre Papa: querem que ele reconheça erro no pronunciamento! E a infalibilidade, como fica? É verdade que o Papa estava somente citando registros de interações históricas de Manoel II Paleologus emitidas em 1391. Mas eu li o texto-todo, cara-pálida – que ele está concordando com a compreensão do Manoel, lá isso ele está (e eu assino embaixo) e ressuscita essa exposição em boa hora! Alguém dirá: “pera, aí”! Ele só é infalível quando fala ex cátedra (ou, como pedem os puristas, ex cattedra)! Mas querem mais cátedra do que aquela – sentado, lendo um discurso preparado de antemão, no ambiente totalmente acadêmico e formal da Universidade de Regensburg? Como é que ele vai dizer que o que disse foi um erro?
Bom, o Papa já declarou que ele está chateado com essa celeuma toda. Acho que ele espera que a violência, demonstrada pelos não-violentos, venha a cessar rapidamente. Esperar mais do que isso dele e deles é meio utópico, não acham?
Olá, Solano
ResponderExcluirEu pensei exatamente a mesma coisa. Os muçulmanos só confirmaram o que Ratzinger disse.
E a mídia progressistinha. como todo o seu "senso crítico" considerou mais violento o que foi dito e confirmado do que o próprio festival de barbárie promovido pelos islamo-fascistas.
Essa é a cara da imprensa ocidental hoje. Ela é a porta-voz do desespero existencial e do sentimento de culpa que o multiculturalismo espalhou entre a população da parte realmente civilizada do planeta e a faz encarar a realidade pelo avesso.
Mas é assim mesmo. Civilizações não morrem de assassinato, e sim de suicídio, lembrava Jean-François Revel.
Preguemos o Evangelho para ver se ao menos prolongamos o tempo do Ocidente na UTI. Afinal, sem a fé em Cristo estaríamos numa situação parecida com a dos maometanos: rudes, toscos e mortos espiritualmente.
(Volto depois para ler os posts anterios - tem muita coisa boa!)
Um abraço pra vc, Augustus e Meister.
Caro Eliot:
ResponderExcluirSempre um prazer lhe ouvir teclar!
A mídia é realmente obtusa e não enxerga a contradição tão evidenciada pelos fatos e a violência tão latente - presente nos meios islâmicos.
Estamos tão cauterizados (eu inclusive) que enxergamos a violência muçulmana só quando concreta (em atentados e perda de vidas) e já nem reparamos quando ela é verbal e virulenta.
É quase como - "xingar, do lado de lá, pode...". E a imprensa acha tudo natural...
Prezado Solano,
ResponderExcluirO dogma católico da infalibilidade é restrito a definições/pronunciamentos do Papa em matéria de fé (doutrina) e moral. Opiniões pessoais do Papa não gozam dessa prerrogativa. Ou seja, não é absolutamente tudo que o Papa diz que é infalível. Um exemplo: quando analisamos os escritos e o pensamento do teólogo Joseph Ratzinger, percebemos que ele parece ser mais "simpático" ao ecumenismo do que a ortodoxia católica permitiria. Ou seja, ele, pessoalmente, talvez deseje que o ecumenismo avance com mais rapidez, mas deve se submeter às "regras". A própria abertura ao diálogo inter-religioso, característica do teólogo Ratzinger, não coincide plenamente com a teologia católica (pelo menos não com a teologia pré-Vaticano II...). Em suma, devemos distinguir o teólogo Joseph Ratzinger do Papa Bento XVI. Isso pode parecer estranho e até incoerente, mas é importante diferenciar as coisas para não incorrermos em erro.
Um abraço,
Marcos M. Grillo
Solano,
ResponderExcluirPenso que se o islã soubesse que o Papa pronuncia infalívelmente, eles não teriam respondido com tanta agressividade assim... =P
Abraços
Caro Marcos Grillo:
ResponderExcluirEu sei Marcos, mas obrigado pela pontuação. É isso que se diz e é isso que "ex catedra" quer dizer.
Minhas observações meio jocosas, admito, têm o propósito de chamar atenção também para a incongruência que é o ensino da infalibilidade papal. Ora, se as palavras que ele falou, neste caso, sobre outra religião e violência, não se constituem "definições/pronunciamentos do Papa em matéria de fé (doutrina) e moral", o que receberá tal rótulo?
Sei também que no final alguém explicará que a infalibilidade fica, dessa forma, restrita aos editos Papais (Bulas), mas que é incoerente, é.
Mas oque me incomoda, mesmo, é ver a parcialidade dos comentários indicando que do lado de fora do Islã, todos têm de pisar em ovos.
Abs
Solano
Caro André:
ResponderExcluirSei não. Eles até que conseguiram o resultado desejado (haja mais violência). A CNN cita o Papa dizendo, agora, que "tem o maior respeito pelo islamismo" e que espera que suas palavras contribuam para o diálogo entre as religiões.
Sejamos todos políticamente corretos, pois!
Um abraço,
Solano
Solano e demais irmãos,
ResponderExcluirUma das grandes diferenças entre islamismo e cristianismo é que se pode correr risco de vida ao se falar mal dos muçulmanos, coisa diferente que ocorrer em relação ao cristianismo. Até cristãos têm liberdade de falar mal do próprio cristianismo.
Querem tirar a grande liberdade de expressão e pensamento que o mundo cristão legou ao mundo, em especial, o mundo reformado?
Não sou a favor de uma cruzada contra o islã, mas que eles não tenham a pretensão de invadir/interferir na extensão das nossas casas: nossos Estados soberanos!
Caro Solano;
ResponderExcluirEu ainda não sei onde o Papa Benedito quer chegar, porém não creio que isso tenha sido um escorregão. Sua biografia não me autoriza a imaginar que ele não sabia das conseqüências.
Sei que ele já consegui uma coisa: Avisou a todos os católicos a não se iludirem com o Islã, pois a violência é parte integrante da ética mulçumana. E está provando através da própria reação mulçumana às suas palavras.
Entretanto, ao fazer uma advertência como esta, usando o subterfúgio da citação, talvêz ele não esteja apenas tentando preservar o dogma da Infalibilidade Papal, mas espera outra conseqüência.
Aqui pra nós, ele prestou um favor a todos os que ainda se iludiam com os discursos sobre a pacificidade mulçumana (que já vi dentro de nossas igrejas). E pra te falar a verdade, só vi Seu Ibrahim lado a lado de Seu Abraham, na Rua 25 de Março, e, mesmo assim, concorrendo pelos fregueses.
Abraços
Fôlton
Caro Agnaldo:
ResponderExcluirUm prazer receber o seu comentário. Creio, entretanto que existe uma diferença básica e ela é documental: note que o Papa fez citações não somente do diálogo histórico, mas do Corão. A fé cristã, quando compreendida em sua totalidade, não prega a violência. Por mais que a espada esteja apropriadamente delegada aos governos constituídos - para punir malfeitores e servir de instrumento de justiça, sobre o mal praticado contra inocentes, o caráter do cristão e da fé cristã é pacífico. Não é assim com o lado de lá.
Um abraço,
Solano
Caro Charles:
ResponderExcluirVocê toca em um ponto importante - a liberdade de expressão é filha da cultura cristã verdadeira. Essa não existe nos países muçulmanos e eles não gostam que ela exista em lugar nenhum.
Solano
Caro Fôlton:
ResponderExcluirVocê tem razão. Não creio que ele fez sem estar ciente das consequências e ainda acho que ele se pronunciou em doutrina, dogmas de fé e moral.
Agora, para valer, mesmo, ele deveria sustentar o dito e não contemporizar como está fazendo sob pressão. Talvez a reação foi um pouco maior do que ele aguardava.
Eu já testemunhei convivência pacífica, por aqui, mas superando apenas origens raciais. Nunca vi convivência pacífica quando a aderência ao islamismo era mesmo a prioridade máxima de vida de um dos lados.
Um abraço,
Solano
Muito triste isso tudo. Eu confesso que tenho estado pessimista e prevejo o pior. Se conseguirem, por exemplo, aplicar uma Fatwa (pena de morte, que todo muçulmano tem de cumprir) seria o fim do mundo.
ResponderExcluirTempos difíceis, esses. Há quem sustente que o terrorismo islâmico também foi perpetrado através de idéias que invadiram o ocidente - as idéias suicidas do multiculturalismo e do relativismo. De fato, são essas idéias que fizeram a academia e a mídia colaborarem com o "totalitarismo da vítima" que vem dos muçulmanos.
É uma loucura perfeitamente plausível, visto o estado de coisas em que nos encontramos hoje.
Parabéns pelo post, Solano!
Solano,
ResponderExcluirO que me impressiona nisso tudo é a grande hipocrisia.
Tenho cá comigo que o santo Ratzinger disse o que pensa de fato sobre o assunto (e eu concordo com ele!), mas se retrata para manter aparências. A politica mundial é hipócrita e feita de aparências e caras lavadas... mais conhecida por 'diplomacia'. Pior, volta e meia estamos bem no meio disso tudo.
abs
Mauro
Entendo que o Islã não quer que Bento XVI simplesmente peça perdão.
ResponderExcluirTalvez pretendam que ele peça perdão justamente no "estado" de ex cátedra.
Imaginem as implicações disso. Melhor do que o reconhecimento de atos falhos por parte do Sr. Ratzinger, seria provar que "A Autoridade" é falível.
Gde Abraço Solano;
Sem. Marcelo Gomes - RJ
Caro Solano:
ResponderExcluir"A reação do Islã confirma exatamente a citação feita por Bento XVI, e o mundo ocidental diante de tais fatos acovarda-se em manter uma mentalidade do "politicamente correto", mas tudo tem um limite. A soberania do Estado e a liberdade individual de protestar corre sério perigo. Há de se esclarecer que essa liberdade no mundo ocidental foi conquistada através do Cristianismo."
Escrevi citando o que fora publicado no meu blog: www.portrasdacortina.blogspot.com abraços, e desculpe o "mechan".rs
Cara Norma e Mauro:
ResponderExcluirObrigado pelas contribuições!
Um abraço,
Solano
Caro Marcelo:
ResponderExcluirÉ possível que a pressão seja para isso mesmo - assim legitimam a condescedência com o islamismo, de vez e sancionam suas ações, aos olhos do cristianismo.
Foi bom encontrá-lo no Rio! Um abraço,
Solano
Caro Lindobergh:
ResponderExcluirConcordo com a citação e endosso o merchandising!!
Abs
Solano
Caro Solano,
ResponderExcluirTraduzi o texto do Rev. Mohler sobre o assunto:
http://www.monergismo.com/textos/catolicismo/papa-crise-verdade_mohler.pdf
Um abraço,
Felipe Sabino
A infalibilidade papal respeita unicamente às ocasiões em que um papa fale ou tome decisões a propósito de dogmas (ex-catedra), o que não foi o caso. Ponto final.
ResponderExcluirPedir desculpa quando se não a tem é tolo!
Podemos deixar de lado a questão deste Papa estar falando ex-cattedra ou não se lembrarmos que vários outros pronunciamentos e decisões, por Papas de outras eras, foram mudadas ou revertidas pelos seus sucessores. Já temos vários exemplos disto, não só desde os tempos de Galileu, como também pronunciamentos sobre as Cruzadas, etc.
ResponderExcluirA infalibilidade Papal já caiu em ruínas há muito tempo atrás. Esse é só mais um exemplo da inconsistência da doutrina, que diz que um pronunciamento sobre dogma daquí é infalivel, mas de acolá não o é...
Presb. Solano,
ResponderExcluirSeria importante, também, o atual Papa relembrar de algumas decisões conciliares perpretadas pelo Concílio de Trento. Por que não trazer à plena luz do dia a criação dos Fiéis Soldados do Papa (Jesuitas)? Por que não descrever a postura de fidelidade de Inácio de Layola que firmimente resolveu pregar a fé católica com a cruz e a espada? Espada?!!! Sim, espada. Por que não reviver a Noite de São Bartolomeu, na França? Eu acho que Bento XVI poderia ser mais coerente. Ôpa!!! Que chato, Solano. Enquanto ecrevia esse comentário, lembrei da "Caça às bruxas" na Nova Inglaterra (EUA) incentivada pelos nossos pais peregrinos. Temos tanto a aprender com a história, né Solano?
Creio que ele(o papa) não disse que, o que disse foi um erro - mas o que disse, foi mal interpretado.
ResponderExcluirUma vez perguntaram a João Paulo II se ele se achava infalível - ele respondeu:-Como papa sou...
A grande questão para nós evangélicos, reformados ou não, é sabermos lidar no futuro com os mulçumanos e católicos, quando o inimigo formos nós.
Felipe:
ResponderExcluirExcelente contribuição ao entendimento da questão. Parabéns!
Caro Zé Tonto (!):
Que a infalibilidade respeita isso, não temos dúvida. O duro é respeitar a infalibilidade...
Caro David:
Bela lembrança histórica. Como fica a infalibilidade se o ex-cátedra de um é diferente do ex-cátedra do próximo?
Caro Naziaseno:
Trento solidificou e formalizou muitas doutrinas que viviam gravitando os círculos da ICAR, como mediação de Maria, a renegação (anatematização) da justificação pela fé, etc.
Agora quanto à caça às bruchas, bordão favorito dos anti-puritanos, que tal dar uma pesquisada mais à fundo na história, lendo "Entre os Gigantes de Deus" (J. I Packer - FIEL); "Os Puritanos - Suas Origens e Seus Sucessores" (D. Martin Lloyd-Jones - PES); "Santos no Mundo" (Leyland Ryken - FIEL)? Lembrando sempre que nenhum deles, nem nós reclamamos para eles, infalibilidade...
Caros todos:
Estou assistindo o Jornal da Band, e sai uma notícia sobre o escândalo Cicarelli. O entrevistado diz que ela não sofrerá nenhum prejuízo, e explica: "Ela não teve nenhuma contradição de sua imagem ou de valores". Realmente, nenhuma contradição com a vida dissoluta que escolheu. Agora falar de "valores"??!! Que tal, "nenhuma contradição em sua FALTA de valores"?
Desculpem - não tem nada a ver com o Papa, Islamismo ou infalibilidade, mas não dá um post e não resisti não registrar isso! Mas para eu não ficar na saudade, o jornal também deu a notícia de que o Papa, contrariando as expectativas, ainda não pediu desculpas...
Abs gerais,
Solano
Caro Daniel:
ResponderExcluirAcho que o inimigo, já somos. Mas que vai ficar pior e mais difícil, vai.
Obrigado pelo comentário,
Solano
Solano,
ResponderExcluirEu já li todos esses livros citados, e, na pesquisa de uma dissertação, estudei sobre a colonização das colonias americanas. Houve realmente uma caça as bruxas. Reestude o espírito que estava na época quando foi postulada a doutrina do Destino Manifesto. O mais correto é darmos as mãos à palmatoria.
Obrigado
Eu não creio que o pr. Naziaseno quando se referiu ao caça às bruxas ofendeu o movimento puritano. Digo isso porque creio que puritanismo foi um movimento acontecido na Inglaterra no século XVII. Os pais peregrinos na Nova Inglaterra não fizeram jus aos seus antepassados.
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