O mundo inteiro está comentando a morte de Saddam Hussein, ex-ditador do Iraque. Os jornais e programas de notícias têm apresentado não somente os detalhes da execução realizada após um conturbado julgamento, mas também as reações e pronunciamentos de autoridades diversas, entre as quais a do governo brasileiro. Além da condenação à execução pronunciada pelo Itamaraty, o nosso chefe maior declarou igual discordância, pois ela representava apenas um ato de vingança e ele era contra a pena de morte por convicção, primeiramente religiosa e depois política. Declarações semelhantes têm sido emitidas pelos mais diversos comentaristas e personalidades chamadas para entrevistas sobre o acontecimento.
A notícia veio obscurecer o item anterior que tomava conta da atenção dos brasileiros – os ataques seqüenciados contra postos policiais, populares e ônibus incendiados com sua carga de cidadãos indefesos, por criminosos, em mais uma cruel demonstração de força evidenciando a falência cada vez mais intensa da instituição do estado.
O que esses temas aparentemente heterogêneos têm em comum e, como cristãos, qual deve ser nossa percepção e discernimento dos tempos? Algumas observações podem ser emitidas, neste momento:
- Precisamos nos resguardar da beatificação de Saddam Hussein. Li a carta que ele escreveu – parecem procedentes das mãos de um anjo, e muitos estão apresentando essa visão nostálgica em seus comentários. A história não deve esquecer as atrocidades cometidas por ele e sua gangue. Não somente o genocídio e a aniquilação em larga escala, como a ferocidade com que eliminaram os desafetos e membros da própria família, quando os contrariaram (as estimativas são de que em seus 24 anos de regência, foi responsável pela morte de mais de 2.000.000 de pessoas). Os próprios jornais destes dias, ao darem o seu histórico, desfilam um rosário impressionante das barbaridades do seu regime. A suposta calma interna do país, observada sob sua regência, era vivida às custas do terror oficial e da tirania. Isso não significa que o Iraque esteja atualmente vivendo um período de calma e paz. Tenho sido um crítico do modus operandi norte-americano, em vários escritos. Não por terem ido lá e tentado “limpar a casa”, mas porque demonstraram total inabilidade em estruturar um governo de transição, que garantisse exatamente o que minimamente deveria estar presente – a segurança dos cidadãos e os serviços públicos essenciais. O descaso e despreparo do início; a inércia perante os rufiões armados que pilhavam e maltratavam os mais fracos; a tolerância com as milícias; a permissividade e despreparo dos que deveriam estabelecer a ordem, mas perpetuaram as prisões como câmaras de tortura; a ingênua avaliação do lado obscuro e malévolo do islamismo; todos esses fatores resultaram no crescimento dos grupos que diariamente se matam uns aos outros. Entretanto, não tenho qualquer dúvida que Saddam merecia ser deposto e ser alvo de justiça retributiva pelos crimes cometidos. Contrário ao que afirma manchete da Folha de São Paulo (30.12.2006), que a execução é uma “derrota da justiça”, esta é uma das poucas vezes em que a justiça implacável prevaleceu acima da visão humanista, açucarada e diluída, que permite que tiranos assassinos dêem continuidade à sua arrogante vida de violência.
- Ser-se pressuposicionalmente contra a pena de morte, sem o exame das bases lógicas e político-religiosas para esta penalidade é um erro. Se o nosso presidente tivesse realmente convicções religiosas cristãs, nesta matéria, não seria contra, mas a favor. Em outro lugar já escrevi sobre a Pena Capital – indicando a base bíblica para sua aceitação (caso tenha interesse de ler o ensaio todo, clique aqui), e não caberia, neste espaço, uma repetição dos argumentos. Mas a Pena Capital foi instituída por Deus (Gênesis 9.6), e não pelo homem, exatamente porque ele dá valor à vida do ser humano, formado à sua imagem e semelhança, e não por que a considera uma comodidade barata. Ela é exatamente uma medida contra a violência. Deus abomina a violência e aqueles que atentam contra a vida humana perdem o direito à própria vida. É um erro acreditar que ela é o reflexo de uma sociedade primitiva, e que hoje já evoluímos socialmente e adquirimos um novo patamar de entendimento – o próprio Deus, através da pena inspirada de Paulo, a comanda e delega a sua aplicação ao estado (Romanos 13.1-7), e isso no Novo Testamento.
- Isso não significa que a execução de Saddam represente uma ocasião de alegria. A morte é sempre ocasião de tristeza – ela não pertence à essência da criação perfeita. Ela é concretamente fruto do pecado, salário deste, conseqüência nefasta do nosso afastamento de Deus, como bem postou em seu Blog nosso irmão Juan , comentando os acontecimentos do Rio. Até a morte do malfeitor, por mais que venha em resultado da justiça e por mais que profilaticamente proteja a sociedade de crimes adicionais que ele poderia cometer, é momento de sobriedade, reflexão e tristeza, principalmente porque a vida que se foi não alcançou o seu propósito máximo e original – de glorificar o criador com as suas ações e pensamentos. Assim, sou contra as manifestações públicas e privadas de regozijo pela morte de Saddam, bem como, pelos motivos já expostos, contra os protestos, inconseqüentes contra a sua execução, insensíveis aos antecedentes históricos que a justificam.
- E quanto à colocação presidencial de que a execução foi um ato de vingança? Ela é precisa e real, mas não precisamos pedir desculpas por aceitá-la como tal. Vingança é um sentimento que não cabe na vida pessoal do cristão. Como cristãos, somos pessoas pacíficas, perdoadoras – voltamos até a outra face. No entanto, isso não significa que somos insensíveis à justiça, nem coniventes com o erro. A Palavra de Deus nos leva a Deus, apresentando-o como o nosso vingador (Salmo 9.11-12; Naum 1.2). Ela apresenta Deus como aquele que faz justiça aos fracos e oprimidos e vinga os direitos que são subtraídos (1 Tessalonicenses 4.6). De que maneira? Trazendo conseqüências danosas aos criminosos; e uma das maneiras que ele faz isso é através do estado – a este é delegado esse poder (Romanos 13.4: “... visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal”). Isso mesmo, se a vingança não deve fazer parte de nossa vida é porque ela foi institucionalmente colocada nas mãos do estado. Os governantes e autoridades são (ou deveriam ser) ministros de Deus para executar justiça e proteger os cidadãos. Quem vinga os curdos indefesos – mulheres e crianças, que foram massacrados por Saddam? E as demais pessoas que pereceram em suas mãos? Eles nada mais podem fazer, mas o estado vingador entra em ação e executa justiça.
- E o Rio de Janeiro? É exatamente essa, a conexão com os últimos acontecimentos de violência na Cidade Maravilhosa e linda que está cada vez mais refém, a exemplo de São Paulo e outra regiões do nosso país. Quem vingará os cidadãos calcinados nos ônibus incendiados? Quem vingará os que ainda agonizam nos hospitais, com os corpos queimados, possivelmente desfigurados até o fim de seus dias? Quem vingará a vida da mãe que morreu tentando proteger o seu filho? Quem vingará os que foram friamente assassinados? Quando perdemos essa visão de que o estado é, realmente, o vingador, o executor da justiça implacável, a população fica a mercê dos criminosos. Quando nossos governantes emitem palavras que soam piedosas, humanistas e politicamente corretas, mas que revelam um estado fraco e impotente em frente à criminalidade e aos criminosos, temos palavras que são realmente mortais para os fracos e oprimidos, vítimas da violência insana. Além disso, temos um outro aspecto ainda mais cruel. Um articulista da Folha expressou o problema de acúmulo de cargos do Sr. Álvaro Lins, que acaba de ser eleito deputado: ex-chefe da polícia do Rio de Janeiro e, segundo a Polícia Federal, concomitantemente, chefe de quadrilha. Esse é um dos maiores problemas brasileiros – o acúmulo desses cargos por vários integrantes da classe política, várias autoridades governamentais e inúmeros policiais – muitos possuem não somente os seus postos de autoridade, mas são igualmente chefes de quadrilhas. Esse acúmulo de funções é mortal à instituição do estado e à população. Essas pessoas de vida dupla, corrompidas se alimentam do sangue e da vida dos cidadãos que deveriam estar protegendo. É por isso que anualmente, no Brasil, 50.000 vidas são ceifadas por assassinatos, apenas! Muito menos que no Iraque, sob Saddam (tirando a média dos seus 24 anos no poder, as estimativas são de que ele foi responsável pela matança de 41.000 pessoas de outros países vizinhos por ano, mais 42.000 pessoas por ano do seu próprio povo), mas muito mais do que no Iraque de hoje (cerca de 30.000 por ano), com toda a convulsão social, carros bomba e estágio pré-guerra civil que vigora naquele país.
Que Deus se apiede de nós em 2007 e nos conceda mais paz e justiça, conscientizando aqueles que estão em autoridade de sua real missão e obrigações perante Deus e para com os homens. Que tenhamos uma visão mais cristalina e mais bíblica da justiça. Intercedamos por isso (1 Timóteo 2.1-2).
Caro irmão Solano,
ResponderExcluirobrigado pela citação ao texto que escrevi. Sinto-me honrado.
Mas me entristece a questão que a violência aqui no RJ não parou. Ontem a madrugada mais delegacias e postos de gasolina foram atacados por criminosos.
Aqui em frente de casa em Cosme Velho teve tiroteio as 20h da noite , confronto entre policiais e criminosos.
Digo isso porque como você mesmo escreveu , o Estado está falhando em sua missão (Rm 13:1-7). O reflexo disso foi a declaração de nosso presidente sobre suas convicções políticas (deixando claro não serem apenas religiosas)sobre a pena de morte de Saddam sendo ele contrário, achando que não amenizará a violência local.
Por outro lado a população está alienada. Estive nas ruas de Copacabana pela manhã e já haviam pessoas bêbadas (e várias) e fazendo arruaças pelas ruas (snedo turistas ou não). Um clima de diversão e total alienação do perigo que está a cidade.
Todos querem paz, porém o profeta Isaías nos diz que a paz e a justiça tem de andar de mãos dadas (Is 32:17).
Que Deus tenha misericórida de nós!
Olá Mauro
ResponderExcluirDe fato, vendo todas essas barbaridades no Rio de Janeiro, como em São Paulo, além dos jornais estarem explorando o enforcamento do Sadam para assim relembrar sua trajetória de guerras e atrocidades contra a humanidade, o nosso senso de justiça vai para níveis elevados.
No entanto, eu fico me perguntando, o que faria Jesus nesse julgamento. Será que Jesus seria a favor de um julgamento como pena a forca?
Fico lembrando as histórias de Davi, adúltero e assassino, a mulher adúltera, o ladrão da cruz, homens e homens que dentro da prisão se arrependem após inúmeras atrocidades.
Realmente fico pensando, não com ar de crítica, mas de dúvida.
Certa assalto aqui no Brasil a um banco uma criança de colo foi morta por um dos ladrões. A imprensa logo foi perguntar a opinião do pai a respeito da atrocidade. A resposta do homem humilde foi mais ou menos a seguinte: Eles agem dessa maneira pois não possuem Cristo.
Certamente, a misericórdia não é desprovida de justiça, mas qual a justiça do homem vis-a-vis a justiça de Deus?
Abraços
JP
Sinceramente eu não merecia ler neste final de ano uma defesa tão ardente da cultura da morte e opressão.
ResponderExcluirEm seu artigo voçe não fala nunca sobre a real intenção dos americanos ao invadirem o Iraque que não foi a preocupação com os crimes de Saddam e sim o desejo de tomar o pretrÓleo e a continuação do expansionismo imperial americano na regiao .
O supremo defensor da democracia no mundo George Bush é um bom crente , lê a Bíblia e a interpreta como voçe e faz tudo em nome de DEUS.
Quando voce fala do Rio de J aneiro, não ousa falar da chefe maior da policias a governadora Garotinha Rosa e seu marido Bolinha ''bons crentes presbiterianos '' que comandaram a segurança no Estado durante estes últimos intermináveis anos.
Que o Deus da misericórdia ,justiça e amor nos ensine a respeitar o proximo ''de novo '' e se ele vier no próximo ano que venha amado . ABRAÇO
Prezado irmão Pb. Solano.
ResponderExcluirQuero parabenizá-lo por sua lucidez em discorrer assunto tão polêmico.
Existem pessoas contra e à favor da Pena Capital, eu sou um dos que são à favor. Não creio que a pena capital seja incompatível com as Escrituras, pelo contrário, ela a ordena.
Sei que muitos pensam de modo a dar chance ao criminoso de se arrepender dos seus pecados, desde que Saddam Husseim foi preso até o dia da sua execução, ele teve chance de arrepender-se, mas não o fez (pelo menos é que se sabe).
Se fosse instituida a Pena Capital no Brasil, os criminosos também teriam essa chance enqaunto estivessem no corredor da morte, com assistência pastoral, enquanto estivessem aguardando o dia da execução.
Por outro lado, no Brasil há pena de morte, mas somente para o cidadão indefeso, que é desprovido de uma segurança real, onde os bandidos, em muitos casos, usam colarinho branco em Brasília, ou usam farda nas polícias de todo o país.
Parabéns pelo artigo.
Caro Juan - Obrigado pela visita e palavras. Você conhece de perto a situação e tem agido no sentido de ser um testemunho do Senhor e da Palavra de Salvação. Que ele lhe sustente!
ResponderExcluirCaro JP - Já pedi ao Mauro para responder seu comentário, mas ele deve estar pulando de uma confraternização para outra, filando todas as boias possíveis. Levará alguns dias para se recuperar...
Caro Anônimo - Dá para ver que você sucumbiu a todos os clichês e respostas da grande mídia e da internacional socialista nessas questões. Realmente, você não precisa ler tudo isso, mas sempre há esperança...
Caro João D'eça - Obrigado pelas palavras. essa questão de "chances" é interessante. Partindo dessa premissa das chances (a qual não é tão sólida, assim) poucos pensam que preservar o criminoso com vida, para dar a eles "chances", tira as "chances" dos inocentes que serão assassinados por ele ao longo de sua existência. No Brasil, pode estar de volta às ruas em seis anos de pena, mas, geralmente, foge antes disso, ou pratica seus assassinatos nos indultos de natal. A preservação dessa situação é que é "cultura da morte".
Caro Solano,
ResponderExcluirexcelente artigo. Apenas creio que um estado onde há a pena de morte também deve estar bem aparelhado para punir apenas os facínoras e absolver os inocentes. Digo isto porque sempre há o risco de se penalizar um sem-culpa quando todas as evidências o "condenam". Ao olhar para o Brasil percebo que o despreparo, a burocracia, a corrupção e a falta de profissionalismo no sistema policial, carcerário e judicial podem levar a esta situação.
Um forte abraço.
Meu caro irmão em Cristo, Solano:
ResponderExcluirSou grato ao Senhor por sua perspicácia na análise dessas três atuais situações, a saber, a justa execução daquele que injustamente ceifou milhares de pessoas, a caótica condição do Estado brasileiro quanto a não estar agindo como "ministro vingador" (vide as realidades de São Paulo e Rio de Janeiro, as mais conhecidas) e a infeliz declaração do nosso presidente que, me parece, não tem nenhuma convicção religiosa. Além do mais, espero que os que ainda não vêem a pena de morte como uma expressão da santidade do Senhor Deus (por que muitos experimentarão a pior das mortes, a eterna?) possam ler as Escrituras via seu artigo afim, e concluam que a Palavra do Senhor mostra o grande principio da retribuição como sendo necessário e justo.
Portanto, parabéns pelo seu trabalho e que todos nós estejamos orando não somente pelo Brasil, mas também pelo sofrido e caótico Iraque, cujo governo necessita de governar de fato.
Jaime Marcelino
Eu ainda não tenho uma opinião formada a respeito da pena de morte, mas posso afirmar que a internacional socialista, quando reinava na ex-URSS, condenava a pena de morte a toda opinião que lhe era contraria...
ResponderExcluirAssim como o caso de Saddam obscureceu os acontecimentos no Rio, a maldade de Saddam obscurece as atrocidades de Bush, que sempre passam batidas, inclusive nesse blog...
ResponderExcluirSolano,
ResponderExcluirExcelente post. Como os comentários acabaram caminhando para o assunto, manifesto minha solidariedade ao seu pensamento, de que a pena de morte imposta pelo Estado civil não é contrária ao Cristianismo.
Estou lendo o extraordinário livro da Ann Coulter, evangélica conservadora dos Estados Unidos, intitulado "Godless -- the church of liberalism", best-seller nos States, mencionada na Veja da semana retrasada. Tem um capítulo em que ela documenta muito bem os esforços dos liberais-democratas-esquerdistas dos States de transformar estupradores e assassinos em heróis, desde o famoso Ted Bundy até Willie Horton, mais recentemente, e como sempre lutaram contra a pena de morte para esses criminosos, e lutaram para diminuir-lhes a pena, libertá-los e indultá-los, etc. A mídia liberal mundial tenderá a seguir o caminho de transformar Saddam em herói.
Um abraço.
Caro Sr. Anônimo.
ResponderExcluirGostaria de deixar algumas palavras sobre o seu post.
1. Tenho a impressão de que as suas colocações são apenas discursos reproduzidos pela esquerda na utilização do tema anti-imperialista e anti-estadunidense. Diga-se de passagem, esta fala já perdeu totalmente o sentido por aquilo que as práticas da esquerda demonstraram no passado e ainda demonstram hoje, quer seja pelo absolutismo militar (p. ex. a castrista) ou pelo autoritarismo manipulado (p. ex. a de Chávez e Morales). Espanta-me este humanismo fragmentado que, no final das contas, apresenta-se como uma ideologia hipócrita e depravada;
2. O Presb. Solano deixou bem clara a sua postura equilibrada no trecho em que diz: “Tenho sido um crítico do modus operandi norte-americano, em vários escritos”, logo, tal posição é muito mais lúcida e coerente que este discurso marxista que insiste em analisar a sociedade pelo viés estruturante.
3. Os articulistas do Tempora-Mores são de linha Reformada, ou seja, a maior autoridade que possuem é a Palavra de Deus e não uma metodologia política. Gostaria de desafiá-lo a provar que as Escrituras são contra a Pena Capital. É esta a dimensão da nossa discussão. Tentar utilizar a lógica de Michel Löwy (recomendo a leitura do livro “Marxismo e Teologia da Libertação” para perceber que a esquerda sempre nos impelirá à Teologia de Gutiérrez) é correr o risco de subscrever teólogos como Aristide, Ximenes Belo, Boff, Bonino, Kräutler etc. Sem contar o risco de se tornar, conseqüentemente, um liberal. Caso você, Sr. Anônimo, professe a fé cristã, aconselho-o respeitosamente a reavaliar seus conceitos metodológicos e teológicos.
4. Esta tentativa de mancomunar a lógica atéia esquerdista ao pensamento cristão é de uma incoerência sem precedentes. Aliás, esta incoerência existe desde a publicação da malfadada Carta Encíclica "Rerum Novarum", do Papa Leão XIII no século XIX. Desde então, a secularização teológica de esquerda se tornou moda. Tenha cuidado com isso, pois se trata de uma armadilha extremamente sedutora e mortal.
Caso você queira conhecer um pouco do que penso sobre política partidária, eu o convido a visitar o meu Blog ou o portal da SEPAL e ler alguns textos meus sobre o assunto.
Respeitosamente.
Alfredo.
Olá Presb. Solano
ResponderExcluirAcabei de chegar em casa e li o seu artigo, depois de passar algum tempo lendo algumas materias dos jornais do Brasil.
Definitivamente podemos concluir que o Brasil "não é do Senhor Jesus" como afirmam os neo-marchadores. Tanto no governo como na população reina a ignorancia biblica e social que acaba gerando e gerenciando o caos que reina em nosso país.
Estando aqui no Texas não presenciei qualquer comemoração ou festividade pela morte do Saddam, pelo contrário um certo ar de constrangimento de ver um ser humano perder a vida foi a tônica das rodinhas e nos noticiários televisivos.
Infelizmente os "humanistas debilóides" que também habitam a terra do Tio Sam fazem suas análises exporádicas expressando um certo saudosismo do finado Hussein, mas ninguém pensa em ir morar no Iraque, claro!!
Agora, quanto a pena de morte, realmente já está decretada à população brasileira, estão todos condenados a morrer nas mãos de qualquer bandido pé de chinelo ou do colarinho branco sabendo que o assassino será acolhido por alguma ONG maligna e desfrutará das mordomias de um sistema completamente falido e corrompido.
A mudança do sistema é dificil mesmo, mas uma alternativa seria o que temos aqui, se alguém entrar no meu quintal sem autorização e for de maneira suspeita tenho todo o direito de atirar para matar e em menos de 2 minutos a policia providencia a retirada do corpo da minha propriedade (para nao estragar a grama do meu jardim!!).
Pode parecer radical, mas funciona. Talvez a primeira geração debaixo da lei tenha algumas "baixas" causadas pelo fator novidade, mas em alguns anos haverá mais ordem e respeito.
A pena de morte faria do Brasil um país muito mais parecido com o do Senhor Jesus, do que o de hoje com um presidente tão religioso!!!
Só para constar, creio que o nome do policial eleito como deputado é Álvaro Lins, e não Dias.
ResponderExcluirAbraços
José Eduardo.
Olá, temporinos! Começando o ano na polêmica, maravilha! :-)
ResponderExcluirTenho certeza de que vocês tiveram de recusar muitos outros comentários menos cordiais à la Michael Moore, de pessoas que demonizam o presidente de um regime democrático, Bush, e absolvem ou justificam o ditador Saddam na base da lógica marxista dos opressores e oprimidos. Mas esquerdista é assim mesmo, incoerente. Por exemplo, posa de humanista para se opor à pena de morte de criminosos mas não hesita em defender como "direito" a pena de morte de inocentes, por motivos absolutamente fúteis, ainda na barriga de suas mães.
O comentário de Alfredo afirmou tudo que eu gostaria de dizer. Apenas gostaria de acrescentar (de enfatizar) que a pena de morte não torna a morte de ninguém mais atraente, assim como a perdição dos incrédulos não agrada a Deus. Mas há situações, e creio que vivemos isso hoje no Brasil, em que a prática do mal chegou a um ponto tão absurdo que a pena de morte para casos inapeláveis viria pôr algum freio nas duas certezas dos marginais brasileiros: a da impunidade e a da pena leve, de poucos anos de cadeia, mesmo para crimes de homicídio. Se aplicada com justiça, a pena de morte no Brasil seria um desses recursos extremos para nos ajudar a sair dessa enrascada. Não sei se eu empunharia isto como uma bandeira - é uma bandeira um tanto antipática essa, a dos limites - , mas certamente não podemos dizer que a pena de morte é antibíblica, nem condenar os cristãos que a empunham, pois a Bíblia parece permitir essa leitura. Quem a condena sem um estudo bíblico atento está deixando a mentalidade humanista de esquerda superar as Escrituras no papel de moldar sua cosmovisão.
Então, um advertência aos navegantes do blog: é mais fácil ter a mente moldada pelo espírito dos tempos que pela Bíblia. Então, antes de recuar o rosto horrorizado ante a leitura do post de Solano, vá à Bíblia e a comentaristas abalizados. Defender um ponto de vista só porque o mundo o defende não vai fazer de ninguém um cristão maduro, e a maturidade passa necessariamente pela confrontação intelectual. Você pode ser contra a pena de morte, mas tenha base para isso.
Espero ainda ler neste blog um comentário inteligente e bem escrito que discorde de Solano de forma cordial, para não ficar com a má impressão que os comentadores "do contra" passaram aqui: em um mau português e sem argumentos, apenas deram a entender seu despreparo para tratar das coisas do mundo com a mente renovada pela Palavra.
O post foi muito feliz em destacar que é o ESTADO, como ministro de Deus, que é o vingador.
ResponderExcluirEu, como pessoa e cristão, posso (e devo) perdoar meus ofensores.
Mas não se pode confundir isso com um poder/dever do estado, que é biblicamente reconhecido, de proteger os bons e trazer a espada sobre os maus.
Parabéns!
Caro José Eduardo:
ResponderExcluirTem razão. Obrigado pela correção. Álvaro Dias é do Paraná. O nome correto é Álvaro Lins. Já corrigi o post!
Abs
Solano
Caros Amigos:
ResponderExcluirAlfredo e Norma -
Grato pela dupla contribuição de ambos e excelente resposta do Alfredo às anônimas interpelações, já adequadamentes reconhecidas pela Norma, a quem, igualmente agradeço por todo o estímulo e reconhecimento.
Cléber -
Obrigado pelo pertinente comentário. O quadro, como você aponta, é muito complexo e tende a perpetuar uma visão distorcida de justiça. Esquecemos que a leniência na esfera criminal, advogada por muitos que querem proteger socialmente os mais desfavorecidos, resulta extamente em injustiça social, pois esses desfavorecidos são os que mais dependem do estado para proteção e são os que mais sofrem - ora com o crime, ora com a repressão não estruturada, colocada nas mãos de agentes de vida dupla - enquanto que o trabalhador sofrido fica "sanduichado" no meio dessas forças atrozes. Quanto à questão dos métodos, não vou entrar nela, pois encontro base Bíblica para a Pena Capital e paro aí. O debate do método é outra questão à qual não me sinto qualificado, nem possuo opinião formada. Conheço minhas limitações. Adianto apenas que o apedrejamento fazia parte da Lei Civil de Israel, que não é normativa para nós - ela foi temporal. Não baseamos a biblicidade da Pena Capital na Lei Civil (não devemos fazer isso, pois ela representa uma aplicação específica àquela sociedade), mas sim nas proposições que antecedem a Lei Civil (como texto referido de Gênesis 6) e as que sucedem esta (como os textos do NT). deixarei a outros o debate dos métodos, lembrando que o método mais cruel é o que é aplicado pelo criminoso impenitente contra a vítima indefesa - qualquer que seja ele.
Caro Rev Jaime -
Obrigado pela visita e por suas palavras de estímulo e de sabedoria. Nos concentramos tanto no homem e nos esquecemos de voltar os nossos olhos para Deus, em quem nossas questões se tornam pequenas e adiquirem a perspectiva correta.
Caro Augustus -
Obrigado pela colher de chá, no meio de suas implacáveis férias e terrível isolamento da civilização. Sei que deve estar abominando o excesso de água de coco e a rede deve estar lhe moendo as costas... Aguardamos, no futuro , um post sobre quem é A. Coulter!
Caro Reginaldo -
Sua observação é precisa e veraz. Obrigado pelo comentário.
Caro Wilson Bento -
Sua observação, procedente da terra de Tio Sam, é muito bem-vinda. Prefiro a pena de morte no Estado Vingador. A defesa é um direito do cidadão, mas eu acho que ia deixar o cara pisar na grama, assustando só com um tiro pra cima... Se ele tentar violar o lar, colocando em perigo os familiares que estão sob nossa proteção, é outra história... Só a título de curiosidade, a Lei Civil do AT (que não é normativa, como já disse, acima, mas que tem validade didática) especificava que se alguém penetrasse na propriedade com o intuito de roubar e houvesse luz suficiente para IDENTIFICAR o invasor, o dono da propriedade não tinha o direito de matá-lo, mas o de denunciá-lo (e, obviamente, de se defender sem o matar). Se a invasão, entretanto, fosse à noite, sem possibilidade de identificação, estava liberada a força plena de repressão ao crime. Interessante, não é?
Caro Adriano -
Obrigado. O ponto é EXATAMENTE esse que você ressalta. Bem entendido!
Um feliz ano Novo a todos!
Solano
Olá a todos, ao Solano e a Norma
ResponderExcluirComo o Mauro esta de férias, Solano você poderia assumir o posto dele pós ano novo, com as minhas questões? srsrsr
Olá Norma, com todo respeito a sua postura acredito que seu post incluiu e restringiu o esquerdismo. Uma vez que pode existir uma forte diferença entre o esquerdismo político e econômico, mesmo que algumas vezes eles se misturam.
Eu posso compartilhar com algumas posições da esquerda econômica (e isso não necessariamente significa marxismo) e não compartilhar com a ideologia do chamado esquerdismo. Denominar de "esquerdismo" tudo aquilo que não é do pensamento de "direita" (acho que ficou até meio tautológico) acho um pouco perigoso.
Por exemplo, posso muito bem aceitar que o intervencionismo na economia é importante e deve ser realizado, assim como Calvino (vide o caso da Coréia do Sul e a ação do estado para o desenvolvimento do país) e não aceitar o aborto. E hoje no meio econômico intervencionismo na economia é visto como "esquerdismo".
No entanto, você tem razão em afirmar que a explicação do marxismo ao fatalismo histórico e da relação dialética entre classes deve ser vista com excessiva cautela. Agora uma análise de que tudo é de responsabilidade humana e da liberdade humana acho também incoerente, como coloca alguns liberais.
O Sadam é um ser influenciado por sua época, mas não é um refém de sua época. Não compartilho da análise que o Sadam seja uma personificação das relações capitalistas, portanto, um ser sem consciência de seus atos, mas com certeza as situações econômicas e mundiais permitiram a subida de Sadam ao poder. Acredito que chamar o “esquerdismo” de incoerente é incluir uma vastidão de conceitos e idéias que não necessariamente reflete aquilo que você tem como “esquerda”. Acredito que segmentar as ideologias entre “esquerdismo” e “direita” não seja apropriado. Por exemplo, hoje Calvino no campo da política econômica seria um cara de “esquerda”, pois acreditava que o governo de Genebra deveria intervir no controle de preços em vias estoques. Você acha que Calvino era um cara de “esquerda”?
Abraços
JP
JP, você demonstra ser uma pessoa equilibrada em sua visão política e econômica. Mas, quando eu generalizo, tenho em mente o esquerdista típico, que faz parte de um grupo muito numeroso e influente. Tenho em vista, por exemplo, grande parte da classe artística e "intelectual" (bota aspas nisso) brasileira - Chico Buarque, Beth Carvalho, LF Verissimo, Emir Sader, Marilena Chauí etc. - , pessoas que atuam como verdadeiros propagandistas da ideologia comunista (ou do PT) e não vêem incoerência alguma em pintar Bush como um demônio e Fidel Castro como um anjo. Você há de convir que estão nesse grupo tantos artistas e tantos professores universitários, além de políticos, que pode-se dizer que eles de certa forma monopolizam a opinião pública, empurrando-a sempre para um sentido só - a esquerda marxista. Assim, o debate de certos assuntos como o aborto, a pena de morte e o desarmamento ficam sufocados debaixo de um quase-dogma: quem é contra o aborto, a favor da pena de morte e contra o desarmamento, por exemplo, já é estigmatizado antes de qualquer argumento. Se hoje vivemos nos esbarrando em lugares-comuns como "direitista" é xingamento e os EUA (assim como a civilização judaico-cristã ocidental!) são culpados de todos os males da humanidade, isso se deve à hegemonia de esquerda que tomou conta dos setores de (des)educação e (des)informação deste país.
ResponderExcluirEssa questão de ‘esquerda’ e ‘direita’ é mais complexa do que parece. Subscrever cegamente um dos pólos é cair no artifício da rotulação que compõe o mundo em estruturas (aliás, método utilizado pela esquerda).
ResponderExcluirUm exemplo desta polissemia (‘esquerda’ ou ‘direita’) pode ser dado na pessoa do Lula. Para Heloísa Helena ele é um direitista inescrupuloso; para o ACM ele é um esquerdista burro; já o próprio se define como centrista amadurecido. Creio que esta diluição conceitual recrudesceu no presente período do pós-guerra fria. Em nossa era há o nítido fortalecimento do fulcro metodológico pós-cartesiano, ou seja, a diluição de toda a representação política, econômica e social do mundo. Outro exemplo: Pinochet era, indubitavelmente, de direita (assim como os militares da ditadura brasileira), já Stalin era de esquerda (assim como o inusitado Fidel). Hoje em dia não é incorreto dizer que o partido Democrata estadunidense é de centro-esquerda, embora esteja no seio da maior nação capitalista do mundo e deteste (pelo menos em sua maioria) Fidel, Chávez e Kim Jong-il. Já o Chile de Michelle Bachelet possui um governo de esquerda que se mantém fielmente alinhado a Washington.
Por outro lado, a Bíblia não é nem de direita e nem de esquerda, ela é singular, divina e reveladora da vontade de Deus. Eu me considero de direita, mas somente até onde a Palavra de Deus não é ferida. A partir do momento em que as práticas ou as representações da direita (mesmo em nome da “boa intenção”) ferem a minha convicção de fé, repito as palavras de Pedro e dos demais apóstolos: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens...”.
Um abraço fraternal.
P.S. Meu amigo Solano, eu acho que o ponto principal foi desfocado, neste caso, queira me desculpar.
Boa tarde,
ResponderExcluirhoje de manhã quando cheguei no trabalho e abri o tempora para procurar alguma novidade, vi de cara esse post sobre o Saddam, que parecia bastante com o Nicodemus, pelo menos nessa foto do blog, mas pode ficar tranquilo Augustus, o Saddam até que era "boa pinta", e você ainda preferiu se comparar com o Lula no outro post, admiro sua humildade...
Bom, mas voltemos ao assunto, eu li o post completo do Solano, e aproveitei pra passar o dia estudando o ensaio dele sobre a pena de morte, até antes da leitura eu era totalmente contra a pena de morte com a simples justificativa: "só Deus pode tirar a vida de alguém", mas nunca havia procurado base bíblica para isso, talvez o mandamento "não matarás" já era suficiente, após ler o ensaio eu mudei de idéia, massssssss, ainda tenho algumas dúvidas que gostaria que o Solano tirasse, e que talvez seja dúvida de outro irmão, então posto aqui mesmo:
Em Gênesis 4
8 Falou Caim com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo, Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou.
9 Perguntou, pois, o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda do meu irmão?
10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão está clamando a mim desde a terra.
11 Agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para da tua mão receber o sangue de teu irmão.
12 Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
13 Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha punição do que a que eu possa suportar.
14 Eis que hoje me lanças da face da terra; também da tua presença ficarei escondido; serei fugitivo e vagabundo
na terra; e qualquer que me encontrar matar-me-á.
15 O Senhor, porém, lhe disse: Portanto quem matar a Caim, sete vezes sobre ele cairá a vingança. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o encontrasse.
16 Então saiu Caim da presença do Senhor, e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.
17 Conheceu Caim a sua mulher, a qual concebeu, e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade, e lhe deu o nome do filho, Enoque.
Caim mesmo matando Abel, não recebeu pena de morte da parte de Deus.
Isso foi antes da Lei mosaica, e você disse na parte 1 do ensaio que a lei moral já havia antes de Moisés, não deveria ter Caim recebido pena de morte também ?
* Pergunta bônus, acabei de ficar curioso: versículo 16 diz "ao oriente do Éden", humm... o que houve com o Éden? e as árvores que estavam lá, por exemplo, a árvore da vida que era proibida de comer seu fruto? Deus fez ela desaparecer do mundo? Ou está escondida por aí em algum país? Viajei agora, mas se ninguém me responder eu vou sair de igreja em igreja pedindo ajuda, é melhor vocês tentarem me explicar, porque se eu for numa igreja neopentecostal e aparecer alguém dizendo que já esteve no jardim do Éden, isso não vai dar muito certo...*
Outra questão, você cita na parte 2:
1. Mateus 26.52 Jesus disse: "...todos os que lançarem mão da espada, pela espada
morrerão". Essa afirmação parece ser um reconhecimento tácito da legitimidade de aplicação da pena capital, como justa punição aos que vivem pela violência e desrespeito à vida.
Mas em Lucas 22 temos:
36 Disse-lhes pois: Mas agora, quem tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e quem não tiver espada, venda o seu manto e compre-a.
37 Porquanto vos digo que importa que se cumpra em mim isto que está escrito: E com os malfeitores foi contado.
Pois o que me diz respeito tem seu cumprimento.
38 Disseram eles: Senhor, eis aqui duas espadas. Respondeu-lhes: Basta.
Como harmonizar as duas citações?
E pra finalizar, esse post me fez refletir sobre o "problema do mal", que é um dos assuntos que estou tentando entender ultimamente. Deixo como sugestão para um futuro post, até agora acredito que Deus causa o mal ativamente, mas Deus não pratica o mal. Tenho uma posição semelhante a do Vincent Cheung...
Espero não incomodar com minhas dúvidas, e espero não ficar doido estudando teologia, sou tão novo...
Um abraço,
Anthony Jefferson.
Caro Anthony:
ResponderExcluirCaim faz parte de uma era de transição entre um mundo perfeito e a completa derrocada da civilização pelo pecado, do qual ele é exemplo mór - assassinando seu irmão. Note que parece que Deus deixa a sociedade humana com poucas regulamentações até o dilúvio. É como se estivesse ilustrando graficamente os efeitos do pecado - primeiramente com Caim, e a civilização cainita (pródiga tanto em conhecimento como em pecado, veja o caso de Lameque - aquele que não "levava desaforo para casa") e depois com a constatação de que a violência imperava sobre a terra, por isso Deus a castiga com o Dilúvio.
Para Caim ter escapado da morte, existem duas possibilidades
- a primeira, é que o próprio Deus estaria diretamente administrando os seus propósitos. Se ele quer deferir, ou perdoar a sentença, está em sua prerrogativa (o que não é delegado aos governos, que têm que ser implacáveis e imparciais executores da justiça. eles têm que aplicar o princípio que seria anunciado em Dt. 18.8-13: "E farás segundo o mandado da palavra que te anunciarem do lugar que o SENHOR escolher; e terás cuidado de fazer consoante tudo o que te ensinarem. Segundo o mandado da lei que te ensinarem e de acordo com o juízo que te disserem, farás; da sentença que te anunciarem não te desviarás, nem para a direita nem para a esquerda").
- a segunda (e mais provável) é que a pena de morte não instituição da criação, mas vem posteriormente, exatamente após o dilúvio - dada a Noé em n 9.6, como representante da humanidade pós dilúvio, precisamente como arma divina, delegada por Deus aos governantes, para coibir a violência. Assim, se ela vem após Caim, não poderia ser aplicada a Caim.
Quanto à pergunta bônus, já que você não deduziu as razões acima, não tem direito à resposta... (na realidade, seria apenas uma resposta especulativa, o quepouco me atrai).
Quanto à outra questão, nenhuma contradição entre os textos. Lucas 22 não mostra os discípulos vivendo "pela violência e com desrespeito à vida". Ou seja, eles não são criminosos. O texto de Lucas 22, prova, na realidade, a legitimidade da espada (arma) como instrumento de defesa pessoal (e não de ataque). Jesus reconhecia a legitimidade da defesa pessoal dos discípulos, mas não quer nenhum incentivo a que se tornem em um grupo de vigilantes (ou, como está na moda, de milícias) preparados para "brigar por Jesus", ainda mais porque o propósito de Cristo era entregar a própria vida por amor do seu povo.
Quanto a compreender o "problema do mal" - não se desanime. Com Cheung ou sem Cheung você provavelmente ainda ficará com muitas perguntas sem respostas, pois estará no campo das coisas insondáveis...
Abs
Solano
PS - ALFREDO: Não se preocupe. Você não desviou o rumo, não. A discussão é legítima.
Muito obrigado, Solano.
ResponderExcluirAgora, já posso dizer que sou a favor da pena de morte, só não sei onde foi parar a árvore do conhecimento do bem e do mal, e a árvore da vida, que ficavam ao ocidente da terra de Node...
Por enquanto fico com o versículo:
"As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei." Dt 29.29
Um abraço! ;)
É UMA PENA QUE OS IRMÃOS QUE DEFENDEM A PENA DE MORTE REPRODUZAM O PIOR DOS ENSINAMENTOS DE JOAO CALVIMO, E ESQUEÇAM DOS ENSINAMENTOS DE JESUS. FAÇO UM DESAFIO A TODOS QUE SEJAM COERENTES E NO PRÓXIMO DOMINGO NOS PÚLPITOS DE NOSSAS IGREJAS LANCEMOS UMA CAMPANHA PELA PENA DE MORTE NO BRASIL. E MAIS, QUE LEVEMOS AO SUPREMO CONCILIO DA IGREJA PRESBITERIANA ESSA PROPOSTA E QUE DURANTE A DEFESA DA TESE LEMBREMOS O MÉDICO MICHEL SERVET DECAPITADO EM GENEBRA COM A AJUDA DE CALVINO .
ResponderExcluirSolano,
ResponderExcluirParabéns pela visão bíblica, desapaixonada e equilibrada do que deveria ser o Estado como provedor do bem para os seus súditos. Infelizmente, o Estado não tem força em nenhum aspecto. Alguns dizem que são contra a pena de morte de forma romântica e lúdica, se esquecendo de que, no nosso caso (Brasil) o que falta é apenas a sua institucionalização, uma vez que ela já existe, quando lá do tribunal das celas fortes o "juiz" (Marcola, Fernandinho Beiramar) e outros, sentencia, via celular, a morte daquele a quem condenou.
Excelente!
Caro Anônimo, ou Cara Anônima:
ResponderExcluirComo originador da idéia, espero que tenha sucesso no empreendimento - boa campanha! Sugiro que antes de se lançar nela, que estude mais à fundo tanto a posição de Jesus - que nunca foi à favor da injustiça, nem dissonante de Deus Pai (você crê na inspiração do Antigo e do Novo Testamento?) - quanto à dos apóstolos, os quais, acreditamos, expandem (sob inspiração) os ensinamentos de Cristo. O link do artigo citado em meu texto - sobre a Pena Capital - é um bom lugar para começar, antes de atirar.
Sugiro, igualmente, que estude melhor a história e os incidentes da vida de Calvino, que foi excelente expositor dos ensinamentos de Cristo, como também piedoso cristão, em sua intimidade. Um bom lugar para destruir os seus mitos (especialmente quanto ao incidente de Servetus/Serveto) é lendo o artigo do Rev. Augustus Nicodemus - Calvino e Serveto, em: http://www.thirdmill.org/files/portuguese/40788~9_18_01_4-15-00_PM~Calvino_e_Serveto.html.
Solano
Caro Josué:
ResponderExcluirObrigao pelas palavras de estímulo e pelos comentários. Volte sempre!
Abs
Solano
Sr. Anônimo, embora Solano tenha respondido a contento, quero ressaltar apenas dois pontos:
ResponderExcluir1. Pregar sobre a Pena de Morte é ser coerente com todo o conselho de Deus e, embora sua ironia seja um disparate (avultar é ironizar), creio que este assunto deve, sim, ser pregado nos púlpitos das igrejas (e antes que você me indague, eu já fiz isso algumas vezes);
2. Sinto leviandade quanto ao seu pronunciamento sobre o caso 'Servetus', embora eu reconheça que o anacronismo seja o maior erro cometido pelos humanistas de plantão. Julgar Calvino fora de sua época é ser ingênuo e irresponsável, assim como achar que o soberano Deus seja conivente com a era presente. As Escrituras mostram que o Senhor é o reto Juiz e que pune o mal com a morte eterna (que coincidência, não?), ou você acha que o Lago de Fogo e Enxofre é mera figura de linguagem?
Respeitosamente.
P.S. Continua o desafio para que alguém prove cabalmente que as Escrituras são contra a Pena Capital.
Prezado Solano!
ResponderExcluirSe esse é o post em minha homenagem, só tenho uma coisa a dizer: sinto-me honrado! Muito obrigado! Um presentão de final de ano (que só hoje estou lendo, me perdoe).
Tenho conversado com o Juan de Paula, Gus Nagel e com a Norminha sobre os posicionamentos dos cristãos frente a questões como a pena de morte, atribuições do Estado e de que forma os cristãos autênticos que se envolverem com a política partidária devem agir, e nossa conclusão parece ser uma só: não precisamos de tratados políticos seja qual for o viés ideológico (o que não quer dizer que não devam ser estudados, pelo contrário). Basta-nos apegarmos à Palavra de Deus e examiná-la com cuidado, sob a direção do Espírito Santo de Deus. E seus artigos sobre tais questões têm sido prova disso, Solano.
Que o Senhor levante uma geração de cristãos que, antes de agir, leiam a Bíblia e confrontem seus achismos com os poderosos, eternos e infalíveis princípios que o Senhor nos revelou em sua Palavra.
Solano, mais uma vez, valeu!
Fica aqui um abração fraterno do
Eliot.
Ei JP!
ResponderExcluirNão há dissociação de esquerdismo político e econômico. As teses esquerdistas relativas à economia estão intimamente ligadas à cosmovisão idealista e igualitarista dos seus mentores. É claro que em certos pontos as pessoas podem ser de esquerda, e noutros não (eu mesmo já fui assim, antes de estudar um pouco de economia), mas não é difícil fazer distinção dos enunciados da direita e da esquerda em cada área, seja economia, direito, cultura, etc.
Não sei em que circunstâncias Calvino defendeu a medida econômica que você citou, mas se ele a defendia incondicionalmente, talvez a resposta à sua pergunta seja um "sim" - Calvino era um esquerdista, talvez mais precisamente um centrista - mas APENAS sob o ponto de vista econômico. Se ele não defendia tal medida incondicionalmente, e o fazia visando apenas a estabilidade institucional e a sobrevivência da população dentro de um cenário econômico conturbado, a resposta é "não, Calvino era 'reaça', mesmo". Porque pensar que direitistas colocam a liberdade econômica acima da estabilidade jurídica e institucional é um erro e faz parte da mitologia esquerdista. Pois sem garantir a proteção legal à propriedade privada e às liberdades individuais, não faz o menor sentido que o Estado mesmo exista e nem será possível a existência sadia de mercado algum. Com diferenças pontuais, isso é consenso entre liberais e conservadores.
E dentro do que normalmente é reconhecido por "direita", só os "libertarians", ou anarco-capitalistas, é que defendem a total eliminação do Estado a atribuem à economia o poder de regular a vida das pessoas em todos os aspectos. Mas isso é tão economicista (e absurdo) quanto os postulados marxistas.
Olá Eliot D. Chambers
ResponderExcluirNovamente venho reafirmar, é bastante controversos rotular "esquerda" e "direita" em todos os contextos, épocas e culturas diferentes.
Na época de Calvino, antes das Riquezas das Nações de Smith, essa noção não existia, nem mesmo o marxismo existia.
Se você ler a HPE de Calvino verá que é amplamente associada aos conceitos teológicos e bíblicos. Quando eu fiz a questão se Calvino era esquerdista, era justamente para reafirmar isso. Se nós não tomarmos cuidado, chamaremos Calvino de Petista daqui um pouco...srsrsrs ou Republicado, ao gosto do freguês ...(brincadeira!).
Quanto a questão econômica, em grande parte esta associada ao tipo de ideologia, mas novamente deve-se ter um pouco de cautela. Um líder socialista com certeza irá implantar políticas econômicas próprias de sua ideologia.
Agora dizer que intervencionismo econômico esta fortemente ligado somente ao marxismo, socialismo ou "esquerdismo" como você coloca, vejo isso como um equívoco na HPE.
Adam Smith nunca pregou um estado alheio e que só cuide dos direitos de propriedade e segurança, assim como David Ricardo, Mill e por fim Keynes.
Esse último sabia dos problemas inerentes de uma economia capitalista de mercado.
Para Keynes o estado deveria fazer políticas de demandas anti-cíclias, como política fiscal. Não foi isso que os EUA fizeram pós 1929?
Fora que numa economia de mercado existem problemas informacionais, custo de transação e rigidez nominal. Hoje os principais países mundiais, como os EUA, não cuidam somente dos direitos de propriedade ou segurança, atuam na economia, com barreiras, tarifas, impostos, subsídios e os EUA é um país esquerdista? Quer seja Republicano, quer seja Democrata, isso é mudado na margem.
Imagine um Estado que não fizesse previdência social ou algum tipo de assistência social (sei que isso gera muita discussão) ou distribuição de renda. No Chile, que fez uma ampla reforma liberal na previdência na era Pinochet, já esta revendo algumas medidas, pois percebeu que grande parte da população esta alheia ao sistema.
Existem pobres na sociedade, e fazer política social não necessariamente é chavismo, petismo, stalinismo, leninismo, ou “cubanismo”....
Ora, para que servem as agências regulatórias? Simplesmente quando você tem um monopólio natural com custo fixo muito elevado, o preço de mercado é maior que o custo marginal. Ora a agência vai regular esse preço, tentar jogá-lo ao custo médio.
Fora que após a 2º. Guerra o intervencionismo econômico não ocorreu somente na URSS, mas nos países capitalistas. Era normal haver câmbio fixo, havia o padrão ouro, os gastos governamentais eram exorbitantes, se tolerava mais inflação e isso era dito como ortodoxia.
Em nosso mundo tupiniquim a ditadura militar (vista como reacionária e de direita) foi uma das ditaduras mais desenvolvimentistas da AL, vide PAEG(1964), Milagre(1967) e II PND(1976). Quer coisa mais heterodoxa do que esses planos? Fico me perguntando uma ditadura que caçava comunista fazia políticas econômicas heterodoxas....
Novamente, rotular o intervencionismo estatal de esquerdismo pode ser um equívoco. As vezes queremos defender uma posição política, e jogar tudo o que nós não concordamos num termo ou grupo e generalizar e isso pode ser perigoso.
Nem mesmo os pessoal da nova economia institucional nos EUA que são conservadores e pró-mercado não vêem o estado apenas como definidor de direito de propriedade ou cuidar da segurança, mesmo considerando esses dois últimos importantes...
Abraços
JP
Com sua licença, estimado Solano...
ResponderExcluirOlá, JP
Não se esqueça que o primeiro aqui a tentar enquadrar Calvino nos termos de direita/esquerda foi VOCÊ. É lógico que associar pessoas de diferentes contextos históricos à esquerda ou à direita certamente gera problemas, apesar de que, após a Revolução Francesa, a coisa tenda a ficar mais simples. Espero que tenha ficado claro que apontei para uma classificação de Calvino à luz do que se entende HOJE por direita ou esquerda, já que você tinha feito a pergunta.
Não estou buscando associar ortodoxia cristã com direitismo. Vale destacar, nesse sentido, que o próprio surgimento da disputa entre direita x esquerda é oriunda do crescente anti-sobrenaturalismo que começou a tomar conta da mentalidade ocidental à partir do Renascimento. Mas não posso deixar de constatar a dissonância que há entre a fé cristã mais pura e genuína com as teses esquerdistas (e mesmo com as keynesianas, pelo simples fato de que já foram derrubadas e a Bíblia é infalível). O conservadorismo de Burke, Kirk, Rushdoony, por sua vez, e mesmo muitos enunciads liberais (não tudo) contém muitos conceitos compatíveis com os enunciados cristãos. A influência cristã é visível. Já o esquerdismo... bem, aí está o livro de Ann Coulter, o legado marxista (Marx foi discípulo do satanista Moses Hess, o primeiro sedizente “comunista”) e os manuais de terror e destruição escrito por mentes pervertidas como Lênin e Marighela.
É óbvio que a intervenção estatal mesmo em países capitalistas aumentou no último século. Como cristão, penso que isso está intimamente ligado com o que diz o livro do Apocalipse no cap. 13.
Não é preciso citar a Bíblia para rejeitar os postulados de Lord Keynes, grande colaborador da KGB, por sinal. A crítica econômica liberal, seja da escola monetarista ou da austríaca, não deixa pedra sobre pedra do cafofo keynesiano. A qualidade de vida nos países que estão no topo da lista de liberdade econômica da Heritage Foundation, a prosperidade da Irlanda, o novo tigre celta, e recente ocaso da hegemonia social-democrata na Suécia são apenas alguns exemplos práticos da superioridade das teses liberais relativas à economia.
Fui!
ps: Excelentes as considerações do Maurício no post do Augustus (sobre o livro de Ann Coulter).
Caros Eliot e JP:
ResponderExcluirEliot: Realmente, este era o post em sua homenagem! Alguns fugiriam (ou fogem) da confrontação desses fatos, como o diabo foge da cruz; mas achei que você apreciaria um tratamento honesto desses assuntos que ocorrem ao nosso redor.
JP: Você irá descobrindo que, realmente, fica difícil abraçar a visão socialista do estado, se considerarmos com seriedade o que a Bíblia nos ensina sobre a natureza do homem e as delegações de Deus para a regência da vida em sociedade.
A castração da singularidade individual do socialismo é cruel e anti-bíblica. Eu também sou meios refratário aos rótulos de "esquerda" e "direita", não porque temo alinhamentos, mas porque acho que nem sempre as áreas representadas por tais identificações estão claras na mente de quem as ouve, ou até de quem as enuncia. No entanto, não é preciso ser muito arguto para ver qual a posição que melhor abriga certos pontos cruciais bíblicos, tais como, como -
a. A limitação dos poderes do estado;
b. A preservação da singularidade, individualidade, iniciativa, soberania (em sua esfera), criatividade, e do desejo natural de progresso por meios legítimos e legais do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus.
c. O estabelecimento do direito de propriedade;
d. A defesa de instituições chaves da sociedade - tais como a família; o casamento - definido como a união de duas pessoas de sexos opostos; o cuidado e responsabilidades familiar (e não estatal) dos idosos e carentes, na sociedade;
e. O reconhecimento das deficiências da raça humana e a necessidade de mecanismos de displina e correção;
f. A defesa da vida - tanto do que está para nascer, como dos que já nasceram.
Compare o que a Palavra de Deus ensina nesses campos com a agenda socialista e verá que ela é - na esfera sócio-econômica, sim - totalmente contra os princípios que emanam de uma leitura simples e desapaixonada das prescrições do Senhor do Universo.
Se aliarmos a isso o teste da história - com os inúmeros registros de sucessos (onde as responsabilidades individuais foram incentivadas) e de insucesso (onde elas foram suprimidas, ou suplantadas pela descaracterização amorfa do "bem" social, do "bem" coletivo) - e não teremos qualquer racionalidade, como cristãos, de nos prendermos aos princípios socialistas, ou, se preferirem, "de esquerda".
Me espanta, muito que um número enorme de cristãos não se apercebem da tremenda lavagem cerebral a que foram submetidos, pelo martelar contínuo de um palavreado pseudo-social que "tem aparência de piedade", e às vezes procede de um desejo legítimo de justiça, mas que resulta na formação de convicções em bases meramente sociológicas (não reais, mas aquelas emitidas pelos teóricos políticos de plantão) e não bíblicas - emitidas pela fonte de conhecimento, o Logos eterno, em sua Palavra.
Quanto a Calvino, aquilo que é interpretado como sendo uma posição de intervencionismo estatal nas questões sociais, eu vejo como sendo apenas uma chamada às responsabilidades eclesiásticas e religiosas do povo, para com os carentes. Afinal, beneficência é um dever de cada um de nós; motivação até para que tenhamos um trabalho, como Paulo ensina em Efésios 4.28 - "Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tem necessidade".
Quanto ao intervencionismo do estado na economia (ou "desenvolvimentismo"), qe você apresenta em diversos países "capitalistas", inclusive aqui, no Pindorama - na época do regime militar - cada vez que isso acontece, ou aconteceu, foi em detrimento das liberdades reais. O que é pior - resulta em ATRASO e não em PROGRESSO. Note o atraso na informatização do Brasil, gerada pela infame estatal COBRA, gerado pela Secretaria estatal que não somente lhe deu vida, mas que ergueu inúmeras barreiras à modernização do país, ignorando a produção tecnólogica de além-mar; exigindo fabricação interna - forçando-nos a reinventar a roda. Quem viveu aqueles anos sabe do que isso custou ao país.
Ou seja, o socialismo é muito mais enrustido em nosso país do que se pensa. Quando o PSDB é considerado "de direita" já mostra o estado de confusão em que nos encontramos, e isso ocorreu em pleno regime militar. A política externa daquela época - o famoso "pragmatismo brasileiro", que nos levou a apoiar todos os regimes genocidas de suposta "libertação" africana, mos a inconsistência de uma posição "supostamente de direita". A cartilha socialista não poderia ter sido melhor interpretada ou colocada em prática, do que nessas explosões de insanidade daquela era. Então, não, realmente, consistência ideológica nem de conteúdo nesses exemplos.
Por último, para que em mantenha o meu equilíbrio e honestidade, critico "a direita", também, quando esta não extrai seus postulados e convicções da Bíblia - pois aí cai em grave perigo: ignorará (como o fazem os socialistas) a REALIDADE do PECADO. A iniciativa pessoal levada à frente, sem limites e controles - na esfera econômica ou sicial - resultará em opressão e tirania. Daí a sabedoria de governos que estabelecem o que é conhecido como: "Checks and Balances", ou seja pontos de aferição e de equilíbrio. Normalmente, isso deveria ser conseguido com a idependência dos poderes (legislativo, executivo e judiciário); mas para isso deveriam funcionar permeados de estadistas e não com indivíduos que buscam seus próprios interesses e procuram se locupletar do estado.
Um abraço,
Solano
Excelente observação, Solano!
ResponderExcluirQuanto a mim, fico muito triste de ver em que nosso povo deposita hoje suas esperanças. É só conversar com estudantes universitários para saber o que querem depois do curso: a grande maioria falará em "concurso público". E o que os motiva é quase sempre o salário polpudo - em segundo lugar, a tal da "segurança" - , e não a alegria de trazer sua contribuição para a sociedade ou fazer aquilo de que se gosta. Esse é o resultado de décadas de lavagem cerebral esquerdista: um povo infantilizado, que vê o Governo como responsável por tudo, fonte de todos os problemas e de todas as soluções; concentrado demais na questão econômica ("Papai Estado vai me dar tanto por mês e eu não preciso de mais nada"); pragmático demais para ganhar dinheiro de um modo mais pessoal, criativo e progressivo; alienado demais de si mesmo para procurar saber os próprios dons e desejos profissionais; e, sobretudo, desanimado com as poucas e trabalhosas opções existentes além do Super Emprego Público.
O que o esquerdismo sabe muito bem criar, em suma, é uma sociedade composta de uma massa de aspirantes a burocratas estatais, que passam a vida em empregos inócuos mas que pagam bem, e que não querem (ou já não podem) ter uma carreira profissional prazerosa, que aproveite seus talentos inatos. É a sociedade que George Orwell descreveu muito bem em 1984: basta que o Estado se torne ainda mais onipresente, que a massa de burocratas, com raras exceções, batirá continência e seguirá adiante, dando o necessário suporte das multidões à tirania estatal. Um quadro sem dúvida pavoroso.
Solano
ResponderExcluirSeus pontos de "a" a "f" são altamente coerentes e concordo com o texto em geral, no entanto, discordo na parte sobre o desenvolvimentismo econômico.
Imputar apenas um caráter negativista ao desenvolvimentismo acho também muito controverso e muito viesado com relação a alguns meios de comunicação que não passam os lados positivos também
O desenvolvimentismo no Brasil foi um modo de você criar as bases de uma economia capitalista em paises com industrialização tardia. Enquanto que os EUA e Europa estavam na 3o. revolução industrial, o Brasil estava criando sua base industrial de bens de capital e intermediários.
Lembre-se que até 1930 o Brasil era dominado pelo sistema agrário cafeeiro.
E para sustentar uma industrialização dessa magnitude o risco para o sistema privado era enorme, por isso a necessidade de intervenção estatal.
O estado desenvolvimentista (processo de substituição de importações) começa com Getúlio e tem seu ápice em 1976 com o II PND. O esforço estatal em industrializar o Brasil foi bem sucedido, mas com muitos problemas e isso é fato. Mas demonizar o estado brasileiro por isso, acho excessivo. Muitos benefícios trouxe a industrialização. Para se ter uma idéia nossa infra estrutura remonta ao II PND.
Dizer que nos fechou a modernidade mundial acho também controverso. Existem muitas estatais que geraram tecnologias de ponta, como a Embrapa e até mesmo em Telecomunicações e petróleo.
E nem sempre o setor privado respode aos estimulos econômicos de maneira eficientes.
Hoje a discussão acadêmica reconhece os problemas de nosso processo de industrialização, mas não banaliza o estado desenvolvimentista.
Países como Japão e Coréia do Sul, assim como os tigres asiáticos tiveram um processo semelhante ao nosso, com ação governamental na economia, mas com alguma diferenças importantes. Quero me ater ao caso da Coréia do Sul.
Sob o manifesto de que o estado não deve ter empresas estatais e intervir na ECONOMIA, não havia razão para a Coréia em plena a década de 60 realizar uma industria automobilística ou de eletroeletrônicos. Mas o estado coreano promoveu os incentivos adequados via estado para a construção de empresas desse tipo de modo que se tornassem eficientes e competitivas.
Existe um artigo do Hodrik que faz um modelo matemático sobre industria nascente. E muitos outros artigos falando sobre esse tema. Alegam que a necessidade de intervenção estatal inicial para evitar os riscos privados, após esse passo, gerar os incentivos privados para retirar produção ineficiente.
A diferença da Coréia com relação ao Brasil foi que abriu mais a economia, isso não significa que não protegeu sua industria, protegeu e muito. Teve um processo voltado a exportação e competição internacional e investiu na educação.
A coréia DO SUL hoje tem uma renda per capita quase de país desenvolvido em grande parte pela ação estatal. É um estado que tem liberdade política e econômica, mas teve um gverno que soube intervir na economia de maneira a dar os incentivos corretos.
Gosto muito do Dani Rodrik, um economista de Harvard , ele fala sobre a importância da ação estatal.
http://ksghome.harvard.edu/~drodrik/
Deve-se tomar cuidado com alguns veículos de comunicação que apresentam apenas o lado maligno da ação estatal, sendo que no mundo muitas ações estatais na economia geraram incentivos corretos e prosperaram países. Assim como em outros foi um total desastre. Acredito que no Brasil temos os dois pontos de vista.
Abraços
JP
Olá Norma
ResponderExcluirCondordo com você...infelizmente nossos jovens querem concursos públicos. Mas não colocaria apenas a culpa no ESTADO.
Mas queria ressaltar o outro lado, trabalhar no setor público, não significa apenas querer mamar no estado, ou significa apenas uma consciência paternalista do povo brasileiro. Mas você sabe o que é trabalhar numa empresa ou banco privado hoje? Eu sou economista e sei o que é, ficar até as 23:00 trabalhando é fogo. Trabalhar é bíblico, mas excesso de trabalho eu acho que não. Aqui em sampa, eu vejo o quanto o trabalho escessivo prejudica até a igreja. Fora que o setor público dá segurança financeira não no sentido de muita grana, mas no sentido de que a pessoa consegue melhor panejar a vida sem sofrer as indefinições e os riscos do mercado privado. Hoje ser demitido não é algo incomum, o chefe acordar de mal humor não é incomum, a empresa cortar custos não é algo incomum.
Um cristão que trabalha numa empresa privada, veste mais a camisa das empresas do que o evangelho da paz.
Por isso digo, se não houver intervenção estatal nesse mercado incerto e cheio de risco, para controlar as manadas especulativas, espere por mais Chaves, Evos, Lulas, etc....
Abraços
JP
Pessoal
ResponderExcluir"Escessivo não!!" O correto é excessivo...
Corrijam no meu texto!
Abraços
JP
Caros JP e Norma:
ResponderExcluirO Blog está com problemas durante o dia de hoje e acabo de digitar um comentário extenso aos dois, apenas para vê-lo desaparecer no espaço sideral... Com os neurônios chamuscados, quase meia-noite, não dá para reproduzí-lo.
Obrigado aos dois pelas últimas interações. Como vemos, os comentários terminaram fazendo um link deste post e do próximo, do Augustus, e os assuntos comentados, no final estão bem semelhantes. Postei algo, lá, que diz respeito a alguuns comentários do JP, aqui.
Reconheço a eficiência de algumas estatais, mais, possivelmente, pelo profissionalismo e competência de alguns gestores, do que pelo princípio estrutural do gênese delas. Para cada Embrapa, nossa história registra dez Cobras, sob as asas da famigerada SEI. Sei que em algumas áreas onde a iniciativa privada não entraria, pelo ROI (retorno sobre o investimento) muito retardado - como em hidroelétricas, a sociedade, coletivamente pelo estado - como uma das funções desse de providenciar justiça na forma de oportunidades iguais para que os integrantes desenvolvams as suas desigualdades - pode entrar. No entanto essa será sempre uma entrada limitada e deve sair assim que possível - como foi no caso das Teles. Assim que passou a necessidade inicial de aporte estrutural e de tecnologia, a permanência na gestão é malsã, pois o estado é mau gestor daquilo que não é o seu foco.
Quanto aos modelos orientais, são difíceis de serem comparados com a banda de cá. Os Zaibatsus representam muito mais uma estruturação espontânea da iniciativa privada, gerada pelas conexão de suprimento, consumo, produção, vendas, do que por intervenção estatal. É óbvio que há (e houve) intervenção, até gerando a visão do Japão S/A; Coréia S/A, mas no sentido (pasmem!) de proteger as empresas empresas privadas, do que de explorá-las e exauri-las fiscalmente, como tem sido o costume em nossas plagas.
JP - A Confissão de Fé de Westminster diz que excesso de trabalho é quebra do sexto mandamento! Quanto aos veículos de comunicação que são contra a intervenção estatal, são poucos e raros. A maioria adora o messianismo do estado - a solução de todos os males; o big-brother provedor não somente dos fracos e oprimidos, mas dos ricos e apadrinhados. Só que alguém paga a conta e ela é cara. O custo Brasil está aí para mostrar.
Quando o estado deixa a iniciativa privada trabalhar e regula apenas no sentido de que não existam injustiças ou explorações, os empregos fluem e a riqueza das nações se produz como consequência. Mas ser empresa privada e privatização, virou xingação no Brasil...
Abração a todos,
Solano
JP e Norma:
ResponderExcluirTerminei repetindo aqui algumas coisas que coloquei como comentário no post de Augustus. Desculpem. Confundi memória do que se havia perdido, com memória do que estava escrito. É senilidade não tão precoce assim...
Solano
Oi, Solano,
ResponderExcluirolá JP,
Desculpe-me por parecer ríspido. Mas só fiz comentários à luz do que suas ponderações, a meu ver, um tanto “extrapoladas” sobre o que escrevi, permitiram. Por causa dos comentários irônicos sobre Calvino, até pensei que nem cristão você era. Em todo caso, me perdoe.
Mas vamos lá:
Sobre a citação de Reinaldo Azevedo sobre o apóstolo Paulo e Milton Friedman, não a considero exagerada. Note que Paulo é ainda mais radical do que Friedman.
Sobre o império romano, o que afirmo é defendido pelo historiador econômico Peter Termim.
As questões sobre esquerda, direita e base bíblica já foram bem esclarecidas pelo Solano, cujas últimas colocações sobre epistemologia e princípios bíblicos são preciosíssimas.
Indo a cerne da questão toda, cito o economista brasileiro Ubiratan Iorio:
A perniciosa influência de Keynes – um sujeito extremamente inteligente, haja vista ter sido o economista mais famoso do século XX sem sequer ser graduado em Economia – pode ser desmembrada em quatro partes. A primeira é a revolução moral às avessas que, de forma preconcebida (como demonstra Paul Johnson em Tempos Modernos), introduziu, ao persuadir quase todos os seus colegas de que poupar é ruim e gastar é bom, convencimento que logrou com a introdução de um conceito copiado de um ex-aluno (Khan), o de multiplicador de investimentos. Se, até Keynes, a ética que predominava na Economia era a judaico-cristã, que sempre enalteceu o valor do trabalho duro e da poupança, Keynes, com a sua inteligência, capacidade persuasiva e ao lado dos demais homossexuais do grupo de Bloomsbury, por ele fundado e que tinha como um de seus objetivos, no bojo da crítica nietzschiana à moral, subverter completamente os padrões éticos e morais até então vigentes, enfiou na cabeça de economistas influentes, de políticos e de governantes que a filosofia correta não seria a da formiga, mas a da cigarra. (no artigo ‘Os erros no ensino de Economia’)
ESSE é Keynes.
Mais uma vez, fica difícil dissociar o apego ao intervencionismo estatal do anti-cristianismo. (Por favor, não estou dizendo que esse é o seu caso).
Após ler seus comentários, não posso deixar de ressaltar a premissa fundamental do keynesianismo: “Mercados falham”. O grande problema é que o mercado, como processo baseado em trocas voluntárias, como ente abstrato, não falha. Pelo simples fato que não tem um objetivo em si. Quem os têm são os indivíduos. O mercado não foi inventado ou criado por força de lei ou ideologia. Onde há muitos seres humanos, ali ele surge, como dimensão da natureza humana. É conhecendo-a que encontramos as melhores soluções para nossos problemas econômicos. É o que a escola austríaca faz, com um amplo alicerce metafísico que você jamais encontrará no keynesianismo.
Afirma-se que os mercados “falham” apenas porque não correspondem aos caprichos das elites despóticas que, com sua crescente burocracia planetária, querem suprimir toda livre iniciativa (e consequentemente, a concorrência) e moldar uma nova ordem mundial baseada no humanismo secular. Já reparou que são fundações multimilionárias (MacArthur, Rockefeller, Ford), aliançadas com a ONU, que financiam coisas como o Fórum Social Mundial? Pois é...
Sem falar nos efeitos nefastos do crescimento estatal sobre as massas, e nem estou falando de ditaduras. O welfare-state fez do cidadão médio europeu das gerações mais recentes um palerma frívolo e hedonista, que pensa que só tem direitos. Temos ali uma derrocada civilizacional sem precedentes.
É verdade, a Academia foi invadida pelas teses keynesianas. Mas isso depõe contra elas. Há tempos o meio acadêmico é pródigo em laurear tudo o que não presta, e os exemplos de escolas, correntes e teses absolutamente insustentáveis (cotas, desconstrucionismo, aborto, evolucionismo, etc) são abundantes. Tenho certeza que, como cristão, você já deve ter percebido esse fato. Na Economia a coisa não está diferente.
A ascensão do keynesianismo também coincide com a campanha do monstruoso Stálin para a cooptação sistemática de intelectuais do Ocidente perpetrada na década de 30, e a conhecida colaboração de Keynes com a KGB não pode ser dissociada desse fato.
Levando em conta a base bíblica sobre o papel do Estado, as origens e os frutos do keynesianismo, além de todos esses fatos adjacentes, você realmente acha que o keynesianismo pode ser solução para alguma coisa? Tenho visto cientistas de outras áreas confrontarem a Bíblia e quebrando a cara fragorosamente.
Não tem sido nem será diferente com as teses de J. M. Keynes.
JP, fico por aqui.
Alfinetadas à parte, o confronto foi válido e frutífero.
Abraço,
Eliot.
Olá Elliot
ResponderExcluirNão conheço esse professor Ubiratan Iorio, olhando aqui no google, vi que fez doutorado na EPGE e dai a razão da crítica a Keynes.
Eu acho que esse professor foi injusto com a teoria keynesiana. Tirando o lado pessoal de Keynes, infelizmente muito comprometido, devemos tomar cuidado, uma vez que grande parte do pessoal do blog não conhece muito economia, e segundo esse pequeno texto, Keynes é um quase Marx.
Keynes é odiado em ambos os lados, tanto pelos marxistas como os liberais.
Na teoria geral de Keynes, não há nenhuma apologia a gastança exarcebada que infelizmente o professor associa a questão moral pessoal. O texto é extremanete viesado, e não leva em consideração a parte técnica, não sei o livro.
Keynes afirma que poupança é igual a investimento, como os clássicos, mas o sentido de causação é outra, investimento causa poupança. E dados empíricos, como uma simples causalidade de granger corroboram essa afirmação.
Maior investimento, maior crescimento, maior poupança. Quer ter mais poupança, invista. Ora, não foi isso que os EUA fizeram?
Em Keynes não estava a idéia de ausência de trabalho, mas a idéia de que o sistema capitalista é instável. Lembre-se viveu toda a crise de 1929, e o alto desemprego mundial. Para ele, quando um país entre em RECESSÃO, deve-se fazer políticas de demanda, principalmente via gastos fiscais. Os EUA fazem isso direto. Quando a economia estivesse funcionando corretamente, não haveria necessidade de políticas de demanda.
Keynes foi incissivo também na idéia de desemprego involuntário. Na visão clássica convencional havia apenas desemprego voluntário, ou seja, a pessoa estava desempregada porque não queria trabalhar, ou melhor, não estava disposta a trabalhar por aquele salário real vigente. Para Keynes, o que determinava o salário real e o nível de emprego era o sistema econômico, ou melhor, a demanda agragada.
A não ser, como alguns economistas hoje, acreditam que exista desemprego porque as pessoas não querem trabalham ao salário real vigente.....
Cara com toda a honestidade e sem ofensas..sério mesmo, não sei se você é economista ou se já leu Keynes, recomendo a leitura dos três primeiros capítulos da Teoria Geral, é muito importante...as vezes a gente começa da crítica diretamente e toma Keynes simplesmente como um Revolucionário dos valores morais de nossa época, desculpe, acho isso muito excessivo.
Sabe porque, muitas vezes a gente vê a discussão pronta e toma partido sem ao menos entender a discussão técnica e acadêmica por trás..é o que acontece com a maioria dos jornalistas que discutem economia no Brasil...
É muito fácil associar Keynes ao homossexualismo e libertinagem social, cultura anti-cristã e desmerecê-lo, sendo que as contribuições acadêmicas e técnicas tem seus reflexos até hoje.
As falhas de mercado, evidenciado pelos novos keynesianos, esta mais relacionado a questões de informação, custo de transção, medida, rigidez, expectativas..estava discutindo outra coisa..mas enfim...desencana...
E novamente, associar intervenção economica a algo anticristo, também acho muito excessivo, uma vez que existem muitas questões no âmbito técnico macro e microeconomico. Desse modo de ver, nem o Banco Central seria necessário.....
Imagine a ausência de marco regulatório, banco central, política fiscal, etc...
As vezes jogamos um monte de pessoas num balaio e taxamos como anti-cristãos, sem ética, etc...
Sendo que o avanço do socialismo no mundo foi freado em grande parte pela teoria de Keynes...uma vez que você corrigiu as falhas do capitalismo....
Abraços
JP
Vou colocar minha colherzinha com temperinho de pimenta na discussão entre Eliot e JP. Nada técnico, pura mediação.
ResponderExcluirJP, desculpe, mas você usou do argumento de autoridade quando perguntou se Eliot era economista - como se apenas economistas pudessem discutir economia propriamente. (Fico pensando se os autores deste blog usassem esse tipo de argumento nas discussões teológicas. Elas simplesmente não renderiam, porque discutir teologia como leigo ainda é mais complicado que discutir economia: todo mundo ficaria com um medo danado de contradizê-los. Mas não é o que ocorre, e nos sentimos à vontade para vir aqui e escrever o que pensamos.) A discussão ganharia mais se você se ativesse aos fatos e argumentos, não acha? Se você puder se despir da autoridade de "Economista" para conversar com as pessoas aqui, todos sairiam ganhando. Além disso, Eliot tem pelo menos um economista de peso - professor da UERJ, articulista do JB, presidente do CIEEP - a seu favor. Ele não está falando besteira a ponto de você ter de lembrá-lo da sua formação.
Enfim, é só isso: um toquezinho sobre algumas poucas frases do seu comentário. Estou acompanhando a discussão com interesse, e espero que continue com ainda mais qualidade.
Abraços!
Olá Norma
ResponderExcluirDe fato, do modo que coloquei "você é economista?" foi um pouco (muito arrogante), peço desculpas ao blogueiros em geral, em especial Elliot. No entanto, não quis me utilizar argumento de autoridade, como pareceu ou deu a entender.
O Elliot tem todo o direito em discutir economia, como eu tenho direito de discutir teologia ou outras áreas. Mas quando não tenho conhecimento pleno ou dúvida, eu vou pesquisar e ver. De preferência vou ao original.
O que acontece é que Elliot discutiu mais economia por meio de outros autores, do que dos próprios originais (pelo menos foi essa impressão que me deu, posso estar enganado, ele pode conhecer HPE mais do que eu).
Essa visão sobre Keynes, logicamente tirando seu lado pessoal, é passível de controversa.
O referido professor da UERJ, pode ter razão com relação a vida de Keynes, mas foi muito infeliz na questão teórica
Não só eu diria isso, mas outros professores. Mas parece que o professor da UERJ tem a voz final e única, mesmo sobre os originais.
Quando o Augustus, Solano ou Mauro discutem um ponto histórico, teológico que eu desconheço, ou tinha um visão diferente eu paro para pensar...
Mas perceba Norma, desconsiderando minha infelicidade de ter perguntado ao Elliot se ele era economista, eu também discuti no texto anterior com bases teóricas e construtivas para tentar rebater o professor.
Mas parece que isso não importa, importa a voz do professor da UERJ. E voce só se ateve a isso.
Estou esperando novos argumentos sobre a preocupação e teoria de Keynes.
Desse modo, por mais que eu faça uma discussão exaustiva, acadêmica, teórica a respeito de Keynes, isso parece que não importa, pois o professor da UERJ disse e acabou.
Depois que voce me deu o puxão de orelha, eu esperava voce comentar algo sobre minha discussão da Teoria Geral, mas não econtrei isso...
Então Norma vou seguir sua sugestão, vamos discutir teoricamente. Dessa forma vamos nos ater mais ao originais, caso não haja conhecimento suficiente (como eu mesmo reconheço ter com relação a outros assuntos e até mesmo em economia que é vasta) outra pessoa pode ajudar e é isso que estou tentando fazer, mas parece em vão.
Norma, vc sabe disso, é comum pessoas de outras áreas, me coloco nisso também, falar algo incoerente mesmo dentro da área de pesquisa.
Quando eu vejo que desconheço e uma pessoa me corrige, eu revejo minha incoerência. Vide esse blog aprendi muito com ele...
Abraços
JP
Caro JP,
ResponderExcluirÉ verdade que você está defendendo bem sua posição, apenas escorregou no último post. Tenho acompanhado tudo com grande interesse.
Assim, não fique contrariado, foi apenas um toquezinho mesmo. Se eu só me ative a isso, é porque não me atrevo a entrar na discussão: meu conhecimento de economia está muito perto de zero.
Quando critico o marxismo ou o socialismo, eu o faço sempre do ponto de vista político-cultural.
Mas tenho uma pergunta pra você: na universidade, você não acha que os professores - de humanas sobretudo - tendem sempre a adotar e defender uma política de esquerda? E, sendo assim, as opiniões e os estudos favoráveis a Keynes não seriam uma tendência geral? Dessa forma, o prof. Iorio não estaria nadando contra a corrente? Estou questionando isso porque você disse agora que outros professores sustentariam sua posição. Mas nem sempre a voz corrente sobre um assunto - MESMO a acadêmica - é a mais acertada.
Considere-me aqui uma participante leiga, certo? Eu jamais poderia entrar em considerações teóricas sobre economia. No máximo, fazer o que estou fazendo: observações sobre o modo de levar a própria discussão.
Percebi que você ficou na defensiva; não fique assim, mas conversemos numa boa, certo?
Outra coisa: Solano, fico admirada da lucidez com que comenta os comentários, além da generosidade de cada intervenção, que poderia muito bem gerar outros posts. A igreja precisa muito disso: cristãos que consigam dar conta de assuntos não diretamente abordados pela Bíblia, mas iluminados pela visão de mundo bíblica. Principalmente hoje, com tanta fragmentação no meio evangélico. Tanto você quanto Augustus e Mauro poderiam explorar mais esse lado extra-teologia em artigos e livros - se é que já não o fazem. Seria excelente!
Aliás, que tal mais links aqui no Tempora para os artigos de cada um?
Abraços!
Olá Norma
ResponderExcluirSe eu te falar que meu conhecimento sobre literatura francesa e língua francesa é nula vc acreditaria? srsrsrs
Pois é.....sou zero a esquerda....se voce iniciasse uma discussão sobre isso, nem ao menos saberia por onde começar...
Vamos as perguntas então...
Na universidade, você não acha que os professores - de humanas sobretudo - tendem sempre a adotar e defender uma política de esquerda?
Claro....voce tem toda razão..
Se eu caminhar até o prédio da Faculdade de Sociologia, Letras, História, Geografia e Filosofia, digo que 90% possui postura de esquerda (generalizando o termo) em maior ou menor grau.
E, sendo assim, as opiniões e os estudos favoráveis a Keynes não seriam uma tendência geral?
Acredito que na UNICAMP, sim Keynes é uma tendência geral. Na UFRJ ainda é forte. Na USP te falo apenas 2 são keynesianos. E mais, apenas 2 são marxistas...os outros professores são neoclássicos, ou seja, mais liberais.
Em economia a coisa muda, (por isso somos diferentes..srsrsrs) existem mais neoclássicos do que keynesianos. E mais, existem os pós-keynesianos e os neo-keynesianos e esse último é dito também como mais liberal. Os pós tendem a ser mais ortodoxos com relação a keynes. Mas te falo, dois dois keynesianos que têm aqui, não os considero como idealistas de esquerda, longe disso...
Logicamente que o keynesianismo tem um papel crítico com relação as políticas atuais, mas a discussão é puramente técnica, teórica e modelagem manja....
Se voce pegar a PUC-RIO ai voce encontra apenas neo-keynesiano.
Quando eu falei que alguns professores defenderiam essa postura, pensei em dois que tive aula: um marxista e outro pós-keynesiano...
O primeiro disse que o keynesianismo não é bem visto pelos marxistas uma vez prolongou o capitalismo. O segundo, com certeza discordaria da afirmação do professor da UERJ, não porque seja de esquerda, mas do ponto de vista teórico e técnico mesmo.
Em sintese, neo-keynesiano não é de "esquerda", pelo contrário, e o lado político do pós-keynesianismo é amplo, uns são apenas teóricos, outros, como na UNICAMP, tem um viés mais político.
Em economia é mais comum a guerra ortodoxo x heterodoxo e isso esta relacionado mais a metodologia e teoria do que a questão política...
Hoje as ciências econômicas no mundo pode-se dizer que é composta em sua maioria por "liberais", apesar que não é adequado falar assim. Melhor seria dizer que o mainstream é a economia neoclássica.
A grosso modo, os ortodoxos acham que desenvolver teoria deve se basear nos prossupostos micro econômicos, ou seja, individuo maximizador, racional, que ordena preferência. Já o heterodoxo trabalha mais com agregados econômicos e geralmente critica as bases dos pressupostos sobre o homo economicos.
Economia é a rainha das ciências humanas...srsrsrs..brincadeira..
Mais perguntas....só mandar...
Abraços
JP
JP, não entendi rigorosamente NADA do seu último parágrafo grande. Homo economicos?
ResponderExcluirEnfim, deixa pra lá.
Abraços.
O homo economicos, é o indivíduo em seu aspecto puramente econômico, sem levar em consideração outras características. Ou seja, é o estudo do homem enquanto maximizador de utilidade e bem estar. A utilidade é algo subjetivo e que não é medido cardinalmente, mas indica que quanto mais de um bem mais satisfeito ele vai estar.
ResponderExcluirEsse indivíduo sabe ordenar cesta de bens conforme ordem de prerências que são transitivas. Dada uma restrição roçamentária ele vai maximizar utilidade a ponto de achar uma cesta ótima de bens.
Essa idéia surgiu com os utilitaristas, na revolução marginalista.
Abraços
JP
Parabéns a todos pelo excelente nível de diálogo, tanto pelo imo conteúdo como pela ótima postura.
ResponderExcluirFaço apenas um humilde reparo, peço que não se rifiram a Ralph Nelson Ellioto como ECONOMISTA, ele foi CONTADOR de uma ferrovia americana, numa viagem, à Guatemala adoeceu gravemente, o criador permitiu sua recuperação num sanatório, onde Elliot escreveu sua teoria das ondas.
Após a cura concedida, Elliot passou a trabalhar como professor de sua própria teoria, nunca trabalhou numa bolsa, nem numa corretora de valores, nem num banco de investimentos.
Ralph Nelson Elliot nunca operou no mercado de capitais, na verdade, ele nunca, jamis comprou ações...