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quarta-feira, janeiro 06, 2010

“O Deus que intervém não existe”



          Renato Vargens publicou um post sobre o deus do teísmo aberto: Eu não acredito no Deus do teísmo aberto. É uma crítica à teologia do inglês Tom Honey. Como Vargens, também não acredito nesse deus, mas parece que ele está se tornando popular. Recentemente foi divulgado no Brasil um texto trazendo a expressão que "o Deus que intervem não existe", defendendo um Deus que lamenta, se solidariza, mas não intervem no curso da história. Essa é mais uma investida do teísmo aberto com ares tupiniquins, trazida por pensadores brasileiros que têm recebido fama e acolhida em muitas revistas evangélicas e circuitos de palestras.

          O "Deus que intervém" (tradução do título de um livro de Francis Schaeffer para o português – "The God Who Is There") é o Deus da Bíblia e só posso supor que o deus do teísmo aberto não é o Deus da Bíblia. Fico pensando que esse deus é um outro deus e não o Deus que ao longo da história mostrou-se, ao intervir, o Senhor dela, apesar da visível dor humana que tanto nos marca. O problema do deus do teísmo aberto é a sua incapacidade de intervir.

          Mas, segundo a Escritura, a intervenção de Deus, no que podemos conhecer dela, começa na criação, ainda que tenha nos amado antes da própria fundação do mundo. A partir de então, não parou de intervir, seja falando, agindo, alterando, mudando, fazendo tudo o que condiz com os seus propósitos eternos. Se a Escritura é de fato a Palavra de Deus, sua revelação, então o Deus que intervém existe e foi o Deus de Jó, homem que sofreu profundamente para aprender quem Deus é e que, finalmente, pode ver a Deus. Mesmo tendo sofrido, viu a graça do Deus que intervém restaurando-lhe.

          O Deus da Bíblia é o Deus que é todo amor e justiça, verdade e misericórdia. É o Deus que ama e que é ofendido pelo pecado humano, ao contrário da caricatura criada pelo teísmo aberto, e que pode estar impregnada na mente de muitas pessoas. Aliás, o pecado é a grande ofensa contra Deus e não há como ler a Escritura sem perceber isto. É interessante notar que os teólogos do teísmo aberto tentam usar a Bíblia para provar o improvável por meio dela: 'o deus que intervém não existe.
Aliás, há uma ironia aqui: O livro de Schaeffer que teve o título traduzido como "O Deus que intervém", literalmente chama-se "O Deus que está lá", o que não faria tanto sentido na língua portuguesa. Schaeffer escreveu o livro com este nome exatamente para mostrar que na cultura do final do século XX, influenciada pelos muitos anos do desenvolvimento científico e cultural do ocidente, Deus tornou-se uma construção ideológica e não o Deus da Bíblia. O Deus que intervém e revelou-se em Jesus Cristo foi transformado pelo racionalismo humanista em um deus impotente, facilmente substituído pela capacidade humana.
Na sequência da famosa trilogia de Schaeffer, ele escreveu "He is there and He is not Silent" ("Ele está lá e não está calado"), traduzido no Brasil como "O Deus que se revela", exatamente para mostrar que este Deus todo poderoso, o El-Shaddai, sempre controlou a história e se revela, trazendo esperança ao homem. O livro de Schaeffer trata a respeito deste Deus fazendo uma defesa da epistemologia do cristianismo histórico e bíblico, de "como podemos vir a saber e como podemos saber que sabemos". O deus do teísmo aberto, aparentemente se revela só no sofrimento, é fraco, incapaz de alterar qualquer coisa na história. Quando esse deus vê o sofrimento e a tragédia humana, como os acontecimentos recentes das mortes em Ilha Grande, Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, só pode chorar, sem fazer nada. A meu ver, é a Morte da Razão tentar defender um deus como esse (o terceiro livro na trilogia de Schaeffer).

          O Deus da Bíblia é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó; o Deus de Moisés, Davi, Isaías e Jeremias; o Deus de milhares que foram levados para o cativeiro, anonimamente, sofrendo e, ao mesmo tempo, consolados pela sua presença e certeza de que os traria de volta, senão eles mesmos, os seus filhos, porque ele disse que os traria; o Deus de Daniel, um cativo 'de elite' que, ao perceber que havia chegado a hora que Deus disse que iria intervir, orou reconhecendo os seus pecados e os de seu povo e rogando que Deus agisse de acordo com sua eterna aliança (Daniel 9). Se o sofrimento do povo de Israel na ida para o cativeiro não foi para cumprir os propósitos de Deus, vamos ter que arrancar a metade dos escritos dos profetas da Bíblia (Isaías, Jeremias, Habacuque, etc.). Mas o Deus que intervém ordena a sua bênção para sempre (Salmo 133), bênção esta iniciada na ordem Edênica (Gênesis 1.28) e alcançada em Cristo, sempre para cumprir o seu eterno propósito.

          O deus do teísmo aberto não passa de uma imagem construída por homens e, como caricatura, é uma péssima obra de arte. Mas, o Deus da Bíblia já enviou a sua imagem perfeita (Hebreus 1.3) para que conhecêssemos o perdão dos pecados, a sua intervenção na história e, finalmente, a redenção de todos os seus eleitos. Assim como fez no passado, continua a intervir hoje, pois ele sempre foi, é, e será o mesmo Deus, queiram os homens ou não.

          O deus do teísmo aberto não é o deus da Bíblia e não é o deus daqueles que de fato creem nela. O eterno propósito desse deus é chorar com os homens. Pobre deus, pobres homens que acreditam nele.
Para saber mais sobre o teísmo aberto, recomendo o livro de John Frame, "Não há outro Deus" (Cultura Cristã) e também o artigo na Fides Reformata, A TEOLOGIA RELACIONAL: SUAS CONEXÕES COM O TEÍSMO ABERTO E IMPLICAÇÕES PARA A IGREJA CONTEMPORÂNEA. (Valdeci Santos)

58 comentários:

  1. Rev. Mauro, uma das alegações do teísmo aberto é a de que Deus sofre. Eles utilizam a encarnação de Jesus para ratificar esse pensamento.

    Ora, se Jesus é a imagem do Pai e vemos Jesus sofrendo e se solidarizando com o sofrimento humano, é razoável (ou lógico) pensar que “Deus sofre juntamente com o homem”.

    Como responder a isso? Em que sentido Deus sofre? Isso estaria naqueles "antropomorfismos" de Deus?

    Até mais, Marcos.

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  2. O teísmo aberto, com esta proposta de deste falso deus, é só mais um dos itens que me deixa boquiaberto com o atual estado da igreja evangélica no mundo.

    Abraços.

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  3. Anônimo6/1/10 13:32

    Eu acredito que não há mérito em acreditar em Deus (Tiago). Há que ter fé, amor e esperança (Paulo). Há que praticar as Suas Palavras (Cristo).

    E isso me basta.

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  4. É, Marcos, pensar a eternidade é mesmo difícil para nós, que vivemos no tempo. Mas eu dou graças ao Eterno por ter Se revelado a nós em linguagem de tempo, de forma que podemos entender que Ele nos ama. A nós que nascemos em pecado, mas por Ele fomos resgatados de nossa miserável condição!

    Caríssimo Mauro,
    Publiquei em meu blog um excelente texto do Guilherme de Carvalho sobre o assunto. Deixarei o link abaixo, mas repito aqui parte da introdução que fiz ao texto de:

    "Não entendo Deus como limitando a Si mesmo em qualquer de Seus atributos. Porém Ele limita-se em Si mesmo, isto é, Ele não contraria Sua própria natureza. E Sua natureza é ser necessário, eterno, infinito, ilimitado e absoluto. Sem esquecer que Ele é o Logos, a Origem e o Fim de tudo que é criado. É assim que Ele Se revela, e é assim que a razão pode pensá-lO.
    Por exemplo, é da natureza de Deus ser justo. Assim, Ele, por Sua natureza, não pode ser injusto. Seu atributo de justiça, entretanto, é necessariamente eterno, infinito, ilimitado e absoluto como o é o próprio Deus. Deus é amoroso, e é impossível a Ele não ser amoroso. E Seu amor é necessariamente eterno, infinito, ilimitado e absoluto como Ele mesmo o é. Assim segue com cada e todo atributo divino"!

    Isto é o que faz o teísmo aberto, limitar deus em nome de um humanismo qualquer, criando um deus à imagem deste homem. Nas palavras do Guilherme, um "deus domesticado, homem bom elevado à bilionésima potência, sem qualquer elemento aterrorizante. Uma divindade cuja graça pode me levar pra bem pertinho do céu, mas não pode me pôr lá dentro".

    Segue o link: De um deus menor que Deus.

    E, por fim, faço coro contigo: pobre deus, pobres homens que nele crêem!

    No amor do Soberano Deus,
    Roberto

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  5. Prezado Marcos,

    Temos que fazer distinção entre as pessoas da Trindade. Quando falamos de Jesus, falamos do Verbo encarnado, entregando-se ao sofrimento, sem pecado, para perdoar pecadores. Quer intervenção maior do que esta? Neste caso, não foi por solidariedade, mas para cumprir os propósitos do Pai.

    De fato, Jesus chorou e se solidarizou com muitos, mas não o vejo chorando apático e sim agindo (no caso de dor das irmãs de Lázaro, chamou-o de entre os mortos!). Aliás, creio que o choro do Senhor diante do túmulo de Lázaro foi exatamente em função da afronta que o pecado é diante de Deus. Que a morte é a consequência maior da pecaminosidade, não há dúvida.

    Alguém pode perguntar: mas e quando não o vemos agindo, não significa que ele está só olhando e chorando também? Certamente que não. O testemunho de toda e Escritura é contrário a este pensamento.

    Logo, o ser humano sofre, o Verbo encarnado sofreu aqui na Terra, mas não creio que seja teologicamente plausível pensar no sofrimento de Deus sem associar a um "antropopatismo" (sentimentos humanos usados para descrever a divindade).

    abs
    Mauro

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  6. Prezados Cristiano e Roberto,

    Obrigado pelos comentários. De fato, muito bom o texto do Guilherme, que cito abaixo: "O Teísmo Aberto é uma pintura pós moderna, um salto no escuro. Aparentemente humilde, oferecendo-nos um deusinho humilde, e um cristianismozinho humilde, tolerante, aberto. Mas seus ossos são de aço. O aço frio do humanismo secular. Da autonomia humana e do desencantamento radical da visão de mundo teísta. Uma cria abortiva da modernidade"

    abs

    Mauro

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  7. Anônimo6/1/10 14:32

    O ser humano é mesmo atrevido. Ele quer milagres especiais o tempo todo. Não se contenta com o fato de que tudo, literalmente, faz parte do grande milagre.

    Humanos. Caiamos na real. Somos criaturas insignificantes; embora, em Deus, sejamos grandiosos.

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  8. Anônimo6/1/10 16:12

    Rev. Mauro,
    Sempre fico desconfiada de bestseller (com algumas exceções), mas todo mundo lendo A CABANA, lí também,. Depois uma revista, até conceituada, recomendou: ENCONTRE DEUS NA CABANA, acreditando que este iria refutar o anterior, comprei, mas apenas defendia a abordagem do autor. Fiquei chateada.
    Será o livro um ex. do Teísmo Aberto? Fiz análise correta? Por favor, me corrija. À propósito,
    comprei os livros de SHAEFFER.
    Obrigada pela atenção.
    Um abraço,
    Tânia Cassiano

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  9. Prezado Mauro,
    Ótimo texto sem dúvida.

    O Marcos, que fez o primeiro comentário (pergunta), me falou hoje, estão batendo no Teísmo Aberto novamente. O Mauro escreveu um texto e o Renato também.

    Eu creio que, todo aquele que ama a Palavra de Deus, e crê nEla como única regra de fé e prática, e que Ele é inerrante, pois Deus é inerrante, vai sempre estar alerta e pronto para rebater, pela Palavra, toda mentira que aparece por ai.

    Por isso, não me surpreende que voltem os textos contra o Teísmo Aberto, ou outros temas. Parabéns!

    Recentemente, postei em meu blog (Soberana Graça), um texto de um sermão que preguei à seis anos, e que tem o título, "Quando Deus não Intervém." (http://smenga.blogspot.com/2009/12/quando-deus-nao-intervem.html). Sinceramente nem sabia do título do livro citado em seu texto.

    Não falo sobre o Teísmo Aberto, mas falo quando Deus, sobenamente, NÃO responde as nossas orações. Seria o outro lado! Fique livre para ler se desejar.

    Um forte abraço, e não se esqueça de mim! (hehehe)
    Sergio Menga

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  10. Prezado anônimo das 14:32.

    Não sei se entendi a intenção do seu comentário. Se foi para dizer que crer no Deus que intervém é atrevimento, sorry, temos que apagar o Deus da Bíblia. A intervenção de Deus não significa ficar buscando milagres, mas crer naquilo que a Escritura ensina, que Deus é onipotente e que faz todas as coisas de acordo com seu soberano propósito, usando ou não de milagres.

    Se por um lado não é uma questão de milagres, com certeza é uma questão de sobrenatural, o que os proponentes do teísmo aberto terão alguma dificuldade em expor, uma vez que esse deus é limitado.

    Mauro

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  11. Prezada Tânia,

    Eu não li "A Cabana" e nem o "Encontre o Deus da Cabana"... Na verdade, cheguei a abrir a porta da cabana nas úlitmas férias, mas não passei dos primeiros passos... faltou-me paciência para assentar na poltrona da sala da cabana e ler o restante. Logo, não posso lhe dar opinião a respeito.

    Quanto aos livros do Schaeffer, fez excelente aquisição. "O Deus que intervém" foi um livro muito usado por Deus na minha vida e começo da carreira da fé.

    abs
    Mauro

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  12. Prezado Sérgio,

    Sempre que somos confrontados com uma tragédia que salta aos olhos do mundo ou da nação aparecem os proponentes do teísmo aberto para defender "a fraqueza de deus". É melhor estarmos sempre atentos e alertando os crentes (propósito do tempora).

    Depois vou tirar um tempo para ver o seu texto.

    Dessa vez não esquecerei de você!

    abs
    Mauro

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  13. Anônimo6/1/10 16:53

    "A Cabana" é um lixo. Não é preciso detalhar todos os inúmeros absurdos doutrinários que contém - basta lembrar que é campeão de vendas no New York Times e na Veja, se não é mais, o foi por muitas semanas. Se o mundo gosta e aplaude, não é preciso dizer mais nada. O mundo jaz no maligno (e, como bons reformados, cremos na depravação total... hehehe!)

    Caro Mauro, obrigado pelo post. Fico feliz em ver que a verdade é proclamada. A verdade liberta. Que todo esse lixo teológico do teísmo aberto seja devidamente denunciado e exposto como diabólico. Soube esta semana que este blog é um dos mais lidos no meio evangélico (segundo o site da Cristianismo Hoje), e a responsabilidade e a influência dos irmãos é grande. Dou graças a Deus pois tenho visto que vocês têm se mantido fieis às Escrituras, e Deus tem abençoado o nosso povo através deste trabalho. Dou o maior valor! Aguardo novos posts.

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  14. Olá Tânia,

    Ainda sobre a cabana, o pr. Carlos Oswaldo fez uma resenha bem interessante que acabo de ler: A Cabana - Abrigo para a Alma ou Barraco Teológico? (http://www.sbpv.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=136:a-cabana-abrigo-para-a-alma-ou-barraco-teologico&catid=1:latest).
    Recomendo a leitura...
    abs
    Mauro

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  15. O deus do teísmo aberto é um deus do tipo "emo"... só sabe chorar, gosta de sofrer e lamentar tudo o que não pode fazer pelo homem, por quem é perdido e platonicamente apaixonado. Não é de se admirar que muitas canções melosas entoadas por "ministérios de louvor" destacam um deus que fica na espera do amor dos homens. Deus nos livre de um deus como esse.

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  16. citando:

    >>Anônimo disse...
    Eu acredito que não há mérito em acreditar em Deus (Tiago). Há que ter fé, amor e esperança (Paulo). Há que praticar as Suas Palavras (Cristo).

    E isso me basta.

    6/1/10 13:32 <<

    mtu interessante isso que vc disse!!
    como vc pôde fazer isso em anônimato???

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  17. Não tem nada a ver com o post, eh somente uma sugestão para melhorar o blog. Vcs poderiam colocar uma ferramenta de busca no blog para facilitar o nosso acesso a busca de temas e pesquisas de topicos.Eh uma coisa bem simples o proprio blogger oferece, como uma busca do google so q somente no blog.
    Fica a sugestão.
    abs

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  18. Rev. Mauro,
    Obrigada pela orientação.
    Eu entendo o senhor pela falta de paciência com a leitura, pois eu mesma me esforcei muito(não queria ser antipática, pois todos na minha escola tinham lido, e os elogios iam longe), portanto não perdeu nada.
    Um abraço,

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  19. Olá!
    Parabéns pelo blog, excelente muito bom mesmo ja estou seguindo.
    Quero aproveitar para divulgar o meu blog http://wwwadoradoresemverdade.blogspot.com/ quando puder faça uma visita.
    Um abraço fik na paz.

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  20. Anônimo6/1/10 19:50

    Rev. Mauro Meister, Graça e Paz!

    Permita-me sugerir também o artigo "O Teísmo Aberto: Um Ensaio Introdutório" do Dr. Heber Carlos de Campos que pode ser encontrado aqui
    http://www.monergismo.com/textos/presciencia/teismo-aberto_heber.pdf

    Prezado Adalberto, Graça e Paz! A sacada do "deus emo" foi muito boa, parabéns!

    Osmar Neves, Padre Bernardo-GO em 06/01/2010.

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  21. Anônimo6/1/10 19:53

    Desculpe-me, do assunto off topic, mas achei muito interessante, esse documentário da Discovery.

    Testemunha de Jesus

    Um papiro descoberto recentemente contém supostas evidências arqueológicas que ligam a epístola de Mateus ao tempo em que Jesus Cristo viveu. As implicações podem causar grandes impactos, tanto para o mundo científico quanto para o religioso.

    http://tvuol.uol.com.br/#view/id=testemunha-de-jesus-0402356EE0913307/user=yaq680z51683/date=2010-01-06&&list/type=user/codProfile=yaq680z51683/

    Emerson Costa

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  23. Este comentário foi removido pelo autor.

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  24. Lembro-me que em um dos sermões do meu pai (Pr. Edson Rosendo de Azevêdo - Pernambuco), ele ilustrou de uma jovem que, sendo agora orfã, foi visitada pelo seu pastor enquanto bordava.

    Este, pegando o bordado pelo lado contrário, mostrou-se desapontado em que 'o bordado' fosse tão feio. A jovem mostrou-lhe o lado correto e ele pôde contemplar a beleza do bordado.

    Assim é a nossa vida. Quando vemos daqui de baixo, vemos tudo embaraçado e feio, como que sem arte. Mas quando Deus vê lá de cima, tudo está em PERFEITA ordem e beleza, do jeito que Ele decretou antes dos tempos eternos.

    PS.: Comentei isto apenas por ter me jubilado com a letra da música (Tapeceiro) colocada aqui pelo Rev. Mauro.

    Que Deus esteja com todos nós, hoje e sempre, governando soberanamente, todas as obras das Suas mãos.

    Em Cristo,
    Anna Maria

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  25. Rev. Mauro,
    excelente artigo; excelente tbm a lembrança da música o Tapeceiro, do Stênio, q mostra q Deus intervêm sim, mas nm sempre como gostaríamos e q nem sempre o percebemos e entendemos. Como diria Lutero: "Deixe Deus ser Deus"

    quanto aos comentários sobre o livro "A Cabana": eu ganhei um de presente e li quase todo (não consegui terminar), minha avaliação é de que este é o segundo pior livro "cristão" q eu já li, claro q o primeiríssimo lugar, por merecimento, é do Jorge Linhares, com o livro "Benção e Maldição".

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  26. Anônimo7/1/10 10:56

    Dr. Mauro Meister,

    Respondendo ao Marcos sobre a distinção que temos de fazer das pessoas da trindade, o sr. disse: "Temos que fazer distinção entre as pessoas da Trindade. Quando falamos de Jesus, falamos do Verbo encarnado, entregando-se ao sofrimento, sem pecado, para perdoar pecadores. Quer intervenção maior do que esta? Neste caso, não foi por solidariedade, mas para cumprir os propósitos do Pai."

    O maior problema é justamente fazermos uma distinção sadia entre as três pessoas da trindade. Sempre se fala do Pai como sendo o Soberano sobre todas as coisas, e que Jesus é aquele que cumpre esses propósitos, mas como entender isso? os três não possuem a mesma natureza, o mesmo poder, a mesma glória? tudo não é decidido de forma conjunta entre as três pessoas?

    Desde já agradeço por sanar a minha dúvida!

    Cleiton Tenório
    São Sebastião/SP

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  27. Sobre "A Cabana". Dentre muitas esquisitices, a pior para nós é a definição de perdão que o livro apresenta. O personagem é convidado a perdoar, mas não a se relacionar com o perdoado. É um perdão subjetivo, irreal, um teatro existencial. O perdão é uma válvula de escape no livro, enquanto a Bíblia nos ensina a orar pelos nossos inimigos e nos reconciliar uns com os outros. Imaginem se Deus resolvesse nos perdoar, mas não interagir, não se relacionar afetuosamente conosco, não nos aperfeiçoar até a estatura do varão perfeito?!
    A Cabana é uma tristeza...

    Abraços afetuosos da Família Ribas.

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  28. Rev. Mauro, parabéns pelo post. Na minha opinião, foi sucinto e muito claro. Quem lê esse texto, com certeza deve repensar, caso seja um adepto.

    Imagino que os adeptos da Teologia Aberta não levam em conta que todos nascem debaixo do juízo de Deus, pois a morte foi uma sentença divina e que ele tem misericórdia de quem quer.

    Imagino que subestimamos muito o semipelagianismo. O resultado será essa teologia, infelizmente.

    Um abraço.

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  29. E o pior de tudo é que tem gente que se diz pentecostal, crê em profecias, carrega Bíblia debaixo do braço e crê nesse negócio de relacional.
    Só no Brasil. Que lambança!
    A paz
    Tales

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  30. Anônimo8/1/10 11:29

    Rev. realmente mais uma vez o homem tenta misturar a biblia com suas idéias, o resultado é o de sempre, uma doutrina rala e cheia de brechas. seria bom se ao pensarmos sobre a ontologia, epistemologia e ética, cressemos no que Deus ja interpretou para nós através das escrituras sobre esses assuntos, mas como sempre o demônio da autonomia humana ressurge tentanto interpretar a si mesmo e a Deus sob seu ponto de vista (teísmo). Eles precisam de novos olhos para interpretar o mundo, Deus e a ética. para isso precisam de regeneração. O homem natural nao comprende coisas espirituais. (Bruno Rafael) gostaria de ver seu comentario sobre essa tentativa da autonomia humana de interpretar Deus sem a revelação especial.

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  31. Este comentário foi removido pelo autor.

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  32. Prezado Osmar,

    Obrigado pela lembrança de mais um artigo sobre o tema.

    Luis,

    Obrigado pelo estímulo.

    abs
    Mauro

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  33. Olá Anna e Maurício,

    Mencionando a música "O tacpeceiro", fiquei sabendo que o Stênio compôs a mesma depois de ser apresentado a um livro de Edith e Francis Schaeffer, chamado 'Tapestry', no qual falam, exatamente sobre a soberania de Deus sobre suas vidas, ministério e história. Dai nasceu "O tapeceiro".

    Bacana, não?

    abs
    Mauro

    ResponderExcluir
  34. Prezados Cleiton e "família Ribas",

    Quanto a Cabana, não podemos negar que é um fenômeno editorial e que os evangélicos estão lendo o mesmo aos borbotões. Como disse anteriormente, não li, mas recomendei a resenha do pr. Carlos Oswaldo que destaca os pontos positivos e negativos da obra, inclusive os problemas doutrinários mais sérios que se apresentam no livro.

    Alguns dizem que, se tratando de obra de ficção, não se deveria levar a sério e ao pé da letra o que ali está dito. Entretanto, pela literatura se ensina e, neste caso, especificamente, parece que a coisa fica mais séria por tratar de assuntos doutrinários. Como comentou o anônimo das 11:29, misturam o que a Escritura revela sobre Deus com suas próprias idéias. A partir daí, não se sabe mais o que e verdade e o que é ficção.

    abs
    Mauro

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  35. Foi ótima a tirada: o deus "emo". Acho que merece um título de postagem!

    Prezado Rochafaria:
    A ferramenta de busca no blog está no topo da página. Basta fazer a procura usando aquela ferramenta.

    abs
    Mauro

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  36. Antonio Reis8/1/10 21:23

    Reverendo Mauro
    De tempo em tempo surge os modismos teológico, e como outros, pressupõe conhecer algo novo não ainda revelado, embora encontre se respaldado na teologia do processo, e tenta destruir o Deus bíblico a partir dos questionamentos humanos, a centralidade do homem nesta teologia é um dos postos a ser questionado, e o achismo filosóficos é corrente na estruturarão da mesma, é valido a postagem e como Paulo nos escreveu: não canso de vos escrever as mesmas coisas pois isto é segurança para vós.

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  37. Rev. Mauro:
    De antemão quero dizer que é muito bom ter sua presença em um post, e desta vez,trazendo um esclarecimento muito importante para a Fé Cristã. Muitos dos que pregam esta mensagem são pentecostais.Desde já quero deixar claro que sou Pentecostal, mas descordo abertamente desta postura e no pulpito da nossa Igreja onde sou um dos auxiliares temos pregado desde muito tempo contra este erro tão prejudicial a igreja. Tendo em vista isso quero pedir sua Permissão para por este artigo no nosso Blog, por que pessamos da mesma forma.
    No mais:Graça e Paz da parte de Deus pai do nosso Senhor Jesus Cristo esteja Convosco!

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  38. Alguém que defende essa idéia ou não conhece a Bíblia, ou não crê nela. Ouvi um certo pastor dizer que não hora mais para Deus abrir porta de emprego ou curar. Pois seria "injusto" ele beneficiar uns e outros não.

    Enfim, mais uma doutrina estranha às Escrituras que vem tirar nosso sossego.

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  39. Embora considere o teismo aberto em sua maior parte heretico; como cessacionista q sou tenho q admitir q alguns pontos sao interessantes.

    1- Primeiro de tudo é necessario definir o q se quer dizer com "intervençao" de Deus;

    2- Se tal intervençao se refere a feitos miraculosos sobre a natureza e feitos miraculosos atraves de dons de alguns seres humanos, como advogam os pentecostais, entao nao acredito na intervençao de Deus apos a formaçao do canon (nao nego q ele tenha poder, mas nao acredito q seja da vontade dele o fazer);

    3- Agora se tal "intervençao" tem um contexto + amplo, se referindo a meios naturais e sobrenaturais; acredito q Deus intervenha da primeira forma, e no caso da segunda o faça de forma q pareça o + natural possivel;

    4- No entanto advogo q qualker intervençao sobrenatural de Deus nao se da por meio de "dons" tal como era antes do canon ser escrito, e sim esporadica e imprevisivelmente;

    5- Resumindo:

    A) "creio em milagres, nao acredito em milagreiros";

    B) Mesmo os ditos milagre, acredito q Deus intervenha de modo q eles pareçam o + natural possivel;

    C) Assim o fazendo ele deixa nós humanos exercitarmos a fé atraves somente das escrituras. Quem ve (ou acha q ve) milagre nao ve escritura (vide os pentecostais).

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  40. Tudo nesse mundo confronta a soberania de Deus, até mesmo quando falam a favor Dele distorcem a verdade.

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  41. Rev. Mauro Meister e leitores do blog,

    Não deixem de assistir ao vídeo que se encontra aqui:

    http://www.youtube.com/watch?v=If24hicv1yw&feature=player_embedded

    Ele mostra um plano de ação bastante promissor, na verdade PROVIDENCIAL para se reduzir a pó os delírios calvinistas! E como a porta é estreita e são poucos os que passam por ela, apenas alguns ELEITOS estão PREDESTINADOS a apreciarem o seu humor!

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  42. paz de Deus a todos me chamo Daniel correia.
    meus irmâos sabemos que desde muito tempo surgiaram e surgirâo teorias, teologias correntes de pensamentos e etc que tentarâo colocar a soberania de Deus em cheque,isso nâo é de se espantar é a cara do sr. clarck pinnock e do sr.brian mcLaren. tenho uma pergunta o sr.Ricardo gondin abraçou ou nâo o teismo aberto?tenho ouvido algumas coisas coisas a respeito mas nada concreto,e com relaçâo a o sr.Ed Rene Kivitz ele participou de um programa apresentado por um presbiteriano daqui de Recife falando sobre o livro que ele escreveu que tem por titulo "o livro mais mal humorado da biblia"onde ele discorreu sobre alguns assuntos importantissimos e que parecia se muito com teismo aberto vocês tem alguma informaçâo sobre tal pr? fiquem todos na paz e parabens pela oportuna postagem.

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  43. Anônimo9/1/10 23:29

    Fico com João 3.16.

    Amém!

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  44. Prezado Osmar,

    De fato, fiquei preocupadíssimo com estas táticas e ataques. Acho que a boa teologia não resistirá. Engraçado que logo que apareceu no YOU TUBE vieram os 'semelhantes'. Tem um fantástico chamado TEOLOGIA ESQUIZOFRENICA DO CALVINISMO 18 CONCLUSÕES TEÓLOGO JOILSON DE ASSIS... fiquei impressionado com a exe...

    abs

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  45. Prezado qohelet, ou, o pregador,

    Pode postar em outro lugar. Basta colocar a fonte.

    Tiago,
    Concordo com vc em quase tudo, mas não vejo razão para o ponto "B) Mesmo os ditos milagre, acredito q Deus intervenha de modo q eles pareçam o + natural possivel;"

    Não podemos ser 'minimalistas' e achar que podemos entender toda a ação de Deus na história pelo que vemos hoje. O que vc diz ai pode até ser a realidade presente, mas não podemos dizer que não houve e nem haverá tempo na história em que os milagres ou manifestações de Deus de maneira sobrenatural sejam diferentes do que vemos hoje. Penso que em tempos de avivamento verdadeiro as coisas podem ser diferentes. Sou cessacionista histórico quanto aos chamados dons espirituais (posição da IPB), mas isto não inclui a ação miraculosa extraordinária de Deus.

    abs
    Mauro

    abs
    Mauro

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  46. Prezado IC,

    Creio que não cabe nesta postagem uma resposta quanto à posição teológica das pessoas citadas. Minha recomendação é que procure os textos dos citados para tirar suas conclusões. Eles estão amplamente publicados na internet e o google o levará até eles facilmente. Certamente os textos deste blog poderão lhe ajudar na pesquisa...

    abs
    Mauro

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  47. Gilmar - araçatuba
    Fácil de entendê-lo ao dizer que o deus do teismo aberto é fraco pois só pode chorar mediante o sofrimento.
    E o senhor usa como uma referência da sua incapacidade de não intervenção às calamidades ocorridas no Rio de Janeiro, Angra e Ilha Grande.
    Mas eu lhe pergunto, o que fez o Deus de Abraão, Isaque e Jacó; o Deus de Moisés, Davi, Isaías e Jeremias, nesse mesmo infortúnio?

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  48. Caro Gilmar,

    Creio que você não entendeu, inda, o ponto. No caso do teísmo aberto, o deus proclamado não tem qualquer relação real ou controle sobre os eventos. Eles acontecem e depois esse deus chora!

    O Deus de Abraão, Isaque e Jacó, está no controle de todas as coisas, inclusive dos eventos que nós vemos e chamamos de tragédias. No meio deles, podem estar crentes e incrédulos, piedosos e ímpios. O questão é que neles, entendemos que há algum propósito final.

    Qual é o propósito? Nós, neste ponto da história, não podemos compreendê-lo completamente.

    Entendeu?

    Mauro

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  49. Este comentário foi removido pelo autor.

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  50. Caro Mauro,

    Algum problema com o meu comentário para ter sido retido pela moderação?

    Em Cristo,

    Ricardo

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  51. Caro Ricardo,

    Deve ter acontecido algum problema técnico, seja com o blogger ou com meus dedos... ontem mesmo liberei a publicação, mas o comentário não apareceu por aqui.

    Verificando o seu blog, entretanto, e observei que vc postou um texto de Thomas Paul Simmons exatamente sobre o assunto da sua questão aqui: sobre a extensão do decreto divino. Li o texto no seu blog, a discussão com os colegas e as suas conclusões.

    Sobre isto, Solano já publicou em nosso blog: http://tempora-mores.blogspot.com/2009/07/o-que-os-reformados-entendem-por-livre.html, acompanhando nossa subscrição confessional e a posição da Confissão de Fé de Westminster. Perdoe-me responder com os textos prontos, mas são a expressão do que creio.

    CFW
    CAPÍTULO III
    DOS ETERNOS DECRETOS DE DEUS


    I. Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas.

    II. Ainda que Deus sabe tudo quanto pode ou há de acontecer em todas as circunstâncias imagináveis, ele não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura, ou como coisa que havia de acontecer em tais e tais condições.

    CAPÍTULO V
    DA PROVIDÊNCIA


    I. Pela sua muito sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor.


    II. Posto que, em relação à presciência e ao decreto de Deus, que é a causa primária, todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente, contudo, pela mesma providência, Deus ordena que elas sucedam conforme a natureza das causas secundárias, necessárias, livre ou contingentemente.

    III. Na sua providência ordinária Deus emprega meios; todavia, ele é livre para operar sem eles, sobre eles ou contra eles, segundo o seu arbítrio.

    IV. A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência, que esta se estende até a primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, para os seus próprios e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, e regula e governa em uma múltipla dispensarão mas essa permissão é tal, que a pecaminosidade dessas transgressões procede tão somente da criatura e não de Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, não pode ser o autor do pecado nem pode aprová-lo.

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  52. Caro Mauro,

    Muitíssimo obrigado. O texto foi simplesmente definitivo. O que eu nunca havia conseguido apreender com clareza, agora se tornou cristalino. E era algo que de fato me assoberbava (algumas noites de sono perdidas).

    Um grande abraço, nEle,

    Ricardo

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  53. Mauro,

    Interessante que "O Tapeceiro" acaba tendo ligação com o Francis Schaeffer, que foi tão usado nesse post por você.

    Ele tem ótimos livros, sim!

    Obg pela informação! Anna

    http://anninhabarros.wordpress.com/

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  54. Eles sabiam que se travava uma terrível batalha entre as forças do mal e as do bem pela posse das almas humanas. Eles sabiam que há muitos séculos atrás Deus desceu do seu trono e nasceu criança neste pobre mundo -- que Ele sofreu e morreu pelo bem dos humanos -- sofreu para salvar alguns. Eles sabiam também que os corações humanos eram depravados, que os homens estavam apaixonados pelo mal e odiavam Deus com todas as suas forças.

    Ao mesmo tempo eles sabiam que Deus criara o homem à sua imagem e semelhança e estava plenamente satisfeito com seu trabalho. Eles sabiam também que o homem havia sido tentado pelo demônio, que com suas mentiras e sutilezas enganara o primeiro ser humano. Sabiam que em conseqüência disto, Deus castigou todos nós: o homem, com o trabalho e a mulher com a escravidão e a dor, e ambos com a morte. E que Ele castigou a própria terra com espinhos, venenos e urtigas. Todas essas coisas abençoadas eles sabiam. Eles sabiam também de tudo o que Deus fazia para purificar e elevar a espécie humana. Eles sabiam tudo sobre o dilúvio; que Deus, com exceção de oito, afogou todos os seus filhos, os jovens e os velhos, desde o velho patriarca até os bebês. O jovem, a donzela, a mãe amorosa, a criança sorridente -- porque Sua misericórdia dura para sempre. Eles sabiam também que Deus afogou as bestas e os pássaros, tudo o que anda, rasteja e voa, porque seu infinito amor atinge toda a criatura. Sabiam que Deus, para civilizar seus filhos, matou vários com terremotos, destruiu muitos com tempestades de fogo, matou inúmeros com raios, milhões de fome, com epidemias, sacrificou muitos milhões nos campos da guerra. Eles sabiam que era necessário acreditar nestas coisas para amar Deus. Eles sabiam que não haveria salvação outra além da fé e do sangue reparador de Jesus Cristo.

    Todos os que negassem e duvidassem estariam perdidos. Viver uma vida honesta e moral, tomar conta da mulher e das crianças -- formar um lar feliz -- ser um bom cidadão, um patriota, ou simplesmente um homem sábio, tudo isso era uma maneira respeitável de ir para o inferno.

    Deus não recompensava homens pela honestidade, generosidade, bravura, mas pelos atos de fé. Sem fé, todas as chamadas virtudes eram pecados. E todos os homens que praticassem essas virtudes sem fé, mereceriam o sofrimento eterno.

    Todas estas coisas reconfortantes e racionais eram ensinadas pelos ministros em seus púlpitos -por professores em salas de aula, e pelos pais, em casa. As crianças eram as vítimas. Elas ficavam assaltadas de pavor -- nos braços da mãe. Na época, os professores levavam adiante uma guerra contra o sentido natural das crianças, e todos os livros que elas liam eram cheios dessas verdades impossíveis. As pobres crianças eram desesperançadas. A atmosfera que respiravam era envenenada com mentiras -- mentiras que penetravam no seu sangue.

    Naqueles dias os ministros usavam os cultos para salvar almas e reformar o mundo.

    No inverno, estando a navegação interrompida, negócios eram quase totalmente suspensos. As estradas de ferro não funcionavam e os principais meios de transporte eram barcos e carruagens. As vezes as condições das estradas eram tão precárias que carruagens eram abandonadas. Não havia óperas, teatro ou diversões, além de festas e bailes. As festas eram tidas como mundanas, e os bailes, perniciosos. Para a alegria virtuosa e real, as boas pessoas dependiam dos cultos.

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  55. Os sermões eram quase sempre sobre dores e agonias do inferno, sobre alegrias e êxtase do céu, salvação pela fé e a eficácia do arrependimento.

    O diabo era uma figura real. Era uma pessoa de fato, um rival de Deus, um inimigo da Humanidade. Acreditavam que o grande objetivo da vida era salvar nossas almas. E todos deveriam resistir, e desprezar os prazeres dos sentidos e manter o olhar fixo nas portas de ouro da Nova Jerusalém. Eram impassíveis, emotivos, histéricos, odiosos, fanáticos, amorosos e insanos. Eles realmente acreditavam que a Bíblia era a palavra de Deus. Um livro sem erros nem contradições. Eles chamavam suas crueldades de justiça. Seus absurdos, mistérios. Seus milagres, fatos. E suas passagens idiotas, profundamente espirituais. Eles descreviam os sofrimentos, a infinita agonia dos perdidos, e mostravam como era fácil evitar tudo isso, como o céu seria facilmente obtido.

    Eu ouvi centenas desses sermões evangélicos. Ouvi centenas das mais assustadoras e terríveis descrições das torturas e aflições no inferno, do horrível estado dos perdidos. Eu supunha que aquilo que ouvia era verdade mas não acreditava naquilo. Eu dizia: "É verdade!". E logo depois, pensava: "não pode ser!".

    Esses sermões deixaram lembranças permanentes na minha memória. Mas não me convenciam.

    Eu não tinha qualquer desejo de ser "convertido". Não queria um "novo coração" e não queria "nascer de novo".

    Mas um dia ouvi um sermão que tocou meu coração: deixou uma marca, como uma cicatriz no meu cérebro.

    Um dia fui com meu irmão assistir a uma pregação de um pastor batista. Era um homem alto, vestido como um fazendeiro, mas era um grande orador: poderia pintar um quadro com palavras.

    Ele tomou para seu texto a parábolas do "rico e Lázaro". Descreveu Dives, o homem rico, sua maneira de viver, seus excessos, que ele ridicularizou, suas extravagâncias, suas noitadas, suas roupas de tecido fino, suas festas, seus vinhos e suas belas mulheres.

    Então ele descreveu Lázaro e sua pobreza, seus trapos, sua feiúra, seu pobre corpo comido pelas doenças, as crostas e escaras a devorarem-no, até os cães tinham piedade dele. Ele descreveu sua vida solitária, sua morte sem amigos.

    Então, mudando seu tom de voz de piedade para triunfo, de lágrimas para gritos de exaltação, de derrota para vitória, ele descreveu a gloriosa companhia dos anjos, que com suas brancas asinhas carregaram a alma do miserável para o Paraíso, para o seio de Abraão.

    Então, mudando sua voz para escárnio e raiva, ele descreveu a morte do rico. Ele estava num palácio deitado no seu sofá, o ar perfumado, o quarto preenchido por serviçais e médicos. Seu ouro então, não tinha qualquer valor. Ele não podia comprar uma outra vida. Ele morreu e no inferno abriu os olhos, em tormento.

    Então, assumindo uma atitude dramática, o Pastor colocou sua mão direita no ouvido e cochichou: "Ouçam! Eu ouço a voz do homem rico. O que ele diz? Ouçam! - Pai Abraão, pai Abraão! Eu peço a ti que mande Lázaro molhar seu dedo em água e umedecer meus lábios secos! Porque eu estou sofrendo nestas chamas!"

    "Oh, meus ouvintes, o rico está fazendo este pedido há mais de mil e oitocentos anos. E em milhões de anos esses lamentos ainda atravessarão o abismo que separa os salvos e os perdidos e ainda serão ouvidos: "Pai Abraão! Pai Abraão! Eu peço a ti que mande Lázaro molhar seu dedo em água e umedecer meus lábios secos! Porque eu estou sofrendo nestas chamas!"

    Pela primeira vez entendi o dogma do sofrimento eterno. Pela primeira vez tive noção da profundidade e extensão do horror cristão. E eu disse: Isto é uma mentira e eu odeio tua religião! Se isto é verdade, odeio também teu Deus!"

    Desde aquele dia deixei de ter medos ou dúvidas. Para mim, naquele dia as chamas do inferno se extinguiram. A partir daquele dia passei a detestar todo o tipo de crença ortodoxa.

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  56. Esse Deus suspendeu as chuvas, semeou a fome, viu os olhos tristes dos famintos, suas formas esquálidas, seus lábios pálidos, viu mães devorando bebês, e permaneceu tão feroz como a fome.

    Parece-me impossível para o homem civilizado amar ou adorar ou respeitar o Deus do Velho Testamento. Um homem realmente civilizado, uma mulher realmente civilizada deve encarar esse Deus com horror e desprezo.

    Mas nos velhos tempos as boas pessoas justificavam Jeová no seu tratamento aos infiéis. Os hereges assassinados eram idólatras, não merecedores da vida.

    De acordo com a Bíblia, Deus nunca se revelou a esses povos e sabia que sem sua revelação eles não poderiam saber qual o verdadeiro Deus. Como classificá-los então como hereges?

    Os cristãos afirmam que Deus tinha o direito de matá-los porque os tinha criado. Então, para que os criou? Ele sabia, quando os criou que eles seriam alimento para a espada. Ele sabia que teria o prazer de vê-los ser assassinados.

    Como uma última resposta, como uma desculpa, os adoradores de Jeová afirmam que todas aquelas coisas horríveis aconteceram sob "velha ordem", sob lei inevitável, e justiça absoluta, mas agora, sob "nova ordem", tudo já estaria mudado, a espada da justiça já estaria embainhada, o amor tinha assumido. No Velho Testamento, eles diziam, Deus era o Juiz. Mas no Novo, Cristo é piedoso. Mas na verdade, o Novo Testamento é infinitamente pior que o Velho. No Velho não há qualquer ameaça de sofrimento eterno. Jeová não possuía uma prisão eterna. Nenhum fogo eterno. Suas maldades terminavam na sepultura. Sua vingança estava satisfeita logo que o inimigo estivesse morto.

    No Novo Testamento a morte não é o fim, mas o início de uma punição sem fim.
    No Novo Testamento a malícia de Deus é infinita e a fome de vingança, eterna.

    O Deus ortodoxo, quando vestido em carne humana, disse a seus discípulos para resistir à maldade, amar seus inimigos, e quando esbofeteado numa face, que oferecessem a outra. E nós sabemos que esse mesmo Deus, com esses mesmos lábios ternos, exclamou estas cruéis e impiedosas palavras: "Apartai-vos de mim, malditos. Danai-vos no fogo eterno. Preparai-vos para o diabo e seus anjos". (Mat. 25:41).

    Estas são as palavras do "amor eterno".
    Nenhum ser humano tem imaginação suficiente para conceber esse infinito horror.

    Tudo o que a espécie humana tem sofrido na guerra, na fome, nas epidemias, no fogo e nas enchentes, Todas as desgraças de todas as dores e de todas as doenças, isto tudo é nada se comparado às agruras do sofrimento eterno da alma.

    Este é o consolo da religião Cristã. Esta é a justiça de Deus. A misericórdia de Cristo.

    Este dogma assustador, esta mentira infinita, fez de mim um inimigo implacável do Cristianismo. A verdade é que a crença na dor eterna tem sido o verdadeiro perseguidor. Ela criou a Inquisição, forjou as correntes, construiu as estacas das fogueiras. Ela escureceu as vidas de milhões. E fez os berços tão terríveis como os esquifes. Escravizou nações e derramou o sangue de muitos milhares. Sacrificou os mais sábios, os mais corajosos, os melhores. Subverteu a idéia de justiça, tirou o perdão do coração, transformou homens em maus e baniu a razão de seus cérebros.

    Como uma serpente venenosa ela rasteja, enrosca-se e silva em todo credo ortodoxo.
    Transformou o homem numa eterna vítima e Deus num eterno carrasco. Este é um infinito terror. Em toda igreja o que se ensina é uma maldição bíblica. Todo o Pastor que a prega é um inimigo da Humanidade. Abaixo dos dogmas cristãos, selvageria não existe. É uma infinidade de malícia, ódio e vingança.

    Nada poderia ser pior que o horror do inferno do que o seu criador, Deus.

    Enquanto eu viver, enquanto eu respirar, eu negarei com todas as minhas forças.
    E odiarei até a última gota de meu sangue esta mentira infinita.

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  57. Caro Lucas,

    Suas decisões de fé já foram tomadas. Creio, entretanto, no Evangelho bíblico, poderoso, que está acima de mim e de você, da minha justiça e da sua, do meu senso de justiça pervertido e do seu. A mim, só me cabe cair quebrado diante do Evangelho da Verdade. Aos seus questionamentos e conclusões, deixo que o apóstolo Paulo lhe responda, afinal, suas dúvidas e questões são tão antigas quanto as portas de saída do Éden:

    16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; 17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé. 18 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; 19 porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. 20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; 21 porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. 22 Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos 23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. 24 Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; 25 pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! 26 Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; 27 semelhantemente, os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. 28 E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, 29 cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, 30 caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, 31 insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. 32 Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem.

    Romanos 1

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  58. Embora não tivesse feito até agora qualquer comentário relativo ao post do Dr. Mauro Meister, estou recebendo em um de meus emails os comentários de Lucas Yahn.
    De qualquer forma, concordo em número, gênero e grau com tudo o que o Dr. Mauro escreveu aqui.

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