Eu sei que a resposta óbvia é "enterrados no
cemitério", mas eu me refiro à alma dos finados. A resposta bíblica pode
ser resumida em alguns pontos, que não pretendem ser exaustivos, mas que
representam o pensamento evangélico histórico e reformado sobre o que acontece
após a morte.
- Imediatamente após a morte, as almas dos homens voltam a Deus. Seus corpos permanecem na terra, onde são destruídos.
- As almas dos finados não caem em um estado de sono ou de inconsciência após a morte.
- As almas dos salvos em Cristo Jesus entram em um estado de perfeita santidade e alegria, na presença de Deus, e reinam com Cristo, enquanto aguardam a ressurreição de seus corpos.
- Esta felicidade não é impedida pela memória de suas vidas na terra, uma vez que agora eles consideram tudo à luz de perfeita vontade de Deus e do Seu plano perfeito.
- Sua felicidade e salvação é somente pela graça de Deus.
- Eles não têm poder de interceder pelos vivos ou tornar-se mediadores entre eles e Deus.
- As almas dos perdidos não são destruídas após a morte, mas entram em um estado de sofrimento consciente e de escuridão, tirados da presença de Deus, enquanto esperam o dia do julgamento.
- Não há outros estados além destes dois após a morte. Não há qualquer base bíblica para a doutrina do purgatório e nem da reencarnação.
- Nem as almas dos salvos nem as dos perdidos podem voltar para a terra dos vivos após a morte. Todas os fenômenos considerados como a ação de almas desencarnadas deve ser atribuída à imaginação humana ou à ação de demônios.
A realidade da morte e da sobrevivência da alma deveria nos lembrar sempre das palavras de Jesus: "De que adiante ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?"
Reverendo,
ResponderExcluirMe surpreendi com as afirmações 2 e 3 aonde o senhor afirma que as almas não caem em estado de sono, mas os salvos entram em estado de alegria, reinando com Cristo.
Qual é a interpretação do senhor para 1 Tessalonicenses 4:14:
"Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele."
ou a interpretação para Apocalipse 6:11, aonde se lê:
"E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o {número} de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram."
--
Para mim havia um senso de repouso aos salvos e um senso de tormenta imediata aos perdidos que aguardam o dia do julgamento.
Na vinda de Cristo, os salvos seriam despertados e reinariam mil anos com o Cordeiro, enquanto na terra a morte e o diabo seriam presos por esses mil anos. Após o término desses mil anos haveria então o julgamento final de todos aqueles que não aceitaram a Cristo como Salvador, sendo então lançados todos os perdidos juntamente com o Diabo, seus anjos e a morte no lago de fogo que é a segunda morte.
Apreciaria a tua opinião a respeito.
Cordialmente.
Henrique P
Em tempo.
ResponderExcluirConcordo com todos os outros tópicos. Apenas tenho essa dúvida quanto as afirmações 2 e 3.
Abraço.
Henrique P.
Henrique,
ResponderExcluirNão se surpreenda. A posição que expliquei acima, como escrevi no inicio do artigo, é do cristianismo histórico. A idéia de que as almas dos mortos adormecem ou ficam inconscientes após a morte é considerada uma heresia e tem sido ensinada por seitas como as Testemunhas de Jeová.
As passagens da Bíblia que se referem à morte como um sono são analogias para ensinar que a morte não é final, os mortos vão ressuscitar da mesma forma que todos nós dormimos e acordamos.
Diversas passagens da Escritura nos ensinam claramente o estado de consciência dos mortos após saírem deste mundo. Entre elas, cito a história do rico e Lázaro, a declaração de Jesus na cruz ao ladrão arrependido, a declaração de Paulo que queria morrer para estar com o Senhor e a própria passagem de Apocalipse que você citou, onde as almas estão conscientes e lembradas dos acontecimentos na terra.
O repouso dos salvos após a morte não é o sono, mas a cessação dos conflitos, lutas e guerras contra o pecado em nós e nos outros, a cessação da dor e do sofrimento. Não precisamos estar dormindo ou inconscientes para desfrutar disto.
Sobre o reino milenar de Cristo na terra, fica claro que você é dispensacionalista. Não tenho como responder a todos os problemas desta posição aqui no blog, mas sugiro que procure no site monergismo.com artigos sob dispensacionalismo.
Grande abraço.
Reverendo,
ResponderExcluirGosto muito dos seus textos e abraço a soterioloia calvinista, contudo acredito que o cristianismo histórico nunca desenvolveu bem suas concepções de alma, corpo e espírito, por conseguinte, do estado após a morte. Acredito que sempre foi uma "linguagem de acomodação" (peguei do seu livro!) que os autores bíblicos adotaram sobre esse assunto.
Herdamos muito o dualismo grego do corpo e da alma, tanto que comumente pensamos em como ou aonde estão as almas: "As almas dos salvos em Cristo Jesus entram em um estado de perfeita santidade e alegria, na presença de Deus, e reinam com Cristo, enquanto aguardam a ressurreição de seus corpos.".
Ciências como da cognição, a cada dia, tem avançado para mostrar que a "alma" poderia ser na verdade o cérebro.
Enfim, a passagem, por exemplo, do rico e do Lázaro "não é cristã" ("Hades"? "seio de Abraão"?), mas uma crendice judaica, utilizada por Jesus para revelar uma verdade cristã, nada relacionada com doutrinar a respeito de céu e inferno.
É muito complicado justificar uma fé cristã diante de outras crenças simplesmente listando o que é e o que não é certo, quando na verdade você tem subsídios para justificar a razão por que Deus proíbe a comunicação com os mortos, o motivo pelo qual os autores bíblicos falam em "sono" mas não no dualismo grego, porque talvez o "fisicalismo cristão" seja a resposta mais plausível.
Eu não entendo como argumentação simplesmente dizer: isso é de uma seita, como a das testemunhas. Hoekema complica bastante para tentar não parecer com eles, como se a maior preocupação não fosse ser plausível, mas apenas não parecido com outro tipo de crença.
Espero ter sido claro. E gosto muito dos seus livros e do site monergismo! :)
graça,
Aislan
Sobre o dispensacionalismo, um texto analítico escrito pelo excelente exegeta rev. João Alves:
ResponderExcluirhttp://www.monergismo.com/textos/escatologia_reformada/imp-dispensacionalismo_joao-alves.pdf
Reverendo,
ResponderExcluirObrigado pela tua explicação. Pelas passagens explicadas pelo senhor fica claro a consciência das almas como também a analogia usada a respeito do sono. Deus te abençoe por ter me explicado isso.
Agora sobre o dispensacionalismo, digo que foi a primeira vez que ouvi a respeito. Apesar de ser de família cristã desde o meu nascimento, somente nos últimos anos que me aprofundei no entendimento das diversas correntes de pensamento acerca das Sagradas Escrituras. Não sei nada a respeito do dispensacionalismo, apenas lendo o livro de Apocalipse entendi a volta de Cristo como descrevi na minha primeira resposta. Apenas um adendo: para mim o reino milenar de Cristo não seria na terra e sim nos céus. Na terra ficariam os perdidos aguardando o julgamento.
Agradeço pela paciência desprendida pelo senhor. Caso não seja muito pedir, haveria um site ou post sobre a visão que o senhor compartilha sobre a volta de Cristo e essa parte do milênio?
Grande abraço e que Deus continue te iluminar.
Henrique.
Reverendo,
ResponderExcluirMe alegro com sua exposição sobre o assunto. Mas gostaria que me tirasse uma duvida.
Recentemente li este estudo (http://ibab.com.br/guiasdeestudo/vinho_novo_odres_novos-06.pdf) que nos leva a entender que as almas morrem, pois a bíblia diz que ressuscitaremos no ultimo dia.
É coreto esta visão? Qual sua explicação a luz da bíblia?
Aislan,
ResponderExcluirObrigado por gostar de meus escritos.
Eu não entendo como você pode abraçar a soteriologia calvinista e ao mesmo tempo sugerir que a alma é o cérebro, uma visão antropológica materialista que torna desnecessária todos os pontos da soteriologia calvinista. Mas, em frente.
Sempre houve discussões sobre a antropologia bíblica relacionadas com dicotomia ou tricotomia mas as confissões históricas são unânimes em que o espirito e/ou alma sobrevivem à morte do corpo. O que prendi mostrar aqui foi o consenso destes confissões, que representam melhor o Cristianismo histórico.
Difícil dizer que as referências que Jesus e os apóstolos fizeram do estado após-morte seja "linguagem de acomodação". Eles parecem ser bastante descritivos e usam linguagem proposicional e não poética. Mas, se fosse, o que eles estavam querendo descrever? Me parece muito implausível que Jesus tenha contado a parábola de Lázaro e o rico para ensinar que… não tem nada depois da morte.
Corpo e alma no NT não tem origem no dualismo grego, mas pode ser traçado às Escrituras hebraicas. Fica difícil imaginar que Jesus, que mais falou sob céu e inferno, fosse influenciado pelo dualismo grego quando disse, "não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma".
Ciências como da cognição não podem se pronunciar sobre o que é intangível. Por natureza, a ciência trata do que pode ser observado, mensurado e submetido ao método cientifico. A ciência nada tem a dizer sobre alma, espirito, Deus, anjos e demônios, a não ser que negue a transcendência e se torne materialista. Mas, materialismo é religião também. A realidade é muito maior do que aquilo que pode ser demonstrado cientificamente.
A passagem do rico e do Lázaro "não é cristã" mas uma crendice judaica? acho que não! judeu nenhum teria inventado uma história em que um judeu rico queima no inferno. A teologia judaica no período de Jesus defendia a salvação de todo judeu. A historia tem origem no próprio Jesus e tem como alvo mostrar que judeus irão para o inferno, mesmo sendo filhos de Abraão, se não viverem de acordo com a vontade de Deus.
Não tome meu texto como uma tentativa de justificar a fé cristã neste ponto. Trata-se de uma postagem num blog que não pretende ser acadêmico. Há excelentes obras sobre o assunto, que você já conhece, como a obra de Hoekema, onde há uma defesa bem persuasiva deste ponto.
Sobre dizer que é de seita, lamento, mas é isso mesmo.
Um abraço.
Wesley,
ResponderExcluirNão li o texto, mas acho que estão misturando duas coisas. O corpo morre e aguarda a ressurreição. A alma sobrevive a morte. Não tem ressurreição para a alma.
Abs.
Caro Rev. Augustus,
ResponderExcluirMuito boa e esclarecedora esta postagem. Concordo com todos os pontos, só gostaria de entender melhor dois deles.
Como eu posso conciliar o 6º tópico (que fala de intercessão) com o que está escrito em Apocalipse 6.9,10, que fala de homens que morreram, mas que clamavam para que Deus fizesse justiça a quem os matou? Isso não seria uma forma de intercessão de mortos? (Acho essa ideia absurda à luz do contexto geral da Bíblia, por isso que gostaria de entender melhor esse texto.)
Outra dúvida que tenho é quanto ao último tópico (que fala da impossibilidade da volta das almas dos mortos ao mundo dos vivos). Como fica esse pensamento (que também concordo) quando comparado à passagem que Jesus se transfigura e Moisés, que estava morto, aparece a Ele.
Caso possa me ajudar nas minhas dúvidas, ficarei muito grato.
Um grande abraço,
Gilmar
Reverendo,
ResponderExcluirObrigado pela resposta!
Eu abraço o "determinismo bíblico" (aprendido principalmente do livro "A Soberania Banida"). E hoje tenho abraçado um "fisicalismo cristão" (alma = corpo), que inclusive, para mim, reforça mais ainda esse determinismo. Bem, posso um dia estar errado, mas faz parte...
Sobre cientificidade, penso da mesma forma, mas é sobre a realidade mesmo da qual estou me referindo. Realidade essa em que o cérebro (cognição) está presente. E apenas. Não quis ir mais longe.
Sobre a "linguagem de acomodação", tentei encaixar com a conclusão do Hoekema: na Bíblia não há qualquer intenção antropológica em definir o homem como alma e corpo ou outra coisa.
Sobre o rico e o Lázaro, obtive destes apontamentos:
“Esta narrativa baseia-se em crendices, visões ou cosmovisões próprias do mundo hebreu, marcado pela linguagem profética-messiânica, somada às imagens escatológicas do apocalipcismo; são lendas e mitos, crendices, que são usadas para descrever, não o céu e o inferno [trata-se do Hades e não do inferno]; cria-se que Abraão, o pai da nação, presidia um banquete messiânico escatológico, para onde iam os justos, os filhos de Abraão [ por nacionalidade e não mérito ], e o lugar dos mortos, de sofrimento e dor, para onde iam os pagãos e demais impuros. Esta "morada" era abaixo do solo [ da terra, por isso enterravam-se os mortos, para irem para o seu lugar ]: lá existia uma habitação com felicidade paradisíaca para uns e o tártaro dos tormentos para outros; este lugar, com duplo significado, era tido nesta crendice como um local de aguardo do juízo, até que se entraria no quarto céu, ao sul e, os outros, para o inferno geena, o Vale do Hinon de Jerusalém. São elementos retirados da religião persa, no início da volta do exílio, ou montadas no período intertestamentário antes e durante o domínio de Alexandre; é no período depois de Alexandre, com os Antíoquos e os Selêucidas, que entram os elementos da literatura apocalíptica nesta cosmovisão ou crendices mitológicas.” (FERNANDES, 1997).
E sobre Jesus não falar sobre além da morte, dos mesmos apontamentos:
"Ou seja, o narrador se utiliza dessas crendices para afirmar uma verdade escatológica, e não descrever o céu e o inferno. Na verdade, ver-se-á, seu objetivo não é a questão após a morte, mas durante a vida, quando decidimos como se viverá a eternidade, no modo como vivemos o presente." (FERNANDES, 1997).
Mas "agora" entendi o escopo deste blog. :) Desculpe, é porque quis falar sobre o assunto e acabei...
graça,
Aislan
_________________
FERNANDES, Carlos Alberto Chaves. APONTAMENTO PARA UMA EXEGESE DA CHAMADA “PARÁBOLA” DO RICO E LÁZARO. Rio de Janeiro – março de 1997. SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO DO RIO DE JANEIRO.
Gilmar,
ResponderExcluirEles não estão intercedendo por ninguém. Estão pedindo a Deus que castigue os inimigos da Igreja.
Moisés não voltou no sentido em que se usa o termo para indicar que os mortos regressam ao mundo dos vivos e interagem com eles. Moisés apareceu e não interagiu com os discípulos. Foi uma visão, na verdade.
Ainda que pudesse ser considerado como um retorno - e não creio que tenha sido - Deus que cria as regras para os homens pode quebrá-las quando quiser. Mas não creio que tenha sido o caso.
Abs.
Reverendo, este é um pedaço do teto que mencionei,
ResponderExcluirLevei um tempo para me dar conta de que o cristão, ao contrário dos espíritas e hindus, não
acredita na imortalidade da alma. O cristianismo não ensina a imortalidade da alma, ensina
a ressurreição. O que não morreu, não pode ressuscitar. Quem acredita na ressurreição,
necessariamente deve acreditar na realidade da morte.
A ideia da imortalidade da alma não é cristã, é grega. É a crença no dualismo espíritomatéria que compreende o corpo como “prisão da alma”, como acreditava Platão. O
corpo é o invólucro da pessoa, cuja essência é o espírito. Nessa compreensão, na morte, o
espírito se desprenderia do corpo e poderia, então, caminhar rumo à sua plena realização.
O espiritismo vai pegar essa ideia e dizer que a reencarnação do espírito é o caminho do
aperfeiçamento.
Mas a Bíblia ensina diferente. A antropologia bíblica, entretanto, apresenta o ser humano
como uma unidade corpo/espírito, que atende pelo nome de alma vivente. A alma não é um
terceiro elemento, como café (corpo), leite (espírito) e canela (alma). A alma é o nome do
conjunto corpo (café) e espírito (leite). A alma é o café com leite, misturados originalmente
com intenções definitivas.
Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o
fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente.
[Gênesis 2.7]
A morte é a separação entre corpo e espírito e, justamente por isso, é a destruição da
pessoa. A Bíblia não considera que “o espírito é a pessoa”, e que quando o corpo morre a
pessoa continua viva, pois o espírito se desprende do corpo e atinge sua plenitude. A Bíblia
não considera que exista pessoa sem corpo. Na verdade, uma “pessoa sem corpo” é um
defunto, está morta.
A esperança cristã, portanto, não é a imortalidade da alma, mas a ressurreição. A ressurreição
é a vitória total, a reintegração perfeita das facetas humanas que nunca deveriam ter sido
separadas pela morte.
Na ressurreição, a pessoa que estava morta voltará à vida. E esta vida não será apenas “em
espírito”, pois terá um corpo – não existe pessoa sem corpo.
Assim será com a ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado é perecível e
ressuscita imperecível; é semeado em desonra e ressuscita em glória; é semeado
em fraqueza e ressuscita em poder; é semeado um corpo natural e ressuscita um
- 2 -
Guia de Estudo 06 Vinho Novo, Odres Novoscorpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual [...] Eis que eu lhes
digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num
momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta
soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é
necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que
é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de
incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que
está escrita: “A morte foi destruída pela vitória”.
[1Coríntios 15.42-44, 51-54]
A partir dessa concepção antropológica: o ser humano é uma unidade corpo-espírito,
podemos concluir que não pode haver separação entre cuidar do corpo ou do espírito, pois
cuidamos mesmo é da pessoa, que chamamos de “homem todo”. A ação que se destina
apenas ao cuidado do espírito de um ser humano, na verdade é uma ação voltada ao nãohomem, pois não existe “só o espírito”. Ou existe uma pessoa: unidade corpo-espírito, ou
não existe pessoa, isto é, existe uma “não pessoa”, um “não-homem”, um “não-ser humano.
Sds,
Wesley
Aislan,
ResponderExcluirPara mim, não há nada de "cristão" num conceito que iguala a alma ao corpo, em face das passagens bíblicas que claramente mostram que são duas entidades distintas embora unidas numa mesma pessoa. Portanto, "fisicalismo cristão" para mim é uma contradição em termos. Soa mais como materialismo minimalista, que é a posição dos ateus.
Hoekema não está dizendo isto que você pensa. Ele está apenas reconhecendo que os autores bíblicos não estavam pensando em elaborar uma antropologia e portanto, por vezes, usaram os termos sem uma maior preocupação semântica. Todavia, conhecendo como conheço Hoekema (inclusive pessoalmente, desde 1995), duvido muito que ele esteja negando a realidade da alma e sua distinção do corpo.
OS apontamentos de Fernandes - que também conheço de longa data - refletem a sua teologia liberal e a negação que sempre fez da Bíblia como a Palavra de Deus, considerando não somente a parábola do rico e Lázaro, mas todos os relatos sobrenaturais como mitos, lendas e crendices. Eu lamento muito que vocè esteja bebendo nestas fontes. Quando chega a este ponto, não tem mais base de diálogo, pois para mim a Bíblia é a Palavra de Deus e não um amontoado de lendas, crendices e fábulas judaicas.
Recomendo que você busque fontes que levem a Bíblia a sério.
Um abraço.
Wesley,
ResponderExcluirNão sei a origem deste texto. Na minha ótica está eivados de erros, sendo o principal fazer uma representação distorcida da posição sobre a antropologia bíblica defendida aceita pelo que, acredito, sempre foi o consenso dos maiores teólogos pelos menos dentro dos arraiais conservadores.
O texto confunde imortalidade da alma com eternidade da alma, deixa de lado dezenas de passagens bíblicas que tratam corpo e alma como elementos constitutivis e distintos da pessoa humana e por ai vai.
Não tenho tempo para ir criticando ponto a ponto, minha sugestão é que você leia bons livros de antropologia bíblica. Segue uma lista:
HOEKEMA, Anthony. Criados à Imagem de Deus. São Paulo: Cultura Cristã, 1999.
LUNDGAARD, Kris. O Mal que Habita em Mim. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
PLANTINGA, JR., Cornelius. Não era para ser assim. São Paulo: Cultura Cristã, 1998.
LUTZER, Erwin. A Serpente do Paraíso. São Paulo: Vida, 1998.
Um abraço!
Reverendo,
ResponderExcluirMais uma vez obrigado pelo esclarecimento pessoal e pelo alerta!
Creio também: "para mim a Bíblia é a Palavra de Deus e não um amontoado de lendas, crendices e fábulas judaicas."
Mas, no caso específico daquela parábola, imaginaria diferente, como uma aplicação pragmática.
Há outro comentarista que pensa assim sobre essa passagem: Leon L. Morris. Vida Nova. Lucas - Introdução e comentário. São Paulo, 1983.
Eu sei que William Lane Craig não é calvinista, pois claramente faz defesas ao livre-arbítrio (não sei se ele é também liberal), mas ele numa entrevista comentou a respeito desse "fisicalismo cristão", dizendo não ser problema para o cristianismo a alma igual ao corpo, se assim chegarmos a essa conclusão com o tempo.
Vou estudar melhor a concepção do Hoekema e o materialismo para ver se é pelo menos plausível um "fisicalismo cristão e bíblico", apesar de inicialmente parecerem um tanto contraditórios.
Se for falsa a hipótese, ótimo da mesma forma. Pelo menos foi "esgotada" essa via.
Minha preocupação maior, no momento, é que esse fisicalismo não afeta (in)diretamente a soteriologia. Pelo menos, não vejo condição para o evangelho (a salvação), a crença de como é a alma.
Obrigado novamente Reverendo!
graça,
Aislan
Aislan,
ResponderExcluirFico muito feliz que você está aberto para ler e rever conceitos. Deus o guie na busca da verdade.
Leon Morris é bastante conservador e conhecido pelo apego à Palavra de Deus. Ele provavelmente está dizendo o seguinte sobre a passagem do rico e Lázaro:
1 - Trata-se de uma parábola, isto é, uma estória elaborada por Jesus para ensinar um conceito, muito embora seja a única em que ele se refere a uma das personagens pelo nome próprio, "Lázaro".
2 - Jesus está usando conceitos populares entre os judeus, como por exemplo, a referência ao estado de felicidade eterna após a morte como o "seio de Abraão" - o que de forma alguma invalida a realidade do estado de felicidade dos salvos após a morte.
Morris jamais ensinaria que após a morte a alma é aniquilada ou entra em repouso. Ele é mais conservador do que caixa de Maizena, hehe.
William Lane Craig, que esteve no Mackenzie recentemente, ond tive o prazer de conhecê-lo e estar com ele por um tempo, pode ser considerado um reformado tipo molinista, que tem dificuldades com a expiação limitada e pretende afirmar o livre arbítrio mais que os reformados stricto sensu afirmariam. Ele não tem nada de liberal, ao contrário, defende a inerrância da Bíblia.
A coisa é mais complicada do que parece. Você pode dizer que a alma é igual ao corpo se entender a alma como a atividade cerebral, mental e intelectual do homem, e se admitir que o espírito é a unidade ou componente de sua personalidade que transcende o corpo e sobrevive a morte. Provavelmente a equação que Craig admitiria é esta:
HOMEM=CORPO/ALMA+ESPÍRITO
ALMA=atividade cerebral. Logo = CORPO e morre com ele.
ESPÍRITO=imortal, transcende o corpo e sobrevive à morte, sendo imortal.
Ou seja, Craig seria um tricotomista. Neste quadro, em que se distingue a alma do espírito e a considera uma função do corpo, não tenho problemas.
Grande abraço.
Grande verdade, e que Deus tenha misericórdia daqueles que ainda estão vivos, e os alcancem com sua infinita graça e misericórdia.
ResponderExcluirReverendo,
ResponderExcluirNão tenho como agradecer mais ainda pelas ótimas referências! Deus seja louvado pelos seus conhecimentos, experiência e "acesso livre". :)
Conheço liberais bem de perto, aqui na terrinha da Paraíba, principalmente envolvidos com a Teologia da Libertação, e a hermenêutica fraca sempre se apresentou como uma característica marcante e por isso, não fui "na onda".
Sou rotulado de fundamentalista e estou acostumado com isso.
Mas o assunto particularmente me interessa, porque não quero fugir da verdade, sem perder a contextualidade, que tanto Stott prezava.
Certamente suas palavras me ajudaram a nortear o que busco.
a graça de Deus seja sempre abundante,
Aislan
Reverendo Augustus,
ResponderExcluirQuando li esse seu texto, pensei tratar-se de algo simples, que o senhor tivesse postado só para não deixar a data de finados passar em branco. Mas aí tive a ideia de ver os comentários.
Agora, cá entre nós... Como algumas poucas afirmações bíblicas tão simples e diretas podem causar tanta estranheza e discussão!!!
Realmente os tempos são outros. Tô me sentido até mais velho do que sou.
Rev. Augustos:
ResponderExcluirdesculpe a mudança de assunto, mas como surgiu o assunto sobre "dispensacionalismo", gostaria de apenas uma breve explicação se possível, ns chaves hermeneuticas estou bastante inclinado para o aliancismo, tendo em vista que o dispensacionalismo classico sem duvidas tem serios problemas, porem uma forma nova de dispensacionalismo progresivo realmente me parece uma boa interpretação, no que diz questão ao aliancismo é verdade que esta maneira de interpretar é bastante influenciada pela visão anti-semita dos primeiros seculos da igreja?
Reverendo,
ResponderExcluirFugindo do assunto em questão, que me fica aceitavelmente entendido, gostaria de uma dica para a uma boa bíblia de estudo em linguá portuguesa, tenho uma scofield totalmente dispensacionalista. Adquirida sem conhecimento do assunto, rsrs.
Abs,
Wesley
Wesley,
ResponderExcluirBíblia de Estudo de Genebra é a mais indicada.
Abs.
Olá irmão Augustus.
ResponderExcluirLi em uma de suas respostas que o senhor considera Lane Craig um "reformado molinista". O senhor poderia me responder três perguntas sobre isso: Porque o senhor considera Lane Craig um reformado? Qual a sua opinião sobre o Molinismo? E quando será a próxima vez que o Dr. Craig estará no Mackenzie (risos)?
Obrigado.
http://www.sigocaminho.com/
Ricardo,
ResponderExcluirTenha dó...! O tema da postagem é onde estão os que morrem... assim você me mata...!
Guinho,
ResponderExcluirSobre dispensacionalismo, sugiro uma consulta no site monergismo.com.
Abs.
Poxa irmão Augustus... foram só umas "dúvidas" que surgiram com seus comentários... (risos). Mas ok, fica então a sugestão para uma futura postagem. Obrigado pelo senhor ser acessível, haja visto, o senhor ser um pastor de grande notoriedade e credibilidade.
ResponderExcluirAbraços.
http://www.sigocaminho.com/
Ivan Figueiredo.
ResponderExcluirReverendo,
Pelo que li nos comentários acima vi algumas postagens sobre dicotomia e tricotomia, gostaria de saber sua opinião sobre o assunto e suas indicações de estudo sobre o assunto.
Pelo pouco que eu conheço e pesquisei, a tricotomia dividi o ser em 3 partes, alma, espírito e corpo. Mas existe passagens que parece demostrar um paralelismo onde alma, espírito só reforçam uma parte não material do ser. E não substâncias distintas.
Já a dicotomia dividi em duas partes, alma/ou espírito e corpo, seguindo o pensamento de Platão o corpo é cárcere da nossa alma, pressupondo que pelo fato das almas terem pecado foram sentenciadas a um corpo material, e Origens para fortalecer esse pensamento cria o preexistencialismo das almas. A dicotomia ensina que (pelo menos até onde pesquisei sim) que a alma e o corpo é semelhante ao trilho de um trem, que estão na mesma direção, mas nunca se encontram, eu vejo nas Sagradas Escrituras passagens de pecados como: inveja, rancor e etc. E pecados como prostituição, roubar, matar e etc. São pecados, mas como saber se tal pecado é distinto do corpo e virce e versa.
O ser unitário, onde ambas as substâncias não se dividem, antes as duas substâncias que compõe o ser. Pois nós somos pecadores por completo e não em partes, minha alma não é pura e presa a um corpo pecador. Cristo me salvo por completo e não em partes, salvo que isso numa perspectiva do plano eterno, sabemos que isso alcançará sua plenitude na volta do SENHOR Jesus Cristo.
Obs:
Não ignoro a dificuldade de sabermos inteiramente sobre o assunto, mas quero saber o seu ponto de vista sobre o assunto e indicar outros materiais que me auxiliem. Peço desculpa por fujir bastante do assunto central proposto no poste. Desde já agradeço, que a graça, a paz e a misericordia e o amor (que é o vinculo da perfeição) seja abundante nas vossas vidas, Amém.
Notas:
Louis Berkhof - Teologia Sistematica
Norman Geisler - Teologia Sistematica Vol. 2
João Calvino - Institutas I Cap. xv pág. 186
Caro Ivan,
ResponderExcluirPara mim, a visão dicotômica é a que melhor corresponde às informações bíblicas. Mas, este é um assunto difícil e não costumo polemizar a respeito.
Um reparo que se faz à visão unitária do homem é que por defender a indissociabilidade da alma e do corpo ela pode levar à doutrina da extinção da alma por ocasião da morte, o que evidentemente é um erro crasso.
Um abraço.
Ivan Figueiredo,
ResponderExcluirConcordo com o sr. que é um assunto complicado. O que eu considerado duvidoso no pressuposto unitário é acerca da morte e na dicotomia é como dividir as duas substâncias (alma e corpo). Na verdade eu acredito em ambos pressupostos dicotomia, unitário, mas não da maneira que é apresentado, acredito que existe almo e corpo, só acho difícil separa-los e dizer qual ação é do corpo e qual da alma. O unitário é grosseiro e desrespeitoso com o pressuposto bíblico, em dizer que a alma desfruta da mesma morte que o corpo, mesmo que a alma não tenha sido destinada à vida eterna, dizer que ela não existe mais. Esse assunto é difícil, mas respeito seu ponto de vista, eu acredito e acho interessante, mas acredito que em alguns aspectos ambos precisam de alterações, porque? Pelo pontos problemáticos. Admiro Calvino, mas não posso pressupor que ele ensinou tudo, pois assim não estarei livre para pensar. Reverendo, meu maior problema é entender que o problema seja o corpo, pois Calvino parte de um pressuposto Criacionista acerca das almas, e é difícil para mim supor que a alma se contamina na união com a matéria. Eu acredito nas duas substância no mesmo ser, e creio na imortalidade da alma, creio que não morre como corpo, mas acredito que a morte se entenda como se separar da vida Deus, no processo de morte a alma é a primeira a morrer e em seguida a matéria, e a plenitude desse processo de morte é a condenação eterna.
Agradeço pela sua exposição, também sou Presbiteriano, não estou preso nesse pressuposto unitário, só quero ter uma cosmovisão bíblica puramente bíblica e não somente filosófica. Por isso estou expondo meu pensamento. Grande abraço e desde já agradeço pela atenção.
Ivan,
ResponderExcluirDesde minha última conversa com o Reverendo aqui, aprendi muito e pesquisei bastante, principalmente com os livros do Hoekema (melhor esforço reformado já produzido sobre o assunto, acho).
Mas um "detalhe", quanto aos seus comentários, diante do que já tenho e em breve pretendo compilar é o seguinte:
Não é "grosseiro e desrespeitoso com o pressuposto bíblico" a visão unitária (aliás, Hoekema defende uma também!), mas entendi a sua preocupação com a aniquilação: "em dizer que a alma desfruta da mesma morte que o corpo, mesmo que a alma não tenha sido destinada à vida eterna, dizer que ela não existe mais.".
Mas a "visão unitária" fisicalista que não ignora a realidade imaterial (um fiscalismo minimalista) não é igual a inexistência.
Hoekema fala rapidamente, mas ignora a possibilidade de continuidade corporal (sem alma/espírito), pela analogia da semente.
Essa, pra mim e para outros cristãos, é mais próxima das últimas descobertas científicas a respeito da vida, sem ser antibíblica.
Mas veja, não estou dizendo como, porque estou compilando e escrevendo a respeito ainda.
Graça!
Aislan
Reverendo, tenho uma dúvida a respeito do último apontamento
ResponderExcluir"Nem as almas dos salvos nem as dos perdidos podem voltar para a terra dos vivos após a morte. Todas os fenômenos considerados como a ação de almas desencarnadas deve ser atribuída à imaginação humana ou à ação de demônios"
O que o senhor pensa a respeito do relato bíblico de Saul e a pitonisa de En-Dor? Não seria de fato Samuel que falou com Saul? Se não foi ele, que argumento o sr. usaria para comprovar isso?
Obrigado!
João Pedro
Mto bom o texto, como sempre!
ResponderExcluirO Reverendo Augustus Nicodemus crê no unitárismo ou na dicotomia?
ResponderExcluirEu acho que ele crer na dicotomia.
ResponderExcluirTenho uma duvida que esta me corroendo: porque a necessidade de um julgamento se eles já foram julgados após a morte ?
ResponderExcluirObrigado!
Jader
Reverendo tenho uma dúvida enorme sobre esse assunto. Apos a morte seremos julgados imediatamente,então LÁZARO foi julgado logo que morreu, e Jesus ressuscitando dias depois ele voltou a terra (ou seja saiu do paraíso e voltou a terra)??
ResponderExcluirE sobre o texto que Moisés ressurge junto com Elias e Jesus ,queria saber se Moisés ressuscitou pois o arcanjo guardou o corpo de Moisés certo?
Tenho essas dúvidas por favor me ajude !!!
Obrigada
Rev: Augustos, estou querendo Repostar seu pôster sobre finados, mas se o senhor poder me ajudar com bases bíblicas. Obg
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