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quarta-feira, junho 04, 2014

O uso da Psicanálise no Aconselhamento Pastoral

Cresce o número de pastores que buscam formação na área de psicanálise. Qual o problema do chamado "evangelho terapêutico"? Será que Deus quer mesmo que eu seja sempre feliz, sem condições ou restrições? E o que dizer da chamada "autoestima"? Estes e outros pontos afins são discutidos no programa Academia em Debate desta semana. Assista aqui.



16 comentários:

  1. Muito bom, obrigado pelos esclarecimentos.

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  2. Muito Bom como sempre, no entanto, seria melhor ainda se houvesse um psicólogo...

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  3. o uso dessas ciências só tem a acrescentar no aconselhamento pastoral, é o que ele precisa mesmo pra ser mais efetivo, ou para ele existir de maneira útil para os fiéis que em algum momento precisará de um apoio.

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  4. Rev, Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pela iniciativa em colocar o esse assunto tão atual em debate, entretanto, gostaria também de deixar meu comentário.
    Creio que faltou a presença de um psicólogo e um psiquiatra, pois os dois convidados não são habilitados para tratar do assunto do ponto de vista acadêmico, o que foi dito por um deles, fica como sugestão para um próximo debate.
    Infelizmente o que pude perceber, pelo debate, é que a depressão de uma pessoa tem sua origem em pecado cometido por ela no passado, o que não, necessariamente, é verdade, como por exemplo, a depressão pós parto, a depressão que advém por evento emocional e outros fatores que não o pecado. Esses tipos de depressão não se tratam com confissão de pecado e sim com terapia e/ou medicação.
    Como já disse para o Sr., eu sofro de depressão e já fiz terapia com psicólogo e com o Rev. Folton e também com psiquiatra que me receita antidepressivo o que me faz, hoje, levar uma vida normal, graças a Deus.
    Abraços,
    Maurício

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Faltou a presença de um psicólogo e psiquiatra cristão, para que o debate tivesse um nível melhor.

    Penso que não podemos tratar esses assuntos com simplismo. Não devemos rejeitar a psicologia ou a psquiatria, mas sim redimir essas disciplinas, trazendo-as para dentro de uma cosmovisão cristã, expurgando delas o que não serve e ficando com o que é bom (e há várias coisas boas).

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  7. Me impressiona que muitos cristãos não apenas aprovam o uso da psicanálise, como vão além para tornar a psicanálise obrigatória para os cristãos que quiserem ser conselheiros. Definitivamente, qualquer cristão, nascido de novo, que tenha o Espírito Santo, que tenha conhecimento da Escritura, e que ame pode, sim, e com muito mais eficácia, aconselhar.

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  8. Boa tarde, Algumas conclusões que tirei do video...

    1) Associar a Psicologia ou Psicanálise à “métodos pagãos” é extremamente incoerente. Especificamente a Psicanálise não é religiosa nem antirreligiosa; a Psicologia é ciência, e dessa forma não possui uma confissão de fé. Esta fala que encontramos no início do vídeo precisaria ser melhor delimitada, e pontuada sobre o sentido real de sua intenção.

    2) A Base Filosófica da Psicanálise/Psicologia – A crítica feita sobre os fundamentos teóricos é verdadeira, contudo não é uma característica exclusiva, mas comum nas áreas das ciências da saúde, exatas e humanas. Desqualificar ou desmerecer a relevância ou os benefícios da Psicanálise/Psicologia por tal argumento seria o mesmo argumento que se aplicaria para várias áreas de conhecimento, pois o mundo secular é assim, com bases filosóficas distantes ou “indiferentes” e por vezes ao Cristianismo. Um mundo onde as ciências, técnicas e artes sejam “cristianizadas” ou confessionais não é real (na atualidade, e duvido muito que um dia seja). Os governos não são teocráticos, os médicos não são cristãos, os remédios não são as orações, e mesmo que os alimentos para o corpo não saciem a fome do homem por Deus precisamos comprar comida feita por ímpios e vendida por ímpios, do contrário morreremos. Enfim, as implicações de tal argumentação são infinitas. Porém, algo que é preciso ser dito, mesmo que as bases filosóficas não sejam cristãs, a prática da Psicanálise não é anticristã, como podemos conferir nas palavras de Freud, em correspondências trocadas com seu amigo OskarPfister (pastor protestante): “A psicanálise em si não é religiosa nem antirreligiosa, mas um instrumento apartidário do qual tanto o religioso como o laico podem servir-se, desde que aconteça tão somente a serviço da libertação dos sofredores. Estou admirado de que eu mesmo não tenha me lembrado de quão grande auxílio o método psicanalítico pode fornecer à cura de almas, porém isto deve ter acontecido porque um mau herege como eu está distante dessa esfera de ideias.” (Freud a Pfister, em 09/02/1909) [Cartas entre Freud &Pfister, um diálogo entre a psicanálise e a fé cristã, Ultimato: 2009]

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  9. Continuação...

    3) Nega a existência da alma – A Psicanálise/Psicologia não nega a existência da alma, ao contrário traz desde a sua etimologia e história o conceito de alma, alguns poderiam dizer que é a justamente na alma onde encontramos o cerne dos estudos dessas duas áreas do saber. Contudo, precisamos reconhecer que o conceito de alma não é o mesmo que encontramos no Cristianismo. Não há uma única Psicologia, e sim psicologias, e cada uma destas possuem uma forma peculiar de compreender a complexidade do ser humano, e isso diz respeito também ao conceito da alma. Nem mesmo isso poderia ser tomado como ponto depreciativo para a Psicanálise ou Psicologia, que se coloca como ciência, uma vez que até mesmo na teologia encontraremos perspectivas distintas e/ou diferentes das dimensões do ser humano, uns defendem a tricotomia e outros a dicotomia, e isso diz respeito diretamente ao conceito de alma.

    4) Não trata do pecado do homem, mas ameniza o seu sofrimento – A abordagem da Psicanálise não tem uma proposta cristã em si mesma, isso é um fato inegável; dessa forma, não há na Psicanálise e na Psicologia um tratamento referente ao pecado (assim como não há noutras áreas de saberes da saúde, como medicina, odontologia, fisioterapia, etc.). Contudo, mesmo que não tenha essa proposta, visar o bem estar de uma pessoa, e cuidar de sua saúde é algo bom, e por isso mesmo, podemos considerar como algo louvável para o Cristianismo. Embora não se trate sob os termos “pecaminosos”, na terapia um dos elementos analisados pela Psicanálise é a culpa, e para isso é necessário ser feito uma apanhado da história do paciente. O ato de ouvir quem sofre e está angustiado não é errado, pelo contrário. Há muito mais elementos convergentes na Psicanálise e no Cristianismo (refiro-me ao tratamento, ao cuidado, ao método destinado a ajudar alguém, especificamente nos assuntos mencionados no vídeo) do que divergentes entre eles, seja diretamente ou indiretamente.

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  10. Continuação...

    5) Deve-se começar pelo pecado - Uma das principais críticas que poderia fazer, é no foco dado, sob o título de “abordagem bíblica”, a mais coerente. Em todo o vídeo não encontramos nada sendo dito sobre a importância do amor, mas uma demasiada ênfase no pecado. Não irei me delongar nesse aspecto, mesmo que seja preciso, pois creio que isso seja um reflexo da perspectiva teológica dos participantes do programa em questão. Mas fica claro que era preciso dar atenção para a importância dos elementos que expressam o amor cristão, o ideal numa abordagemcristocêntrica, sem que com isso queira-se dizer que não poderia ser abordado a questão do pecado. Quanto aos pormenores dessa crítica, onde deveria se iniciar o tratamento dos casos clínicos ou pastorais, compreenderemos melhor quando falarmos sobre os momentos finais do vídeo, no tópico sobre a encenação feita.

    6) O conceito de Felicidade – A forma como lidaram com essa temática foi interessante, e muito coerente, apontaram que a questão estaria na maneira com a qual é compreendida a “felicidade”, e de forma geral, podemos dizer que não se trata de um estado perene e constante de alegrias; saber lidar com o sofrimento e as adversidades da vida é fundamental para a noção adequada de felicidade. Ou como poderia ser dito na perspectiva psicanalítica, o lidar com o ideal e o real, e todas as faltas que a realidade apresentar, isso é o mais próximo de um conceito (possível) de felicidade. Com isso, vemos o quão próximo da prática, numa síntese, estão as visões na psicanálise e na teologia, até o ponto em que consideramos a existência de Deus.

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  11. Continuação...

    7) Auxílio para a auto estima – Muito diferente do como foi falado, ou deixado a entender, na psicanálise o terapeuta não será alguém que estará a serviço do ego ou do narcisismo do paciente, pelo contrário, a forma como lidará com as questões da auto imagem e auto estima será muito distante de qualquer “mimo” ou “bajulações”; não há na Psicanálise esse tratamento. Como já foi dito acima, lidar com a culpa é uma constante na terapia, além de trabalhar conceitos como angústia e medo. Nenhum psicanalista irá ajudar o seu paciente a encontrar formas de conseguir a aceitação dos outros, ou favorecer que os outros possam ser o centro da vida dos seus pacientes; essa perspectiva apresentada da psicanálise foi uma absoluta distorção ou prova direta da ignorância sobre a abordagem freudiana.

    8) Corpo e alma como um – O viés da Psicossomática é uma das maiores contribuições que encontramos nos últimos anos na área da psicologia como um todo. Este aspecto pode ser uma das chaves na elucidação das problemáticas divergentes postas pelos debatedores, quando se opõe a psicanálise. Reconhecer que existem questões materiais, físicas, da “vida normal” (e não “sobrenatural”) aponta para uma necessidade a ser atendida, a compreensão do ser humano, como um ser que não é apenas espiritual. E é com base nesse saber que encontramos as várias atuações profissionais das mais diversas áreas dos saberes, tais como medicina (em suas tantas especialidades), nutrição, educação física, fisioterapia, e psicologia, consequentemente a Psicanálise também.

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  12. continuação...

    9) Sobre a Encenação – Os debatedores realizaram uma simulação de como lidar com a uma caso de depressão.

    I. O primeiro debatedor apresentou o que seria a abordagem correta, numa perspectiva bíblica, tomando como modelo tudo o que foi apontado no programa como adequado. Ele distinguiu duas formas de lidar, uma “direta” e outra “moderada”: A “direta” logo pode-se ver que era inviável, e como disse o apresentador, “fiquei ainda mais deprimido” – provando que tudo o que foi tomado como ideal é inadequado de ser usado, tanto da ótica psicanalítica, quanto da bíblica; em seguida, ele apresentou um método “moderado”, muito diferente do primeiro, ou seja, diferente do que foi tomado como o correto a ser feito – neste usou-se técnicas próprias da área da psicologia, escuta psicológica, acolhimento, e nada semelhante como “começar pelo pecado”, de certa forma, a temática do pecado não é prioridade, fato este que inclusive é destacado pelo apresentador; fica claro que a forma com a qual podemos fazer valer do cristianismo é proceder de forma amorosa, sem a qual não faz sentido oferecer ou se colocar como apoio ou ajuda para alguém em sofrimento. Poder ser empático, abrir mão de uma postura de acusador, ou usurpar a condição de promotor, nada tem a ver com amor. Propor-se a estar ao lado de alguém no momento de angústia reflete amor, quer seja diretamente ou não, quer seja no sentido emotivo ou prático, é isso que representa, é assim que o paciente (ou fiel religioso) irá enxergar, e por meio dessa postura amorosa a elucidação da problemática acontecerá, conforme já foi falado no tópico 5°.
    II. Em seguida, é ilustrada a maneira como o psicanalista lidaria com a problemática. Infelizmente, o debatedor não tem conhecimento da técnica e está desqualificado para representá-la; o mínimo de coerência que o programa poderia ter era convidar um profissional apropriado para se posicionar na condição de conhecedor real do assunto. A forma como foi apresentada a abordagem psicanalítica está mais caracterizada como uma caricatura mal feita, uma vez que o psicanalista não é conselheiro, e não falaria nada sem antes ouvir, e muito menos daria diagnóstico sem ter um conhecimento amplo da história do sujeito. Há várias divergências do posicionamento psicanalítico, várias escolas, mas o que foi retratado está distante de ser algo que mostre a realidade da Psicanálise. Neste ponto da encenação fica evidente que pouco mudou (o que também foi reconhecido pelo apresentador), até onde foi representado, a forma de lidar com as abordagens, suas especificidades precisam de pessoas com mais propriedades no conhecimento clínico e pastoral ou teológico.

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  13. Continuação...

    Concluindo

    Infelizmente, algo que foi repetido não foi considerado, “não vamos demonizar”, alguns momentos por falta de conhecimento suficiente, e noutros momentos, por falta de sabedoria em lidar com questões complexas tratadas num curto espaço de tempo.
    Algo que não fica bem definido em todo o programa, é a delimitação do tema, sobre quem e como estamos falando, se é sobre o pastor que usa da psicanálise como técnica pastoral, ou dos psicanalistas de uma forma geral. Se é aos pastores que usam a psicanálise como superior aos preceitos bíblicos ou a qualquer um que use o saber da psicanálise. É possível usar a psicanálise como ferramenta no auxílio do atendimento pastoral ou essa é uma técnica “maldita”, “demoníaca” ou “pagã”? Era necessário deixar isso claro.
    Vale salientar que o psicanalista nunca dará um diagnóstico embasado na condição pecaminosa ou caída espiritualmente do homem, mas não só o psicanalista, psicólogos, médicos, e todos os profissionais da saúde, chamados “seculares” (como os cristãos tratam os que não possuem uma abordagem ou conduta voltada para a fé cristã). O que levanta algumas questões: Isso se aplica aos pastores que usam a psicanálise como uma técnica auxiliadora ou aos psicanalistas nos seus consultórios, sejam estes profissionais cristãos ou não? Os cristão precisam rejeitar a psicologia, uma vez que não é e nunca será cristã? Se um médico não é cristão, e não crer na cura que Deus pode operar, posso me consultar com ele? Tudo que não for cristão é demoníaco ou anticristão?

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  14. Continuação...

    Compreender a intencionalidade de uma dada abordagem tornará evidente que o tratamento de uma problemática será diferente.A Psicologia/Psicanálise não está interessada na salvação da alma das pessoas, esta intenção encontramos no Cristianismo, pela doutrina soteriológica. A abordagem da Psicologia/Psicanálise trabalha com a qualidade de vida do sujeito, propondo-se a desenvolver uma “cura” (de uma forma geral, é como as perspectivas psicológicas concebem, embora que esse termo “cura” seja extremamente discutível).
    Ter tal consciência abre-nos a possibilidade de considerar tais técnicas não como o cerne de uma abordagem bíblica ou cristã, mas um auxílio relevante no cuidado das pessoas, sejam elas cristãs ou de qualquer outra crença, ou na ausência desta. Caberia para o aconselhamento pastoral a possibilidade de lançar mão de tais conhecimentos como uma ferramenta auxiliar, mas nunca como uma abordagem central, em detrimento dos parâmetros bíblicos e cristãos. No nosso cotidiano lidamos e utilizamos conhecimentos, técnicas, e meios que não possuem a fé cristã como regra espiritual, sem que com isso estejamos nos desvirtuando, como podemos mencionar outra vez nos casos da Medicina, Fisioterapia, Educação Física, Nutrição, Enfermagem, Farmacologia, Fonoaudiologia, além das demais profissões ou ocupações que não se propõe a tratar das questões espirituais, e ainda assim são louváveis e inofensivas (em certa medida, referente a cada linha teológica) a fé cristã.
    O olhar clínico da psicanálise é algo muito singular, e dificilmente poderá ser usado noutro espaço que não seja um ambiente terapêutico, dentro da proposta freudiana, distante de qualquer julgamento para o analisando ou paciente. Acredito na utilização dos conhecimentos psicanalíticos para consulta, lançando luz, na compreensão do caso a ser atendido, inclusive por líderes religiosos. Por outro lado, existem abordagens clínicas que se mostram mais suscetíveis de uma aproximação com as perspectivas religiosas, como a Psicologia Analítica, de Carl G. Jung, ou a Logoterapia, criada por Viktor E. Frankl – Mesmo que não sejam abordagens religiosas ou espirituais, todas com suas respectivas características, apresentam propostas distintas.

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  15. Mt bom o conteúdo esclarecedor q vc trouxe, Rafael!

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