O ano era, creio, 1965. Eu era um jovem de 18 anos cheio de ânimo. Havíamos saído de Recife, eu e outros três amigos, para Garanhuns, para um encontro de Jovens Presbiterianos. Um desses amigos era o pregador e eu achei de dar uma de fotógrafo.
Todo empolgado, havia comprado um FLASH para uma máquina da época da segunda guerra mundial que meu pai tinha em casa. Nos meses anteriores eu havia lido na Enciclopédia Prática Jackson a seção de FOTOGRAFIA e estava todo entusiasmado, crente de que era o maior expert nas redondezas sobre o manejo da câmera. Sabia tudo sobre abertura, lentes, foco, sensibilidade de filmes (alguém lembra de "ASA 100"?) e, especialmente, sobre fotografias com flashes. A geringonça adquirida, fruto de MUITAS economias, era um trambolho de bom porte, que ainda tinha um leque de alumínio que abria e ampliava o poder de projeção da lâmpada ENORME, com aqueles mil filamentos internos, envoltos em magnésio, que explodia e causava aquele clarão de arrepiar, invariavelmente queimando fotos, no processo, ou submetendo-as à superexposição!
Pois bem, enquanto o meu amigo pregava, armei o leque, coloquei a lâmpada (com as duas mãos) no soquete, parafusei o flash em cima da máquina, liguei o fio no local devido e me encaminho na ala central da igreja para registrar o histórico momento da pregação! Nenhuma preocupação em disfarçar, pois, seguindo a milenar tradição dos fotógrafos, eles são o centro da atenção, mesmo.
Aponto a máquina, preparo-me para o grande momento, aperto o botão e ... clik – NADA do FLASH!! Impossível! Eu testei antes (lembrando que as lâmpadas, naquele tempo, QUEIMAVAM ao serem acionadas – isso mesmo – eram suficientes para UMA foto, e custavam uma nota!). Perplexo, viro a máquina para ver o que estava acontecendo e a bomba de efeito retardado entra em ação: a lâmpada explode, com grande clarão a uns cinco centímetros da minha face.!
Pausa no sermão, olhares se voltam ao fotógrafo cego, que ziguezagueava no meio da igreja, segurando uma máquina fotográfica com uma lâmpada fumegante, ainda, em direção à porta de entrada. Nesse percurso, que durou um século, até chegar lá fora e sentar na calçada, foi tomada a decisão de abandonar a promissora profissão. O incidente, como de costume, gerou brincadeiras e zombarias dos colegas, especialmente dos que haviam me acompanhado até o evento! Foi o fim de uma possível carreira...
Solano Portela
Não posso acreditar que até o momento não houve nenhum comentário,devem respeitá-lo muito, meu irmão, fazia muito tempo que não ria tanto. Valeu ouvir essas agruras de um jovem em busca da fama. Deus abençoe.
ResponderExcluirCaro Luciano:
ResponderExcluirNinguém mais lê BLOGS. Está todo mundo conectado somente no Facebook e outras mídias sociais... Obrigado pelo comentário.
Solano
Puxa!! Fiquei me imaginando na situação kkk
ResponderExcluirSerá que o senhor fez a primeira selfie da história? kkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirSolano Portela
ResponderExcluirEu sou entusiasta do formato blog
Leio diariamente vários, em sua maioria com temática cristã e o tempora-mores está em minha lista, sempre venho aqui conferir se há novos textos.
Disto isto, espero que o blog tenha vida muuuito longa.
Concordo com amebablues creio que senhor tirou a primeira self de que se tem notícia rs
Abraços
Isso é o tipo de coisa que costuma acontecer comigo. Kkkkk
ResponderExcluirO mundo perdeu um fotógrafo!
ResponderExcluirMuito bom!!!
ResponderExcluirHoje vale uma piada mas no dia... deve ter sido doloroso para o ego.
Pelo menos ganhamos um sério profissional em outras áreas bem mais proveitosas, incluindo teologia.
Abraços, irmão.
Caro presbítero, lemos blogs SIM! Talvez não deixemos comentários sempre, mas lemos sim.
ResponderExcluirAmei esta sua crônica. Muito legal! Dei risada aqui!
Deus abençoe!!
Estou sempre lendo este blog. Pena que as postagens estão mais raras, mas acredito que seja o pouco tempo de que dispõem esses grandes homens de Deus.
ResponderExcluirkkk... ri muito!!!
ResponderExcluirKKKKKKKKKKKKKKKKK, trágico.
ResponderExcluirLeio blogs diariamente e sempre passo aqui pra ver as novidades. O senhor deveria usar o facebook para divulgar as crônicas do blog assim que fossem postadas!!!
ResponderExcluirIrmão Solano,
ResponderExcluirÉ tão bom a gente rir de si mesmo, das nossas trapalhadas na vida.
Parabéns. E que bom que não se tornou fotógrafo.
Muito bom
ResponderExcluirEu ri muito aqui......
ResponderExcluirCaro Solano - Eu e muita gente sempre lemos blogs. E quanto ao post o mundo perdeu um fotógrafo, mas a igreja de Cristo ganhou um teólogo. Abraço!
ResponderExcluirCaro irmão muito interessante essa sua experiência...estou rindo me colocando em sua pele !
ResponderExcluir"Primeira selfie da historia" kkkkkkkkkk
ResponderExcluirHistória ótima!
ResponderExcluirRecordar é viver!
ResponderExcluirFiquei imaginando a cena... ri muito!
ResponderExcluirUm desastre engraçado. Mas foi muito bom porque fez com que o amado irmão descobrisse sua verdadeira vocação. Para o bem de todos.
ResponderExcluirEu ri bastante, muito engraçado. E identifiquei-me com a situação porque faço parte do ministério da comunicação em minha igreja e sou fotógrafa voluntária.
ResponderExcluirRindo muito aqui! A começar pela máquina de 1965! kkkkkkkk. Muito bom! Esse blog é maravilhoso!
ResponderExcluirChega esqueci a dor que estava sentindo! Sinto muito, mas não pude conter o riso..rs..a narrativa muito boa!
ResponderExcluirSeria interessante postar algum estudo ou algo similar para pessoas que, por alguma razão, estão tendo dificuldades em seguir em sua carreira profissional. Temos hoje pessoas que sonham com certas profissões e não seguem adiante devido a falta de apoio da família, amigos e etc... Que geralmente usam de palavras de desânimo ou invés de motivar.
ResponderExcluirCreio que no caso de sua história, talvez se tivesse alguém para orientá-lo a não desistir, possivelmente ainda estaria atuando como fotógrafo profissional ou até mesmo amador. Mas manteria o sonho e desejo de fotografar!
São milhares de jovens que se frustram por não poder seguir o que tanto almejam, são também adultos que tentam uma recolocação no mercado de trabalho e só encontram palavras de desmotivação e acabam se prostrando frente aos seus sonhos.
Creio que um estudo voltado a motivar as pessoas em seus sonhos, seria um despertar para a resiliência.
Vejo isso atualmente em sala de aula e é uma luta tremenda motivar esses jovens em busca dos seus ideais!