Depois que a tabela abaixo comparando nazismo, esquerda e direita foi publicada e circulada em mídia social (obviamente um resumo de uma situação complexa), alguns comentários refletiram um mito, que tem se perpetuado: o de que os nazistas não eram a favor do aborto. Suas
práticas em manipulação da vida eram todas relacionadas com a eugenia, ou seja,
ações destinadas a melhorar a qualidade genética da população. No caso deles,
significava a “purificação” da raça humana com o desenvolvimento e criação de
uma “pura” raça ariana.
Seus experimentos, nessa linha, seriam tão somente dentro da
eugênica e, mesmo sendo condenáveis, não caracterizariam o favorecimento ao
aborto. Os defensores contemporâneos do aborto chegam ao absurdo de dizer que
aqueles que se posicionam contra o
aborto, são semelhantes aos nazistas – seguindo a irracionalidade de equacionar
nazismo com posições à direita e não à esquerda do espectro político. A líder
feminista Glória Steinem escreveu na revista norte-americana MS
(número de outubro de 1980): “O próprio
Hitler e a doutrina nazista que ele criou, eram inequivocamente contra o direito individual de abortar”. A
ilação é a de que ser contra o aborto, faz de você um nazista.
A esquerda quer se livrar da situação incômoda de carregar a semelhança de suas posições com o nazismo; identificar a direita com o infame Hitler é típico das calúnias que gostam de disseminar. Mas algumas verdades precisam ser resgatadas, pois esse entendimento
não representa o descaso pela vida encontrado no nazismo:
1. Os defensores do aborto gostam de se intitular pró escolha (contrapondo-se aos conservadores, que são
contra o aborto, que se intitulam pró vida). No nazismo, o corpo da
mulher pertencia ao estado (alguma semelhança com os regimes totalitários de
esquerda?), se havia alguma “escolha” nesse sentido, ela era do estado e não da
mulher. Se os nazistas promoviam, em algumas ocasiões regulamentos contra o
aborto, era em escala limitada, apenas para mulheres arianas saudáveis e a
definição era do estado (para mais detalhes – é bom ler o livro (Eggert e
Rolston (1996), Abortion in the New
Europe – A New Handbook, p.114).
2. Em 1939, o chefe da SS, Heinrich Himmler,
registrou que em torno de 600 mil abortos eram realizados por ano, na Alemanha.
Ele se mostra espantado e faz uma argumentação para controlar a prática, mas não é por nenhum escrúpulo relacionado com
a vida das crianças abortadas, mas porque eram exatamente as mulheres arianas,
saudáveis, que estavam impedindo a formação de milhares de soldados. Diz ele:
“Se conseguirmos parar esses abortos, teremos a possibilidade de ter 200
regimentos, ou mais, a cada ano” (Clay e Lipmann (1995), Master Race: The Lebensborn Experiment in Nazi Germany, pp.66-67)!
Lebensborn foi uma propriedade rural criada pelo chefe da SS, com a única
finalidade de procriação – mulheres eram selecionadas e enviadas para essa
fazenda de reprodução, e soldados, escolhidos para serem os reprodutores.
Nesses campos de reprodução o aborto era, obviamente, proibido. Ou seja, nada a
ver com o favorecimento estatal ao aborto, que era política de estado, fora
desses bolsões de exceção.
3. Na invasão da Polônia pelos nazistas, eles
avançaram em cima de um país onde a orientação católico-romana proibia o aborto
(1939). Uma das primeiras medidas tomadas pelos nazistas, foi a de revogar as
leis anti-aborto. Na realidade, um decreto foi emitido e uma campanha disparada
encorajando as mulheres polonesas a abortarem. O nome dessa campanha era Liberdade de Escolha (Auswahl freiheit).
Soa familiar? Com quem, contemporaneamente, se identificam os nazistas?
4. Dietrich Bonhoeffer (1906 –1945), pastor que fez
oposição a Hitler, conhecia muito bem o direcionamento do nazismo, bem como
suas atrocidades. Ele foi preso em 1943 e executado em 1945, por sua
resistência, e escreveu o seguinte em livro inacabado, publicado após sua
morte: “A destruição do embrião no ventre
da mulher é uma violação do direito à vida, que Deus concedeu sobre esse ser
vivo... O fato simples é a certa intenção de Deus de criar um ser humano, e
esse ser nascente está sendo deliberadamente privado de sua vida [pelo aborto].
E isso não é nada menos do que assassinato” (1949, Ethics, pp.175-176).
Portanto, considerar que os nazistas não favoreciam o aborto,
simplesmente porque mantinham uma exceção compulsória para as mulheres arianas,
minimiza as atrocidades relacionadas com a eugenia, mas também não reconhece,
nem faz justiça, aos milhões de vidas abortadas por ação direta da filosofia e
do regime nazista. Existem muitas outras citações de Martin Bormann, Josef
Mengele e até do próprio Hitler, que substanciam o favorecimento ou imposição
do aborto, e o desprezo pela vida. E essa política nazista é a que a esquerda
emula e quer implantar extensivamente em nosso país.
Solano Portela, 2018
Só um detalhezinho: títulos em português têm apenas o primeiro elemento em maiúscula. Mesmo que seja apenas um artigo. Colocar o primeiro nome em maiúscula é um meio termo que eu mesmo já usei por insegurança, antes de entender a regra — que é comum às línguas latinas mas veio caindo em desfavor frente à norma germânica por influência do alemão, pelo menos até o Acordo ortográfico, ilegítimo no todo mas correto em vários detalhes.
ResponderExcluirCorrigido, mestre! Obrigado.
ResponderExcluirObrigada, por compartilhar! Sou sempre abençoada com conhecimento sóbrio e sadio, qd leio aqui do irmãos do Têmpora!Mores!
ResponderExcluirQue Deus continue abençoando-os!
Ótimo texto! Você tem alguma fonte para a informação número 3? Dei uma pesquisada no google e não encontrei...
ResponderExcluirNils -
ResponderExcluirEm 25 de novembro de 1939 a Comissão do Reich para o Fortalecimento da Raça Alamã (RKFDV), uma organização da SS, emitiu esse decreto:
"Todas as medidas que tendem a limitar nascimentos, devem ser toleradas e apoiadas. O aborto na área remanscente da Polônia deve ser declarada livre de punição. Os meios para realização de abortos ou utilização de meios contraceptivos podem ser ofertados publicamente sem restrições policiais. A homossexualidade deve ser declarada legal. As instituições e pessoas envolvidas profissionalmente na prática do aborto não devem sofrer interferência da polícia". FONTE: Os Planos Secretos dos Nazistas para a Europa Ocidental (Secret Nazi Plans for Eastern Europe), 1961, p.171.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMais um bom texto para edificação e esclarecimentos de ideologias (perniciosas em suas essências).
ResponderExcluirGostaria de solicitar ao teólogo reformado ler um artigo que doifpublicado hoje, 28/11/18, no Terra, Brasil, com o titulo: "Brasil, um País do passado.",por um colaborador europeu de um jornal alemão, "Philip Lich Terbeck", o colaborador mora no Brasil e trabalha ao que parece como correspondente,e parece ser da esquerda europeia, e fala da influência evangélica nos atuais rumos da politica. Eu escrevi uma comentário resumido em seguida explicando a nova posição em geral de grande parte dos cristãos na preferência eleitoral nestas eleições últimas, sob o pseudônimo Alvaresto Tomir.
ResponderExcluirArtigo bastante esclarecedor, a esquerda mente muito sobre isso, porque desejam se livrar dessa fama nazista.Parabéns!
ResponderExcluirGostaria que lessem meu site: https://sites.google.com/view/sementeseternas/home