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sábado, junho 18, 2011

O Dom de Sepultar Igrejas

É um assunto sensível e delicado, mas acho que devo escrever sobre ele. É o caso de pastores que acabam ficando conhecidos, não pelas novas igrejas que abriram, mas pelas igrejas que sepultaram. A mão deles, ao sair das igrejas, quase sempre foi aquela que fechou os olhos do pobre cadáver eclesiástico.

Soube que os colegas de um desses, na gozação, haviam decidido entregar-lhe “a pá de ouro”, quando finalmente se jubilou para alívio de todos... (qué malos!) Os pastores com o ministério do “esvaziamento bíblico” são um problema para suas denominações, que ficam sem saber o que fazer com eles, após terem criado problemas em praticamente todas as igrejas por onde passaram. O pior é quando um pastor desses acaba obtendo algum poder político no âmbito da denominação, o que torna ainda mais difícil achar uma solução.

E que solução haveria para os pastores que têm um histórico crônico de problemas nas igrejas por onde passaram? Acho que se deve, em primeiro lugar, dar um crédito de bona fide. Será que o problema é realmente o pastor ou os conselhos e igrejas por onde, por azar, andou pastoreando? (há, de fato, conselhos, consistórios ou mesas diretoras conhecidos por trucidarem pastores. Mas, isso é assunto de outro post...).

Descontado este crédito, fica evidente que tem gente que errou na escolha do ministério pastoral como sua missão no mundo. Talvez esse engano não foi intencional. O zelo e o ardor de servir a Deus e de viver em contato com sua Palavra e a sua obra fazem com que muitos jovens cristãos, cheios de amor ao Senhor, busquem o pastorado como a maneira prática de realizar seus sonhos espirituais. A esses, muito pouco tenho a dizer, senão que podemos ser espirituais, zelosos por Deus, amantes de Sua Palavra e de sua obra em qualquer outro lugar além do púlpito. Há cristãos zelosos e sinceros que sinceramente erraram na vocação. Há também aqueles que viram o pastorado como meio de vida, ou que ficaram fascinados pelo prestígio que o púlpito e o microfone na mão parecem conferir aos que chegam lá. O pastorado exige mais que desejos profundos de santidade e paixão pelas almas perdidas. E obviamente, nunca será eficazmente desempenhado por quem entrou por motivos baixos.

Não estou dizendo que a prova da genuinidade da vocação é o sucesso numérico, pastorados longos em um único lugar e um histórico de saídas pacíficas de diferentes igrejas. Sei que números não dizem tudo. Nem saídas pacíficas de pastorados longos. Contudo, dizem alguma coisa. O problema se agrava porque em denominações históricas se incentiva o ministério em tempo integral. O pastor, via de regra, só aprendeu a fazer aquilo mesmo: realizar atos pastorais, elaborar uma liturgia, preparar sermões e estudos bíblicos, atender gente no gabinete, visitar os enfermos e necessitados, animar os cultos de domingo, fazer a sociabilidade da igreja, e por ai vai. Se sair do pastorado, não sabe praticamente fazer mais nada. Vai acabar abrindo uma igreja para ele, como muitos fizeram. Para evitar o problema, algumas denominações incentivam pastores bi-vocacionados, isto é, que além do ministério pastoral, tenham uma profissão secular.

Pastores com o "dom" de fechar igrejas acabam se tornando um problema para todo mundo, especialmente quando eles vêm com um defeito de fábrica: a falta do “mancômetro”, um instrumento extremamente necessário para o ministério pastoral, que avisa quando está na hora de sair. Pastores sem mancômetro não conseguem perceber aquilo que todo mundo fica com receio de dizer-lhe abertamente: que de pastor mesmo, ele tem pouco ou nada. E que a melhor coisa que ele deveria fazer, era pedir para sair, e sair silenciosamente, sem fazer muito barulho.

Não posso deixar de admirar pastores que após algum tempo de ministério voluntariamente pedem para sair, ao perceber que cometeram um erro ao entrar. Conheci uns três ou quatro que fizeram isso, apesar de só me lembrar do nome de um deles. Tenho certeza que uma atitude dessas por parte de irmãos com o dom de enterrar igrejas agradaria ao Senhor. A ponto dele abrir-lhes portas para ganharem a vida de uma forma realmente digna e decente. Lembro-me da oração de meu sogro, o Rev. Francisco Leonardo, quando era reitor do Seminário Presbiteriano do Norte: “Senhor, manda para o seminário os verdadeiros vocacionados e coloca para fora os que não são”. Se mais diretores de seminários e conselhos de igrejas fizessem esse tipo de oração com mais freqüência, teríamos que entregar menos “pás de ouro” nos concílios.
 

26 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. rs, realmente Rev. temos que orar para que tenhamos pastores e não pasteis. Acho que o motivo disso é a falta de oração da igreja e tb de entendimento bíblico, pois somos nós que permitimos eles chegarem onde estão, conheço um monte desses que estavam no seminário e filavam nas provas, davam control C control V em trabalhos para não lerem livros e por ai vai! pena!

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  3. Rev Augustus Nicodemus, se eu não estiver enganado, não veremos aqui muitos comentários por parte dos entendidos no assunto de sepultamento de igrejas. É provável que alguns vão desviar o assunto para a berlinda, afirmando que talvez seja a forma de governo. Qualquer forma de governo, será composta por homens, que por sua vez, podem se enganar de vocação. Até pode haver um conselho inteiro, envolvido em erro.
    Roney S Leão

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  4. Pr. Nicodemus, paz!

    Paulo instruindo a Timóteo:"A ninguém imponhas precipitadamente as mãos." Acho que esta refrência pode indicar ordenações precipitadas.

    Então, tão culpados como aqueles que tem o "dom" de sepultar igrejas são os que os separaram sem a chancela do Espírito Santo.

    Penso que na continuidade do assunto, caiba um post específico.

    Aqui em Vitória da Conquista tem muito disso.

    Abraços!

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  5. Gostei muito Rev deste post pura realidade em nossas igrejas e concílio. Conforme comentário de Bruno acho que cultura teológica não é indício para um abençoado ministério e sim uma vocação eficaz. Quero testemunhar aqui que seu sogro foi mentor no meu chamando e grande influênica no meu ministério, hoje estou com 30 anos de pastorado e plantador de igreja. Abração

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  6. Topei com algo parecido quando trabalhamos com jovens em Bangladesh. O "youth pastor" que estava com o grupo quando chegamos no país quase, quase, acabou com o trabalho. Quando a igreja se apercebeu disso, agradeceu a ele o seu serviço e o mandou de volta para os EUA. Foram dois anos de trabalho árduo para reconstruir o grupo, mas Deus foi misericordioso e nos permitiu alcançar muitos jovens com a sua Palavra. Desde então, o rapaz mencionado acima percebeu que o ministério pastoral (inclusive entre jovens) não é a sua vocação, e graças a Deus continua firme na fé, servindo a Ele em outras áreas da igreja.

    Como o Rev. disse, às vezes essas pessoas estão perdendo grandes oportunidades de servir em outras áreas com os dons que Deus lhes deu, porque persistem em uma "vocação" que eles (por uma razão ou outra) escolheram.

    Um abraço!

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  7. Caro Rev. Nocodemus,

    Penso ser oportuno o assunto, e mais ainda quando exposto por um pastor. Já vi acontecer em igrejas tradicionais, antigas, bem alicerçadas doutrinariamente, a ponto de serem quase destruídas. Aliás, observo algo assim acontecendo. Enquanto isso, o referido pastor mais e mais se apega ao "osso", para tanto, digladiando com os membros, dividindo-os e forçando os "opositores" a sair.

    É claro que há muitos pastores vítimas de perseguições de conselhos e diretorias, conforme o sistema adotado pela denominação. Porém, se para alguns pastores falta o tal mancômetro, falta também aquele remedinho chamado "semancol".

    Ricardo.

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  8. Prezado Rev. Augustus: 1) Precisamos ser mais criteriosos no envio de "vocacionados" ao Seminário. Já me vi em situações bastante difíceis por não ter tido a coragem de dizer ao aspirante que ele deveria abandonar suas pretensões porque não demonstrava nenhum indício de vocação. 2) Outra questão que me preocupa mais no âmbito de minha denominação, é o fato de que há seminários que reduzem o Pastorado ao exercício profético, ou seja, o cara tem que ser bom de púlpito. É claro que o Pastor tem que se esmerar em pregar bem, mas Pastorado não é só isso. 3) Precisamos rever nossa cultura, porque quando tudo dá certo, é o Conselho o responsável, mas quando as coisas não vão lá tão bem, o responsável é o Pastor. Ora, se quem Pastoreia a Igreja é o Conselho, então poderíamos dizer, em estrito senso, de que há Conselhos sepultadores de Igrejas.

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  9. Confesso que estou vivendo uma crise. Fiz o curso de Teologia por motivações pastorais, fiz ainda uma Especialização na área de teologia, também pensando no trabalho Pastoral. Agora, depois de formado, me vejo um tanto sem saber o que fazer. Trabalhar como Pastor passou a fazer parte de meus planos quando fiz meus 17 anos. E como muitos cristãos, fiz tudo que um jovem pode fazer na Igreja: cantei no coral, fui presidente de mocidade, pregava em cultos, promovia intercâmbios de jovens etc. Envolvido dessa maneira projetei o trabalho pastoral.
    Contudo, após o curso, me vejo um tanto indeciso. Ser Pastor não é fácil (eu sabia disso, mas não tinha muita dimensão). Muitas Igrejas não tem condição de pagar um salário digno a um pastor. Conheço muitos pastores que vivem pela misericórdia. Resumindo: o lado financeiro tem me assustado. Se isso for uma fraqueza de minha parte, admito minha fraqueza. Não, não quero mega-salários, mas quero pelo menos o suficiente para pagar minhas contas, e olha que estou falando de algo em torno de mil reais (desculpem, não quero ser antiético aqui). Hoje, me vejo desempregado, pois, a unica coisa que fiz foi estudar Teologia e, para piorar, a maioria das Igrejas que conheço só quer o nosso trabalho de forma voluntária. É muito complicado. Gosto e amo a causa,amo a Igreja, amo também os temas teológicos, mas confesso que isso tem me deixado um tanto decepcionado e desanimado. Como pode, depois de tanto tempo de estudo, você não consegui nem pagar sua conta de energia? E o pior de tudo, é que, nem sempre as pessoas entendem isso. Falar da vocação pastoral como profissão é algo que ainda gera certa resistência. Muitos irmãos não olham o lado dos pastores, pensam que estes devem trabalhar aceitando qualquer coisa. Mas como pode isso? E aqueles que tem família? Filhos? Como ficam? E olha que nem sou casado. Tudo bem, é verdade, há muitos pastores que parecem "abusar" das igrejas, mas, por outro lado, há muitos pastores temente a Deus, mas que sofrem muito nessa área financeira. É complicado. Me desculpem pelo desabafo!

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  10. Olá amados,
    quero aqui escrever tanto para os editores deste maravilhoso blog, como para os leitores.
    Tenho também um blog, e peço que vocês possam prestigiar as postagens.
    Tenho o propósito de sempre postar algo com o máximo de biblicidade e assim levar a mensagem poderosa do evangelho ao máximo de pessoas possiveis.
    Já sigo este blog há algum tempo e peço uma reciprocidade.
    Segue abaixo o link do meu blog.

    http://gloriamdei.blogspot.com/

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  11. Amado Ivfraga, lamento muito pela situação que vc está enfrentando...

    Eu e minha esposa estaremos orando pelo seu ministério, sua vida financeira, enfim, por você.

    Eu confio que nosso bom Deus não lhe desamparará!

    Fica firme no SENHOR!

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  12. Entendo que há aqui dois problemas: primerio, o clericalismo profissional, onde muitas vezes a pessoa não tem condição de pagar uma outra faculdade e a de teologia é subvencionada; há muito também o "ministério" virou profissão (ouço diariamente relatos reais de "pastores" que trocaram de campo para ganhar mais, etc).

    E o segundo problema é a falta de obediência bíblica aos requisitos ministeriais como se lê em 1Timóteo 3 e Tito 1, sem estes requisitos temos profissionais do clero, mas nunca pastores.

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  13. Olá Rev. Augustus, graça e paz!

    Penso que entendi o ponto que o senhor abordou em seu post. Acredito que o Senhor está se referindo especificamente aos pastores "desvocacionados" e desprovidos de "desconfiômetro" sem negar que também existem possíveis erros por parte dos concílios, etc certo? Se for isso mesmo, concordo plenamente com o senhor.

    Agora, aproveitando o ensejo, quero apenas compartilhar uma experiência amarga que vivi quando ainda exercia o ministério pastoral em uma congregação das Assembléias de Deus (na época eu era membro da AD...).

    Logo que eu assumi essa congregação ela estava lotada. Os membros se espremiam em suas fileiras.

    Mas, tão logo eu comecei a pregar expositivamente a palavra de Deus e a ensinar o povo, minha audiência começou a "minguar" mais rapido do que aquela que estava diante do Senhor Jesus em Jo 6.66...

    O povo simplesmente sumiu. Ficaram apenas alguns poucos que, como eu eram frequentes na EBD, reuniões de oração, ensino etc...enfim, pessoas que viviam um cristianismo puro e simples.

    Ao visitar os membros em suas casas eu descobri que a razão era exatamente essa. Disseram que eu só pregava "teologia" e que não era "cheio do poder", etc. E acredito que não sou aquele tipo de pregador sonolento ou cansativo pois sou convidado para pregar em várias igrejas frequentemente. Apenas prego expositivamente (aliás, em grande parte, aprendi isso ouvindo o senhor...).

    Ao analisar esse "poder" que eles tanto falavam descobri que tratavam-se daqueles esterísmos típicos ( com raríssimas excessões )no meio meio pentecostal.

    Entendo que nas Igrejas Reformadas o problema seja diferente. Pois, mesmo que algumas pessoas não tenham a vocação para o ministério, pelo menos eles tem o preparo necessário para exercê-lo. Agora, imagine pelo menos por um minuto o senhor (ou qualquer um dos leitores desse blog maravilhoso) o que é ser pastoreado por um "presbítero" que não possui sequer uma pequena noção do que é doutrina, etc.

    Pasmem os senhores, mas eu ja vi pessoalmente um presbítero que afirmou com todas as letras que a "Terra é quadrada", e sei de um pastor aqui em minha cidade que afirmou estar tão cheio do "Espírito" que iria atravessar a parede do templo e, realmente ele tentou por duas vezes...(parece piada, mas não é).

    Hoje eu sou pastor de outra igreja (Igreja Reformada Carisma, fundada por mim) e oro para que Deus me guarde desses dois erros terriveis.

    Um abraço fraterno!

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  14. Grande Augustus,

    acho que o problema está na necessidade de reforma da igreja para o particular: reforma da vocação pastoral.

    Como alguém escreveu: o critério de consagração e os pré-requisitos em 1 Tm 3 e Tito 1 precisam ser mais observados.

    Outra observação também é que o Novo Testamento mostra que o pastor é formado e treinado na igreja local debaixo da supervisão dos presbíteros. Não estou com isso criticando o sistema das igrejas que fazemos parte mas salientando a necessidade de um discipulado, mentoria e treinamento pessoal com o vocacionado.

    Graças a Deus isso não aconteceu comigo, mas nos tempos de seminário vi que muitos alunos são enviados sem qualquer supervisão, pastoreio e mentoria da parte da igreja local onde é membro (por diversas razões; o rapaz pode não ser firme, mas é filho de uma família influente; as vezes o pastor principal tem ciumes e é inseguro e por isso não forma discípulos preparados para o ministério; etc....)

    Que Deus continue a zelar pela Igreja do Senhor Jesus e remover aqueles que estão no ministério por motivações outras que não proclamar e encarnar o Evangelho.

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  15. Pr. Nicodemus

    Suponho que a realidade do 1º século fosse bem diferente da nossa. Suponho que as pessoas aprendiam suas profissões na adolescência, enquanto hoje é um interminável desfilar de cursos, depois dos quais as pessoas, muitas vezes, ainda estão despreparadas profissionalmente. Também os ministros não aprendiam a doutrina nos seminários, mas com seus pastores. Durante todo esse tempo, ou estavam exercendo alguma atividade profissional, ou estavam recebendo sustento no ministério. É dessa forma que as coisas aconteciam, pastor? Se for isso, considero que era um meio mais sábio e pratico do que atualmente.

    Gostaria de ler, da parte do senhor, algum comentário comparando as situações do ministério do primeiro século com a situação de hoje. Talvez isso traga alguma luz, no sentido de entender melhor a situação de hoje. Não estou imaginando que seja possível voltar ao que era no primeiro século, mas talvez seja possível tirar alguma lição.

    Ocorreu-me uma idéia, mas não sei se é aplicável. Os jovens que almejam o ministério talvez devessem exercer uma profissão secular durante certo tempo, enquanto seriam considerados aspirantes a ministros. Depois de um período, colaborando na igreja em tempo parcial, inclusive atendendo no gabinete pastoral sob a supervisão de um ministro ordenado, seria considerado apto ou não. Neste ultimo caso, a igreja lhe recomendaria que seguisse uma carreira secular, e poderia inclusive auxiliar no seu encaminhamento profissional. Seu treinamento religioso não seria desperdiçado, pois poderia atuar na igreja como leigo. Como eu disse, não sei se seria aplicável, é apenas uma idéia.

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  16. Graça e paz!
    O irmão disse que era um assunto sensível e delicado e disse muito bem. No contexto que o seu artigo se refere vem a propósito sempre.Agora, também é verdade que igrejas acabam por sumir por diversas razões em toda a parte do globo: as Sete Igrejas sumiram, e não vale a pena apresentar aqui as razões,no norte da Europa começaram a desaparecer à muito,continuam a minguar por toda a Europa e Brasil ora por tradicionalismo ora por ter muita pregação e pouco movimento, ora por comodismo, ora por interesses, ora por pecado não confessado, ora por desvio de dinheiros e doutrinas estranhas.Enfim, voltaremos, quando não sei, aos cultos do lar, a instituição igreja visível tem os dias contados.
    Abraço

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  17. Querido Reverendo!

    A questão é seria!

    Vamos pensar nas denominações históricas. Eu sou congregacional, como irmão sabe. Mas, mesmo nas denominações assim, onde o pastor não é dono do rebanho e, portanto, em tese pelo menos, o processo de ordenação e posse no Ministério Pastoral, é mais trabalhoso e cercado de cuidados, às vezes, os tutores, como o pastor do seminarista, o Deão do Seminário, o pastor do período de Estágio, ao perceberem problemas na formação do caráter do seminarista, não conseguem, por constrangimento, falta de coragem, empatia com o candidato, alertá-lo de que talvez o mesmo esteja equivocado quanto suas pretensões ministeriais.

    Já ouvi, Reverendo, tutores questionando a vocação de determinado seminarista, mas em qualquer momento o procurando para uma conversa amistosa e cristã, mas que fosse também dura, necessária e esclarecedora. Há casos, inclusive, onde o seminarista é alvo da desconfiança sua própria igreja, que não crer em sua vocação, mas que, mesmo assim, o recomenda para o Seminário e nessa trajetória, ninguém o alerta. Chegando ao ministério terminará por comprovar o que todos, há anos, já sabiam: sua inaptidão para o Ministério pastoral, fracassando em seu trabalho e contribuído para o esvaziamento da igreja.

    Reverendo, pastorear uma igreja, tendo o chamado divino e estando no lugar certo, na hora certa com a bênção de Deus já é difícil e, muitas vezes, desanimador.
    Veja, por exemplo, apenas para citar um caso publico e conhecido de muitos, Francis Schaeffer! Sua crise vocacional nos é narrada pelo próprio em seu livro “Verdadeira Espiritualidade”, publicada no Brasil pela Editora Cultura Cristã. Ou seja, mesmo um gigante da fé cristã reformada, como o Schaeffer, enfrentou crises ministeriais que o levaram a renunciar ao pastorado. Quanto mais, então, àqueles que não possuem o dom de pastorear?

    Portanto, creio em tripla responsabilidade: do obreiro, que deve ter clareza extrema acerca de seu chamado e também a igreja e os tutores (pastores, presbíteros, professores, deões). Acerca da igreja, Charles Spurgeon, afirma o papel importante da igreja como termômetro para aferir a vocação dos candidatos ao ministério.

    Creio que tais medidas ajudariam em muito a evitar que sepultadores de igrejas ainda surgissem.

    Abraços!

    Com admiração de Sempre!

    Idauro.

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  18. Pastor
    Conheço alguns que dariam ótimos Administradores de Empresas.
    Abr.

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  19. Olá Rev. Augustus, antes de mais nada agradeço a oportunidade do módulo na semana passada, quando puder me inteirar um pouco mais sobre a "NPP". Quanto a este último post, concordo com o grave problema de "pastores" que matam igrejas, tenho visto algumas igrejas que conquanto não estejam mortas, foram profundamente adoecidas por um pastor parece mesmo não ter vocação ou, pior ainda, pode ser um lobo vestido de pastor. No entanto, esperarei com "ansiedade" algo sobre concílios e presbíteros que se acham donos da igreja e chefes do pastor e por isso também tem fadado muitas igrejas à morte. grande abraço,
    Djaik

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  20. Veja Rev. Augusto:

    http://www.youtube.com/watch?v=8kzP-MWFiZs&feature=related

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  21. Caro Augustus,

    De fato é preocupante o drama vivido por irmãos em Cristo, que embora não vocacionados, por alguma circunstância foram ordenados para o exercício pastoral. Classifico tal situação como dramática, pois partindo do pressuposto que muitos são irmãos sinceros que desejam servir ao Senhor, o fracasso no campo ministerial deixará marcas doloridas em toda a família.

    Por outro lado, há aqueles que têm total consciência da falta de chamado para o ministério, contudo conseguiram ingressar através de amizades, interesses profissionais, ganância política, anseio por fama e poder. Este cenário não é apenas dramático, mas é por fim catastrófico. São estes que dividem igrejas, emperram projetos, corrompem os postulados centrais da fé reformada e perturbam sistematicamente a ordem da Igreja Presbiteriana do Brasil.

    Levando em consideração estes aspectos penso que algumas atitudes são urgentes para vencer o drama e a tragédia do “ministério dos não vocacionados”.

    Não impor as mãos precipitadamente. Infelizmente ainda existem muitas candidaturas ao ministério que são fruto de amizades e indicações meramente políticas. Não se observa as qualificações para o ministério. Contudo como quem ordena é o presbitério julgo que a raiz da crise esta na base. Não tenho dúvidas que o sistema presbiteriano é o melhor, mas quando os presbíteros se reúnem sem a disposição de investigar e meditar com piedade evangélica os casos que chegam ao concílio, este mesmo concílio se torna numa instituição injusta, cega e tosca. Basta ler as atas para observar o endosso contumaz de práticas inconstitucionais e teologicamente sofríveis. Aqui em Fortaleza, na Igreja que pastoreio, decidimos fazer mensalmente uma programação chamada “Café para Líderes” e a proposta é oferecer aos pastores, presbíteros e diáconos da IPB um fórum permanente de debates sobre o ministério. Espero caro Augustus, trazê-lo um dia aqui em Fortaleza para falar aos nossos colegas de ministério. Em fim, creio algo precisa ser feito para gerar uma consciência correta do oficio Presbiterial diretamente nas bases.

    cont.

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  22. Perder para ganhar. O que vou dizer pode soar pragmático, mas penso que em algumas situações é preciso perder para ganhar. No caso de não vocacionados, vale a pena pagar o preço pela dispensa. Conheço um caso em que o colega, nitidamente sem vocação para o ministério, foi dispensado de uma igreja e o conselho pagou suas côngruas por quase seis meses para vê-lo longe do pastorado da comunidade. Nesse caso o conselho foi sábio e perdeu para ganhar paz e sossego, afinal afastar da igreja um ministro não vocacionado é um investimento válido, necessário e justo. Conheço outra experiência em que o presbitério resolver deixar um não vocacionado na Igreja e o resultado foi divisão, fracasso, raízes de amargura e pouco mais um ano depois o referido colega resolveu deixar a Igreja para o presbitério sepultar. Tem casos que é melhor perder para poder ganhar.

    O critério é a fidelidade. Tenho dito sempre isso aos meus colegas do conselho e aos diáconos: Sejamos em tudo fiéis ao Senhor! Números são importantes para medir. Mas a questão é: o que estamos de fato medindo? Por isso tenho encorajado os colegas a quantificar a fidelidade ao Senhor, isto no sentido de crescermos naquilo que de fato dignifica o ministério que é a proclamação do Evangelho, o tempo de oração e o aconselhamento mútuo. Existem outras atribuições para o ministro, contudo a meditação na Palavra, a oração e o aconselhamento de fato são basilares e dependem efetivamente de todas as qualificações requeridas do bispo. O que digo aos meus colegas é o seguinte: Se formos fiéis ao Senhor certamente teremos algo superior aos holofotes e bajulações vazias, pois teremos a preciosa aprovação do Senhor.

    Em suma, entendo que para superar o drama e a tragédia do ministério não vocacionado dentro da igreja é preciso antes de tudo investir com todas as forças no ministério dos vocacionados resgatando a verdadeira natureza do ministério, perdendo às vezes para poder ganhar e estimulando efetivamente a fidelidade como critério a ser medido.

    No Amor de Cristo,

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  23. Que maravilhosa reflexão!

    Uma pequenina guinada em um assunto tão abrangente, de muita significação, timidamente tratado e quase totalmente silenciado, em nossos presbitérios, seminários e igrejas.

    Penso que "Pastores" como esses, sobrevivem ministerialmente, graças a tolerância de conselhos leigos, políticos ou até covardes em meio a igreja; Ou então - como na maioria dos casos - são sempre autoritários o bastante, para coibir qualquer contrariedade da igreja as suas loucuras.

    Infelizmente, que sofre a maior perda é sempre a igreja.

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  24. Penso que age bem o pastor/sacerdote que faz como Paulo ou Pedro: desenvolve uma segunda habilidade. Paulo, além de apóstolo, era construtor de tendas e de lá tirava seu sustento. Pedro, além de apóstolo, era pescador e só "tirava" da igreja aquilo que era necessário.

    Excelente postagem.

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  25. Sou membro de uma igreja que tem um pastor a cada dois anos em média. Em consequência disso a igreja sofreu muito e muitos saíram para outras congregações e até mudaram de denominação. Minha percepção é de que a culpa pela rotatividade pastoral encontrava-se no conselho da igreja e não nos pastores aos quais, em geral, eram atribuídos problemas. Gostaria de ver uma reflexão do senhor, Rev. Nicodemus, sobre esta situação em que o conselho sepulta a igreja em vez de pastores.

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  26. Caro pr Nicodemus,
    Acredito que nos dias atuais seria necessário e totalmente viável fazer com que nossos seminaristas passassem por um estágio como ocorre em qualquer outra ciência de estudo, digo necessário pois nossos seminaristas e aqui falando de seminarios presbiterianos, sabemos do tempo ocioso dos amados irmãos que julgando-se cansadíssimos por ter que estudar todas as manhãs dormem o dia todo, entram em sites nada edificantes, e quando são convidados a trabalhar em igrejas mais simples não querem pois precisam pegar ônibus este pago pela igreja, mas pra eles ainda fica longe, cansativo, nossos queridos seminaristas de hj querem se esmerar em sermões cantados nas grandes igrejas pois o objetivos dos mesmos é ser o titular da 1ª igrja ou como fazemos piadinha,ganhar os mesmos grandes salários de alguns pastores dentro da nossa denominação. Já foi o tempo de observarmos vocação pois esta anda muiiiiiiito relativa, se não é amigo de ninguem responda o que querem ouvir, se não passar no vestibular pois erra-se todas as questões bíblicas, entra-se como portador de diploma, se o querido seminarista é filho do presbitéro x então ele tem vocação pq se julgá-lp inapto o pai dá um piti, ah! e o sr se esqueceu de mencionar os pastores que além de matarem igrejas por "invocação", justificam estar doentes, com depressão que perdura até o jubilar?
    Penso que vivemos esses momentos por não orarmos em busca de homens de Deus pra o exercício eclesiástico e por insistirmos em permanecer com esses que demonstram incapacidade no serviço, já é tempo de vcs dificultarem a vida desses meninos, coloque-os pra estagiar, os obrigue como materia a ter que fundar uma igreja e isso no começo do curso, aí sim veremos quem fica, quem trabalha com o pobre, quem sabe aglutinar e fortificar esse grupo, quem sabe trabalhar com e em parceria. Os seminários principalmente os presbiterianos já estão ultrapassados com seus métodos e materias é hora de fazer a coisa deixar de ser sonho realizado de alguns e transforma-lo em sonho em execução como é pra qualquer um de nós qdo entramos em alguma faculdade.

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