É um fato que conversão verdadeira (arrependimento e fé) implica numa mudança espiritual e moral, mas não significa necessariamente uma mudança na maneira como a pessoa vê o mundo. Alguém pode ter sido regenerado pelo Espírito e ainda continuar, por um tempo, a enxergar as coisas com os pressupostos antigos. É o caso dos crentes de Corinto, por exemplo. Alguns deles haviam sido impuros, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores. Todavia, haviam sido lavados, santificados e justificados "em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus" (1Co 6.9-11) sem que isso significasse que uma mudança completa de mentalidade houvesse ocorrido com eles. Na primeira carta que lhes escreve, Paulo revela duas áreas em que eles continuavam a agir como pagãos: na maneira grega dicotômica de ver o mundo dividido em matéria e espírito (que dificultava a aceitação entre eles das relações sexuais no casamento e a ressurreição física dos mortos – capítulos 7 e 15) e o culto à personalidade mantido para com os filósofos gregos (que logo os levou à formar partidos na igreja em torno de Paulo, Pedro, Apolo e mesmo o próprio Cristo – capítulos
Da mesma forma, creio que grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica. Antes de passar às argumentações, preciso esclarecer um ponto. Todas as tendências que eu identifico entre os evangélicos como sendo herança católica, no fundo, antes de serem católicas, são realmente tendências da nossa natureza humana decaída, corrompida e manchada pelo pecado, que se manifestam em todos os lugares, em todos os sistemas e não somente no Catolicismo. Como disse o reformado R. Hooykas, famoso historiador da ciência, “no fundo, somos todos romanos” (Philosophia Liberta, 1957). Todavia, alguns sistemas são mais vulneráveis a essas tendências e as absorveram mais que outros, como penso que é o caso com o Catolicismo no Brasil. E que tendências são essas?
1) O gosto por bispos e apóstolos – Na Igreja Católica, o sistema papal impõe a autoridade de um único homem sobre todo o povo. A distinção entre clérigos (padres, bispos, cardeais e o papa) e leigos (o povo comum) coloca os sacerdotes católicos em um nível acima das pessoas normais, como se fossem revestidos de uma autoridade, um carisma, uma espiritualidade inacessível, que provoca a admiração e o espanto da gente comum, infundindo respeito e veneração. Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos auto-nomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira. A doutrina reformada do sacerdócio universal dos crentes e a abolição da distinção entre clérigos e leigos ainda não permearam a cosmovisão dos evangélicos no Brasil, com poucas exceções.
2) A idéia que pastores são mediadores entre Deus e os homens – No Catolicismo, a Igreja é mediadora entre Deus e os homens e transmite a graça divina mediante os sacramentos, as indulgências, as orações. Os sacerdotes católicos são vistos como aqueles através de quem essa graça é concedida, pois são eles que, com as suas palavras, transformam, na Missa, o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo; que aplicam a água benta no batismo para remissão de pecados; que ouvem a confissão do povo e pronunciam o perdão de pecados. Essa mentalidade de mediação humana passou para os evangélicos, com algumas poucas mudanças. Até nas igrejas chamadas históricas os crentes brasileiros agem como se a oração do pastor fosse mais poderosa do que a deles, e que os pastores funcionam como mediadores entre eles e os favores divinos. Esse ranço do Catolicismo vem sendo cada vez mais explorado por setores neopentecostais do evangelicalismo, a julgar por práticas já assimiladas como “a oração dos 318 homens de Deus”, “a prece poderosa do bispo tal”, “a oração da irmã fulana, que é profetisa”, etc.
3) O misticismo supersticioso no apego a objetos sagrados – O Catolicismo no Brasil, por sua vez influenciado pelas religiões afro-brasileiras, semeou misticismo e superstição durante séculos na alma brasileira: milagres de santos, uso de relíquias, aparições de Cristo e de Maria, objetos ungidos e santificados, água benta, entre outros. Hoje, há um crescimento espantoso entre setores evangélicos do uso de copo d’água, rosa ungida, sal grosso, pulseiras abençoadas, pentes santos do kit de beleza da rainha Ester, peças de roupa de entes queridos, oração no monte, no vale; óleos de oliveiras de Jerusalém, água do Jordão, sal do Vale do Sal, trombetas de Gideão (distribuídas em profusão), o cajado de Moisés... é infindável e sem limites a imaginação dos líderes e a credulidade do povo. Esse fenômeno só pode se explicado, ao meu ver, por um gosto intrínseco pelo misticismo impresso na alma católica dos evangélicos.
4) A separação entre sagrado e profano – No centro do pensamento católico existe a distinção entre natureza e graça idealizada e defendida por Tomás de Aquino, um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica. Na prática, isso significou a aceitação de duas realidades co-existentes, antagônicas e freqüentemente irreconciliáveis: o sagrado, substanciado na Santa Igreja, e o profano, que é tudo o mais no mundo lá fora. Os brasileiros aprenderam durante séculos a não misturar as coisas: sagrado é aquilo que a gente vai fazer na Igreja: assistir Missa e se confessar. O profano – meu trabalho, meus estudos, as ciências – permanece intocado pelos pressupostos cristãos, separado de forma estanque. É a mesma atitude dos evangélicos. Falta-nos uma mentalidade que integre a fé às demais áreas da vida, conforme a visão bíblica de que tudo é sagrado. Por exemplo, na área da educação, temos por séculos deixado que a mentalidade humanista secularizada, permeada de pressupostos anticristãos, eduque os nossos filhos, do ensino fundamental até o superior, com algumas exceções. Em outros países os evangélicos têm tido mais sucesso em manter instituições de ensino que além de serem tão competentes como as outras, oferecem uma visão de mundo, de ciência, de tecnologia e da história oriunda de pressupostos cristãos. Numa cultura permeada pela idéia de que o sagrado e profano, a religião e o mundo, são dois reinos distintos e frequentemente antagônicos, não há como uma visão integral surgir e prevalecer a não ser por uma profunda reforma de mentalidade entre os evangélicos.
5) Somente pecados sexuais são realmente graves – A distinção entre pecados mortais e veniais feita pelo romanismo católico vem permeando a ética brasileira há séculos. Segundo essa distinção, pecados considerados mortais privam a alma da graça salvadora e condenam ao inferno, enquanto que os veniais, como o nome já indica, são mais leves e merecem somente castigos temporais. A nossa cultura se encarregou de preencher as listas dos mortais e dos veniais. Dessa forma, enquanto se pode aceitar a “mentirinha”, o jeitinho, o tirar vantagem, a maledicência, etc., o adultério se tornou imperdoável. Lula foi reeleito cercado de acusações de corrupção. Mas, se tivesse ocorrido uma denúncia de escândalo sexual, tenho dúvidas de que teria sido reeleito, ou que teria sido reeleito por uma margem tão grande. Nas igrejas evangélicas – onde se sabe pela Bíblia que todo pecado é odioso e que quem guarda toda a lei de Deus e quebra um só mandamento é culpado de todos – é raro que alguém seja disciplinado, corrigido, admoestado, destituído ou despojado por pecados como mentira, preguiça, orgulho, vaidade, maledicência, entre outros. As disciplinas eclesiásticas acontecem via de regra por pecados de natureza sexual, como adultério, prostituição, fornicação, adição à pornografia, homossexualismo, etc., embora até mesmo esses estão sendo cada vez mais aceitáveis aos olhos evangélicos. Mais um resquício de catolicismo na alma dos evangélicos?
Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais católicas de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em práticas supersticiosas, me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica medieval, uma forma de neo-catolicismo tardio que surge e cresce em nosso país onde até os evangélicos têm alma católica.
Mais um dos maravilhosos textos de Augustus Nicodemus. Excelente...
ResponderExcluirPelo andar da carruagem, acho que infelizmente a tendência é o neopentecostalismo crescer e a parte reformada conservadora (tradicional) diminuir...
Experiência própria dentro da igreja presbiteriana:
um pastor saiu e abriu um ministério, outro pastor saiu e abriu outro ministério, outro pastor saiu e abriu uma congregação batista de um apóstolo do tocantins, e o outro pastor que nunca foi presbiteriano mas era auxiliar na igreja foi junto também...
Todos esses pastores se renderam ao misticismo e sincretismo religioso, adotando danças, objetos poderosos, músicas com letras estranhas, doutrinas estranhas, posturas subjetivas até demais, culto exagerado do Espírito Santo deixando de lado Cristo, etc...
Com 23 anos de idade já presenciei isso tudo, eu devo estar ficando velho...
Pr. Augustus,
ResponderExcluirNasci e vivi no meio romanista, e na adolescência quase ingressei no seminário almejando ser irmão religioso.
Posso afirmar que é realmente poderosa a falsa idéia da autoridade clerical. Como disse nesse blog há pouco tempo, existe até mesmo o ensino de que o padre é "outro cristo", um canal de mediação entre o rebanho e Deus.
Muitas vezes é esse "poder", essa "magia" que o padre perverso utiliza para seduzir e abusar sexualmente de menores.
Lembro-me de um documentário onde foram apresentados casos de padres abusadores, e até mesmo uma mulher adulta casada foi envolvida por essa aura de um padre e acabou sendo abusada sexualmente... O padre começou a fazer amizade com o casal, começou a aconselhar, a ficar mais próximo e íntimo, e quando a máscara do "poder" caiu a mulher já estava tendo relações sexuais com ele. Não descarto, de forma alguma, a responsabilidade dessa mulher já adulta! Mas é evidente que o padre se utilizou do seu "poder".
Clericalismo, ritualismo, sacramentalismo - nas suas versões romanista ou protestante - serão sempre um veneno, um inimigo pernicioso e astuto!
Luiz Fernando
20/11/2006
Estimado Pr. Augustus,
ResponderExcluirNão poderia deixar de glorificar a Deus e parabeniza-lo por este sobrio, profundo, inteligente e intigrante post.
Depois de lê-lo entendi bem como é necessário que lutemos por uma cosmovisão bíblica.
A propósito de uma vida cristã integral, estou estudando sobre o Coram Deo, o sr tem algum livro para indicar-me?
Um grande abraço,
Fábio Bezerra (Chile)
Eu sinceramente estava esperando essa postagem, pois o senhor falou que trataria do assunto.
ResponderExcluirComo sempre, os seus textos são excepcionais, claros, intrigantes, reflexivos.
Penso que no Brasil, os principais responsáveis por esse tipo de pregação e prática evangelística é a igreja universal, que agora está repetindo todas as práticas no catolicismo medieval do início da Reforma.
Conheço pessoas membros da IURD, que guardam "patuás", "amuletos", "sal e alho" dentro de recipientes nas suas casas, assim como candomblecistas que pra se livrar dos "maus espíritos" fazem o mesmo.
Outras igrejas do ramo Neo-pentecostalismo também estão fazendo por causa dos resultados: muita gente vai atrás dessas coisas porque querem se livrar de seus problemas. Eles, por outro lado fazem o jogo da barganha. "Faça isso ou aquilo, que serão 'abençoados'".
O povo carente e desinformado do Brasil, influênciados pela Mídia, só querem se locupletar, e onde oferecerem algo que lhes seja vantajoso é pra lá que o povo se dirige.
O que fazer? Como resolver isso? Como atrair a atenção do povo para a pregação pura e simples do evangelho, já que envolve raciocínio e trabalho árduo e isso ninguém quer?
Prezado Rev. Dr. Augustus
ResponderExcluiresta é a primeira vez que faço um comentário nesse excelente blog.
Eu gostaria de perguntar-lhe por quê não entrar no mérito da questão dos evangélicos brasileiros serem dos mais anti-católicos do mundo.
Estamos tão obcecados com o crescimento numérico dos neopentecostais que estamos nos esquecendo de Roma, que ainda tem 65% de adesão nominal dos fiéis no Brasil e a simpatia da elite e da grande imprensa - e cada vez mais dos protestantes históricos, que passam a ver nela uma "aliada" - não, co-beligerante, como diria Schaeffer... - (já que temos pontos de vista tão coincidentes na questão do casamento gay, aborto, etc.) contra os neopentecostais...
Um abraço
Osvaldo Pimentel Filho
IPVM-SP
Caro Augustus,
ResponderExcluirParabéns pelo texto, vc conseguiu expressar de forma muito clara o que também é o meu entendimento sobre a realidade da igreja evangélica brasileira mas, que por algum motivo não tinha sido capaz de articula-la tão bem quanto esse seu texto. Pertenço à Igreja da Nazareno, embora não seja arminiano, e aqui também, de uma maneira mais velada, vejo este mesmo pensamento e visão de mundo permeado nas pregações, canções seminários. Que Deus nos abençoe a ajudar o seu povo a enxergar a verdade e a mudar de comportamento.
Parabéns,
Lucas
Pastor Augustus,
ResponderExcluirpostagem relevante para o atual cenário do movimento evangélico no Brasil!
Sobre o ponto 4, sou levado a crer que se fossemos colonizados pela Holanda em Pernambuco ou os huguenotes aqui no RJ teríamos uma nação moldada pela cosmovisão protestante e bíblica e não positivista e romanista. Claro que tenho a informação de que o cristianismo nesses paises anda em baixa.
Mas que Deus ajude e de graça ao seu povo para tornar todas as áreas cativas a Cristo!
Abraços,
Juan
Caro Augustus;
ResponderExcluirNovamente você achou as palavras que a moiria de nós (pelo menos eu) procura para falar de algo tão importante.
Deus continue a te usar com misericórdia e graça. E, por favor, se eu escrever algo parecido, não me tenha por plagiador. Há tempos tento escrever sobre isso e você, pela graça de Deus, me "inspirou" a como contextualizar o que me angustia por aqui.
Abraços
Fôlton
Augustus,
ResponderExcluirPor causa do que vc disse no post, gosto de voltar sempre ao texto de Ezequiel 14 e pregar para a igreja. Você deu o sermão, segue abaixo o texto...
Abs
Mauro :-)
1 Então, vieram ter comigo alguns dos anciãos de Israel e se assentaram diante de mim. 2 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
3 Filho do homem, estes homens levantaram os seus ídolos dentro do seu coração, tropeço para a iniqüidade que sempre têm eles diante de si; acaso, permitirei que eles me interroguem?
4 Portanto, fala com eles e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Qualquer homem da casa de Israel que levantar os seus ídolos dentro do seu coração, e tem tal tropeço para a sua iniqüidade, e vier ao profeta, eu, o SENHOR, vindo ele, lhe responderei segundo a multidão dos seus ídolos; 5 para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos.
6 Portanto, dize à casa de Israel: Assim diz o SENHOR Deus: Convertei-vos, e apartai-vos dos vossos ídolos, e dai as costas a todas as vossas abominações, 7 porque qualquer homem da casa de Israel ou dos estrangeiros que moram em Israel que se alienar de mim, e levantar os seus ídolos dentro do seu coração, e tiver tal tropeço para a iniqüidade, e vier ao profeta, para me consultar por meio dele, a esse, eu, o SENHOR, responderei por mim mesmo. 8 Voltarei o rosto contra o tal homem, e o farei sinal e provérbio, e eliminá-lo-ei do meio do meu povo; e sabereis que eu sou o SENHOR. 9 Se o profeta for enganado e falar alguma coisa, fui eu, o SENHOR, que enganei esse profeta; estenderei a mão contra ele e o eliminarei do meio do meu povo de Israel. 10 Ambos levarão sobre si a sua iniqüidade; a iniqüidade daquele que consulta será como a do profeta; 11 para que a casa de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se contamine com todas as suas transgressões. Então, diz o SENHOR Deus: Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
Sou pentecostal( bíblico e muito sério) e mais uma vez estou impressionado por Augustus Nicodemus. Antes de mais nada, minha oração é que o Espírito Santo lhe ilumine a cada dia mais em seus pensamentos!
ResponderExcluirEste texto do Dr. Augustus me fez perceber duas necessidades:
1ª Precisamos pregar o evangelho genuíno.
2ª Quanto mais cresce o número do evangelicalismo, mais diminui a espiritualidade e a biblicidade do "povo de Deus".
Queridos, preguemos, independentemente se seremos criticados, preguemos Cristo, pois a Cruz é escandalo para judeus e loucura para gregos.
Proponho-vos: Preguemos!
Caro Pastor;
ResponderExcluirLendo o seu último artigo, no qual fala da situação geral dos evangélicos no Brasil, pensei: "Tanto lá como cá, as mesmas coisas há". 40 milhões de brasileiros salvos, dariam muitas "pedrinhas de sal" a cumprir o que o Mestre diz em Mt 5.3-16. Porém, as práticas extra-bíblicas que o Pr. refere no seu artigo embotam o nosso testemunho, e não honram nem glorificam a nosso Senhor!
Cá deste lado do Atlântico somos um número muito menor, mas também andamos pelas "ruas da amargura", presos por esses mesmos males de que fala no seu texto.
Necessitamos que o Senhor nos expurgue de tudo o que não tem base na Sua Palavra.
Obrigado pela coragem em expor estes erros que nós assim acarinhamos no nosso seio e que, com o tempo, se revelam serpentes venenosas.
Um abraço.
João Nunes
Tomar - Portugal
Gostei muito do texto. Graças a Deus, que Ele tem levantado pessoas com o com Rev. Augustus.
ResponderExcluirEngraçado como até no vocabulário as pessoas tem ainda um ranço do catolicismo. Vige! Ave Maria! Nossa Senhora! Tenho ouvido e corrigido constantemente membros das nossas igrejas em relação a isso. Ah! Sem contar os casamentos que tem sido realizados em nossas igrejas. Que sejamos instrumentos de Deus para mudar essa realidade.
Rev. Cesar A. Chaves
jucivanechaves@hotmail.com
Olá Nicodemus, tudo bem?
ResponderExcluirDomingo passado eu fui á IPSA...legal...
Sobre o texto, é notável que o "evangélico" brasileiro guarda o ideário católico com relação a idéia de vários tipos de pecados (uma das heranças).
Parece que o pecado contra o corpo e a visão negativa que o catolicismo romano trouxe com relação ao corpo, diferente da visão semitica que o valorizava, e por isso o peso maior dado ao adultério, homossexualismo, ou seja, a questão sexual. Na visão semitica a sexualidade é valorizada, desde que seja direcionada com os preceitos da lei. Na visão católica romana, devemos sublimar qualquer tipo de sentimento dessa área subsumindo o corpo para atingirmos um patamar espiritual que transcende nossa matéria.
Acredito que além da herença católica, o que os "evangélicos" brasileiros se esquecem é o papel da graça de Cristo em nossas vidas. "Onde abundou o pecado, superabundou a graça" e a suficiencia do sangue de Cristo na Cruz.
Gostaria de complementar, se o senhor permite, mais um tópico:
6) Ainda resta nos "evangélicos" a concepção de que cruz de Cristo não é suficiente, devemos sempre fazer alguma coisa, para estarmos juntos a cruz (Nos aperfeiçoando na carne). Consequentemente nossos pecados se tornam maior que a cruz de Cristo e precisamos fazer uma série de rituais para nos livramos da culpa pelo erro.
O que o senhor acha desse sexto tópico? Seria cabível ao texto?
Abraços
JP
Pr. Augustus,
ResponderExcluirGostaria de questionar algo sobre os Apóstolos atuais
relação ao apostolado, vejo apenas que Paulo afirmou ser apóstolo por prodígios e tal. Sei também que no dia do juízo final muitos dirão que expulsaram demônios e profetizaram mas Deus nunca os conheceu. Enfim temos apóstolos hoje no Brasil e em outros países.
Apóstolo, só se for daquela época?
Vejo reformados descendo a lenha em cima dos chamados apóslotos (Hernandes e o de Goiânia), contudo não utilizam a bíblia como os bereanos.
Novamente, não inocento estes apóstolos atuais, porém volto-me à bíblia para verificar as credenciais de um apóstolo e vejo:
- Chamado por Deus
- Vocacionado por Deus
- Instrumento de milagres e progígios.
Hoje não há como existir um apóstolo autêntico?
Abço
Guilherme
Gostaria de tentar responder a pergunta acima, feito pelo irmão Guilherme, essa é uma dúvidas que mais martela na minha cabeça ultimamente, sobre o apostolado hoje.
ResponderExcluirO texto em Atos 1:21-26 diz o seguinte:
"21 É necessário, pois, que dos varões que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus andou entre nós,
22 começando desde o batismo de João até o dia em que dentre nós foi levado para cima, um deles se torne testemunha conosco da sua ressurreição.
23 E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias.
24 E orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido
25 para tomar o lugar neste ministério e apostolado, do qual Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar.
26 Então deitaram sortes a respeito deles e caiu a sorte sobre Matias, e por voto comum foi ele contado com os onze apóstolos."
Eu interpreto o texto acima, como sendo o pré-requisito para ser um apóstolo, o discípulo ter andado com Jesus, convivido com Jesus. Paulo foi exceção, mas explica sua condição de apóstolo em 1 Coríntios 15:7-9:
"7 depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos;
8 e por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo.
9 Pois eu sou o menor dos apóstolos, que nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus".
Resumindo, todos apóstolos viram Cristo ressurreto.
Não vejo base bíblica para depois de 2000 anos, aparecerem apóstolos novamente, por que depois de tanto tempo? Ainda mais num período da era cristã tão deturpado como hoje, onde acontece todas essas coisas que o Augustus citou no artigo.
Agora voltando a uma opinião mais pessoal, acho que esses auto-entitulados apóstolos são todos falsos apóstolos, mas deixo claro que não digo "falso" no sentido de todos eles quererem deturpar a Palavra do Senhor, acho que é só um erro doutrinário, como vários outros que qualquer um de nós pode cometer.
Creio que alguns desses auto-entitulados apóstolos são cristãos de verdade.
Igreja perfeita não existe, porque todos somos pecadores, mas eu prefiro ficar em uma igreja com menos erros teológicos possíveis, por isso fico muito feliz em ser presbiteriano, graças a Deus.
Gostaria de saber a opinião dos outros irmãos quanto à este tema, "apostolado" hoje. Augustus, Solano, Meister, e outros que sentirem vontade de comentar a respeito.
Grande abraço...
Anthony.
Rev. Augustus,
ResponderExcluirSobre a abrangência do pecado e da nossa cosmovisão, indico o excelente livro Calvinismo, de Abraham Kuyper.
E não é de admirar que hoje a igreja católica tem feito o caminho que "deu certo" com os neopentocostais?
Têm-se utilizado de padres mais "na moda", "joviais" e carismáticos, com canções agitadas e avivadas. Com isso, ganha-se fiéis e junto com eles estão suas carteiras e bolsas recheadas de cartões e talões.
É, realmente, o amor ao dinheiro causa todos os outros males.
Lutemos com as Sagradas Escrituras em mãos, sendo fiéis à ela.
Prezado Marcos,
ResponderExcluirFique à vontade, ficamos honrados com isso. Apenas uma coisa. Se for mandar para listas de e-mails, tome os cuidados necessários para que não fique caracterizado como SPAM.
Um abraço!
Prezados Isaias, Anthony, Luiz Fernando, Fabio, João D’Eça, Lucas, Juan, Folton, Mauro, William, joão Nunes, César, JP, André, Sílvia e demais
ResponderExcluirMuito obrigado pelos comentários, sugestões e contribuições!
Um abraço.
Osvaldo,
ResponderExcluirObrigado por seu comentário no blog. Eu me recusei a entrar no mérito do rebatismo de católicos pois é uma discussão que não quero abrir nesse post. Eu pessoalmente sempre rebatizei católicos, mas há reformados que pensam diferente.
Você tem razão quando lembra o poder do Catolicismo em nosso país. Não podemos perder de vista o que o catolicismo representa hoje no Brasil.
Um abraço.
Guilherme,
ResponderExcluirApenas corroborando o que já foi dito pelo Anthony, um dos requisitos para o apostolado no Novo Testamento é ser testemunha da ressurreição de Cristo. Todos os apóstolos viram o Cristo ressurreto, inclusive Paulo. Não é que tiveram uma visão ou sonho ou revelação, mas realmente Cristo apareceu a eles no corpo da ressurreição – inclusive a Paulo no caminho de Damasco. O Cristianismo histórico sempre entendeu que Paulo foi o último (João na ilha de Patmos teve uma visão e não uma aparição física do Cristo ressurreto).
Além disso, os apóstolos foram capacitados para operar sinais e prodigios dos quais não vemos correspondente hoje. E por último, foram dotados de inspiração e infalibilidade para escrever a Bíblia. Por esse motivo são chamados do fundamento da Igreja junto com os profetas do Antigo Testamento.
A bem da verdade, o termo “apóstolo” significa basicamente “enviado” e há pessoas, além dos Doze e de Paulo, que são chamados de apóstolos, como Silas e Barnabé. Mas, os modernos auto-denominados apóstolos se comparam aos Doze e a Paulo. Contudo, os Doze e Paulo estão numa categoria à parte. Eles não nomearam sucessores. Quem sempre se achou sucessor dos apóstolos foi o papa.
Um abraço.
Olá Prof. Pr. Augustus
ResponderExcluirEste texto é para mim um alento sobre a visão da Igreja.
Tenho propugnado no meio que convivo, exatamente esta mensagem:a visão católica dos crentes.
Ela esta presente em toda ação:fala (vixe!),modo de agir, modo de cultuar(vide abixo),modo de pastorear, modo de viver.
modo de cultuar:O povo passou a ter a necessidade de um ponto de toque, seja, a rosa ungida, o óleo santo de Israel, o Líder Carismático, sem a palavra do qual ninguém se move(para comprar, vender, viajar, iniciar a semana).
Aliada desta situação a ganância que tem espalhado-se no meio da liderança, nem falo aqui do dinheiro, mas da necessidade de ser mais santo do que o outro, ter domínio total sobre as ações dos liderados.
Poderia continuar com muito mais motivos e vícios, mas "nossa!" o texto já está ficando longo.
Fraternalmente em Cristo
OVARELA-SBC-SP-BR-22-11-2006
Olá. Quero parabenizá-lo por este excelente artigo. Há que ressaltar que o pentecostalismo também se identifica com o catolicismo na doutrina da justificação, pois ambos defendem que Deus declara o crente justo por causa da obra que o Espírito Santo faz nele. Um grande abraço. Se quiser visite meu blog: walterczinczel.blogspot.com
ResponderExcluirRev. Augustus,
ResponderExcluirLloyd-Jones - novemente cito ele... - nos dá uma boa análise sobre a questão dos falsos profetas. Disse ele uma vez que existem dois erros que a Igreja deve evitar sendo o primeiro o erro de ensinar doutrinas erradas. Nesse ponto, acho que muitos de nós somos craques e muitos evangélicos que ainda se prezam têm um mínimo de preocupação com os falsos ensinam. Ocorre que o antigo pregador vai um ponto além: a Igreja não erra somente quando promove uma falsa doutrina, mas também quando NÃO prega aquilo que é essencial também.
Explicando melhor: se temos uma igreja que não está na vereda desses erros, ela ainda pode estar sendo enquadrada como uma igreja que corre perigo e não recomendável se não ensina positivamente a doutrina da jusitificação, por exemplo. Isso significa que se estamos satisfeitos por não sermos como muitas infelizes igrejas evangélicas, devemos ver se não estamos apenas considerando um lado da questão - o lado negativo, o de não fazer.
Neste sentido, acredito mesmo que a medida que a Igreja se afasta de um dos pilaras da sã doutrina que a justificação, na mesma media se interpõem remendos. Não foi assim que o cristianismo entrou aos poucos num emaranhado de falsos ensinos até que tivemos de ter a Reforma?
Por isso, vejo que o falso ensino e falta do ensino cooperam para que a fé que foi entregue aos santos seja assaldada por idéias humanas. Tenho quase certeza que se a doutrina da justificação estivesse sendo bem pregada e empregada, ela por si só, iria servir como um grande catolicida, eliminando cada um dos pontos abordos nesse belo artigo. :-)
Olá, Augustus,
ResponderExcluirMinhas indagações podem se resumir em uma perguntinha: "E o gnosticismo?" :-)
Digo isso porque sempre identifiquei o maior inimigo cultural da igreja no gnosticismo, e não no catolicismo. Por isso, esse post me pareceu bastante pertinente: se meu costume sempre foi atribuir a uma mentalidade gnóstica todos - ou quase todos - os problemas que você enumera no post, percebo que tenho deixado de considerar a forte influência do catolicismo no Brasil.
Mas, de fato, nossa situação é ímpar: de muitas maneiras houve um amálgama entre o catolicismo e as chamadas "religiões afro", e assim fica difícil saber o que norteia mais os cultos da Igreja Universal, por exemplo, se o catolicismo ou essas religiões - ao ponto de um líder famoso de candomblé ter reclamado, em artigo, há alguns anos, do uso indevido dos rituais deles nos cultos da Universal. Terrível, não?
É aí que vêm minhas perguntas, típicas de quem precisa estudar história da igreja: a que se devem as heresias próprias ao catolicismo? Haveria algum outro fator tão ou mais importante que o gnosticismo (a que atribuo, entre outras coisas, a dicotomia e a desvalorização da matéria sobre o espírito)? E um pedido: gostaria que você explorasse mais essa relação entre catolicismo, protestantismo e gnosticismo.
Outra questão também me ocorre: seria interessante se nós protestantes tentássemos perceber até que ponto o catolicismo popularesco, dos costumes, exacerba os defeitos que identificamos, enquanto as produções intelectuais católicas contêm uma sofisticação e uma pertinência das quais nós, protestantes, com as devidas ressalvas segundo o assunto, nos beneficiaríamos muito - principalmente em filosofia e crítica à cultura secular.
Bom, é claro que não é para você responder tudo, pois percebo que levantei não lebres aqui, mas elefantes! :-) Mas, se puder tocar nesses assuntos de leve, ou pensar em um futuro post para eles, eu agradeceria. É algo que estou para estudar há tempos e que só depois da tese poderei "atacar".
Abração!!!
Caro Rev. Augustus,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
Por favor, desejo te pedir um favor - caso seja possível. Você pode me passar o e-mail do Fábio, que mora no Chile?
Estou há tempos namorando o Chile, um país que me cativa muito... E como o Brasil está de mal a pior, tenho desejado imigrar para o Chile em busca de estudo e trabalho - sendo uma forma também de estar mais próximo a minha cultura paterna.
Gostaria de conversar algumas coisas e tirar dúvidas com o Fábio.
Muito obrigado!
Abraço,
Luiz Fernando
andradapacheco@terra.com.br
Olá Nicodemus
ResponderExcluirPegando o gancho da Norma acredito que a "dicotomia e a desvalorização da matéria sobre o espírito" é comum entre os protestantes e pode ser uma herença não do catolicismo brasileiro, mas do catolicismo ao longo do tempo.
Minha carne é ruim e meu espírito deve ser aperfeiçoado para ser bom. Desse modo, eu devo subjugar meu corpo, via árduo jejum, sofrimento, não chegamos ao ponto de auto flagelo, mas quase lá. Desse modo, meu espirito se eleva. O protestantismo associa isso a santificação e comunhão com Deus.
Até que ponto essa dicotomia é presente atualmente.
Não sei Paulo é bem enfático aos Galátas: os criticava por se aperfeiçoarem na carne!
Abraços
JP
Olá
ResponderExcluirEste é o endereço do meu blog...agora tenho um blog..
Nicodemus..dê uma olhada!
Abraços
JP
Caro Pr. Augustus,
ResponderExcluirGostaria de dizer que considero bastante relevante o assunto abordado no seu post. Além disso, o conteúdo está muito bom: bíblico e instigante.
Não obstante, no que se refere ao item 4, “A Separação entre o sagrado e o profano”, penso que, embora inegavelmente esta mentalidade exista fortemente em nossa nação, fruto da fortíssima herança cultural católico-romana, as suas causas, talvez, não devam ser atribuídas ao pensamento tomasiano sobre “natureza e graça”.
Digo isto após a leitura do livro "Filosofia Para Iniciantes" (Título original: "The Consequences Of Ideas"), 1ª Edição, da Editora Vida Nova, do nosso conhecido pastor e escritor reformado R. C. Sproul, que parece ter opinião favorável a Tomás de Aquino, distinta daquela que o senhor expressou.
Na verdade, Sproul não aborda qualquer tipo de conseqüência cultural da distinção elaborada por Tomás de Aquino. No entanto, Sproul considera que: a) Tomás foi mal compreendido pelos teólogos protestante em geral; b) Tomás “distinguiu”, mas não “separou” natureza e graça; e c) a distinção tomasiana é bíblica (baseada no capitulo 1 de Romanos) e relevante para a construção de uma cosmovisão cristã. Veja alguns trechos do livro abaixo:
Primeiramente, Sproul afirma nas págs. 69 e 70:
"Talvez nenhum outro pensador católico tenha sido mais difamado, mal interpretado e mal compreendido por críticos protestantes, do que Tomás de Aquino. É amplamente aceito que o erro mais destacado de Tomás foi separar natureza e graça. Essa acusação é uma bobagem completa; nada poderia estar mais longe da verdade. Quem acusa Tomás de separar a natureza da graça não entendeu o principal de toda a sua filosofia, particularmente com respeito à sua monumental defesa da fé cristã. (...) É claro que Tomás faz uma forte distinção entre natureza e graça. O que precisa ser dito a esta altura, porém, é que uma das distinções filosóficas mais importantes é a que existe entre distinção e separação. Por exemplo, na teologia fazemos distinção entre as naturezas humana e divina de Cristo, ao mesmo tempo em que constatamos que as duas naturezas existem em unidade perfeita e que separá-las equivale a cometer a heresia nestoriana.” (...) A distinção que Tomás fez entre natureza e graça não tinha o propósito de separá-las, mas de demonstrar sua unidade e relação fundamental. Foi exatamente contra a idéia de separá-las que Tomás se opôs tanto".
Nas págs. 71 e 72, Sproul entra no mérito do seu ponto de vista em relação a Tomás de Aquino:
"Tomás cria na primazia da revelação divina. Ele não achava, como muitos têm dito, que a natureza funciona independentemente da revelação. Ele baseou sua chamada "teologia natural" na revelação. Assim como os teólogos protestantes distinguem entre revelação geral (ou natural) e especial (bíblica), Tomás fez distinção entre natureza e graça. No seu estudo de natureza e graça na Summa theologica, Tomás fundamenta seu pensamento na idéia do apóstolo Paulo sobre a revelação de Deus na natureza, expressa na sua Epístola aos Romanos. Nessa mesma parte, Tomás trabalha o ponto de que todo conhecimento, na natureza e na graça, depende da revelação de Deus. (...) Tomás afirmou que algumas verdades podem ser conhecidas apenas pelas Escrituras, que são campo da teologia por excelência. Não se aprende o plano de Deus para a salvação estudando astronomia ou astrologia. Outras verdades, porém, são encontradas na natureza sem serem desvendadas nas Escrituras. Por exemplo, o sistema circulatório do corpo e os padrões de conduta dos fótons podem ser descobertos somente estudando a natureza (Tomás não discutiria que essas descobertas são um atestado da graça de Deus, sem cuja providência benevolente elas não seriam conhecidas). Assim, filosofia (e ciência) e teologia abarcam duas esferas distintas de conhecimento. As duas dependem da revelação e são complementares, não antitéticas. Para Tomás, toda verdade vem de Deus, e toda verdade vem do alto".
Sproul ainda esclarece na pág. 72 que, segundo Tomás, algumas verdades, chamadas por ele de “artigos mistos”, poderiam ser apreendidas a partir da natureza ou da graça – da filosofia e da ciência ou da Bíblia, sendo o exemplo clássico o “conhecimento da existência de Deus”. A base para a idéia dos artigos mistos encontra-se nos versos 18 a 21 do capítulo 1 da epístola paulina aos Romanos, a seguir transcritos:
“18 - A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça;
19 - porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
20 - Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;
21 - porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato”.
O argumento do apóstolo Paulo é claro: pessoas descrentes, ímpias, mesmo não conhecendo a Bíblia, não podem argumentar que não sabiam da existência de Deus, pois “os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”.
Desta forma, para Sproul, Tomás de Aquino não é um problema, mas a solução. Veja a conclusão do escritor reformado, na pág. 197:
“De acordo com Gilson, nossa escolha hoje não é entre Immanuel Kant e René Descartes ou entre G. W. F. Hegel e Soren Kierkegaard. Temos de escolher entre Kant e Tomás de Aquino. Gilson insiste que todas as outras posições não passam de pontos intermediários no caminho ou para o agnosticismo religioso absoluto ou para a teologia natural da metafísica cristã. (...) Precisamos reconstruir a síntese clássica pela qual a teologia natural faz a ponte entre a revelação especial das Escrituras e a revelação geral da natureza. Essa reconstrução poderia acabar com a guerra entre ciência e teologia”.
Então, será que poderíamos realmente atribuir as causas da mentalidade católica, que separa o secular do sagrado, à distinção entre natureza e graça elaborada Tomás de Aquino?
Um abraço,
Maurício (IP das Graças - Recife/PE).
Rev. Augustus,
ResponderExcluirObrigado pela resposta. Estudarei mais este tópico,
Abraço,
Guilherme
Maurício,
ResponderExcluirObrigado pelo seu comentário. Não conheço essa obra do Sproul. O que talvez eu lhe diria, antes de resolver se vou entrar nesse tópico para valer, é que você toma Sproul como sendo a autoridade final e máxima sobre esse ponto, e indaga ao final, depois de citá-lo vez após vez (note que você não leu Aquino, mas Sproul), se eu ainda consigo manter meu ponto.
Vou aproveitar esse detalhe, que em nada desmerece seu comentário instrutivo e desafiador, para dizer o seguinte. Com muita freqüência adeptos da teologia reformada tentam vencer argumentos simplesmente apelando para a suposta autoridade final do que autores reformados modernos dizem. Sproul disse, MacArthur disse, Lloyd-Jones disse -- está dito. "Sproul locuta, causa finita est". Esse é um cacoete dos reformados no Brasil. Acho que faríamos melhor se estudássemos e lêssemos esses homens para nossa instrução mas que não os usássemos como autoridade final e máxima numa discussão. Vamos também estudar, aprender nas fontes e teremos muito mais autoridade e conhecimento.
Meu conselho: leia Aquino e você terá mais autoridade para não somente me corrigir como também a outros. Outro conselho: Sproul, Lloyd-Jones, MacArthur e qualquer um outro -- inclusive esse pecador que escreve aqui -- somos todos falíveis, incoerentes, inconsistentes. Aprendi a não tremer diantes desses nomes e achar que minha opinião e avaliação pode ser tão boa quanto a deles.
Quanto ao mérito da sua questão, vou re-examinar meu argumento. Quem sabe nossos colegas que nos lêem queiram ponderar sobre o assunto e contribuir para ele.
Um abraço.
Norma,
ResponderExcluirQue bom ler seu comentário! Prova que vc está viva e ativa! Bem-vinda.
Acho que uma coisa não precisa excluir a outra. Catolicismo e gnosticismo têm coisas em comum, como a visão dicotômica de realidade (matéria versus espírito). Como o gnosticismo é mais antigo, ele deve ter entrado na cultura católica medieval incipiente através do paganismo que infestou as fileiras da Igreja a partir do século IV. Ao redor dessa época aparecem os mosteiros e a busca da espiritualidade que consistia em parte no ascetismo que sufocava a matéria para que o espírito pudesse libertar-se. Seria uma pesquisa interessante ver os pontos de convergência entre as duas coisas.
Provavelmente o antigo paganismo é a grande matriz de onde vieram as influências que hoje se fazem sentir na cultura brasileira, mediadas pelo Catolicismo Romano. O Mauro provavelmente poderá nos ajudar aqui, pois tem estudado esse assunto.
Fica o desafio para um futuro post -- creio que o Mauro é a pessoa certa -- sobre a relação entre protestantismo brasileiro, catolicismo e gnosticismo.
Um abraço.
PS: Estive esse fim-de-semana em Boa Vista, RO, fiquei hospedado na casa do Alfredo, El Garrido, que lhe mandou muitas lembranças. Ele se escandalizou comigo quando comi no almoço um suculenta buchada de bode, em homenagem à minha herança nordestina pernambucana.
Caro Pr. Augustus,
ResponderExcluirExatamente por não ser teólogo, nem filófoso (sou, na verdade, engenheiro eletrônico), mas por ter um genuíno desejo de aprender a fim de que, pela graça de Deus, possa, de alguma maneira exercer uma influência bíblica, é que enviei meu comentário. Com todo respeito, posso dizer que se eu tivesse lido os originais de Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino, Martinho Lutero e João Calvino não estaria visitando este blog semanalmente a fim de aprender e ser edificado.
A despeito disso, suas palavras são sábias quando afirma que não devemos tomar nenhum ser humano, seja Sproul ou qualquer outro autor reformado, como autoridade final. Caso contrário, teríamos um "Papa Reformado", hehe. Que contradição seria!!
De qualquer forma, quando li a mencionada obra de Sproul fiquei bastante intigrado, exatamente por saber que muitos reformados exercem severa crítica à chamada teologia natural.
No mais, um grande abraço, e continuem abençoando as pessoas com o blog.
Maurício.
Oi, Augustus! É, estou viva mas penando bastante para entregar o texto a tempo!
ResponderExcluirEu soube pelo Alfredo, via MSN, que você ia para RO. Não nos "falamos" há algum tempo, pois ele só entra depois de meia-noite e eu estou disciplinadíssima para acordar cedo.
Quanto à buchada, que maravilha, hein? Eu sou louca para experimentar uma!
Abração e saudades!
Senti o cheirin de buchada e então resolvi passar por aqui para convidar em especial os queridos do Tempora e a amantíssima Norma para comerem uma buchada comigo e minha família ao passarem por João Pessoa. Na verdade, terei que levá-los a Alagoinha ou Cuitegi (cidades vizinhas a Guarabira, minha terra mater) para que os cozinheiros de lá apresentem aos senhores o delicioso prato. E tem mais: não tenham vergonha de comer bastaaaaante...
ResponderExcluirMarcelo Hagah
João Pessoa-PB
Rev. Augustus
ResponderExcluirDado que o Gnosticismo considerava a matéria inerentemente má, a tendência de alguns cristãos – inclusive evangélicos – de ansiarem pela libertação da morte, pelo paraíso celestial, ou pela Parousia imediata, ou o simples fato de não “nos considerarmos desse mundo”, apenas sermos “estrangeiros”, não seria uma herança gnóstica?
Abraços
Osvaldo Pimentel Filho
IPVila Mariana/SP
Olá Nicodemus
ResponderExcluirDentro do que o Osvaldo disse, pode significar que em grande parte dos evangélicos a concepção de santificação, considerando a matéria inerentemente má e a necessidade de mortificá-la (mortificação da carne) pode ter um viés gnóstico, dentro da herança católica?
Abraços
JP
JP,
ResponderExcluirSim, com certeza! Dese o início o gnosticismo pregava que o corpo era a prisão da alma e a necessidade de mortificá-lo para que a alma pudesse ascender livremente ao pleno conhecimento (gnosis). Muito similar ao ascetismo católico medieval.
Um abraço.
Marcelo,
ResponderExcluirEstarei no Recife durante o mês de Janeiro, de repente poderemos organizar uma buchada em algum lugar por perto...!
Um abraço nordestino!
Acredito que a herança católica nossa de cada dia tem se manifestado no personalismo. Veja os Adventistas do 7º Dia: não conseguem reconhecer sequer um errinho da Ellen G. White. Os "primos" do Tabernáculo da Fé (e nomes similares, vindos do mesmo profeta, William Branham), entre outros. Pessoas são passíveis de erros e erros em termos de fé têm a tendência de se transformar em heresias (doutrinas de demônios). A Palavra e somente a Palavra.
ResponderExcluirMarcelo Hagah
João Pessoa-PB
P.S.: Que pena que em janeiro, a família Hagah estará em Florianópolis-SC. Será que a comida lá é boa, Jesus?
Rev. Augustus.
ResponderExcluirParabéns pelo seu trabalho.O senhor tem sido o profeta de Deus de nossa época. Abraço
M.P.L.
Pezado Reverendo,
ResponderExcluirParabéns pelo texto.
Fico triste ao constatar diariamente
que a Reforma lutou contra as indulgências e hoje muitas Igrejas evangélicas "vendem indulgências".
Muitas das práticas descritas em seu post práticas de religiões antigas adentram nas igrejas e nas famílias através de games, desenhos, revistas, filmes e internet. Mas como está escrito "Quando Eu voltar, encontrarei fé na terra?" O firme fundamento,a fé verdadeira.
Alguns confundem o simbolismo judaico presente no Antigo Testamento,como prática educativa para o povo judeu,como prática que se deva realizar hoje.
Muitos não são corajosos para andar como deveriam e dão margem à ensinamentos que levam às práticas mágicas dentro da Igreja. Para quem possui certeza de fé é bom ler os "livros sagrados" e as orientações sacerdotais de várias religiões e constatará que a midia promove o retorno de várias antigas religiões.
Um grande abraço.
Maranata
Reverendo,
ResponderExcluircomo estudante de Teologia tenho lido muita coisa tua. Mas, com a divina sabedoria com que o senhor aqui "esparramou" as palavras ainda não tinha visto nada, nem no Brasil, nem por parte de quem quer que seja. O senhor é uma bênção. A Igreja chamada Evangélica (termo muito genérico) melhor, os protestantes brasileiros têm de se situar. Ou se mergulha na Bíblia, abrindo mão dessa Teologia "popular", ou prática, que tem sido difundida como sendo Palavra de Deus, ou, no final do Deserto de nossas vidas como libertados da escravidão (egipcia) do pecado não sobrarão, se quer, os dois que sobraram da outra geração, Josué e Calebe.
Parabéns Reverendo. Às vezes se tem a impressão de que o senhor tem aí um telefone com linha exclusiva pra trocar umas idéias com Deus.
"O Brasil é um dos poucos países onde convertidos do catolicismo são rebatizados nas igrejas evangélicas."
ResponderExcluirSe é assim, faço votos para que continue. "Quem crê seja baptizado", o testemunho da fé só faz sentido depois da decisaõa pessoal. Mas isto é um baptista português a falar...
O texto reflete também um pouco do que se vai passando deste lado do Atlântico (para o bem e para o mal a influência brasileira nos evangélicos portugueses é grande).
Um abraço
Olá,
ResponderExcluirIsso tudo que está no post é realidade, mas me parece uma análise muito focada sobre as práticas, sobretudo, da Igreja Universal... Não quero pensar que o artigo do Augustus seja tendencioso, mas vejo muitas práticas e costumes dentro das nossas grandes igrejas protestantes que vieram das tradições católicas.
Visto que a Reforma, mesmo sendo responsável pela recuperação do verdadeiro sentido da fé, não proporcionou para as igrejas históricas reformadas um aparte total das tradições romanas que são tidas hoje como culcuminação de conceitos aceitos pelos chamados "pais cristãos", em análise mais profunda, muito dos costumes reformados é concordante com as tradições Romanas oriúndas do paganismo, recebidas e aceitas como boas práticas cristãs.
Me pergunto se nós protestantes, não fomos chacoalhados pela Reforma e depois ficamos estáticos, não enxergando outras "reformas" que deveriam continuar ocorrendo (poderia citar várias, mas acho que não é o amâgo do debate deste post) e por isso vemos, hoje, a igreja evangélica em geral, que surgiu do protestantismo, gradativamente, "voltar" a se parecer com o catolicismo.
Isso se dá porque o catolicismo ainda influencia o mundo de maneira coercitiva, mesmo que não seja explícito, tais como imposições neo-medievais.
Intimamente falando, também não o somos (parecidos com o catolicismo, em muitas coisas)?
Abraços
Parabéns pela iniciativa e pela disseminação das boas novas!
ResponderExcluirFelicidades!
O Senhor precisa conhecer um pouco mais do signficado do ministério apostólico. Pelo seu comentário pude perceber que não tem conhecimento do que é o ministério apostólico. Estude um pouco a respeito do assunto. Meu objetivo não é criar mal estar ao senhor, apenas lhe informar que o amado está equivocado. Jesus te abençõe!!E que Ele abra seus olhos espirituais.Nem precisa ser postado esse comentário...mas é para abrir seus olhos.
ResponderExcluirCaro anônimo (ou anônima),
ResponderExcluirObrigado pela sugestão e pelo tom carinhoso de seu comentário. Infelizmente, acho que meu caso é um caso perdido, não tem como eu me convencer que o atual ministério dos apóstolos entre os evangélicos é a continuação do ministério de Pedro, Paulo, João, Mateus... para você ver, acho que o Papa tem mais chance de ser o sucessor dos apóstolos do que esses pseudo-apóstolos evangélicos.
Você sugeriu que eu estudasse um pouco mais o ministério apostólico. O que você quis dizer com isso? Estudar o que? As pregações deles? As declarações deles? Já li o suficiente para ver que eles não têm absolutamente nada dos apóstolos bíblicos. Não são canais de revelação, não são infalíveis, não fazem os milagres que os apóstolos fizeram, não foram comissionados diretamente por Jesus, não escreveram Escritua Sagrada.
Na minha opinião -- e espero estar enganado -- é simplesmente uma busca pelo poder, pelo prestígio e pela primazia, como Diótrefes, que queria a primazia entre os irmãos (3 João). MInha sugestão a você é que estude a Bíblia sobre o ministério dos apóstolos de Cristo, saia de debaixo do ministério desses modernos "apóstolos" e vá para uma igreja onde a Bíblia é pregada e Jesus Cristo é o centro e não o homem.
Um abraço.
Gostei muito da postagem: A alma católica dos evangélicos no Brasil, pois é isso mesmo que tem acontecido. Fui Pastor da Igreja Universal por mais de 10 anos; fazia aquele monte de campnhas, mas não sentia paz no espírito. Hoje estou em uma luta muito grande no sentido de mostrar JESUS CRISTO COMO ÚNICO FUNDAMENTO! E por incrível que pareça, principalmente para grande parte dos evangélicos. No momento estou com o blog: http://destruindofortalezasanulandosofismas.blogspot.com/
ResponderExcluirGostaria de saber se posso anunciar o blog do amado Pastor.
Graça e paz
Pastor Aloísio
Caro Aloisio,
ResponderExcluirObrigado por seu comentário.
Sim, pode anunciar o nosso blog.
Um abraço.
A culpa é dos próprios crentes.Afinal de contas, não há palhaço sem plateia.
ResponderExcluirNeo-catolicismo, algo que eu não tinha pensado. que boa definição
ResponderExcluirPeço autorizaçao pra reproduzir este texto em foruns no orkut, citando a fonte com link ao final do mesmo.
ResponderExcluirEm Tempo:
Sei q nao tem a ver com este assunto, mas gostaria muito de um texto explicando diferentes tipos de cessacionistas.
Já fui pentecostal e fico num meio termo entre cessacionismo absoluto estilo "Helio de Menezes" e algo no estilo "Calvino".
Obrigado
Tiago,
ResponderExcluirEstá autorizado. Anotei sua sugestão para um futuro post.
Abraços!
Ola de novo, nao sei se cabe meu adendo, embora nao seja algo "ruim" em si, mas acrescentaria a lista:
ResponderExcluir6- A ideia de que o templo e locais de peregrinaçao sao sagrados.
Enquanto no catolicismo o templo é visto como um local "sagrado", a ponto de no passado enterrarem mortos em suas dependencias, bem como locais de peregrinação. Muitos evangelicos tem os "megatemplos" como seu local de peregrinaçao particular, onde a "aura mistica" q envolve o lugar é suficiente para fazer pessoas cair endemoniadas apenas de entrar nas dependencias da igreja, etc.
Na reforma protestante o templo so se torna um local "sagrado" durante a realizaçao do culto, bem como qualquer local onde "...estiverem 2 ou 3 reunidos em meu nome..."
nao sei se cabe meu comentario, se tiver algum erro me avise.
(Nao esquece meu pedido do topico de cessacionismo)
Abraçao.
Precisamos restaurar o termo Católico no Brasil. Nós somos os verdadeiros católicos e não os papistas.
ResponderExcluirEu amo os religiosos todas religiões
ResponderExcluirMuito em breve vai ter mais união
O mundo todo vai entender que só
Existe 3 Só um fico feliz em ver este
Povo todo neste lindo blogger em
Breve a paz mundial vai reinar***
O pentecostalismo foi (e continua a ser) uma resposta à considerada ''frieza'' do ''protestantismo tradicional'', mais exatamente ao luterano (com o pietismo), ao anglicano (com o metodismo, que gerou o avivamento na rua Azuza) e assim por diante. Tem até pentecostais reformados e tudo o mais. Já a RCC se inspirou exatamente no pentecostalismo protestante, e não o contrário. Esses movimentos, que não passam de velho montanismo, dizem valorizar as manifestações do Espírito Santo, quando na verdade estão é fazendo extravagâncias (glossolalia etc.). São críticos da ''monotonia'' da missa, da liturgia. Portanto, não me parece correto afirmar que a extravagância pentecostal tenha a alma católica. E se me permitem, cabe pontuar:
ResponderExcluir1- A Bíblia é contra o igualitarismo, dizendo haver dons diferentes (Rm 12,6/ 1 Cor 12,4-10) e específicos em cada um (1 Cor 12,28-10). É justamente por falta de hierarquia e consenso que as igrejas pentecostais tendem a se dividir e se tornam erosivas. Vide o exemplo de Edir Macedo, R.R. Soares e Valdemiro Santiago, que eram pastores de um mesma igreja.
2- Todo pontífice é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus (Hb 5,1). A aplicação dos sacramentos, como a unção dos enfermos e a imposição das mãos, é preceituada em Tiago 5,14-15, por exemplo. Jesus constituiu os doze apóstolos para que fossem e dessem bons frutos, de modo que o fruto permanecesse (Jo 15,16). Agora, quanto à prece mais poderosa, Deus se agrada mais da prece do publicano, que em se humilhando é exaltado.
3- Foram os cultos africanos que se apropriaram dos símbolos do Catolicismo, e não o contrário. No mais, já que todos se respaldam biblicamente, há uma passagem em Atos 19,11-12 que diz: ''Deus fazia milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que tinham tocado o seu corpo eram levados aos enfermos; e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os espíritos malignos''. Todos os pentecostais que já vi se baseiam nessa passagem, e não no Catolicismo.
4- Não sou especialista em tomismo, mas já li por aí que Sto. Tomás de Aquino também sonhava com uma espécie de sacerdócio universal, onde a alma cristã regeria tudo. Mas isso não é possível, pois há tantas cabeças que são levadas a todo vento de doutrina (Ef 4,14), e para o mais servem a si próprias. Agora, nós todos hemos de convir que o mundo todo jaz sob o maligno (1 Jo 5,19), e que a verdadeira religião é conservar-se puro da corrupção deste mundo (Tg 1,27).
5- ''Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não o conduza à morte, reze, e Deus lhe dará a vida; isto para aqueles que não pecam para a morte. Há pecado que é para morte; não digo que se reze por este. Toda iniqüidade é pecado, mas há pecado que não leva à morte.'' (1 João 5,16-17)
Paz e Bem!
Li alguns comentários que tratam do Gnosticismo, tentando associá-lo ao Catolicismo. O Gnosticismo é uma das heresias mais combatidas pela Igreja - vide Santo Irineu de Lyon. No Evangelho de São João, lemos que o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14), o que é um golpe certeiro ao gnosticismo que concebia a carne como intrinsecamente má. A ascese é um bem que todo cristão deve buscar, pois os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus (Rm 8,8). Santo Agostinho foi tocado também por esse chamado à renúncia contido nas cartas paulinas. João Batista era um grande asceta que se vestia de saco, era celibatário, fazia jejuns e comia até gafanhotos, ao ponto que Jesus disse que entre os nascidos de mulher não houve maior que ele (Mt 11,11/ Lc 7,28). Causa-me estranheza uma religião que se pretende bíblica mas faz pouco do celibato e da ascese.
ResponderExcluirPaz e Bem!
Parabéns esse tema foi bastante elucidativo
ResponderExcluir