Acabo de escrever o prefácio da obra de Paulo Anglada cujo título é Introdução à Hermenêutica Reformada. Fiquei muito honrado com o convite de Paulo. Somos amigos a muitos anos, e apesar da distância -- ele mora em Belém do Pará -- sempre nos mantivemos próximos.
O livro ainda não saiu (mas a capa já está pronta, veja foto ao lado), deve fazê-lo no início do próximo ano. Fiquei impressionado com ele. Praticamente todas as grandes discussões que hoje ocupam os evangélicos no Brasil estão relacionadas com questões de interpretação do texto bíblico. Paulo analisa meticulosamente as principais questões relacionadas à interpretação bíblica e aponta o caminho de uma hermenêutica sólida, teologicamente orientada, e historicamente testada e comprovada, que é a hermenêutica oriunda dos princípios da Reforma protestante e enriquecida com as perspectivas atuais das ciências afins.
É mais munição para os professores e estudantes de teologia que já desconfiaram que o método histórico-crítico, que vem dominando os estudos teológicos nos redutos liberais e influenciando a área de Bíblia em seminários confessionais, está com os dias contados. Oriundo do Iluminismo, tal método tende a desacreditar as Escrituras e a relativizar completamente a sua interpretação, pois nada tem de científico. Ao contrário, é norteado por pressupostos filosóficos e teológicos provindos da incredulidade que dominou os adeptos do liberalismo teológico.
Um dos maiores inimigos do método histórico-crítico, por incrível que pareça, são os métodos surgidos com a posmodernidade, que enfatizam a leitura como produção de significado, o texto como uma reserva inesgotável de diferentes sentidos e a determinação do sentido de um texto pelo leitor, sentido este diferente a cada dado momento. Contudo, os cruzados das novas hermenêuticas, após o trabalho de demolição, não têm conseguido oferecer à Igreja uma leitura bíblica que produza resultados compatíveis com a fé histórica do Cristianismo. É necessário um método que rejeite os pressupostos críticos, mas que mantenha os fundamentos da fé.
A obra de Paulo Anglada oferece uma alternativa aos professores e alunos que desejam estudar a interpretação bíblica de forma erudita sem abrir mão, contudo, dos pressupostos teológicos quanto à autoridade, infalibilidade e inerrância da Palavra de Deus. É uma defesa do consagrado método gramático-histórico, cujas origens remontam à Reforma protestante. Paulo se posiciona na linha de uma nova geração de hermeneutas, como Peter Stuhlmacher, Eta Linnemann, Gehard Maier, Don Carson.
O método histórico-crítico está agonizando, e quando morrer, já morreu tarde. Mas, o que virá em seu lugar? É uma boa oportunidade para os evangélicos mostrarem serviço na área de hermenêutica.
Duas igrejas funcionando no mesmo prédio?
Há 23 horas
6 comentários
comentáriosGostei do post, muito elucidativo. Sei muito bem do arraso que as teorias modernas de leitura fazem na cabeça das pessoas. Coisa de estragar a mente. Estamos mesmo precisando de uma teoria de leitura que seja equilibrada, para combater os excessos de interpretação da modernidade, tão nocivos à inteligência. No meu caso, depois de anos exposta a essas leituras antes de me converter, tive de tomar uma "sacudida" de Deus antes de ter minha mente transformada. Eu lia a Bíblia e ficava em desespero diante dos "múltiplos possíveis sentidos" com que haviam me engambelado. Mas Deus teve paciência e me ensinou direitinho. É um assunto maravilhoso a se aprofundar, o da leitura. Acho que vou atacar na área de hermenêutica depois de terminar meu doutorado (em Letras).
ResponderQuerido Augustus,
ResponderObrigado pelo prefácio. Fico alegre que você tenha gosta do livro. Oro a Deus que a obra seja realmente uma ferramenta útil a professores e estudantes de teologia que desejam interpretar seriamente a Bíblia, pois com essa finalidade foi escrito.
O método histórico crítico é como o nosso velho homem: embora ferido de morte, como um zumbi não se dá por morto. Pelo menos em algumas instituições de ensino teológico no Brasil, ele continua a produzir incredulidade e morte, como fez na Europa, EUA e em outros países, no século passado, resultando no fechamento de centenas de igrejas protestantes. A pretensão de objetividade histórica e rejeição de pressuposições do método crítico, como sabemos, é pura balela, visto que os exegetas liberais interpretam as Escrituras partindo das suas pressuposições racionalistas, segundo as quais a Escritura não passa de um livro meramente humano.
Parabéns pelo blog e recomendações ao Solano e Mauro.
Um abraço fraterno,
Paulo Anglada
Poxa adorei, vou querer um!
ResponderSerá uma benção indicar no seminário liberal aonde estudo.
Graças a Deus tem sido lançadas boas obras na área da hermenêutica nos quais os autores tem compromisso com a inerrância e a infalibilidade bíblica e também apresenta com erudição e pelo visto essa é mais uma!
Com tantas marteladas, vou dar glória a Deus quando ver o metodo histórico-crítico descendo em seu caixão no evangelicalismo brasileiro e nos seminários confessionais. Porém depois deve vir as hermenêuticas pós-modernas (feministas, liberacionistas e leituras^em que o leitor da sentido ao texto).
Olá Augustus,
ResponderAdquiri esta obra do Paulo pela internet e estou sedento para lê-la. Ainda não comecei porque resolvi reler mais uma vez o seu livro "A Bíblia e Seus Intérpretes". Paulo não fique chateado...Rsss!!! Quero dialogar muito com "Introdução à Hermenêutica Reformada".
Abraços Fraternos,
Ola!
ResponderComo faço para comprar essa obra pela internet?Qual é a editora?
Já li alguns artigos do teólogo Paulo Anglada e gostei muito.
Abraço Fraterno
Ferreira
Suely,
ResponderO livro pode se adquirido pelo site www.knoxpublicacoes.com.br.
Abs.