Num post anterior mencionei a inerrância da Bíblia. Por ser um conceito muito mal entendido e muito atacado, acredito que mereça um post explicativo. Como eu sei que não tenho procuração de todos que acreditam na inerrância da Bíblia para falar por eles, vou falar por mim somente.
Creio que a Bíblia foi escrita por autores sobrenaturalmente inspirados por Deus a ponto de ser verdadeira em tudo o que afirma, e isto não somente em matérias de fé e história da salvação. Ela é livre de erros, fraude e enganos. A Escritura não pode errar por ser em sua inteireza a revelação do Deus verdadeiro. Ela não é somente uma testemunha da revelação e nem se torna revelação num encontro existencial. Ela permanece a inerrante Palavra de Deus independentemente da resposta humana.
Estou persuadido de que o sentido básico desse conceito não foi inventado pelo escolasticismo protestante pós Reforma e nem pelos fundamentalistas históricos do início do séc. XX em reação ao liberalismo teológico. Sei que o termo “inerrante” só apareceu na Igreja a partir dessa última controvérsia. Contudo, para mim, é evidente que o conceito está presente na fé da Igreja desde o seu início. Apesar disso, não acredito que abraçar a inerrância é essencial para a salvação. Negá-la, todavia, pode eventualmente trazer prejuízos para a vida espiritual da igreja, abrindo a porta para males morais e espirituais.
Ao dizer que a Bíblia é inerrante, não estou negando que erros de copistas se introduziram no longo processo de transmissão da mesma. A inerrância é um atributo somente dos autógrafos, ou seja, do texto como originalmente produzido pelos autores inspirados por Deus. Muito embora hoje não tenhamos mais os autógrafos, pela providência divina podemos recuperar seu conteúdo, preservado nas cópias, quase que totalmente, através da ajuda de ferramentas como a baixa crítica ou a manuscritologia bíblica. A ausência dos autógrafos não torna a inerrância bíblica irrelevante, como dizem alguns. Se não temos os autógrafos para provar que eles não contêm erros, eles também não os têm para provar que contêm. Lembro que o ônus da prova é deles.
Quando digo que a Bíblia é inerrante, não ignoro estudos recentes na área de linguagem que apontam para os ruídos inerentes na comunicação, como o desconstrucionismo. Tais dificuldades, contudo, não impedem que o Deus que nos fez à sua imagem e semelhança, e que criou a linguagem, a use como meio claro de sua revelação inerrante, a ponto de nem a cultura e nem a pecaminosidade humana distorcerem o que ele quis de fato nos dizer.
Também não estou dizendo que os autores bíblicos receberam conhecimento pleno e onisciente acerca do mundo, quando escreveram. Não creio em inspiração mecânica ou em ditado divino que anulou a humanidade dos autores. Eles se expressaram nos termos e dentro do conhecimento disponível em sua época. Assim, eles descrevem que o sol nasce num lado do céu e se põe no outro, ou ainda mencionam que o sol parou no céu (Josué). No livro de Levítico se diz que a lebre rumina e que o morcego é uma ave. Sabemos que pelas convenções técnicas atuais lebres não ruminam e morcegos não são aves. Os autores bíblicos, entretanto, estavam se expressando em linguagem coloquial, fenomenológica, como observadores. E do ponto de vista do observador, o sol de fato se move no céu. E na Antigüidade, todos os animais que mexiam com a boca após comer pareciam ruminantes e tudo que tinha asas e voava era ave!
Sei também que não posso explicar todas as dificuldades da Bíblia em termos absolutamente satisfatórios. Por exemplo, a harmonia dos Evangelhos continua sendo em parte um desafio para autores comprometidos com a inerrância bíblica, pois nem sempre se consegue achar uma explicação plena (ainda) para alguns dos problemas levantados pelas aparentes discrepâncias entre os Evangelhos e entre Crônicas e Reis. Sei, no entanto, que não posso aceitar soluções que impliquem numa diminuição da autoridade das Escrituras, sugerindo contradições ou erros. Prefiro aguardar até que mais informações nos ajudem a achar soluções compatíveis com a natureza da Escritura e sua divina origem.
Ao afirmar a inerrância da Bíblia não estou ignorando que, com freqüência, as teorias científicas sobre a história da terra têm sido usadas para desacreditar o relato bíblico da criação, do dilúvio e sua cosmovisão geocêntrica. Entendo, contudo, que não é correto avaliar a veracidade da Bíblia mediante padrões de verdade que são distintos do seu propósito e que se baseiam em conclusões provisórias, efêmeras e freqüentemente desmentidas a posteriori por outros estudiosos e cientistas. A Bíblia não é um livro científico, nos padrões modernos, e frequentemente se refere aos fenômenos naturais usando a linguagem descritiva do observador, como já mencionei, a qual não é cientificamente analítica.
Por fim, estou consciente de que às vezes ocorre na Bíblia o que estudiosos modernos chamariam de erros de gramática com base no que se conhece hoje do grego, hebraico e aramaico. Sei que autores bíblicos citam outras partes da Bíblia de maneira livre, que eles usam números arredondados e que relatam os mesmos eventos de diferentes perspectivas, como no caso dos Evangelhos. Essas coisas, todavia, em nada prejudicam a inerrância da Bíblia. Ela permanece plenamente confiável em tudo que afirma, uma vez que a tomemos em seus próprios termos, sem impor-lhe a camisa de força da visão de mundo moderna, moldada por pressupostos secularizados e anticristãos.
A negação da inerrância da Bíblia é típica da esquerda teológica protestante e católica(*), afetada por uma cosmovisão oriunda das filosofias e ideologias que emergiram do Iluminismo, trazidas ao Brasil por cursos de teologia oferecidos em instituições de ensino públicas ou de denominações não mais comprometidas com os itens da fé cristã histórica. Junto com a negação da inerrância geralmente vem uma postura liberal quanto a casamento, divórcio, aborto, eutanásia, sexo antes do casamento, homossexualismo, etc. Há exceções e quero deixar isso claro, para não fazer generalizações injustas.
Ao terminar esse post, perguntei a mim mesmo se não é teimosia continuar a acreditar na inerrância da Bíblia depois de ter listado tantas dificuldades e feito tantas ressalvas. Quando penso, por outro lado, em todas as dificuldades e ressalvas que a esquerda teológica tem que enfrentar para defender a validade e a relevância para hoje de uma Bíblia que é cheia de erros e contradições, não sendo mais que um mero registro humano da fé de Israel e dos primeiros cristãos eivado de mitos e fábulas, vejo que é mais coerente continuar crendo na inerrância. Aqui permaneço.
NOTA: (*) “Esquerda teológica protestante e católica” é uma expressão que estou testando para ver se pode ser usada adequadamente para descrever os protestantes e católicos neoliberais. Tenho em mente os adeptos da teologia da libertação, que defendem o ecumenismo, aceitam a alta crítica bíblica e se vêm como comissionados a reinventar a Igreja e a teologia para os dias de hoje. Uso o termo “esquerda” emprestado da política, sem querer identificar os esquerdistas teológicos com esquerdistas políticos, em que pese a agenda e a credenda comum a ambos.
William Tyndale c. 1494–1536
Há 17 horas
31 comentários
comentáriosAugustus, Amem e amem!
ResponderSo tenho um comentario / pergunta sobre o seu texto. Quando voce fala que crer na inerrancia nao eh essencial para a salvacao, creio que deva haver um limite nessa afirmacao.
Ate que ponto alguem pode nao ter a Biblia como a inerrante Palavra de Deus e confessar a Cristo (a Palavra Encarnada) de forma aceitavel diante de Deus?
Forte abraco,
Samuel
Olá, Nicodemus.
ResponderSeu post é da maior relevância. Essa é uma doutrina que precisa mais que nunca ser defendida. Eu também acredito que não é necessário professar explicitamente a crença na inerrância da Escritura para a salvação, mas não consigo ver o que sobra depois que alguém a nega de forma deliberada e consciente; quero dizer, em que é que o sujeito está agora se apoiando para a sua salvação depois de afirmar que a Bíblia contêm erros? Na mensagem da Bíblia? Mas quem garante que não é justamente naquele ponto que ele tomou por certo que ela está errada?
É no mínimo muito contraditório.
Além do que, toda a teologia que se possa derivar da Bíblia é posta sob suspeita quando a doutrina da inerrância é negada. O raciocínio me parece circular mas não consigo colocá-lo de outra maneira -- nem sei se há como. Digo que é circular porque só sabemos da autoridade da Bíblia porque lemos sobre isto na própria Bíblia. É por ela que sabemos que ela é inerrante. Ela se auto-autentica. Não é assim? :)
Mas, eu gostaria de saber sua opinião quanto à uma questão mais ou menos diversa. Talvez minha pergunta desvie um pouco do que está sendo discutido em seu post, mas se você puder me dar uma resposta, nem que seja breve, já estarei contente. Eu queria saber qual sua posição sobre a Bíblia como um livro-texto de economia, política, biologia, etc etc. Qual o concenso histórico -- se há algum -- sobre esse ponto? E como você encara essa questão com relação ao que diz 1Tm 3:16-17? "Toda boa obra" ali se trata de questões espirituais ou abrange tudo, no caso, a economia, política etc: todas as mínimas áreas da vida? Desculpe as muitas perguntas.
Abs! :)
Augustus,
Respondervibrei!!!!!! tudo bem que só pode falar por ti, mas assino embaixo!!!!
A não-crença na inerrância cria uma teologia sem critérios para se falar de Deus e seus conselhos, da salvação, da condição humana e pecaminosa, da pessoa e da obra do Senhor Jesus e o conceito de revelação fica completamente esvaziado.
O que os liberais e neo-liberais não conseguem em seu pensamento é conciliar a humanidade do autor inspirado com a soberania do Senhor que inspira.
O mesmo Espírito que inspirou a Palavra é o mesmo Espírito que testifica em nós como comentam Calvino e John Owen.
Porém , como você acredito que um "barthiano" pode ser regenerado, todavia sua teologia será míope se não afirmar a inerrânciae infalibilidade da Palavra de Deus.
P.S: No meu concílio examinatório para o ministério pastoral, quando afirmei crer na inerrância, Sayão perguntou como eu conseguia crer na inerrância e afirma-la se Josué escreveu que o Sol parou e a ciência diz que é a terra que gira e também como um evangelho diz que Cristo curou um cego e outro diz que foram dois.
Eu e Daniel respondemos exatamente que a inspiração não é mecânica e nem anula a humanidade dos autores. Josué não estava interessado em dado ciêntifico moderno e sim no milagre de Deus e a um evangelista só interessou registrar um cego e a outro registrar dois ; era o milagre no ministério de Jesus sendo enxergado por ângulos diferentes, o que não esvazia o conteúdo e nem a narrativa. Conversamos também sobre a questão da "acomodação" usada por João Calvino, aonde Deus acomoda sua línguagem para entendermos a sua revelação.
Depois da gente ter reclamado com Sayão pela pergunta difícil (risos - claro que ele crê na inerrância) ele nos disse que Exôdo por exemplo não está interessado em dados objetivos quanto aos números ali citados, exemplo quando dizemos que o Brasil tem 500 anos, quanto na verdade tem mais, é porque arredondamos.
Me empolguei, escrevi demais!
Samuel,
ResponderQue bom ler seus comentários! Não esqueça de divulgar o blog entre os brasileiros estudando ai em Greenville!
Sobre sua pergunta, eu realmente precisaria ter deixado mais claro minha afirmação. O que eu quero dizer é que a fé na inerrância da Bíblia não pode ser considerada como parte da fé salvadora.
Alguém pode vir a crer em Cristo quando ainda não entendeu ou esclareceu sua mente quanto a esse ponto. Por exemplo, a bultmaniana Eta Linnemann. Ela primeiro foi alcançada pela graça de Deus, quando já era professora de Novo Testamento na Alemanha por muitos anos. Isso ocorreu numa igrejinha evangélica, onde ela acabou entrando por acaso. Só depois é que ela arrumou a cabeça e rejeitou toda a metodolgia crítica que cria anteriormente e que havia ensinado por muitos anos. Passou a crer na inerrância, é verdade.
Também pode haver irmãos que não gostem do termo inerrância por causa do debate fundamentalismo versus liberalismo nos Estados Unidos início do século XX, muito embora tenham total confiança em tudo o que a Bíblia diz. Crêem no conceito mas não usam o termo.
Eu receio muito condicionar uma verdadeira confissão de Cristo a uma compreensão exata de todas as doutrinas da credenda reformada. Creio que a gente arruma a cabeça ao longo da vida em muitos pontos. Muitos que hoje são reformados, conservadores, históricos, etc., nem sempre o foram. Já eram crentes, antes disso. Apenas viraram crentes mais esclarecidos, hehehehehe!
Um abraço.
Márcio,
ResponderVeja minha resposta a Samuel. Tem alguns pontos que servem para suas perguntas.
Eu acrescentaria que uma pessoa que nega categoricamente a veracidade das Escrituras fica sem qualquer fundamentação sobre a qual afirmar sua salvação ou qualquer tipo de relação com Deus.
Se tudo na vida cristã depende da Escritura, no momento em que ela se torna um terreno pantanoso, afundaremos.
Sobre sua pergunta: desconfio bastante dos que usam a Bíblia como livro texto de economia, auto-ajuda, política, etc. A Bíblia não foi escrita com esse propósito. Contudo, quando ela fala desses pontos, é sempre verdadeira, dentro daquelas observações que mencionei.
Um abraço.
Muito bom!
ResponderPastor, acho que precisamos mesmo aprender a nao jactanciar quando a "ficha cai" em relacao a doutrinas biblicas.
O texto de Solano sobre os pecados que ameacam os Calvinistas ajuda a elucidar isso.
Tenho tido muita alegria em comungar com irmaos - ate arminianos - mas preciosos em Cristo, apesar das diferencas.
Essa maneira de ve-los como gente por quem Cristo morreu inclusive nos da oportunidades de debater com eles sem perder a comunhao.
Lembro como voce debateu no SPN com um pastor batista sobre a ordenacao feminina e aprendi muito naquele dia; nao apenas a embasar melhor as razoes pelas quais nao devemos ordenar mulheres, mas a respeitar e amar quem pensa de forma diferente.
Falando nisso, voce ja publicou seu livro sobre tolerancia? Gostaria de ler.
No amor do Rei,
Samuel
Caro Augustus,
ResponderObrigado pela exposição tão lúcida e sucinta. Pela transparência em colocar as dificuldade, que existem, mas que não são, de forma alguma, razão ou motivo para deixarmos de crer na inerrância das Escrituras.
Tenho, no entanto, uma dificuldade com termo em teste, "esquerda teológica". Ao utilisá-lo, de cara, voce se coloca então, na "direita teológica". Não há como não se fazer um link com posturas políticas e sociais. Lembre-se que esse mesmo tipo de postura foi assumida pelo fundamentalismo norte-americano ao apoiar regimes totalitários em toda a america laitna. A exemplo do comprometimento assumido do CIIC com o Gal.Augusto Pinochet no Chile, com o regime do Apart na Africa do Sul, bem como da presença (quase onipresente) de militares do alto escalão das Forças Armadas nos concílios e cúpulas da IPB no período de 1966 a 1994, e no uso de métodos nada recomendáveis no trato com àqueles que pensavam diferente.
Não gostaria de vê-lo identificado como um teológo de "diretia", mas, como sempre o conheci, um teólogo comprometido com a verdade de Deus, revelada nas Escrituras.
Um forte Abraço do irmão e amigo.
Claudio Henrique Albuquerque
Pastor, mais uma vez, estás de parabéns.
ResponderQuanto à pergunta do Márcio eu apenas complementaria (está correto o seu raciocínio é só pq acho que pode ser um pouco mais claro) que em alguns pontos as Escrituras nos dão princípios que podem e devem ser seguidos por nós, porém tais princípios não chegam a absorver os conteúdos de uma ou outra ciência, filosofia ou ideologia.
Diria que é mais fácil saber o que não deve ser feito do que propriamente o que deve, além do fato de que se o conteúdo espiritual é sempre atual, os históricos e culturais sofrem mutações durante a passagem do tempo.
É impossível por exemplo extrair da Bíblia conceitos precisos e totalmente utilizáveis sobre bolsas de valores (economia), democracia (política), etc...
Outro fator importante é que quem geralmente utiliza de tais artifícios é alguém que deseja obter vantagens (como o padre, pastor ou lider denominacional que quer ser Deputado Federal, Senador, Prefeito, etc..)
É possível sim reconhecer algumas diretrizes e acredito que as Escrituras podem influenciar nossas escolhas (ou aversões) políticas, filosóficas e em certos casos até científicas, porém não creio haver a possibilidade de utilizá-la como livro-texto de tais matérias.
Rev. Augustus,
ResponderAchei esse blog através de um link que me foi mandado por um amigo. Fiquei maravilhado com o conteúdo. Moro nos EUA há mais de dez anos, sou pastor assistente de uma igreja Reformada na Califórnia, e não tenho muito contato com o meu país de origem. Tinha uma impressão de que o cristianismo no Brasil se resumia ao Catolicismo Romano, a seitas pentecoistais, e a igrejas evangélicas do estilo Rick Warren. Não tinha idéia que se pudesse achar conteúdo teológico tão bom em português. Parabéns belo seu belo trabalho.
Gostaria de apresentar duas questões para futura reflexão, ou mesmo um futuro post sobre o assunto:
1. Qual é o impacto de uma hermenêutica modernista e iluminista conservadora (de reação contra uma hermenêutica modernista e iluminista liberal, as duas ignorando as nuances que você apresentou) para o aparecimento do dispensacionalismo na metade do sec. XIX?
2. Seria possível que uma hermenêutica que ignora suas ressalvas possa contribuir para uma exegese que dê muito mais ênfase em achar “timeless principles” (como se traduziria isso? “Principios eternos?”) do que um “redemptive/historical” approach? (me perdoe, meu português está bem ruinzinho). Exemplo: um sermão no livro de Daniel muitas vezes é focalizado em aspectos morais do tipo “seja como Daniel” (“dare to be a Daniel”) do que em como o texto se encaixa no drama da história da redenção, e, mais importante, como o texto aponta para Cristo.
Não sei se há ligação entre os aspectos acima e uma leitura conservadora da Bíblia que não leva em conta gêneros, nuances, propósitos literários, “sensus plenior,” etc., o que me parece que muitos conservadores adotaram para refutar liberais, sem perceber que muitas vezes estavam jogando o jogo deles.
Abraços,
Marcelo Parga de Souza
Samuel,
ResponderNa verdade, trata-se de um “livrinho” que foi publicado pela PES com o título “Tolerância no Novo Testamento”. O argumento dele é este: quando o cristianismo surgiu no século I da era cristã, apareceu juntamente com ele uma abundância de variações da pregação dos discípulos de Cristo. Os apóstolos tiveram que lidar com essas formas emergentes de cristianismo e a atitude que eles e seus associados tomaram para com elas ficou registrada nos seus escritos, os livros que hoje compõem o Novo Testamento.
Foram os autores do Novo Testamento receptivos e flexíveis para com estas compreensões diferentes da pessoa e obra de Cristo? Uma análise de seus escritos mostrará que há várias evidências de que eles criam que Deus havia revelado um corpo doutrinário definido o bastante para poder caracterizar como falsos e humanos ensinamentos que fossem divergentes.
No livro analiso algumas destas evidências, como o surgimento dos escritos do Novo Testamento, as denúncias dos escritores do Novo Testamento contra os falsos mestres, as suas exortações para que a sã doutrina fosse preservada, o conceito de apostasia em seus escritos, a interpretação que fizeram do Antigo Testamento e o conceito de “verdade” em suas obras.
Afirmar a existência de uma única teologia do Novo Testamento não é negar a imensa variedade que caracteriza seus livros. É reconhecer que tal variedade resulta de ênfases diferentes, aplicações variadas de um mesmo sistema teológico. Em conclusão, a atitude dos autores do Novo Testamento para com a revelação divina serve de modelo para a Igreja cristã em todas as épocas e lugares. Como tal, ela pode fazer afirmações teológicas ou elaborações doutrinárias que sejam consideradas como verdadeiras e válidas em todas as épocas e lugares.
Um abraço.
Cláudio,
ResponderO teste está funcionando, você mandou a primeira reação à expressão “esquerda teológica protestante e católica”. É disso que preciso para checar a validade da expressão.
Você receia que ao usar a expressão eu me coloque de cara na direita teológica, que você identifica com a direita política americana. Quanto a isso, não tema, pois como deixei claro no meu post, uso esquerda e direita sem conotação política. Não sou um político de direita, mas um teólogo de direita, o que quer dizer, conservador e não liberal teologicamente falando.
Você mencionou uma série de associações do fundamentalismo norte-americano, que representa a extrema direita política naquele país, com regimes totalitários na América Latina. É claro que discordo de regimes totalitários e de quem os apóia. Contudo, como já foi dito em um outro comentário aqui, a direita política dos Estados Unidos tem lutado por itens que são preciosos para conservadores teológicos como eu e você, tais como família, santidade da vida, preservação do casamento, etc.
Reconheço que é difícil dissociar “esquerda teológica” de “esquerda política”. Contudo, será que feitas as devidas ressalvas, o termo não seria útil para identificar os teólogos que partilham da mesma atitude relativista e liberal que caracteriza as ideologias esquerdistas oriundas do marxismo?
Obrigado pelo alerta!
Davi,
ResponderConcordo. Acrescento que meu desconforto é com palestras, sermões, estudos, livros, artigos, que usam a Bíblia para pregar chaves para o sucesso empresarial, princípios de gestão de empresa, etc.
Marcelo,
Fico feliz em saber que nosso blog tem abençoado irmãos nos States. É o milagre da Internet. Sobre suas duas perguntas: creio que o surgimento do dispensacionalismo se deve mais a fatores teológicos do que hermenêuticos. E creio que a hermenêutica gramático-histórica, comprometida com a autoridade bíblica, é uma ferramenta perfeitamente eficaz para analisar o texto bíblico e responder às principais indagações: o que ele significou para os primeiros leitores (exegese), o que significa para nós hoje (aplicação) e de que forma podemos transmitir tudo isso relevantemente aos outros (homilética).
Um abraço.
Adorei o post! Creio que a nossa modernidade, que tem a ciência como religião, é que inventou essa inerrância científica absoluta. Nós cremos na inerrância bíblica que não nega a humanidade dos autores, como bem falou Juan. É uma inerrância não-científica, se é que posso dizer assim. Também creio como Augustus: as aparentes contradições se resolvem com o tempo, com o aprofundamento dos estudos. Deus não nos confundiria dando-nos um livro que se presentifica como autoridade e ao mesmo tempo não a tem, ou a tem em alguns pontos e não em outros. Deus é sábio e a Bíblia é o livro mais extraordinário que existe, com uma coesão fantástica. Suas aparentes contradições são mosquitos perto de sua inteireza.
ResponderUma observaçãozinha para Cláudio: o "apoio da direita americana" a regimes totalitários na América Latina é com freqüência uma jogada da esquerda (com seus meios gigantescos de desinformação) para plantar o antiamericanismo em todo o continente. É precisamente esse o caso do mito de que o Golpe Militar de 1964 foi produzido pelos EUA. Leia, por exemplo, isso aqui: http://www.olavodecarvalho.org/semana/sugestao.htm (e procure saber mais sobre Ladislav Bittman). O próprio José Dirceu era (é?) membro da KGB russa. A falta de livros traduzidos por aqui sobre o assunto é inacreditável, só podendo mesmo ser explicada por uma ação premeditada de desinformação.
Abraços e parabéns, Augustus, por mais um post fundamental!
ADENDO: Esse link aqui é mais completo (excerto do livro de Bittman, em espanhol): http://www.olavodecarvalho.org/espanol/2002/20020918Echando%20por%20tierra%20la%20h.htm. O livro de é The KGB And Soviet Disinformation. An Insider's View, Washington, Pergamon-Brassey's, 1985. Pergunte se a mídia brasileira entrevistou o ex-espião? Nada. Ninguém quis tocar no assunto. E isso já faz 20 anos.
ResponderAchei o texto de Ladislav em português:
Responderhttp://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=108
(Desculpe, Augustus, pelos três comentários seguidos!) :-)
Norma,
ResponderSeu comentário e as referências bibliográficas subseqüentes abrem uma frente de discussão muito relevante. Eu realmente quero saber se o termo "esquerda teológica" é adequado e justo. Não tem porque pedir desculpas.
Samuel,
Desculpe se estraguei o gosto pelo livro. Compre, tem muito mais lá dentro! Sobre o endereço do Marcelo, não tenho como passar pois não tenho o e-mail dele. Mas, podem usar esse espaço para trocar endereços.
Abraços.
Pastor, permita-me dar pitaco no seu termo.
ResponderNa nota ao fim do post o senhor colocou:
“Esquerda teológica protestante e católica” é uma expressão que estou testando para ver se pode ser usada adequadamente para descrever os protestantes e católicos neoliberais. Tenho em mente os adeptos da teologia da libertação, que defendem o ecumenismo, aceitam a alta crítica bíblica e se vêm como comissionados a reinventar a Igreja e a teologia para os dias de hoje. Uso o termo “esquerda” emprestado da política, sem querer identificar os esquerdistas teológicos com esquerdistas políticos, em que pese a agenda e a credenda comum a ambos.
Não ficou muito claro que grupo o senhor quis delimitar, se os que reunem todos os requisitos (interpretação da nota) ou os que reunem um ou alguns dos requisitos (interpretação possível dentro do contexto do post).
Se a delimitação mais correta é a que eu cheguei através da nota pode-se dizer que é impossível separar a teologia esquerdista da política esquerdista (pois todo adepto da teologia da libertação é necessáriamente esquerdista político, embora nem todo esquerdista político seja adepto da teologia da libertação), afinal a teologia da libertação nada mais é que a interpretação bíblica através dos escritos de Marx e outros filósofos socialista de maneira descarada. Se por outro lado for correta a outra interpretação possível (a derivada do contexto) creio que pode ser um pouco equivocada no sentido de confundir um leitor desavisado que leia o termo em um outro lugar sem ressalvas (além de que nesse caso o simples termo neoliberal teológico já seria suficiente).
Espero que eu não tenha complicado mais ainda.
Abraços,
Davi Eduvirges
Amigos,
ResponderNão somente nesse post como em outros do nosso blog, comentários foram feitos acerca da mentalidade secularizada da universidade brasileira.
Aproveito para mencionar que acaba se ser impressa e está em fase de distribuição no Mackenzie a Carta de Princípios 2006, que trata do tema "Ética na Política".
O texto pode ser lido em http://www.mackenzie.com.br/capelania/c_principios2006.htm.
É parte de nossa contribuição para tentar permear a academia com a cosmovisão cristã reformada.
Abraços.
Pastor, o link está incompleto, o correto seria:
Responderhttp://www.mackenzie.com.br/capelania/c_principios2006.htm
Abraços.
Rev. Augustus,
ResponderMuito obrigado por suas observações. Com relação à possível influência de uma hermenêutica ultra-modernista (que se torna “literalista,” não “literal”) sobre o dispensacionalismo, o que quis dizer pode ser ilustrado com um exemplo:
Quando um dispensacionalista lê Ezequiel 37-48, que descreve a renovação de Israel, sua vitória sobre seus inimigos, o novo templo, novos sacrifícios, etc. ele só pode entender tais capítulos como sendo uma descrição do milênio literal e do seu templo literal em Jerusalem, com novos sacrifícios em tudo mais. Qualquer argumentação contra essa hermenêutica que não leva em conta linguagem apocalíptica, a analogia das Escrituras, o cumprimento em Cristo e na Igreja, etc., é rejeitada como sendo uma “espiritualização” inaceitável do texto, como sendo um método medieval (e liberal) que não faz juz ao texto. Segundo essa visão, isso nada mais é do que dar as mãos com os liberais, que não crêem que a Bíblia significa exatamente o que diz. Segundo essa hermenêutica que procura um literalismo Cartesiano, ao meu ver, o sentido literal das Escrituras é perdido para o sentido literalista, que não tem nada a ver com o primeiro.
Claro que não acho que o surgimento do dispensacionalismo no seculo XIX seja um mero fruto de uma determinada hermenêutica. Considerações teológicas e históricas mais abrangentes não podem ser ignoradas. Mas creio que existe uma relação, uma influência. Ao meu ver, não é por acaso que no início do século XX, o Cristianismo na América do Norte foi praticamente dividido em dois campos: os liberais que vinham de denominações “mainline” e os conservadores – os “fundamentalistas históricos” que você citou. Destes, uma grande parte (senão a maioria) eram dispensacionalistas: Moody, Chafer, Scofield, Torrey, Gaebelein, etc. Para muitos destes, em seu contexto, uma hermenêutica mais “Cartesiana” era a única coisa que poderia salvar a Bíblia dos liberais.
Mas posso estar completamente equivocado. Escrevo isso somente para esclarecer o que estava pensando, mas com certeza não sou especialista em hermenêutica. Por isso aprecio tanto seus “insights.”
Abracos,
Marcelo Parga de Souza
Samuel,
ResponderSe você clicar no meu nome, achará um link para email (“Contact Marcelo”) na página que abre. Abracos!
Davi,
ResponderVocê tem razão. Ficou ambíguo. O correto é incluir os que reúnem ao menos uma parte daqueles requisitos e até outros não mencionados aqui, mas que estão associados com o agnosticismo, o ceticismo, a incredulidade quanto à Palavra de Deus. Nesse caso, você mais uma vez tem razão: vou ter que qualificar bastante a expressão toda vez que a usar. Melhor desistir.
Obrigado pela correção do link, mas na minha tela, não há diferença alguma entre o que eu postei e o seu... acho que o problema é o tamanho da fonte do vídeo de alguns computadores, que acabam por não exibir o final do endereço.
Marcelo,
Muito correta sua análise da apologia que o dispensacionalismo faz de uma leitura literalista dos profetas. Amilenistas e posmilenistas, em especial, têm sido chamados de liberais por dispensacionalistas por entender esses textos como tipológicos da Igreja e da dispensação evangélica. Mas há rumores que o dispensacionalismo tem amadurecido nessa área... sinceramente, não sei.
De fato, é bastante possível que muitos fundamentalistas seguiram a hermenêutica literalista do dispensacionalismo com receio (infundado) de uma leitura figurada dos profetas. Sua análise é coerente.
Se você tiver tempo, recomendo a leitura da obra de Iain Murray, Evangelicalism Divided, que documenta cuidadosamente o surgimento do fundamentalismo e a divisão posterior dos dispensacionalistas, bem como os verdadeiros motivos para a cisão.
Um abraço.
Pastor, realmente é a configuração do vídeo, o jeito é colocar o link para clicar que eu não sei como fazer ou dividir na tela (não sei como ficaria melhor).
ResponderA propósito, estou pensando em escrever um post sobre Teologia da Libertação para colocar no meu Blog segunda, tem algo para me indicar (eu não queria deixar a análise apenas em cima de Frei Betto e Boff)?
Davi,
ResponderDesculpe a demora, estive bem ocupado esse fim de semana e o Blogger às vezes ficava fora do ar.
Tenho algum material para compartilhar, indique um e-mail para onde eu possa enviar.
Se quiser, fale-me em pvt: a.nicodemus@terra.com.br
Abraços.
Existe ainda aqueles que confundem fundamentalismo e puritanismo... Em breve vou postar aqui sobre isso.
ResponderEste Blog de vocês tá ótimo! Parabéns.
Charles,
ResponderObrigado por sua visita. Aguardamos seu comentário sobre esse assunto de fundamentalismo versus puritanismo. Aliás, teve um comentário ao nosso blog que alguém mandou, mas que não foi publicado por usar palavras de baixo calão, insultando-nos, que nos chamava de "puritanos" (não é essa a palavra de baixo calão!). Eu havia pensando em postar algo sobre essa confusão. Vou aguardar seu comentário.
Abraços.
Pastor Augustus Nicodemus Lopes,
ResponderRecentemente ouvi uma frase sua que me alegrou bastante o meu coração. A frase é essa: “A Bíblia é verdadeira em tudo que afirma”. É bem diferente do que disse Caio Fábio sobre a Bíblia: “a Bíblia está cheio de erros de todos os tipos”. Mas eu quero fazer algumas indagações sobre o seu o texto que você postou SOBRE A INERRÂNCIA BÍBLICA.
Se “a inerrância é um atributo somente dos autógrafos, ou seja, do texto como originalmente produzido pelos autores inspirados por Deus”, logo pressupõe que as cópias feitas diretamente dos autógrafos ficaram destituídas da inerrância (eu não estou falando de erros de tradução, mas do momento que deixou de ser original e se tornou cópia). Nós não temos os autógrafos, o que temos são traduções traduzidas das cópias dos originais, então a Bíblia que lemos todos os dias não é inspirada? Quando Paulo falou que “toda a Escritura é inspirada por Deus”, será que não inclui também as cópias fiéis feitas dos originais. Será que Deus não tem o poder de preservar a infalibilidade e inerrância da Sua Palavra que chegou até nós? Ou devemos mesmos que diferenciar Palavra de Deus da Bíblia ou Escritura?
“Não creio em inspiração mecânica ou em ditado divino”. O que significa isso? Deus soprou ou revelou ao coração dos apóstolos os seus pensamentos e suas palavras que Ele queria deixar para nós, ou só motivou os escritores e eles escreveram o que eles achavam melhor escrever? Eu não estou falando da maneira de escrever de cada autor bíblico e muito menos da época em que foram escritas, mas de todo o conteúdo da Bíblia. Eu só quero entender?
“Ao terminar esse post, perguntei a mim mesmo se não é teimosia continuar a acreditar na inerrância da Bíblia depois de ter listado tantas dificuldades e feito tantas ressalvas. Quando penso, por outro lado, em todas as dificuldades e ressalvas que a esquerda teológica tem que enfrentar para defender a validade e a relevância para hoje de uma Bíblia que é cheia de erros e contradições, não sendo mais que um mero registro humano da fé de Israel e dos primeiros cristãos eivado de mitos e fábulas, vejo que é mais coerente continuar crendo na inerrância”. Se bateu essa dúvida em você, imagine um irmão novo convertido que ama a bíblia como palavra inerrante de Deus ao saber que só os autógrafos são inspirados, que as cópias não. Tudo bem você continua firme crendo na autoridade da Palavra de Deus, mas isso não poderia trazer confusão? Continuar crendo na inerrância porque é mais coerente ou continuar crendo porque é mesmo a Palavra de Deus é absoluta e perfeita?
Em uma palestra promovida pela editora fiel você fala que há contradições na Bíblia e Chama de contradições aparentes porque no resultado final não são contradições. Só são aparentes porque não encontramos resposta, por que falta alguma novidade, alguma informação e acrescenta: às vezes a arqueologia ajude a gente a descobrir e dissolver algumas dessas contradições. Penso que nesse caso o senhor quis dizer que contradição aparente não significa inerrância. Concordo nisso. Mas será que precisamos da arqueologia para dissolver as aparentes contrações? Ou basta crê na inerrância da Bíblia? Será que temos que provar para ciência que a Bíblia é Palavra de Deus e não tem falha nenhuma. Será que a Bíblia é verdadeira em tudo que afirma por que a ciência tem comprovado e confirmado muitas coisas? Você não acha que ela é verdadeira em tudo que afirma com comprovação ou sem comprovação da ciência? Se tivermos que crer na Palavra de Deus pelas comprovações da ciência ou porque a ciência confirmou o que ela já havida dito, isso não é fé. Cremos por que Deus disse ou por que o cientista disse?
Com estima e respeito.
Prezado Diniz,
ResponderVou tentar responder as suas dificuldades dentro das limitações de tempo e espaço.
1 - A inerrância não é um atributo do papiro ou do pergaminho em que João, por exemplo, escreveu o autógrafo do seu Evangelho, mas do conteúdo que João colocou ali. Se for feita uma cópia fiel deste conteúdo, esta cópia contém a inerrante mensagem de Deus através de João. E se este conteúdo da cópia for copiado para outra cópia de maneira fiel, igualmente esta terceira cópia conterá a inerrante Palavra de Deus.
2 - Temos mais de cinco mil manuscritos do NT, que são cópias, de cópias, de cópias. Neste processo de copiar, ocorreram erros de cópia, como omissão, duplicação, substituição de palavras e frases inteiras, e infelizmente alterações maliciosas ou não de conteúdo teológico. Portanto, se faz necessário o trabalho dos estudiosos e expertos em manuscritologia bíblica para recobrar aquela mensagem original e livrá-la destes erros de copistas. Através de um processo meticuloso de comparação, os estudiosos nos asseguram que temos certeza de mais de 95% do texto original do NT, e os 5% restantes envolvem divergências de palavras ou troca sequencial de palavras ou ainda coisas pequenas que em absolutamente nada afetam a mensagem central do NT.
3 - Inspiração mecânica ou ditado divino é o nome que se dá ao processo em que Deus simplesmente manda o autor escrever exatamente o que ele está dizendo. Os Dez Mandamentos certamente foram escritos assim, mas a maior parte das Escrituras não. O que em nada diminui a sua inspiração, pois Deus de tal maneira supervisionou o processo de escrita, que ao final o resultado é sua pura e perfeita Palavra.
4 - Todo crente verdadeiro já passou por dúvidas e questionamentos. Se você não consegue ler isto porque se sente abalado, então sua fé realmente precisa de fortalecimento. Prepare-se para confrontações, perguntas, dúvidas e perguntas que certamente acompanham o crente até o dia de sua morte. O que nos conforta é que em meio a tudo isto nosso Deus testifica em nosso espírito que somos Seus Filhos.
5 - A arqueologia e outras ciências são ferramentas ótimas para confirmar aquilo que pela fé já sabemos, e não devem ser desprezadas, pois toda verdade é de Deus, mesmo na boca de um arqueólogo.
ResponderA Trindade criou os céus e a terra e permitiria que a Sua Palavra fosse desvirtuada ou fraudada? Penso que não.
Mudando de assunto, andar de moto é tentar a Deus? E se for em alta velocidade mas em autódromo?
Abs
Pastor Augustus,
ResponderA despeito do habitual brilhantismo na exposição de temas controversos como este, fico me perguntando até aonde vamos filigranar a fé. Explico rebuscando fatos da minha meninice, quando acossava minha velha vó com perguntas acerca da bíblia de difícil resposta. Dizia eu: "vó, como é que Jonas foi encolhido por um peixe? Como ele passou na garganta do peixe? E como ele ficou no estômago do peixe três dias e três noites? E como..." Ao que a minha vó mansamente respondia: "Filho, crê somente".
Penso, Pastor, que na atualidade, quando o mundo proclama a relativização de tudo, inclusive da verdade, há que se resguardar a fé desse racionalismo exacerbado e colocá-la de volta ao plano da qual jamais deveria ter saído, o da simplicidade de corações que crêem.
A Palavra de Deus para mim é inerrante porque é assim que ela se declara, quando Paulo aconselha a Timóteo: A Escritura é divinamente inspirada e ela é capaz de fazer o homem de Deus perfeito e perfeitamente instruído para toda a boa obra.
Compreendo perfeitamente que este artigo analisa teologicamente um tema tão intrincado quanto a inerrância da Bíblia. O meu cuidado é que as discussões que ele provoca não afastem o povo de Deus da simplicidade e da sabedoria para a salvação, atirando-o num academicismo de porquês infindáveis que redunde, finalmente, em que cada um tenha a sua própria bíblia segundo o seu próprio entendimento.
Graça e Paz
Cesar Ramos
Até o ponto de que Cristo é a própria palavra: no princípio era o verbo e o verbo era Deus, e o verbo estava com Deus...
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