Aproveitei a viagem para Manaus, ida e volta, para ler no
avião o livro de Alister McGrath "O Deus de Dawkins: genes, memes e o
sentido da vida", publicado pela Shedd Publicações em 2007. A leitura é
cativante e embora os temas sejam complexos para quem não tem formação em
biologia, química e física, como eu, McGrath consegue falar deles de maneira
simples e fácil. Acho que entendi os pontos principais da obra.
Dr. Richard Dawkins |
Como todo mundo sabe, Richard Dawkins é um dos principais
ateus modernos, conhecido pela maneira radical e raivosa com que ataca a
religião e os religiosos em geral. Possuidor de uma vasta cultura e sólida
formação em sua área (biologia evolutiva), Dawkins é um dos mais ferrenhos
defensores do evolucionismo darwinista, tendo sido apelidado de "o
rottweiler de Darwin".
Alister McGrath tem doutorado em biofísica e
teologia, ambos em Oxford. Foi ateu e evolucionista darwinista até se converter
ao Cristianismo ainda estudante universitário. Este é seu segundo livro sobre
Dawkins. O primeiro, "O delírio de Dawkins," foi uma reposta ao
"Deus - um delírio" do famoso ateu, best-seller no Brasil.
Rev. Dr. Alister McGrath |
McGrath leu todas as obras de Dawkins – O Gene Egoísta, O
Capelão do Diabo, Desvendando o Arco Íris, etc. – e responde em "O Deus de
Dawkins" às principais acusações de Dawkins à religião em geral e ao
cristianismo em particular, que são estas: (1) A visão darwinista de mundo tornou Deus uma ideia
desnecessária e impossível; (2) A religião faz afirmações com base na fé e
abandona a verdade calcada em evidências; (3) A religião oferece uma visão de
mundo extremamente pálida e pobre; (4) A religião leva ao mal, como um vírus (meme)
que infecta a mente.
Foi intelectualmente satisfatório ler a demolição radical
que McGrath faz destes conceitos usando os mesmos argumentos de Darwin e de
outros cientistas ateus, sem sequer citar a Bíblia uma única vez. McGrath traz informações
e resultados da pesquisa histórica e científica que Dawkins faz questão de
omitir em sua obra, como por exemplo os 80 a 100 milhões de mortos debaixo dos
regimes comunistas ateus ou ainda as mudanças de paradigmas científicos ao
longo da história da ciência. McGrath submete as idéias de Dawkins a rigoroso
exame científico e empírico e constata que, em que pese o brilho do cientista
ateu e sua extraordinária capacidade e domínio da sua área, boa parte de seus
ataques ao cristianismo não passa de retórica, por vezes do mais baixo tipo.
Recomendo a obra de McGrath para quem lida com colegas,
amigos ou professores ateus admiradores de Dawkins. Veja abaixo os links para
os livros de McGrath sobre ateísmo em português:
Louvei a Deus por levantar homens preparados em todas as
épocas para responder aos que dizem em seu coração, "Não há Deus" (Salmo 14:1).
10 comentários
comentáriosGlória a Deus por isso.
ResponderCaro Rev. Augustus, têm um ótimo debate entre eles no youtube, legendado em português: http://www.youtube.com/watch?v=tV9GDuhb-ec&feature=relmfu
ResponderAcho que também seria importante a informação de McGrath, conservador em sua teologia, também é evolucionista teísta. Ele inclusive afirma no debate que não incompatibilidade entre as posições.
Abs
Renato
Eu tinha ouvido que ele era evolucionista teísta e sempre o li com isto em mente. Mas, acho que o teísta pesa muito mais que o evolucionista, pois ele parece rejeitar a ancestralidade comum, o elemento fortuito e randomico da seleção natural e considera a teoria darwinista da evolução como carecendo de revisão e mudança. Além do mais, não fica claro para mim se ele acredita na macro evolução (esta é problemática) ou somente na micro, que é cientificamente provada e nunca negada pelos cristãos. De qualquer forma, o ponto forte dele é arrebentar com o ateísmo como corolário inevitável da ciência e especialmente da teoria da evolução. Abs.
ResponderPastor Augustus,
ResponderPreciso de sua ajuda e orientação em algo sério e pessoal. Gostaria de seu email, pois já enviei um e não sei se o mesmo está ativado, foi um que econtrei no site Mundo Cristão. Perdão por estar usando essa ferramenta, não sabia mais como e por onde entrar em contato. Desde já, agradeço sua atencão.
"Ana",
ResponderNão tenho como lhe passar meu e-mail aqui no blog, pois prefiro mantê-lo reservado. Crie um e-mail e coloque num comentário. Não publicarei o comentário e escreverei para você.
Augustus
A micro evolução não gera espécie diferente, o problema é a macro, que nunca foi provada (darwinismo propriamente dito). Parece que McGrath somente faz comentários da micro, como muitos outros doutores protestantes (Norman Geisler por exemplo)!
ResponderAbraços, bela sugeestão
Orlando
souteologico.blogspot.com
Pessoas como Dawkins são o tipo de néscios do salmo 14, porque demitem o próprio Criador para que suas trevas interiores sejam o índice máximo de sabedoria e pureza sem nem ao menos haverem criado a si mesmos.
ResponderOs dawkins que tropeçamos pela vida afora são a prova que a ignorância é o melhor garoto-propaganda de si própria, porque quanto mais ignorância melhor. Quanto mais na deprevação total do pecado em que nos encontramos, mais nos achamos os mais ungidos e santos.
JOÃO EMILIANO MARTINS NETO
Li esse livro numa viagem recente também, e fiquei muito feliz pelo jeito que McGrath escreve. Ele consegue ser cristão e bíblico ao mesmo tempo que é humilde em reconhecer os pontos em que a Ciência de Dawkins é relevante.
ResponderSó uma correção ao post: na verdade, "O Deus de Dawkins" oi escrito antes de "O Delírio de Dawkins". Li os dois, e acho o primeiro mais completo que o segundo.
Rogério, obrigado pela correção, anotado. Abs.
ResponderComo é mesmo ? O Sr. Alister McGrath era ateu e deixou de sê-lo? Quer dizer, o sujeito descobriu que as religiões são superstições mais elaboradas mas passou acreditar nelas? Seu Deus era imaginário mas passou a seer real? Seus livros ditos sagrados eram fabulescos mas passaram a ser a fonte da verdade? Ao invés de de ter sido ateu, por acaso ele não era apenas um religioso relaxado que resolveu tornar-se mais ortodoxo? Pois é difícil abandonar a realidade e adotar a fantasia. Assis Utsch
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