Estou surpreso com o recrudescimento do liberalismo teológico em nosso país. Na Europa onde nasceu, o método histórico-crítico, a hipótese documentária quanto à formação do Antigo Testamento, as críticas da fonte e literária, foram há muito abandonadas, embora substituídas por métodos e perspectivas igualmente perniciosas para a fé evangélica. Aqui no Brasil todavia, as idéias de Wellhausen, Strauss, Bultmann e um monte de alemães do século passado continuam a ser ensinadas nos seminários e escolas de teologia como se fossem a última novidade, a expressão máxima da “exegese científica”. O que é de estranhar, pois liberais sempre detestaram coisas antigas e sempre defenderam que cada geração deve fazer sua própria teologia.
Acredito que a difusão do velho liberalismo aqui em nossas terras se deve em primeiro lugar ao pentecostalismo, que providenciou a clientela para os cursos de teologia e ciências da religião moribundos e deficitários das denominações evangélicas históricas e das universidades públicas. Após terem crescido e conquistado o Brasil, pentecostais e neopentecostais resolveram estudar – e à semelhança de Israel no passado, que adorava os deuses dos povos conquistados por ele, foram buscar os mestres, os cursos e os livros das denominações evangélicas numericamente inexpressivas, sem se perguntar por que elas estavam se esvaziando no decorrer dos anos.
A possibilidade de reconhecimento pelo MEC dos cursos de teologia dos seminários maiores das denominações aumentou ainda mais a procura pelos estudos formais. Pastores e obreiros evangélicos passaram a ser instruídos por professores de teologia que nunca foram pastores de igrejas, nunca cuidaram de almas, e que não tinham o menor escrúpulo em acabar com a “fé inocente” dos que acreditavam em tudo que a Bíblia dizia.
Não sou contra a educação teológica – acho que nem precisava dizer isso, depois de ter obtido três graus na área de teologia, escrito mais de uma dezena de livros acadêmicos, ensinado em escolas de teologia e universidade e ter sido diretor de seminário e de uma escola de pós-graduação em teologia. Todavia, sou contra a propaganda enganosa feita pelos adeptos do método histórico-crítico de que o mesmo é científico; sou contra a premissa deles de que para realmente entendermos a Bíblia temos de nos livrar do pressuposto da fé; sou contra a representação falaciosa que fazem dos conservadores, como idiotas e burros sem capacidade intelectual; sou contra a zombaria e escárnio deles contra a doutrina da inspiração, infalibilidade e inerrância das Escrituras; sou contra a hipocrisia dos que não acreditam em nada e que aos domingos, para manter um emprego em uma igreja, pregam como se a Bíblia fosse a Palavra de Deus.
As coisas nem sempre acontecem da mesma forma em todos os lugares. Se acontecessem, não seria difícil profetizar quanto ao futuro do evangelicalismo brasileiro, a continuar como vai, e na direção que vai: a secularização das escolas de teologia e a morte de suas igrejas.
Todavia, tenho esperança, pois ao mesmo tempo em que o liberalismo teológico penetra profundamente nos maiores grupos evangélicos, cresce o interesse de outros desses grupos pela fé reformada. Nunca houve tanta demanda e tanta procura da parte dos evangélicos por livros, sermões, eventos e material reformado como hoje. A semeadura do trigo irá de alguma forma contrabalancear aquela do joio. Essa é a minha oração.
sábado, maio 19, 2007
O Retorno de Pé na Cova
Postado por Augustus Nicodemus Lopes.
Sobre os autores:
Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.
O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.
O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.
20 comentários
comentáriosCaro Augustus:
ResponderExcelente post. Sempre me surpreende a capacidade de ressurreição de idéias carcomidas por nossos intelectuais teológicos.
Procurei expressar algo semelhante em: "A falácia dos liberias - 'temos uma teologia contemporânea'" (http://tempora-mores.blogspot.com/2006/02/falcia-dos-liberais-temos-uma-teologia.html).
É realmente uma visão da questão que deve ser repetidamente trazida à atenção da igreja brasileira.
Um abraço,
Solano
Há dois anos que não leciono em nenhuma instituição teológica, mas, percebo como é perigoso uma orientação teológica confusa, despreparada e ignorante acerca dos livros e textos dos liberais. Como alguns colegas de docência indevidamente enaltecem estes estudiosos que externamente apresentam erudição, pesquisa acurada, e diversidade de pensamento tentando vender a idéia que a sua "erudição" é o novo ídolo que os melhores estão buscando. Mas o problema é que não é a erudição que eles querem oferecer, mas a sua teologia corrompida. De vez em quando precisamos de profetas gritando em alto e bom tom: "há veneno na panela"!!! Mesmo que a panela tenha uma aparência atraente.
ResponderO liberalismo se parece com aquele conto infantil "A roupa nova do rei" de Hans Christian Andersen [www.alfredo-braga.pro.br/contos/oreiestanu.html] onde somente os inteligentes conseguem ver o que os demais não alcançam por serem obscurantistas! Ter a mente aberta para novos horizonte e coragem para questionar absolutos. Na realidade isto é tolice.
Lembro de um presbíteros que veio à minha biblioteca teológica e admirou-se ao ver, entre outros tantos livros, a volumosa Teologia do Novo Testamento de Bultamann, e perguntou-me se era um material de boa qualidade, expontaneamente sem querer entrar em detalhes quanto a premissas e metodologias usas por este autor, simplesmente lhe respondi: "deste grosso livro num dá para tirar nem um estudo bíblico para a igreja!!!"
Caro Pr Nicodemus,
ResponderBrilhante postagem, que reflete, de uma forma muito direta, a realidade contemporânea. Sou um estudante de Teologia, embora seja Pentecostal me intitulo reformado. Isso ocorre em mim depois de ter passado por algumas universidades em São Paulo, onde entre outras coisas aprendi a inaltecer a pessoa do Espirito Santo em detrimento à pessoa de Cristo, e não falataram lugares para me ensinar que tudo na Bíblia eram apenas histórias, e que pecado e inferno eram coisas inventadas.
Depois de tudo isso que aprendi passei horas chorando a Deus, pois tudo isso era contrário a tudo que a Fé em Cristo haviame ensinado. Foi assim que conheci a teologia reformada, e meus olhos brilharam quando vi que para os reformados a Bíblia é a palavar de Deus, inspirada, infalível e sustentada por Ele.
Louvo a Deus por ter encontrado o caminho de volta as Escrituras, e assim creio em Jesus como diz as Escrituras, nas palavras do prórpio Senhor: "Aquele que crê em mim como diz as Escrituras..."
Me junto pastor Nicodemus a vc e em sua oração.
Que coisa linda o testemunho do Ateu De Mim.
ResponderEu também passei um tempão chorando e orando logo depois que descobri (bem tardiamente, até) que dentro dos seminários e dentro das igrejas havia penetrado o mesmo pensamento permeado de relativismo e esquerdismo com que eu me defrontara anos na faculdade. Chorei de indignação e tristeza, porque não imaginava que a "coisa" tinha posto suas garras até no ensino do meio acadêmico evangélico. Mas Deus é bom e está em Suas mãos reverter a situação, também através dos crentes verdadeiros que se postarem aos pés Dele. O que mais quero é ver florescer mais e mais no Brasil, com força e influência, uma real inteligência bíblica, protestante, acadêmica e MUITO fiel a Deus. Se Ele permitir e se estiver em Seus planos, quero dedicar boa parte de minha vida a promover isto!
Great post, como sempre!
Grande abraço aos amigos!
Esses dias estávamos estudando teologia contemporânea da américa latina, especificamente o texto de Nicodemus sobre Boff e TL(http://mackenzie.br/teologia/fides/vol03/num02/Augustus.pdf).
ResponderMe lembrei então de um dia ter feito um curso à distância no seminário presbiteriano do Rio de Janeiro. Eu era mais novo, e não é que a bibliografia básica era um material do Croatto? Comi aquele treco e tirei 10! Pela soberania de Deus, não fiquei doente e isso ficou para trás. Mas, e os outros que faziam aquele mesmo curso online?
Gostaria de saber como a Junta Educacional da IPB vai tratar esse tipo de coisa.
Abraços
José Eduardo - STEP
Olá Rev. Augustus, Parabéns pelo escelente post.
ResponderNão tenho curso teológico, mas através da internet tenho encontrado acesso aos mais diversos tipos de teologia, desde a fundamentalista até a liberal. E, posso dizer que em nenhuma linha encontrei equilíbrio, sobriedade e e coerência bíblica tal como na teologia reformada.
Hoje tenho procurado viver essa fidelidade ao ensino bíblico conforme nos foi legado pelos principios da Reforma.
Recentemente adquiri duas Teologias Sistemáticas, a de A.H. Strong e a de W. Grudem. Gostaria de saber o que o senhor acha dessas duas obras teológicas.
Um abraço.
Emerson.
Prof. Augustus Nicodemus,
ResponderQue bom que a sabedoria, a santidade e o bom-humor estão aqui tão bem representados. Eu ri “às bandeiras despregadas” quando li o título “O Retorno de Pé na Cova” encimando a belíssima foto de um velhinho desdentado, que mereceu bem esse epíteto que eu, por minha própria conta e risco, acredito ser um liberal.
Quanto ao assunto, eu digo: “Iça!” “Opa!”, “Eia!”, pois é boa a lembrança de que está havendo uma busca crescente por livros reformados. Sim, senhor, cada diz mais vejo que, embora timidamente, siglas como PES, Fiel e que tais ocupam mais espaço nas prateleiras de amigos meus, em parceira (ou direi concorrência?) com outras marcas já conhecidas como Betânia, Vida Nova, Ultimato, Central Gospel, CPAD e quejandos.
Ai, ai, preferi ver só as rosas desta vez. Depois, quem sabe, comente (com sua permissão) sobre os espinhos.
“Iça!” “Opa!”, “Eia!”.
Marcelo Hagah
João Pessoa-PB
Amigos,
ResponderObrigado a todos pelos comentários e reações. Ao Emerson respondo que Strong e Grudem são bons para um conhecimento geral da teologia, mas têm seus próprios distintivos. Strong é batista conservador e Grudem é reformado, embora com uma visão considerada não reformada sobre profecia contemporânea.
Abraços.
Aqueles que desejarem ler algo que realmente abunde vigor intelectual e mantenha a fidelidade com a Escritura Sagrada leiam autores como Robert L. Reymond, Gordon Clark, Vicent Cheung, O. Palmer Robetson, Nancy Pearcey e outros gigantes da sã doutrina.
ResponderTenho um blog [www.textocalvinista.blogspot.com] em que tento apresentar alguns trechos de autores estritamente calvinistas para que leitores brasileiros conheçam algumas das obras destes zelosos servos de Deus.
Foi com grata surpresa que encontrei este excelente post neste excelente blog. Rev. Nicodemus, mais uma vez o senhor acertou na mosca. Permita-me narrar meu testemunho em poucas palavras: convertido desde 1997, ano passado saí de minha cidade com minha esposa, abandonamos nossos empregos, deixamos para trás familiares, amigos, igreja; para que eu pudesse estudar teologia numa faculdade reconhecida pelo MEC (de uma denominação não-pentecostal). Nas primeiras aulas, notei algo de estranho nos professores (em todos eles!). Eis alguns de seus ensinos: a Bíblia não é infalível; Deus não conhece o futuro e está sempre à espera da ação do homem para "reagir" (Ele não age, reage); profecias bíblicas verdadeiras não existem (Is 40-66 foi escrito anos depois de Ciro existir, o livro de Daniel foi escrito pouco antes dos tempos de Jesus, o sobrenatural de Deus é uma farsa); o Espírito Santo é um ser feminino; a doutrina adventista do sono da alma após a morte é verdadeira; anjos e demônios não existem, e o diabo é produto da imaginação e do folclore cristãos; a cruz de Cristo não foi planejada nem imaginada por Deus, foi produto unicamente da maldade humana, e Deus, no último instante, conseguiu usá-la para um fim proveitoso, mas na verdade a cruz não era necessária, foi uma tragédia, nada mais. E talvez Cristo não tenha ressuscitado fisicamente, mas tudo bem, o que importa é o kerigma!
ResponderMinha esposa e eu sentimos falta de nossa família, de nossos amigos, de nossa igrejinha no interior do RS que crê na Bíblia como Palavra de Deus. Mas estamos longe de casa, numa Capital, porque cremos que Deus nos chamou para o ministério. Mas às vezes fico ouvindo meus professores e pensando se tudo isso valeu a pena.
Obrigado por este blog. Obrigado pelas postagens. Obrigado pela fidelidade à Bíblia. Continuem assim. Que Deus os abençoe.
Muito bom o post, Augustus... e ficamos contentes em saber que apesar deste ressurgimento do Liberalismo em nosso país, ainda podemos ver o crescimento da fé Reformada em muitos lugares...
ResponderAntes que eu me esqueça, fiquei muito contente ontem por ver que na abertura da Semana da Administração no Mackenzie, o capelão pode trazer um breve devocional àquela multidão de alunos, com a leitura da Palavra e oração. Parabéns pela iniciativa da chancelaria.
Olá, amigos
ResponderBom saber que tem gente séria que ainda tem coragem de defender o bom ensino das Escrituras. Não sou teóloga, mas me interesso muito por alguns temas da área, e muitas vezes é difícil aceitar algumas coisa que se acham por aí.
Graças a Deus por estas palavras de coragem.
Que Deus os abençoe,
Gardenia
Caro Augustus:
ResponderO comentário abaixo, entre aspas, foi postado em meu blog. Leia-o:
"Caro Pastor Geremias,
"Há pouco lhe escrevi dizendo que causava-me estranheza os ferrenhos anti-pentecostais do Makenzie festejando a CPAD. Veja essa do Augustus Nicodemus botando a culpa em nós por um problema nitidamente originado nas fileiras do protestantismo reformado, diz ele: 'A Acredito que a difusão do velho liberalismo aqui em nossas terras se deve em primeiro lugar ao pentecostalismo, que providenciou a clientela para os cursos de teologia e ciências da religião moribundos e deficitários das denominações evangélicas históricas e das universidades públicas. Após terem crescido e conquistado o Brasil, pentecostais e neopentecostais resolveram estudar – e à semelhança de Israel no passado, que adorava os deuses dos povos conquistados por ele, foram buscar os mestres, os cursos e os livros das denominações evangélicas numericamente inexpressivas, sem se perguntar por que elas estavam se esvaziando no decorrer dos anos.' http://tempora-mores.blogspot.com/2007/05/o-retorno-de-p-na-cova.html
Paulo Silvano pr."
Em seguida, respondi ao remetente que não havia sentido lhe dar qualquer resposta em meu blog, por referir-se a um assunto apresentado aqui, não lá: Leia, por favor, a minha resposta, também entre aspas:
"Caro Paulo Silvano:
"Não é correto nem acadêmico que eu faça qualquer comentário ao artigo de Augustus Nicodemus baseado apenas no parágrafo que o caro amigo pinçou, porque, mais uma vez, estaremos ferindo as regras de hermenêutica. Ao mesmo tempo em que este assunto está sendo tratado lá, no blog dele, não aqui!
"Deste modo, prefiro postar um comentário completo no próprio blog O Tempora, O Mores! para que o próprio Augustus possa interagir comigo e, aí sim, o amado pastor pode comentar à vontade... mas no blog O Tempora! O mores! Não acha justo assim?"
Vamos lá, então!
Pelo que percebo, quanto ao texto que você escreveu, o Paulo Silvano comete o mesmo erro de produzir o seu libelo, talvez involuntariamente, pinçando apenas a parte que lhe interessa e favoreça ao que ele pensa. A interpretação fica tendenciosa. Quem lê apenas o parágrafo a que se referiu, pensará uma coisa. Terá a idéia de que você está criticando o pentecostalismo, pois é isso que ele quer deixar transparecer. Mas quem lê o seu texto despido de qualquer condicionamento, usando apenas aquelas "regrinhas" básicas de hermenêutica, verá que você diz outra completamente diferente.
1) Você assume, por exemplo, o fato de os seminários das denominações históricas terem sido o veículo para a introdução do liberalismo teológico no Brasil até porque as igrejas pentecostais não tinham seminário. Uma questão de lógica! A "mea culpa" está implícita. Admite até o esvaziamento das igrejas históricas por causa disso!
2) Você pressupõe essas teses como já envelhecidas e superadas em razão da resistência daqueles que se mantêm fiéis à fé reformada e pelo próprio esgotamento do liberalismo em sua falta de biblicidade. É o que de fato aconteceu!
3) Você vê uma tentativa de renascimento das teses liberais em instituições históricas em razão de os pentecostais "acordarem" para o estudo teológico acadêmico, produzindo então uma demanda, que, em muitos casos, vem sendo preenchida por professores ligados a essa corrente. É um fato, infelizmente.
Para confirmar este ponto, veja o que me aconteceu. Não faz muito tempo, ao término de uma aula inaugural do seminário "interdenominacional" de minha cidade, proferida em minha própria igreja, tive de refutar ponto por ponto as "asneiras" do professor convidado, um desses liberais, senão os alunos, a maioria de origem pentecostal, ficariam confusos com a sua "cara de pau" em afirmar que a Bíblia é um livro mitológico, entre outras alusões liberais. No entanto, mentes desavisadas e não acostumadas ao labor teológico, acabam vendo nisso "a grande descoberta" teológica dos últimos dias, quando, na verdade, não passa de uma roupa velha remendada e cheirando a mofo.
4)Você deixa explícito que a enxurrada de novos cursos teológicos nos últimos anos, grande parte deles sem nenhuma estrutura, tem sido o ambiente ideal para a "algazarra" desses professores, "que nunca foram pastores de igrejas, nunca cuidaram de almas, e que não tinham o menor escrúpulo em acabar com a 'fé inocente' dos que acreditavam em tudo que a Bíblia dizia. Duas premissas aparecem aqui: a) a constatação da existência de cursos teológicos de fundo de quintal, um fato incontestável, e a de que os pentecostais, em sua tradicão histórica, crêem na Bíblia como a inspirada Palavra de Deus, o que é consistente com o ponto de número 3.
5)Você admite, por último, que "enquanto o liberalismo teológico penetra profundamente nos maiores grupos evangélicos brasileiros, cresce o interesse de outros desses grupos pela fé reformada". Aqui vão duas observações:
A primeira é que, de fato, muitos dos penduricalhos do neopentecostalismo mais se parecem com o relativismo da pós-modernidade e acabam sendo fruto desse liberalismo que descrê de tudo, mas aceita tudo. Qualquer coisa vale!
A segunda tem a ver com a expressão "fé reformada". Conquanto mais recentemente ela venha sendo aplicada às igrejas calvinistas, abrange também, "lato sensu" todas aquelas que vieram da Reforma, calvinistas ou arminianistas, e que adotam por princípio "Sola Scriptura, Solo Christo, Sola gratia, Sola fide".
Em outras palavras, ao mesmo tempo em que você reconheceu haver muitos evangélicos (inclusive pentecostais) perfilados ao liberalismo, também pressupôs a existência de outros (inclusive pentecostais) abrigados sob a fé reformada, sejam calvinistas, sejam arminianistas. Como deixei a entender em comentário no meu blog, reportando-me ao próprio Paulo Silvano, em tópico anterior, não podemos abrir mão de conceitos cristão e bíblicos só porque são tratados com mais ênfase no calvinismo.
John Wesley, um arminianista, e Carlos Whitefield, um calvinista, souberam dar-se as mãos pela causa maior: a salvação das almas.
É dessa forma que entendo o que você escreveu e é assim que respondo, aqui, ao post do Paulo Silvano em meu blog, comentando o seu presente artigo.
No dia em que eu também discordar de você, não ficarei sem deixar aqui o meu respeitoso comentário.
Um abraço.
Caro Pastor Geremias,
ResponderObrigado por trazer para cá o comentário do Silvano, a quem já peço desculpas se fiz uma generalização injusta. Não são, absolutamente, os pentencostais como um todo ou como denominações que são os clientes das escolas liberais. Mas a verdade é que grande parte dos alunos dessas escolas são provenientes de denominações pentecostais e neopentecostais.
No mais, agradeço a análise justa do meu ponto de vista e já antecipo que receberei seus comentários discordantes, que porventura vierem.
Deixe-me ainda esclarecer ao Silvano que minhas postagens, as postagens do Solano e do Mauro não representam a posição do Mackenzie, do qual somos funcionários. Estamos aqui nesse blog na qualidade de cristãos calvinistas, não de representantes do nosso local de trabalho.
Um abraço.
Pr. Augustus,
ResponderDepois de algum tempo longe do mundo dos blogs, estou de volta.
Muito bom o seu texto!
Não sou estudante de teologia mas gosto de ler o material reformado. Seu blog junto com o site monergismo tem sido ótimas fontes de estudo online. Mas leio e escuto muita sujeira vinda dos seminário teológicos de denominações históricas. Tenho vontade de fazer uma pós ou mesmo uma graduação em teologia mas desanima MUITO pensar que terei de ouvir e ler tantas heresias.
Que Deus continue te usando.
Um abraço,
João de Séllos
Augustus,
ResponderEu estudei em uma instituição liberalíssima em 1985... dos alunos que ali chegaram, a maioria advindos de comunidades simples, de gente que crê na Bíblia, quase todos terminaram o primeiro semestre sem acreditar no texto das Escrituras. 4 meses de 'estudos científicos' foram o suficiente para triturar o conceito de Palavra de Deus.
Não tenho idéia do que aconteceu com nenhum deles... perdi completamente o contato, mas sei que o "pé na cova" ainda não morreu e nem será tão cedo...
Depois, estudei em outra instituição onde todos os professores tinham formação teológica, mas nenhum cria que a fé revelada está nas Escrituras. Sofri em todas estas ocasiões por ver o poder devastador destes professores sobre gente que 'cria' e deixa de crer.
Me entristeço muito ao ver que isto continua acontecendo e que, na avidez de ser ter 'curso reconhecido pelo MEC', muitos estão se confundindo ainda mais. Junto minha oração à sua...
abs
Rev. Nicodemus, gostaria de saber em que pé se encontra o "Pé na Cova" na Europa e EUA - a teologia liberal foi substituída pelo quê? Ou ainda é forte por aquelas bandas? Também gostaria de saber sua opinião sobre a hipótese documentária (especialmente a respeito do Pentateuco e seus supostos documentos J,P,etc).
ResponderSeria interessante um post apologético sobre essas questões, que tal? (Próximo semestre teremos aulas sobre o Pentateuco na faculdade onde estudo, e nossos professores certamente estão ansiosos para nos desconverter...)
Obrigado e até outra...
Rev. Nicodemus.
ResponderExcelente reflexão e apontamento.
Deus o abençoe.
Luis
Há quase 10 anos abandonei o seminário de minha denominação por conta desse liberalismo teológico. Era nauseante ver professores-pastores de cadeiras do seminário ridicularizar as Escrituras e saber depois que os mesmos estavam aos domingos "pregando" a Escritura Sagrada em suas igrejas! Fui motivo de deboche ao defender como eles mesmos chamavam a "minha fézinha de escola bíblica dominical". Hoje graças a Deus, essa "fézinha" tem me sustentado e infelizmente vi e ainda vejo muitos desses "mestres" com suas vidas, igrejas e "teologias" arruinadas.
ResponderPrezado Rev. Augustus
ResponderMuito interessante seu post – eu me pergunto o que aconteceria se, ao invés de proteger os nossos jovens, preservando-lhes a “fé inocente”, tivéssemos em nossas igrejas Escolas Dominicais vibrantes, cheias de conteúdo denso e maduro, evidentemente dosado de acordo com o ambiente da classe – idade, instrução, nível sócio-econômico, grau de interesse dos alunos, etc. – onde o estudo fosse baseado não somente na Bíblia, porém também na CFW, teologias sistemáticas reformadas, livros doutrinários, com a exposição dos erros e heresias das gerações passadas e atuais.
Dessa forma, mesmo os que não se sentissem vocacionados para os seminários sentir-se-iam menos “inocentes” e capazes de reagir, embasados na Palavra, contra os “ventos de doutrinas” que soprassem no mundo.
Pena que isso não acontece – seguimos com o mesmo conteúdo e métodos de ensino de 40, 50 anos atrás, adultos ouvindo as mesmas coisas que ouviam no Depto. Infantil, com as mesmas ilustrações, com professores com um alto grau de indigência Bíblica e cultural, mais preocupados com o relógio e com o “conteúdo programático” do que com o Ensino da Palavra de Deus, desacostumados ao questionamento, aliás pouquíssimo estimulado.
Depois, quando vêm os liberais a apresentar-nos Tübingen ou Marburg como as últimas novidades, ou um filme como o Código da Vinci, ficamos surpresos que as pessoas se deixem seduzir. Conheço várias pessoas que se afastaram assim – sentiram-se “tratadas como crianças” nas suas Igrejas, “traídas” porque seus pastores nunca lhes “contaram a verdade”, Adãos e Evas em busca do “conhecimento do bem e do mal”.
É por isso que não devemos preservar a “fé inocente”, porém a fé amadurecida com alimento sólido.
(os meus olhos se abriram no começo dos anos 90, em uma certa Igreja no Recife, em uma classe de Escola Dominical em que se ensinou a Doutrina da Graça de forma adulta e competente. O pastor na época, que apoiou a coisa toda, chamava-se Augustus Nicodemus)
Abraços a todos
Osvaldo Pimentel Filho
IP Vila Mariana – São Paulo