sexta-feira, janeiro 30, 2009

Augustus Nicodemus Lopes

Vem aí o II Simpósio sobre Darwinismo no Mackenzie

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Vai acontecer no Mackenzie em abril desse ano.

A realização da segunda edição do Simpósio Internacional “Darwinismo Hoje” se justifica, não somente por causa do 150º. aniversário da publicação do livro de Darwin “A Origem das Espécies” em 2009, como também por causa do sucesso do I Simpósio.

Realizado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie com o objetivo de promover um amplo debate sobre as interpretações do Darwinismo, do Design Inteligente e do criacionismo, o I Simpósio atraiu a atenção da mídia, dos estudiosos do assunto e de todos os interessados em questões como a origem da vida e o seu funcionamento.

O II Simpósio trata basicamente dos mesmos temas, mas avança um pouco, ao ampliar o número de palestrantes e debatedores representantes do Darwinismo, do Design inteligente e do criacionismo. Dessa forma, o Mackenzie procura manter o espírito da Academia como o local adequado para o debate, para o contraditório.

Não se pode mais, diante do avanço científico e das recentes descobertas da bioquímica, insistir-se numa única teoria como a explicação exclusiva da realidade. É necessário que todas as vozes sejam ouvidas nessas questões fundamentais, que tocam praticamente em todas as áreas do conhecimento e nos mais diversos setores da nossa vida.

O evento realizar-se-á nos dias 13 a 16 de abril de 2009, nos campi São Paulo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

As inscrições para participação estarão abertas a partir de 20/01/2009 até a data do Evento. Os participantes receberão certificados de participação

Detalhes e inscrições aqui.

Vejam algumas das palestras:

- Dr. John Lennox (Design Inteligente): “A Origem da Vida e os Novos Ateus”.

- Dr. Aldo Mellender (evolucionismo): “Darwin Ontem e Hoje – 150 anos de Origem das espécies”.

- Dr. Paul Nelson (Design Inteligente): “A Árvore da Vida de Darwin”.

- Dr. Gustavo Caponi (Evolucionismo): “A Origem das Espécies – O livro”.

- Dr. Marcos Eberlin (Design Inteligente): “Fomos Planejados – A maior descoberta de todos os tempos”.

- Jornalista Maurício Tuffani – “Tendências da Mídia quanto ao ensino de Design Inteligente nas Escolas e Universidades Públicas e Privadas”.

- Ms. Adauto J. B. Lourenço – “Criacionismo”.

Todos os palestrantes são nomes de peso aqui e no exterior. Entre eles destacamos Dr. John Lennox, professor de matemática na Universidade de Oxford, que se tornou conhecido pelos debates com ateus famosos, como Richard Dawkins. Veja no Youtube vídeos desses debates (foto).

O II Simpósio promete receber atenção da grande mídia por causa do "ano de Darwin" e por causa da polêmica sobre o ensino de criacionismo nas escolas confessionais acontecido no final do ano passado.
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quinta-feira, janeiro 15, 2009

Solano Portela

Um cachorro atrapalhado que desperta valores cristãos – Marley e Eu

Marley e Eu (Marley and Me) é filme recente lançado simultaneamente em vários países na virada do ano 2008-2009. Deverá estar disponível em DVD em junho de 2009. O filme traz os conhecidos rostos de Owen Wilson e Jennifer Aniston e uma história que prende o interesse do começo ao fim. É baseado em fatos reais, originalmente narrados por John Grogan, personagem no filme e na vida real, em seu primeiro livro (2005) do mesmo nome do filme, que rapidamente virou best-seller nos Estados Unidos. Ele apresenta o relato de dois jornalistas, recém-casados e recém-chegados à Flórida. Eles constroem suas vidas profissionais e como casal, enfrentando positivamente as incertezas e lutas da jornada, com muito amor e fidelidade, enquanto vivenciam o crescimento da família com a chegada dos filhos.

Não é filme evangélico, mas nessa era, em que os valores cristãos são sistematicamente desrespeitados ou apresentados como ultrapassados e anacrônicos, o filme vem como uma lufada de ar fresco em um mundo saturado pelo ar estagnado da morte intelectual e moral. O elo de ligação da história é o cachorro do casal: Marley; no entanto, a narrativa transcende os episódios decididamente engraçados e bem humorados vividos pelo enorme animal. Com sua postura atrapalhada e incorrigível, Marley tanto traz alegria, como muita confusão e problemas ao jovem casal. Os filhos vão chegando e com eles maior complexidade à vida de cada um, mas o desenrolar da história vai se ancorando em princípios que realmente resultam em casamentos estáveis e na felicidade dos cônjuges. Não quero dar os detalhes da história, nem revelar o que acontece, mas destaco os seguintes pontos positivos, que podem tanto servir de exemplo para jovens, como também para reuniões de casais, que fariam bem vendo e discutindo os temas, conforme eles vão transparecendo no filme:

1. Há felicidade real no casamento – Grogan não tem uma vida profissional bem resolvida. Semelhantemente a uma enorme maioria das pessoas, o que realmente ele gosta de fazer, não é o que faz. As oportunidades são paralelas, mas não exatas às projeções feitas por ele mesmo, ou por sua esposa. Ele tem que aprender a viver com os caminhos misteriosos que Deus descortina à nossa vida. No entanto, no casamento os dois se apóiam mutuamente. Discutem as questões, procuram agradar um ao outro. Demonstram amor real. Por vezes sacrificam-se um pelo outro, em um reflexo do verdadeiro amor registrado em 1 Coríntios 13.5: o amor “não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal”. Grogan tem um amigo, desde a universidade, colega de profissão; o Sebastian. Contrastando com a estabilidade matrimonial de Grogan seu amigo é o que se chama comumente de “solteiro inveterado”. Aquela categoria que, aparentemente, goza de liberdade e está sempre pulando de um relacionamento a outro. Se tivermos a percepção aguçada, entretanto, veremos que essa suposta felicidade cobra o pedágio da solidão, da impropriedade e da sonegação de todos os benefícios trazidos com a responsabilidade bíblica do casamento. Basta observar o avançar dos anos e o aprofundamento do relacionamento do casal, contrastando com o insucesso do Sebastian na manutenção de um relacionamento real, intencionado por Deus, quando fez “dois em uma só carne”.

2. O tratamento dos animais é revelador do caráter das pessoas – Provérbios 12.10 diz: “O justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel”. O filme apresenta o cuidado e carinho com o Marley, animal de estimação escolhido pelos dois. O cachorro serve como professor involuntário de paciência, determinação, devoção, reconhecimento e abnegação, para o casal e, depois, aos filhos. Ou talvez um animal de estimação desperte essas características das pessoas, formadas à imagem e semelhança de Deus, que se encontram obscurecidas pelo pecado. Mas temos de reconhecer que mesmo os descrentes são possibilitados pela Graça Comum de Deus a terem esses sentimentos e de demonstrarem traços de caráter que emulam os ideais bíblicos comportamentais. Se é assim com os que não temem a Deus, quanto mais nós, cristãos, deveríamos demonstrar esse exemplo de caráter, em nossas vidas, conhecedores que somos “das coisas do Espírito”. Realmente, é inegável que a Palavra indica que o tratamento dos animais revela a índole das pessoas. Jacó, na ocasião de sua morte, ao avaliar os seus filhos (Gn 49.5 e 6), fala contra Simeão e Levi que, em “sua vontade perversa” mutilaram touros com suas espadas. Jacó os caracteriza como violentos e furiosos.

3. A fidelidade é demandada, no casamento – esse é o projeto divino (Mateus 19.3-11). O casal do filme enfrenta fases serenas e fases difíceis. Tempos de bonança e ocasiões de tempestades. No entanto há um vínculo de fidelidade que faz com que o mero pensamento de quebra dos laços matrimoniais seja algo rejeitado de imediato, quando sugerido, pelo amigo “solteirão”. Do lado da esposa, a reflexão séria afasta qualquer intenção de abandono do lar.

4. Os filhos são uma bênção, no lar – Esse é um princípio encontrado em diversos trechos das Escrituras, como no Salmo 127.3: “Herança do Senhor são os filhos”. O casal do filme inicialmente protela ter filhos, mas logo fica evidente que algo está faltando na família. Cada filho chega com suas dificuldades, e dando muito trabalho; mas a bênção de cada um vai ficando evidente no desenrolar da história. Os comentários e conselhos que o casal recebe, revela, também, como os filhos representam, realmente, uma dádiva ao casamento, mesmo por aqueles que menosprezam o valor de sua própria prole.

Não quero dar a impressão que o filme, sobre um animal de estimação, é um manual conjugal. É simplesmente uma ocasião de diversão, com muito humor, muitas risadas, muita alegria; mas igualmente com muita seriedade e sempre sobre um pano de fundo de um casamento estável, valorizado e feliz. Muitos terapeutas têm escrito sobre a validade dos animais de estimação, até porque desviam a atenção das crianças delas próprias e possibilitam que se concentrem também no bem estar de uma criatura que passa a depender delas (e da família) para o seu cuidado e bem estar. O filme mostra esse ponto, também.

A história é contada com muita competência, sem cenas melosas ou piegas demais; com bastante ação e movimentação. O fato do filme estar baseado em uma história real, para mim, despertou maior interesse. Verifiquei, também, como é importante o registro da história da família, como fez Grogan, ainda que motivado por razões profissionais (era jornalista, e crônicas eram a sua função), mas tais registros foram servindo de referenciais à família e, principalmente, aos filhos. Hoje em dia, damos pouca importância aos registros da nossa história, mas esses servem muito ao proveito dos nossos próprios familiares, e isso fica evidente, no filme. Recomendo que o assistam. Não é necessariamente um filme para crianças. Mesmo sem cenas de sexo, há momentos da intimidade do casal que são mais adequados a adolescentes maduros ou para os adultos. Ah, ia esquecendo! Prepare o lenço, pois a dose de emoção, especialmente para quem já teve algum animal de estimação, que pode ter diversas memórias despertadas, é bastante intenso e profundo. Em paralelo às risadas, as lágrimas, com certeza, vão aflorar em diversos momentos. Na realidade, uma espectadora (notem o gênero), uma fila à frente, chegou a soluçar audivelmente, quem sabe, lembrando algum animalzinho de estimação em sua vida!
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quinta-feira, janeiro 08, 2009

Augustus Nicodemus Lopes

Relativismo, Certeza e Agnosticismo em Teologia

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[a ser publicado no site da Editora Mundo Cristão]

Tenho sempre me deparado com pastores e teólogos que acreditam que teologia boa é só aquela que está sendo feita agora. Recentemente encontrei mais um desses. Chamou-me de fundamentalista porque eu acredito que existe teologia certa e teologia errada, e porque incluo na primeira categoria os antigos credos cristãos e as confissões reformadas. Ensinou-me com aquela pachorra típica de quem é iluminado e se depara com um pobre fundamentalista obscurantista e tapado, que “a teologia é apenas um construto humano, limitado, provisório, subjetivo, que tem que ser feito por cada geração, pois não atende mais as necessidades da próxima”.

Era óbvio que eu estava diante, mais uma vez, daquela cena hilária em que o relativista declara com toda autoridade e convicção que “não existe verdade absoluta, tudo é relativo”.

Vamos supor, ainda que por um momento, que esses teólogos – nem sei em que categoria enquadrá-los, pois nem liberais eles são (os liberais de verdade acreditavam em certo e errado) – estejam certos. Que cada geração entende Deus, a Bíblia e as grandes verdades do Cristianismo de uma maneira totalmente diferente de outra geração e de pessoas de outra cultura, a ponto de não podermos adotar as suas reflexões teológicas como verdadeiras e válidas para a nossa geração. Se levada às últimas conseqüências, essa perspectiva sobre a teologia criaria uma série de problemas, inclusive para os que a defendem.


1) Vamos começar pelo fato que cada nova geração teria de definir, de novo, o que é o Cristianismo. Explico. O Cristianismo, enquanto religião, foi definido e os seus limites estabelecidos durante os primeiros séculos depois de Cristo, quando os primeiros cristãos foram confrontados com explicações diferentes, contraditórias e alternativas da mensagem de Jesus e dos apóstolos, como o montanismo, as idéias de Marcião, os gnósticos, os docetistas e os ebionitas, para mencionar alguns.

Os grandes credos ecumênicos da Cristandade estabelecidos nas gerações posteriores nos deram de forma sintetizada a doutrina de Cristo, da Trindade, entre outras, as quais o Cristianismo histórico adota até hoje. A seguir o que esse pastor estava me dizendo, teríamos de jogar tudo isso fora e recomeçar, refazer, redefinir o Cristianismo a partir da nossa própria situação.

2) A segunda dificuldade é que essa perspectiva acaba pegando mal para seus próprios defensores. Pergunto: o que eles têm descoberto e oferecido mais recentemente que seja novo acerca do ser e das obras de Deus, da pessoa de Cristo e de sua morte e ressurreição? Quando não caem nas antigas heresias, repetem simplesmente o que já foi dito por outros em tempos passados. A “nova perspectiva sobre Paulo” não deixa de ser uma antiga perspectiva sobre o judaísmo. A nova “busca do Jesus histórico” não tem conseguido oferecer nenhuma reconstrução do Jesus da história que esteja em harmonia com o quadro dele que temos nos evangelhos. A teologia relacional não consegue ir adiante do Deus sociniano, que também desconhecia o futuro.

3) A terceira dificuldade é que essa perspectiva realmente acaba com a distinção entre teologia certa e teologia errada e anistia todas as heresias já surgidas na história da Igreja. Vamos tomar, por exemplo, a área de soteriologia, que trata da questão da salvação do homem. A doutrina de que o homem é justificado pela fé somente, sem as obras ou méritos humanos, foi estabelecida cedo na Igreja cristã e reafirmada na Reforma protestante. Depois de tantos séculos, nossos teólogos progressistas (ainda não gosto desse rótulo, vou acabar achando outro) têm algo de novo para nos dizer sobre esse ponto? Os que tentaram, caíram nas antigas heresias soteriológicas já discutidas e refutadas ad nauseam pelos Pais da Igreja e pelos Reformadores.

Não me entendam mal. Eu também acredito que a teologia é um construto humano, e como tal, imperfeito, incompleto e certamente relativo. Estou longe de adotar para com a teologia reformada uma postura similar àquela que considera a tradição aristotélica-tomista como a filosofia e/ou teologia “perene”. Eu também considero que a teologia é fruto da reflexão humana e, portanto, sempre sujeita às vulnerabilidades de nossa natureza humana decaída. Mas não ao ponto de não poder refletir com uma medida de veracidade e fidelidade a revelação de Deus nas Escrituras. O problema com essa postura relativista é que ela desistiu completamente da verdade. É agnóstica. Eu creio que a teologia, se feita “levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.5), se for fiel à revelação bíblica, produzirá sínteses confiáveis que podem servir de referencial para as igrejas de todas as gerações, conforme, aliás, as confissões reformadas elaboradas nos sec. XVI e XVII vêm fazendo há alguns séculos.

Mas, os teólogos relativistas acreditam em que? Em tudo e, portanto, em nada. Eles tentam manter tudo fluido, em permanente devir, sempre abertos para todas as possibilidades. Mas, nesse caso, não teriam que, forçados pela própria lógica, de aceitar também a teologia conservadora como uma teologia legítima? Mas é aqui que a lógica relativista se quebra. Pois para eles, todas as opiniões estão corretas – menos aquela dos conservadores.

Um amigo meu que é teólogo me disse outro dia numa conversa, “a verdade é absoluta, mas minha percepção dela é sempre relativa”. Até hoje estou intrigado com essa declaração. Eu o conheço o suficiente para saber que ele não é relativista. Sou obrigado a reconhecer, por força do conhecimento da minha própria limitação e subjetividade, que ele está certo quanto à relatividade da nossa percepção teológica.


Mas, por outro lado, reluto em aceitar as conseqüências plenas dessa declaração. Primeiro, como podemos falar de verdade absoluta, se é que sempre temos uma percepção relativa dela? Se existe verdade absoluta, não seria teoricamente possível conhecê-la como tal? Segundo, porque embora pareça humildade, admitir o caráter sempre relativo da nossa percepção implica em admitir que ninguém tem a verdade, o que acaba com a possibilidade do certo e do errado, do verdadeiro e do falso como conceitos públicos, transformando cada indivíduo, ao final, no referencial último dessas coisas. Será que não poderíamos dizer que nós, mesmo enviesados por nossos pressupostos e preconceitos (horizontes), ainda somos capazes, em virtude na nossa humanidade básica compartilhada com as pessoas de todas as épocas – para não mencionar a graça comum e a ação do Espírito Santo –, de perceber a verdade da mesma forma que outras pessoas a perceberam em outros tempos e em outros lugares?

Aqui as palavras de Anthony Thiselton são pertinentes:

"O que será da ética cristã se adotarmos uma perspectiva relativista da natureza humana? Se a experiência da dor, do sofrimento e da cura no mundo antigo não tem qualquer continuidade com qualquer conceito moderno, o que poderemos dizer acerca do amor, auto-sacrifício, santidade, fé, pecado, rebelião, etc.? Ninguém num departamento de línguas clássicas, literatura ou filosofia de uma universidade aceitaria as implicações de um relativismo tão radical. Nada poderíamos aprender sobre a vida, o pensamento, ou ética, dos escritores que viveram em culturas antigas. Com certeza, nenhum estudioso, se pressionado com essas implicações, defenderia até o fim esse tipo de relativismo".[1]

4) Uma última dificuldade que desejo mencionar é que essa visão, se levada às últimas conseqüências, acaba nos privando da Bíblia. Vejamos. Quem defende essa visão (há exceções, eu sei) geralmente tem dificuldades em aceitar que as Escrituras do Antigo Testamento e Novo Testamento foram dadas por inspiração divina e são, portanto, infalíveis. Nessa lógica, as Escrituras são apenas a reflexão teológica de Israel e da Igreja cristã primitiva. Consideremos as cartas de Paulo. Elas são a teologia do apóstolo, resultado da aplicação que ele fazia das boas novas às situações novas das igrejas nascentes no mundo helênico. Para ser coerente, quem defende que toda teologia é relativa, imperfeita e subjetiva, e que é válida somente dentro dos limites da cultura e da geração em que foi produzida, não poderia aceitar para hoje a teologia de Paulo, a de Pedro, a de João, a de Isaías. Teria de rejeitar as Escrituras como um todo, pois elas são a teologia de Israel e da Igreja, elaboradas em uma época e em uma cultura completamente diferente da nossa.

Para dizer a verdade, há quem faça isso mesmo. Os antigos liberais faziam. Para eles, a Bíblia nada mais era que a teologia (ultrapassada) dos seus autores. O Cristianismo se reduzia a valores éticos e morais, que eram as únicas coisas permanentes nesse mundo. Eu admiro e respeito os antigos liberais. Os de hoje, precisariam assumir o discurso relativista e levá-lo às últimas conseqüências. Pode ser que não conseguiriam absolutamente nada com isso, como acho que não vão conseguir. Mas, pelo menos, teriam o meu respeito – se é que isso vale alguma coisa.

[1] THISELTON, Anthony C., The Two Horizons: New Testament Hermeneutics and Philosophical Description (Grand Rapids: Eerdmans, 1980).
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