Duas perguntas se destacam no controvertido episódio da Pitonisa de En-Dor, descrito em 1 Sm 8.19-20): 1. Samuel realmente apareceu a Saul? 2. Existe uma explicação bíblica para a mediunidade?
Os seguintes pontos são básicos para um entendimento sobre o assunto:
1. At 16.16 e Dt 13 são passagens que mostram que a Bíblia reconhece que Satanás utiliza pessoas com esse propósito de "intermediar" o oculto.
2. No entanto, esse meio de suposta “aquisição de conhecimento espiritual” é vedado por Deus (Dt 18.9-14). Em Dt 13.2-5 maior importância é dada à revelação prévia recebida (v. 4), como meio de comunicação de Deus ao homem, do que aos fenômenos e maravilhas porventura realizadas por agluém. A revelação escriturada (a Palavra de Deus) é a fonte confiável e está em harmonia com essa diretriz. Ela é o conjunto de revelação dada por Deus às pessoas
3. Is 8.19-20 mostra que o caminho certo de se prescrutar a vontade de Deus é a consulta à Palavra de Deus ("à Lei e ao Testemunho"), e não aos médiuns e advinhos.
4. Temos várias condenações adicionais a consultas aos médiuns, em Lv 19.31; Ex 22.18 e Lv 20.6.
5. No episódio da Pitonisa de En-Dor, pode ter existido uma manifestação de Satanás (2 Co 11.14), como pode ter havido um embuste da parte daquela que se propunha a invocar os mortos. Nesse sentido, leia com atenção 1 Sm 28.14: “... entendendo Saul que era Samuel...” No v. 13, a mulher disse “... vejo um deus que sobe da terra...”
6. Mesmo havendo a possibilidade dessa mulher ter sido enganada, ou de ter enganado a Saul, tudo ocorreu dentro da esfera de atuação de Satanás.
7. Não devemos ser indevidamente céticos, ou pseudo-racionais, afirmando que esses fenômenos não existem, pois tal posição não é bíblica, mas devemos ter a consciência de que fraudes existem com freqüência.
8. É improvável que a aparição fosse realmente de Samuel, servo de Deus, pela própria afirmação de que o espírito “subiu da terra...” e pela afirmação de Cristo, na parábola do Rico e Lázaro (Lc 16.26), de que os que com Deus estão não podem passar “... de lá para cá...”
Solano Portela - texto contido no quadro ilustrativo do Terceiro Mandamento, no meu livro, "A Lei de Deus Hoje".
Como Deus nos protege?
Há um dia
23 comentários
comentáriosBaseado em que se destina a obra disso a satanás!!? Qual fundamento biblico?
ResponderEm qual parte desse texto inteiro se consegue enxergar satanás? Afinal de contas ninguém aí sabia que existia um satanás e tudo era atribuído a Deus!
Deus estaria sujeito as suas próprias leis?E se Ele querendo trazer um repentino juízo a saul quebrasse essa regra,o que isso feria as Escrituras ou a Soberania de Deus?
ResponderEu escrevi sobre esse evento há muito tempo, no meu finado blog. Realmente, o texto nunca diz que era Samuel - e nem podia mesmo ser, pelos motivos citados. Mas que há essas manifestações satânicas, isto há!
ResponderACREDITO SEREM OPORTUNAS AS OBSERVAÇÕES DA BÍBLIA SHEDD A RESPEITO DESSA PASSAGEM, QUE TRANSCREVO ABAIXO:
Responder"7-25 A crônica de 7 – 25 fora escrita por uma testemunha ocular: logo, por um dos servos de Saul que o acompanhara à necromante (7,8). Frequentemente, esses servos eram estrangeiros (21.7; 26.6; 2Sm 23.25-39) e quase sempre supersticiosos, crentes no erro (7) – razão por que seu estilo é tão convincente. Esta crônica que é parte da história de Israel, pela determinação divina, entrou no Cânon Sagrado. E deve estar lá, , como lá estão os discursos dos amigos de Jó (42.7), as afirmações do autor de “debaixo do sol” (Ec 3.19; 5:18; 9.7, 9, 10, etc.), a fala da mulher de Tecoa (2 Sm 14.2-21), etc. – palavras e conceitos humanos. Infelizmente, esta crônica é interpretada por muitos sob o mesmo ponto de vista do servo de Saul. Analisando-se o caso, não negamos a sinceridade da mulher (11-14); também a moça de At 16.16-18 foi sincera. […] recorremos […] diretamente à Bíblia que, em si mesma, tem os argumentos necessários para desmentir as afirmações do servo de Saul. […] 1) Argumento gramatical (6) “…O Senhor não lhe respondeu.” O verbo hebraico é completo e categórico. Na situação presente de Saul, Deus não lhe respondeu, não lhe responde e não lhe responderá nunca. […] 2) Argumento exegético (6): “Nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas” – revelação pessoal, sacerdotal (v. 14, 18) ou inspiracional da parte de Deus, respectivamente [frase reescrita para maior clareza]. Fosse Samuel o veículo transmissor, seria o próprio Deus respondendo, pois Samuel não podia falar, senão pela inspiração. E, se não foi o Senhor quem falou, não foi Samuel. 3) Argumento ontológico: Deus se identifica como o Deus dos vivos: de Abraão, de Isaque, de Jacó, etc. (Êx. 3.15; Mt 22.32). Nenhum deles perdeu a sua personalidade, integridade, ou superego. Seria Samuel o único a poluir-se, indo contra a natureza do seu ser, contra Deus (6) e contra a doutrina que ele mesmo pregara (15.23), quando em vida nunca o fez? Impossível. […] 5) Argumento doutrinário: Consultar os “espíritos familiares” é condenado pela Bíblia inteira (ver 28.3). Fossem os espíritos de pessoas, e Deus teria regulamentado a matéria, mas como não o são, Deus o proibiu. Aceitando a doutrina do pseudo-Samuel, cria-se uma nova doutrina, que é a revelação divina mediante pessoas ímpias e polutas. E nesse caso, para serem aceitas as afirmações proféticas como verdades divinas é necessário que sejam de absoluta precisão; o que não acontece no caso presente (Vejam como são precisas as profecias a respeito de Cristo […]). 6) Argumento profético (Dt 18.22): As profecias devem ser julgadas (1 Co 14.29). E essas, do pseudo Samuel, não resistem ao exame. São ambíguas e imprecisas, justamente como as dos oráculos sibilinos e délficos. Vejamos: a) Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus (28.19): a profecia é do estilo sibilino e sugeria que Saul viria a ser supliciado pelos filisteus. Mas o fato é que Saul se suicidou (31.4), e veio parar nas mãos dos homens de Jabes-Gileade (31.11-13). Saul apenas passou pelas mãos dos filisteus. Infelizmente, o pseudo Samuel não podia prever esse detalhe. [..] b) Não morreram todos os filhos de Saul. Ficaram vivos pelo menos três filhos de Saul: Isbosete (2 Sm 2.8-10), Armoni e Mefibosete (2 Sm 21.8). c) Saul não morreu no dia seguinte (“…amanhã…estareis comigo”, 28.19): Esta é uma profecia do tipo délfico, ambígua. Saul morreu cerca de dezoito dias depois. […] d) Saul não foi para o mesmo lugar de Samuel (“…estareis comigo”, 28.19). Outra profecia délfica . (Bíblia Shedd)."
Primeiro não sei se o termo pitonisa é um termo correto para médiun de En-Dor já que tipo de médiun era no ambiente grego no mito de Apolo de Delfos não judaico. Segundo Paulo "expulsou" o "espirito"de adivinhação da jovem de Atos 16 por uma questão de concorrência entre Jesus e Apolo para vê quem ganharia o espaço de deus naquele ambiente, outra Satanás nesta época de Saul não existia ainda no ambiente judaico, pois este conceito só veio durante e depois do cativeiro babilônico para dentro da religião judaica os persas foram os que influenciou os hebreus na crença de Satanas. Terceiro Agostinho e alguns pais da igreja acreditavam que era Samuel e o livro de Eclesiástico também diz que é Samuel, na teologia calvinista diz que Deus é soberano, ou seja, ele pode se quiser abrir um excessão daquilo que ele estabeleceu então ele podia mandar Samuel visitar Saul e selar sua condenacao .
ResponderMe corrija: se fosse mesmo Samuel, seria incoerência sobre consultar os mortos.
ResponderPS. de vez em quando faço estudo no seu livro.
Apesar da Bíblia não afirmar categoricamente se era ou não o profeta em I Samuel 28, eu digo que, se lá estivesse lá mandaria sair em nome de Jesus! Com morto não se conversa—seja porque está morto; seja porque Deus mandou não conversar; seja porque é o diabo ou seus ministros. Diferente do comentário da Bíblia de estudo Scofild, eu fico com a comentada pelo Dr. Shedd e creio que não foi Samuel. Mas o importante é que é pecado consultar os mortos—está escrito e dito: você sabe disso, eu seu disso, e Saul sabia disso também! Em I Crônicas 10:13, chega a dizer que um dos motivos que ele morreu foi por ter consultado uma advinhadora. No mais, vamos consultar a Deus; e deixar os mortos sepultarem o seus mortos ou invocá-los. Nós consultamos o Deus Vivo! Deus é Deus de vivos, não de mortos; pois, para Ele, todos vivem—disse Jesus. E tem mais: morto nenhum jamais aparecerá para mim; nem no cemitério. Ando em qualquer lugar e não tem assombração. As que apareceram, expulsei em nome de Jesus. E nunca bati papo com nenhuma força espiritual. Minha conversa não é nem com anjos, quanto mais com mortos! Meu papo espiritual é só com meu Deus, que a mim se revelou em Jesus. O único espírito que tem permissão de contato com a minha consciência em fé, é Aquele que eu invoco: o Espírito de Deus! Desculpe o simplismo do comentário, mas é assim que veja esta questão. Um abração.
ResponderAugustus Nicodemos tem uma visão diferente desta evento.
ResponderAssista - https://www.youtube.com/watch?v=GkwQT-qr7nw
Todos estamos sujeitos ao erro, até o Rev. Augustus.
ResponderRevs.Graça e Paz!
ResponderQueria sugerir algo aos srs, que pode nos ajudar muito (seus leitores).
Há em mim, e penso que em outros irmãos também, uma grande admiração sobre o conteúdo dos irmãos e as obras bibliográficas que citam com tanta facilidade ao escreverem um texto/artigo. A admiração dá-se pelo amplo embasamento literário que os irmãos possuem, fruto - é óbvio - de longos anos de estudo.
Mas, a curiosidade dá-se no campo de como os prezados irmãos se organizam em seus estudos e como dá-se suas anotações de leituras; se existe alguma técnica que se utilizam em que facilita o encontro de anotações importantes, de trecho de livros....
Se puderem nos ajudar nesse quesito. Não se trata só de curiosidade, mas de ajuda....
Aos revs. Solano, Augustus e Mauro
O texto de Deuteronômio resume bem o que Deus decretou:
ResponderSe aparecer entre vocês um profeta ou alguém que faz predições por meio de sonhos e lhes anunciar um sinal miraculoso ou um prodígio,
e se o sinal ou prodígio de que ele falou acontecer, e ele disser: "Vamos seguir outros deuses que vocês não conhecem e vamos adorá-los",
não dêem ouvidos às palavras daquele profeta ou sonhador. O Senhor, o seu Deus, está pondo vocês à prova para ver se o amam de todo o coração e de toda a alma.
Deuteronômio 13:1-3
Sem dúvidas, Saul desprezou ao Senhor quando decidiu procurar a feiticeira com a intenção de consultar ao finado profeta. Todavia, a Escritura afirma que era realmente o falecido Samuel que falou a Saul quando anunciou profeticamente a morte do rei e a derrota de Israel na batalha, algo que aconteceu como detalhou visando o início do reinado de Davi (ISM28.15 vvs)... Assim, creio muito particularmente que o Senhor, na sua soberania, conduziu a Saul a escolher esse pecado específico com a finalidade de humilhar ainda mais ao rei de modo que pudesse comunicá-lo de sua terrível condenação pela "boca" de Samuel. E nessa situação vejo os dois lados da moeda, sem o profundo antagonismo proposto pelo autor: Deus usando a Satanás e a pitonisa com a intenção dele, Deus, mesmo dar o desfecho da história através do seu profeta.
ResponderAmados, se Deus proíbe claramente a comunicação com os mortos, o que importa se era Samuel ou não?
ResponderSe Samuéis aparecessem pra mim eu mandaria ir embora em nome de Jesus, sendo ele o verdadeiro Samuel ou não.
Qual o objetivo desse debate todo? Vamos amadurecer!
Me parece que o próprio Calvino disse que se tratava de um "fantasma", e já vi teólogos calvinistas defenderem que era, sim, Samuel...Já Lutero afirmou que era um demônio, visto que, segundo ele, os mortos estavam descansando. Muitos pais da Igreja partilhavam desta visão. Orígenes tratou de dar outra explicação: a mulher era uma charlatã e ventriloquista...por ai podemos ver que o assunto "rende pano pra manga"...
ResponderPor isso mesmo o texto omite o nome de Satanás! À luz dos outros textos citados podemos hoje enxergar que tratava-se ou de uma manifestação de satanás, ou de um embuste, tal como se vê nos dias atuais, em muitos arraiais autoproclamados evangélicos! A Palavra de Deus escrita é suficiente para nortear e orientar nossas vidas dentro da vontade soberana do Deus vivo!
ResponderConcordo com o Dr. Augustus Nicodemus!
ResponderAcredito que o comentário de João Armando resolve toda a questão, visto que o tipo de morte de Saul não foi acertada e também sobre seus descendentes. Quer tenha sido uma enganação da vidente quer tenha sido um demônio, não acertaram.
ResponderObrigado pelo seu comentário somou muito ao meu conhecimento, acredito que as reputações sobre a morte de Saul e sua descendência põe enfim um xeque mate a questão.
ResponderPior que não ja que Samuel era um profeta.
ResponderIsaías 8:20.
Saul foi atraz de akguem que tinha espirito familiar e de acordo com isaias Samuel o profeta que falou logo não foi errado mas foi uma exceção.
Interessante se olharmos para o texto que diz a Bìblia ser inspirada por Deus, então se é inspirada por Deus, esse texto sobre Saul consultar a médium espirita aconteceu ou não? Se sim, satanàs fez demonio e praticamente escreveu algo na Bíblia? Se não, então além desse texto quais mais não são escritos sagrados?
ResponderSe Deus não falou com Saul por meios espiritualmente lícitos , e isso ele tentou, e Deus nada respondeu , que motivo Deus teria de falar por meio de uma adivinha paga? O sagrado não deu certo o pagão daria, ou era um demonio, ou ela enganou Saul, já que todos sabiam o que estava ocorrendo em Israel.Muito bom o texto.
Responder