A demissão de Palocci do Ministério da Fazenda ressuscita a questão da corrupção no governo Lula. Digo “ressuscita” porque o assunto havia esmaecido diante da divulgação dos aparentemente bons números da economia brasileira e a subida de Lula na preferência do eleitorado. Na mesma época da demissão do ministro, sai o relatório final da CPI dos Correios, que aponta claramente a existência do “mensalão”. E o assunto outra vez chega às primeiras páginas.
O clamor por “ética na política” se faz ouvir em toda parte. Todavia, desconstruído pelo relativismo moral e pelo individualismo de nossos dias, qualquer clamor por “ética na política” carece de fundamentos coerentes que lhe permitam fazer pronunciamentos morais e moralizantes. Qual a base para se clamar por honestidade, sensibilidade, verdade, sinceridade, integridade e altruísmo na política se estes são conceitos considerados relativos e subordinados ao pragmatismo individualista, conforme a mentalidade de nossa época? Qual a base para se clamar em prol dos oprimidos, excluídos e sem-nada do nosso país se o ser humano é visto como fruto do meio e da seleção natural, onde sobrevivem os mais aptos, leia-se, os mais espertos, independentemente dos meios que se utilizam para isto?
Em grande parte, este vácuo de absolutos foi gerado pela secularização gradual das culturas e do Estado e pelo abandono no Ocidente dos valores morais e espirituais do cristianismo, que um dia serviram de fundamento para o surgimento das políticas democráticas. O humanismo materialista, centrado no anthropos, não tem conseguido produzir um sistema de valores abrangente que permita uma chamada coerente à ética na política. Não isento aqui a Igreja de culpa. Por muitas vezes ela simplesmente entregou o mundo ao diabo. Como, talvez, aqui no Brasil.
Acredito, todavia, que a fé reformada oferece as condições necessárias para um clamor coerente por ética na política brasileira. A força política da Reforma se fundamenta em diversas premissas sobre Deus e sobre o homem ensinadas na revelação bíblica. São elas: a igualdade de todos os homens diante de Deus, a vocação individual de cada ser humano por Deus e a doutrina do sacerdócio universal de todos os cristãos genuínos. Essa última premissa entende que a autoridade deve ser exercida como uma delegação concedida por Deus ao povo e do povo aos governantes. Uma outra premissa é a doutrina da autoridade das Sagradas Escrituras. Historicamente, a Bíblia foi instrumento eficaz para despertar o povo para estudar, instruir-se e assim gerir seus destinos. E essa Bíblia ensina que as autoridades políticas são constituídas por Deus e respondem diante dele pelo exercício do poder. Conforme o estudioso francês André Biéler, “a democracia não consegue instalar-se nem permanecer lá, onde as premissas religiosas ou filosóficas profundas das populações são estranhas aos princípios evangélicos, iluminados pelo Cristianismo reformado”.
O principal conceito da visão reformada quanto à política é que somente Deus tem poder absoluto. Desse conceito decorrem vários princípios que moldam a visão reformada da política e apontam o caminho da ética. Menciono alguns deles.
1) A fé reformada faz a clara distinção entre Igreja e Estado, mas vê toda autoridade como procedente de Deus (Epístola aos Romanos 13). Os governantes são vistos como servos de Deus neste mundo, para através da política e do exercício do poder promover o bem comum, recompensar os bons e punir os maus. Como tal, haverão de responder diante de Deus pela corrupção na política, pela insensibilidade e pelo egoísmo. A visão do cargo político como sendo uma delegação divina desperta no povo o devido respeito pelas autoridades, mas, ao mesmo tempo, produz nestas autoridades o senso crítico do dever.
2) A fé reformada resiste ao conceito da soberania absoluta do Estado, “um produto do panteísmo filosófico alemão” (Abraham Kuyper, 2002, p. 96) e ao conceito da soberania absoluta do povo, conforme defendido pela revolução francesa. O poder reside em Deus. Tanto o poder do Estado quanto do povo são delegados por ele visando a organização da humanidade. Como conseqüência, a fé reformada defende que nenhum ser humano tem poder sobre outro, a não ser quando delegado por Deus, ao ocupar um cargo de autoridade. Desta forma, a fé reformada se levanta contra toda opressão política à mulher, ao pobre e ao estrangeiro, contra todo sistema político que produza escravidão, contra o conceito de castas e da distinção entre sacerdotes e leigos.
3) Já que o poder não é intrínseco ao ser humano, mas uma delegação divina, deve-se resistir pelos meios corretos a quem exerce o poder político em desacordo com a vontade de Deus. Esta vontade divina para os governantes se encontra claramente expressa na Bíblia, como por exemplo, nos Dez Mandamentos. Entre eles encontramos proposições como “não furtarás”, “não dirás falso testemunho”, “não matarás”. Esses mandamentos refletem absolutos éticos presentes em todas as civilizações, em função de todos os seres humanos levarem em sua constituição a imagem e semelhança de Deus – com maior ou menor precisão, em função da imperfeição moral existente na humanidade. Nenhum governante tem imunidade contra a Lei de Deus. Na tradição protestante reformada, resistir à corrupção na política é dever de todos e a vontade de Deus para cada cristão verdadeiro.
4) A corrupção na política é vista pela fé reformada como tendo origem primariamente no coração dos seres humanos. A Bíblia afirma que não há sequer uma pessoa justa neste mundo. “Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Jesus Cristo disse que é do coração dos homens e das mulheres que procedem “maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mateus 15.19-20). Quando a causa é identificada, há condições de se buscar o remédio adequado. Aqui se percebe a insuficiência de éticas humanistas reducionistas, que analisam apenas aspectos sociológicos e antropológicos da corrupção na política, deixando de incluir a dimensão pessoal: egoísmo, maldade, crueldade, despotismo, avareza, inveja, cobiça. O protestantismo reformado prega uma conversão interior dos governantes e dos governados a Deus, que se arrependam do mal e pratiquem obras de justiça.
5) Por fim, o conceito de graça comum (concedida a todos) ensina que há princípios gerais que, se seguidos e aplicados, produzirão a ética na política. Segundo este conceito, Deus abençoa a humanidade em geral com virtudes e qualidades, independentemente das convicções religiosas e políticas das pessoas. É por este motivo que encontramos quem se professa cristão e não tem ética, e encontramos a ética funcionando pelas mãos de quem não se declara cristão. Ao reconhecer a graça comum de Deus, a fé reformada entende que o caminho para a ética na política não é necessariamente converter todos ao cristianismo e nem colocar em cargos políticos quem se professa cristão, mas contribuir para que os princípios acima mencionados sejam reconhecidos e exercidos por todos, independentemente da convicção religiosa.
Não custa sonhar que um dia a fé reformada, mediante a pujança da Igreja, possa influenciar nosso país e moldar nossa cultura com uma cosmovisão bíblica, oferecendo as bases morais, espirituais e lógicas para ética na política.
[Esse post é baseado na Carta de Princípios 2006 da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que tive o privilégio de elaborar]
Obras Mencionadas
BIÉLER, André, 1999. A Força Oculta dos Protestantes. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
KUYPER, Abraham, 2002. Calvinismo. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
A vida no mundo e separada do mundo
Há 2 horas
30 comentários
comentáriosRev. Augustus,
ResponderÉ difícil de acreditar que o homem possa ser tão falto de ética. O pior de tudo é quando cristãos se envolvem neste lamaçal político. Acredito que Deus tenha entregue grande parte de nossos governantes à desgraça comum! Ainda mais quando um povo despositava a sua esperança em um ícone personalístico e ideológico.
Que o Senhor avive o nosso País e mande um despertamento à sua Igreja. E, no dizer de um puritano ao responder a um cristão desolado com a falência moral da velha Inglaterra, podemos afirmar o mesmo: "o fogo pega mais fácil em gravetos secos"
Que o Santo Espírito ateie o seu fogo nos gravetos do nosso povo.
Rev. Augustus, gostaria de entender qual seria a atuacao da igreja nesses momentos tao dificeis de falta de etica, mas nos seguintes niveis:
Responder1. Pastor
2. Missionario (estrangeiro ou local)
3. Cristaos-lideres (jovens, casais,)
4. Cristao nao lider na igreja
Eu gostaria de falar sobre esse tema com alguns jovens, mas precisaria de entender os aspectos acima, sendo cada um deles em relacao aos liderados e ao Reino.
Obrigado
Wilson
Rev. Augustus,
ResponderBelo texto. A ética na política infelizmente já tem nos acostumado a ouvir algum indício de corrupção e dizer: "Não tem jeito!".
Nessa questão, mesmo sendo eu amilenista, invejo a disposição e a visão pós-milenista de reformar por inteiro o Estado, dando à ele e ao povo uma visão e ética cristã (mesmo que forçado...) :-)
Abraços
Charles,
ResponderPercebo que você, como eu, acredita também que um legítimo avivamento espiritual impacta a sociedade. Amém!
André,
Você vai ficar surpreso: eu também sou amilenista! Contudo, enquanto aguardamos os novos céus e terra onde habitam (plenamente) a justiça, vamos trabalhando para implantar os valores do Reino nesse mundo, mesmo sabendo que nunca o reformaremos por completo.
Um abraço!
Wilson Bento,
ResponderEu estava com medo de perguntas como as suas, porque simplesmente não tenho respostas prontas para elas. Vamos ter que fazer teologia a caminho...
Bom quanto ao pastor, creio que ele poderia exercer o ministério didático e profético para instruir os cristãos quanto aos deveres para com o Estado, a ética no trabalho e a exercer plenamente a cidadania, inclusive na área política, social.
Já o missionário precisará ter muito cuidado, pois falar do país dos outros ou da cultura alheia não é fácil. Contudo, os princípios que regem a relação entre o cristão e as autoridades permanecem os mesmos, precisando apenas ser contextualizados.
Os cristãos e líderes da Igreja poderão organizar-se em grupos para estudar e entender a situação política do país hoje, estudar e conhecer a tradição reformada (recomendo Biéler, Kuyper e outros) e ver de que modo poderão contribuir diretamente para a ética na política a partir dos pressupostos reformados.
Um abraço.
Rev. Augustus,
ResponderA referência amilenista não seria de acomodação no sistema de governo em vigor, enquanto o pós-milenista de reformulação para um que seja cristão?
Claro que devemos ser influentes onde estivermos (principalmente na política que é tão deturpada) e desejarmos um país mais cristão desde os seus governantes, mas, qual seria o limiar entre batalhar pela ética na política e na sociedade e não tornar-se um pós-milenista?
Será que há essa distinção?
Obrigado pela atenção,
Abraços
Rev. Augustus,
ResponderOportuna exposição. Minha preocupação agora é por conta das eleições que vão acontecer. Meu receio é que se confunda a voz profetica com voz "politizadora". Me preocupa também a idéia desse "messianismo evangélico". Conforme a Reforma o papel da Igreja é fiscalizador não vejo espaço para se dizer que temos que ter um candidato "da Igreja" para mudar as coisas. O que o senhor acha dessa questão de igrejas apoiarem candidatos?
Mais uma excelente Aula! parabéns pela abordagem! mas eu gostaria de focalizar um pouco a questão do Estado, leia-se sistema governante. Feudalismo, Socialismo, Anarquismo, Capitalismo etc... dentre tantos sistemas hoje o que está em maior evidência é o capitalismo. Na sua opinião, com o declínio do capitalismo, qual sistema ascenderia no cenário mundial? e qual deve ser a perspectiva do crente nessa área?
ResponderNEle,
Lindemberg
Belo texto, só não tenho certeza ainda se o que chamamos de graça comum pode ser denominado corretamente como graça (dificultade apenas no sentido do termo).
ResponderAndré, acho que não seria de acomodação, creio que há distinção sim.
André,
ResponderO amilenismo não acredita que a reforma da sociedade irá acontecer mediante a pregação da Palavra, a conversão dos povos e implementação dos valores do Reino na sociedade humana. penso que é mais o pós-milenismo que pensa assim.
Contudo, isso não significa que amilenistas são "conformistas" quanto ao status quo. Pois acreditar que o mundo não vai se reformar é uma coisa. E deixá-lo entregue ao diabo, é outra. No meio, há a consciência de que até a vinda do Senhor devemos fazer o bem a todos. Isso inclui lutar pela ética na política.
Sua pergunta foi muito inteligente e perspicaz. Ótimo!
Um abraço.
Coracy,
ResponderO que você aventa é perfeitamente possível, isto é, a voz profética da igreja ser confundida com voz politizadora. Penso que a causa é a falta de uma cultura realmente evangélica em nosso país, que -- coitado -- sempre foi católico.
Uma formação evangélica teria cultivado em nosso povo o conceito de que a política e o social fazem parte, sim, da agenda cristã, e que se pode profetizar sem ser político.
Da mesma o messianismo evangélico por você citado. Concordo inteiramente: a Reforma viu o papel da igreja como consciência profética do Estado. Candidatos evangélicos no Brasil, com raras exceções, acabam sendo tarefeiros das igrejas, buscando implementar leis que beneficiam os evangélicos. Nada contra isso. Apenas acho que foram eleitos para outra coisa.
Um abraço!
Lindoberg,
ResponderVou ficar devendo. Não sei dizer que sistema governante ascenderá com o declínio do capitalismo. Mas sei que o Cristianismo sobreviverá em qualquer um deles e que sempre terá que chamar os governantes à consciência perante Deus.
Davi,
"Graça comum", como você sabe, é o termo técnico usado na teologia reformada. "Graça" porque as virtudes e bênçãos concedidas são provenientes da misericórdia de Deus. E "comum" porque estendidas a todos, crentes e não crentes.
Obviamente, se exclui daí a graça especial, as bênçãos salvadoras (como fé e arrependimento), concedidas somente aos verdadeiros crentes.
Abraços.
Rev. Augustus,
ResponderConcordo com Kuyper e com o senhor.
Acredito muito que dois pontos já mencionados pelo senhor e pelos amigos precisam ser urgentemente compreendidos pela igreja:
(1) A igreja precisa orar e lutar para que a sociedade seja construida sobre bases cristãs;
(2) A igreja deve ser a primeira a lutar contra a corrupção, seja ela em qualquer esfera. Sobretudo na política. Nada de acomodação, alienação, irresponsabilidade, etc.
Chega a ser engraçado como a igreja pensa na "salvação das almas", mas ignora a redenção das demais esferas: políticas, sociais, científicas.
Escrevi algo a respeito recentemente. Se interessar aos amigos, só clicar aqui
bom, Augustus, eu não tenho muito que acrescentar, só gostaria de parabenizar por mais uma "aula" (como já foi dito acima) bastante instrutiva e esclarecedora. Bom seria se os evangélicos adotassem os princípios reformados em sua cosmovisão. Com certeza, a igreja exerceria seu papel profético (no sentido de "perturbadores de Israel") de forma bem melhor.
Responderabraços
Augustus,
Responderrealmente um avivamento espiritual formará cristãos envolvidos com política sendo uma expressão viva do evangelho.
Porém o que temos é a crise social invadindo a igreja.
Um dos pastores de nossa igreja está com um livro muito bom sobre teoria política a luz de uma cosmovisão bíblica: ALTHIUS, Johann. Política. Topbooks.
Abração,
Juan
Nagel, obrigado pelas considerações. Tentei acessar seu link mas deu ERRO.
ResponderJosaías, concordo. Mas será que os evangélicos vão querer mesmo aceitar a cosmovisão reformada? Ela inclui conceitos que serão novidade para muitos, como graça comum, sacerdócio universal dos santos, depravação total, o Estado como ministro de Deus, a resistência legítima ao Estado, etc. Nosso evangelicalismo parece mais interessado em espiritualidade mística, sinais e prodígios e prosperidade material.
Juan, quem é o abençoado pastor-autor da obra?
Um abraço a todos.
Dois comentários gerais:
Responder1) Um amigo me disse que estava ruim ler o post em letras avermelhadas. Bom, mudei para verdinhas, espero que tenha ficado melhor.
2) Um outro amigo mandou um comentário muito bom -- o Rodrigues, mas ficou tão grande que não dá para publicar. Peço ao Rodrigues que mande uma versão compacta e light.
Um abraço.
Augustus,
Responderquem comprou foi Franklin e o autor é Iohan Althius, algo assim.
O livro foi indicado pelo Pr. Guilherme Carvalho no artigo "Calvino e a resistência ao estado" (algo assim também) no ultimo n.o da fides.
Abraços,
Juan
Caro Rev. Augustus Nicodemus,
Responderobrigado por trazer o tema ao blog. Acredito que há uma geração de cristãos - amilenistas, pos-milenistas e outros que nem sabem o que é isso, mas são diáconos, presbíteros, professores em nossas igrejas - que precisam de uma vez por todas viver intensamente o chamado "sacerdócio universal", não só para exercer o papel de liderança politica, mas também de eleitor, contribuinte, cidadão,... mas com a marca do evangelho.... somos "luz"; somos "sal"... e quando vejo a pesquisa do IBOPE constatando que 75% da população brasileira é tolerante à corrupção e faria o mesmo "se estivesse lá...", verifico o quanto a ética cristã paira distante de nossa prática vivencial. Proponho uma revisão da exegese bíblica para que nossas igrejas tenham a percepção da praticidade, utilidade, atualidade e pertinência dos valores do reino de Deus sobre TODOS os aspectos da vida - presente e futura.
O assunto veio na "hora certa" - dança da pizza, o jardineiro infiel, Paloccigate... e olha que quando sugeri a inclusão da carta do Mackenzie no blog, não imaginava que ia esquentar tanto...
Abçs. Ricardo Barbosa
Ricardo,
ResponderObriagdo pela passadinha aqui no blog. Seu comentário é muito pertinente. O que me chamou a atenção entre outras coisas foi a menção de que muitos não percebem a conexão entre a posição escatológica deles e as implicações práticas na política. Indico aqui o excelente artigo do Dr. Heber Campos exatamente sobre isso. Está na íntegra:
http://www.mackenzie.com.br/teologia/fides/vol03/num01/Heber.pdf
Por fim, obrigado pela sugestão, agora já aceita e feita, de publicar um resumo da Carta de Princípios do MAckenzie aqui no blog.
Um abraço.
Cleber,
ResponderSeu comentário trouxe duas ilustrações de dois princípios bíblicos: a graça comum, no caso do não cristão que tem princípios éticos, e a depravação total, no caso de um pregador sem coragem para pregar a Palavra diante de reis...
Um abraço.
Olá, Rev. Augustus,
ResponderSim, eu sei e acredito na existência da Graça Comum, meu comentário foi apenas que eu acho muito impreciso o termo teológico, mas fazer o que?
P.S.: O seu texto foi perfeito, não foi uma critica ao senhor, apenas aos teólogos de antigamente ao definirem esse termo. Que do mesmo modo até eu tenho que usar...
Alexander,
ResponderExcelente comentário! De fato, a igreja evangélica ainda está longe de assumir seu verdadeiro papel em relação ao Estado aqui no nosso país!
Davi,
É verdade, o termo "graça comum" é impreciso. Já o ouvi sendo utilizado em sentidos jamais imaginados. É necessário sempre explicar direitinho o que queremos dizer quando o empregamos!
Um abraço!
Olá, Rev. Augustus.
ResponderObrigado pelo elogio do artigo. Segue um resumo. :-))
A questão Ética passa pela Igreja como “Consciência do Estado”, bem como o “Direito de Resistir”(Calvino). Porém, muitos evangélicos escolhem não sabem escolher os candidatos e assim, colocam no Poder “patifes e inimigos de Deus”(Calvino apud Kuyper). Com tanta corrupção no Governo, muitos "crentes" ainda votarão em Lula, o Apedeuta–Mor. Se a "política é a ciência de governar"(LOPES) alguém contrataria o Sr. Presidente para ser Presidente, por exemplo, da Fiat? Pediria ao trotskista Ex-Ministro Palocci para guardar um segredo? Daria as chaves de um cofre para Delúbio Soares ou Duda Mendonça? Ouviria homens como José Dirceu, Sílvio Pereira falar sobre "Ética, Mentira, Verdade, Certo e Errado"? O que dizer da “Foliã Mensaleira” Dep. Angela Guadagnin (PT-SP) dando-nos aulas de “Como Comemorar a Absolvição de um Amigo CorruPTo?”; Que tal um discurso sobre "Justiça Imparcial"(desculpe a redundância) por parte de Nelson Jobim? Como, então, nós crentes, defensores da "Ética", elegemos ímpios declarados? Como entregamos a Nação nas mãos de uma corja que arroga para si os Direitos de “estuprar” o sigilo de um "simples caseiro"(sicPresidente)? Não conseguimos aplicar, sequer, o 6.º e 9.º Mandamentos ao aspecto político pois pensamos que eles se aplicam só no âmbito Eclesiástico! Devemos apoiar um Governante que aprove a Homossexualidade, "Direito Reprodutivo das Mulheres ou Interrupção de Gravidez"(Aborto!), "Lei Anti-Palmadas"? O que fariam os Profetas do AT diante deste Caos? É certo que chamaria os “líderes” ao Juízo e diriam ao Povo de Deus para retornar ao Senhor, vestidos de "panos de saco e cinza" e a voltarem à Aliança do Senhor. Não quero dizer que devemos escolher candidatos evangélicos, só por se proclamarem evangélicos. Mas é certo que “aos cristãos é licito aceitar e exercer o ofício de magistrado, sendo para ele chamado; e em sua administração, como devem especialmente manter a piedade, a justiça, e a paz segundo as leis salutares de cada Estado(CFW). Se “O temor ao Senhor é o princípio da Sabedoria” e Sabedoria no AT é andar em conformidade com Lei do Senhor, então não andar é Loucura. Temos, portanto, Loucos no Poder e agimos como Loucos por dar a eles o Direito de nos Governar! Precisamos, além de orar por esses Loucos, também resistir-lhes, pois “resistir à corrupção na política é dever de todos e a vontade de Deus para cada cristão verdadeiro”(LOPES). Ética na Política passa-se, primeiramente pela Igreja, “porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?”(I Pe 4.17).
Em relação à “Carta de Princípios – 2006”(UPM) que a UPM possa ser o referencial da Cosmovisão Reformada(Cultura, Política, Religião, Arte) e possa vir a influenciar os alunos e professores que por lá passarem, presenciando o agir de Deus na Educação, nos Princípios Morais e Espirituais propagados pela UPM. Ciente de que isso é a vontade de Deus, lembremos das palavras de Calvino: Para a Glória de Deus!
PS: O Sr. estará no SPN na próxima semana. Poderia abordar, relacionado ao seu tema (A Bíblia e Seus Intérpretes), uma parte sobre a relação Hermenêutica Pós-moderna e a Pregação? Obrigado.
Rodrigues
Caro Rodrigues,
ResponderObrigado pelo comentário. Suas observações quanto aos que estão hoje no poder de fato nos deixam indignados. Eu apenas acho -- e coloco isso como um ponto para reflexão -- que precisamos achar uma maneira de denunciar apaixonadamente os abusos do poder e ao mesmo tempo ainda manter o respeito requerido para com as autoridades.
Sobre a UPM, de fato é nosso desejo ver essa prestigiosa Universidade caminhar mais e mais na direção da confessionalidade que ela adota em seus documentos.
Um abraço!
Olá, Rev. Augustus!
ResponderO que Biéler falou dá boas pistas do que está ocorrendo no mundo todo, sobretudo na Europa anestesiada pelo niilismo e na América Latina cristianizada precariamente: onde não há cristianismo, o totalitarismo impera. E o versículo “onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” torna-se uma premissa fundamental de uma filosofia política centrada nas verdades bíblicas. Pena que a quase totalidade dos cristãos atualmente se deixou contaminar por pressupostos estatólatras... Parece que querem e gostam de apanhar do Leviatã hobbesiano... E assim vemos os governos se intrometer cada vez mais em nossas vidas, na economia, na educação...
Sobre o governo do PT: O que mais poderíamos esperar de um partido que se alia com as FARC´s, Sendero Luminoso, Mir Chileno, e outros grupos terroristas numa instituição denominada Foro de São Paulo, cujo objetivo assumido é “recuperar na América do Sul o que se perdeu no leste europeu”?. Era o partido que mais falava em ética, mas qual ética? A judaico-cristã que não é, afinal, seus ideólogos são ferrenhos materialistas, e, segundo um dos autores para mais estimados dos petistas, Antônio Gramsci, o cristianismo é um dos principais inimigos da “revolução cultural” que a esquerda tapuia, por sua vez, empreende no país desde a década de 1960.
É claro que a corrupção não se restringe a essa turma, mas com ela a safadeza tem um respaldo supostamente científico. Vale lembrar que o pragmatismo é ingrediente básico do angu ideológico das esquerdas (e de certas correntes do liberalismo ateu também).
Sonhar com um país onde a teologia reformada influencia de forma decisiva a vida política, e principalmente lutar para implantá-la, impondo resistência à devastação secularista, é nosso dever. Boa parte dos cristãos e judeus dos EUA despertou para essa luta. Aqui, a coisa ainda engatinha... tratei disso no meu último post.
Rev. Augustus, fica aqui um abração do Eliot!
Subscrevo em totalidade o comentário do Eliot!
ResponderQue Deus nos ajude nessa empreitada quase solitária...
Abração, Augustus!
Eliot,
ResponderMuito interessante sua análise. De fato, não são muitos que percebem que parte dos problemas do Estado brasileiro é a ideologia que norteia suas decisões e práticas. O Estadão publicou um artigo sobre a retórica do politicamente correto empregada pelo PT. Neologismos estão sendo criados para tirar o conteúdo moral dos erros cometidos. Mentira virou "imprecisão terminológica" e assim por diante.
Junto com a Norma, que comentou logo depois de você, concordo com suas palavras.
Abraços.
Prezado Rev. Augustus Nicodemus,
ResponderO senhor provavelmente não se lembra de mim, mas já fui apresentado ao senhor pelo Pr. Franklin Ferreira, e estive em sua exposição na minha igreja, a Primeira Igreja Batista Bíblica do Rio de Janeiro.
Comento inicialmente, ressaltando que achei muito relevante seu texto, e acho incrível como a preocupação com a redenção da política possa passar desapercebida de boa parte das mentes reformadas que temos em nosso país.
Algo que acho relevante dizer: pior do que de uma (ou muitas!) cosmovisão católica na política do país, a meu ver, é a quase total preponderância do POSITIVISMO, que permea praticamente todas as instituições brasileiras, do Exército ao Judiciário.
Além de secularizar tudo o que toca, a influência do positivismo cria uma sensação de um Estado quase que "absoluto", no sentido de que não se pode questionar a ordem reinante. É a idéia da "Ordem e Progresso" andarem sempre juntas, o que entendo contrastar radicalmente com o “Direito de Resistir”(Calvino), a que podemos e devemos nos apegar como reformados, para resistir a opressão, que na maioria das vezes vem por conta do Estado.
Acredito que é essa influência do positivismo na cultura brasileira (Augusto Comte, Benjamim Constant) que nos torna, por vezes, uma sociedade de "cordeiros", onde é tão difícil mobilizar as pessoas para lutarem por seus direitos.
Dessa forma, acredito que essa é uma questão que transcende a disputa sempre presente de "direita" e "esquerda", pois, apesar de não fugir totalmente a questão ideológica, é uma influência radicalizada na cultura, que permanece viva seja qual for a ideologia dominante.
Gostaria muito de saber o que o senhor pensa sobre isso.
Fique com Deus,
Marcus Vinicius Matos.
Marcus,
ResponderInteressante análise sobre o poder do positivismo sobre nossa cultura em todos os aspectos.
Não posso discordar muito do que você falou, embora eu precisasse de alguns exemplos mais concretos para entender bem sua tese. Mas, como está, me parece correta.
Um abraço.