terça-feira, novembro 07, 2006

Augustus Nicodemus Lopes

A Anatomia de uma Queda

Pois é, mais um escândalo na nossa conta. Caiu o Ted Haggard (foto), famoso pastor pentecostal nos Estados Unidos -- um dos vinte e cinco evangélicos mais conhecidos e influentes daquele país, segundo a revista Time, apontado como sucessor de Billy Graham. Haggard foi demitido de sua igreja e despojado do pastorado, depois que um prostituto gay denunciou que por três anos foi cliente de Haggard. Após uma negação inicial, veio a confissão. Haggard caiu, e com ele cairam algumas coisas.

1) Caiu a confiabilidade dos megaministérios. Como disse Montaigne, "Não importa a altura do trono, o rei ainda senta-se no seu traseiro." Algo anda errado no evangelicalismo mundial das últimas décadas. Jim Baker, Jimmy Swaggart, entre outros, e agora Ted Haggard, todos com perfis similares: megastars, pastores de megaigrejas, em cujas paredes seus retratos se dependuravam em profusão, líderes de cruzadas morais, estrelas de programas evangélicos de televisão. Só me lembro de Provérbios: "a soberba precede a queda". Não estou dizendo que todo megapastor é soberbo e sim que eles se tornam vulneráveis com maior facilidade.

2) Caiu a certeza de que ser gay é realmente uma escolha moral. Gays em todo mundo se regozijaram com a queda de Haggard e se fortaleceram na confiança de que ser gay é genético. Agora ficou ainda mais fácil acreditar que quem é, é mesmo, não tem como lutar contra, ainda que passe a vida numa cruzada heterossexual contra os gays, como Tedd Haggard.

3) Caiu o último escrúpulo daqueles que só estavam esperando um sinal das circunstâncias para cruzar a linha final. "Se Haggard, sendo pastor famoso, viveu vida dupla durante muitos anos, por que eu não posso fazer a mesma coisa?" Só Deus sabe quantos não foram encorajados a cair também com Haggard.

4) Caíram um pouco mais as chances de que faremos parte daqueles poucos que terminam seus ministérios honrados, incólumes e de ficha limpa, ao mesmo tempo em que aumentou a desconfiança de que podem haver muitos mais como Ted Haggard, totalmente envolvidos com o ministério cristão, líderes espirituais, pastores de igrejas e ao mesmo tempo vivendo uma vida dupla. Nos Estados Unidos e no Brasil.

5) Caiu um pouco mais a sensação de vergonha e de culpa (quando existente) de ex-líderes evangélicos, que caíram antes e foram disciplinados, despojados e ostracizados pelo público evangélico que antes os idolatrava. "Ah, mais um. Não fui o único. Outros também caem. Quantos mais caírem, menos me sentirei culpado e discriminado. Queria ver agora a cara dos fariseus que me condenaram”.

6) Caiu o nosso semblante diante dos gritos de alegria, escárnio, zombaria e malícia dos inimigos de Deus e da Igreja. Leia os comentários dos ímpios nos sites que publicaram a notícia da queda de Haggard. Em alguns, recomendam que Haggard se suicide. Outros, rejubilam-se com sua queda e com a "prova" de que a religião nada mais é que repressão. Outros, blasfemam contra Deus e contra Cristo. Meu coração se aperta e oro "não sejam envergonhados por minha causa os que esperam em ti, ó Deus de Israel" (Salmo 69.6).

Contudo, ao mesmo tempo em que essas coisas caíram com Ted Haggard, outras subiram.

1) Subiu o conceito bíblico da responsabilidade de darmos contas de nosso pastorado. Embora Haggard fosse um megapastor de uma igreja de cerca de 10 mil pessoas, estava debaixo da autoridade de um grupo de quatro outros pastores, que foram os que o demitiram e disciplinaram. Isso fez bem para ele. E faria muito bem a líderes evangélicos que fundaram suas próprias igrejas e denominações, que são seus próprios patrões e não respondem a ninguém pelo uso do dinheiro dos fiéis, sua vida pessoal e sua conduta como líder. Somente quanto vira caso de polícia e de justiça é que eles são chamados a responder por seus atos.

2) Subiu o nível de alerta entre os pastores que realmente temem a Deus. "Aquele que está em pé, veja que não caia" (1Co 10.13). Espero que tenha aumentado a convicção de que o pecado penetrou e corrompeu mais profundamente a alma humana do que até mesmo a nossa doutrina da depravação total reconhece. "Em mim não habita bem algum" (Romanos 7).

3) Subiu a consciência da seriedade da luta que travamos diariamente contra o pecado. Eu acredito na confissão que Haggard fez. Acredito no que ele disse, que lutou a vida toda contra a impureza, a tentação, a luxúria, a lascívia, e que ganhou algumas vezes e perdeu outras. Ao contrário de outros líderes evangélicos – inclusive no Brasil – que ao serem apanhados nunca realmente confessaram nem assumiram sua inteira culpa, Haggard fez isso. Acredito no que ele disse: que todas as coisas erradas que ele fez são contrárias ao que ele (ainda) acredita e pregou sua vida toda. Acredito que uma pessoa pode passar a vida inteira numa luta encarniçada contra hábitos pecaminosos e finalmente cair vencida no campo de batalha, após perder a sua lucidez, seu bom-senso e a própria razão. Pode acontecer – na verdade, está acontecendo hoje, agora – com muitos pastores e líderes, uma guerra secreta contra o pecado que eles aborrecem. O nível de alerta subiu. O caso Haggard mostra onde tudo pode terminar. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Augustus Nicodemus Lopes

Postado por Augustus Nicodemus Lopes.

Sobre os autores:

Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.

O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.

O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.

46 comentários

comentários
8/11/06 12:46 delete

Parabéns pelo artigo. Merece toda a nossa atenção. Pr. Antonio Francisco.

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Anônimo
AUTOR
8/11/06 12:59 delete

Olá Nicodemus

É muito dificil receber uma notícia como essa, principalmente quando o líder se apresenta como um grande pastor e líder evangélico de um país.
No entanto, fico parando para pensar:
Existem aqueles líderes que caem, erram, ou estão no erro, mas usam o evangelho como forma de se promover ou obter benefícios. Para esses o senso de erro e de culpa nem mais faz sentido.

Por sua vez, existem aqueles que são sérios, possuem boas intenções e querem viver o evangelho, no entanto, possuem dificuldades em algumas áreas. Acredito que o Ted Haggard seja esse segundo.

Quando acontece pecados nessa área sexual, quando um líder é famoso, a queda é grande. E percebo que a forma como a comunidade cristã reage é com certa tristeza e um grau forte de indignação, como se a partir dali nada do que ele falar vai valer, acabou sua vida como pastor. Mas por sua vez, essa pode ser uma maneira de Deus trabalhar com ele perdoando e revendo algumas coisas....ou não???

Por que entre os evangélicos somente pecados sexuais e financeiros derrubam um pastor? Interessante notar que existem pastores que não possuem esses problemas, mas incorrem em pecados como arrogância, fofoca, ódio, soberba e estão ai idolatrados, ou seja, não cairam...
Será que a punição e a reação a erros sexuais e financeiros não geram um impacto maior na comunidade cristão, sendo que eles são pecados como qualquer outro?
Por que somente pecados dessa magnitude significam a queda de um pastor?
Deus pode trabalhar na vida de um líder com esse pecado, mesmo incorrendo nas fortes consequências, principalmente familiares...
É lícito um homem desse voltar ao pastorado?

Abraços
JP

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8/11/06 13:52 delete

Gostei da reflexão. Obrigado.
Abraços.

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8/11/06 13:54 delete

Embora não concorde 100% com tudo o que está escrito no post.

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Will
AUTOR
8/11/06 14:10 delete

Muito bom!
Aliás, sou pentecostal, sou arminiano, porém, ainda respeito muito os calvinistas, e todo aquele que, independentemente de visão, zela pela Bíblia, porque acredito que o valor do servo de Deus não está somente em sua profissão de fé e sim em sua profissão de vida.
Cair! Todos nós estamos sujeitos, o único problema- ou melhor, a única solução- é se arrepender.
Que todos nós possamos viver um cristianismo que realmente tem como base: O arrependimento!
Deus abençõe lhe Pr. Augustus.

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Eduardo Mano
AUTOR
8/11/06 15:10 delete

Eu acompanhei o ocorrido através de sites gringos... li a confissão de Haggard, a carta de sua esposa Gayle e o comunicado oficial dos líderes da Igreja que o demitiram.

Um fato interessante é que os líderes da Igreja chamaram 3 líderes de outras Igrejas que mantinham contato com Haggard para darem auxílio espiritual e psicológico a ele e sua família. Ele tem 5 filhos.

Cheguei a comentar com um amigo, o Nagel, que seria bom se um pastor reformado o acolhesse também, e o ajudasse nesse momento... hehehe... puxando a sardinha pro nosso lado.

Também acreditei na confissão dele, e creio que isso ajuda no processo. Interessante também ele afirmar que nunca mais aceitaria um cargo de liderança na Igreja. É claro que isso tecnicamente não o impede, no futuro, de assumir outra Igreja (o que parece ser corriqueiro entre os que caem).

Fica um alerta a todos nós. Eu vou orar por Haggard e por sua família, e também pelo Pr. Ross Parsley, que ficará como interino até que o sucessor de Haggard seja indicado. Embora olhe meio tordo para as megaigrejas, creio que Deus faça algo através delas, e eles precisam de nossas orações.

Que Deus nos abençoe.

Eduardo

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Filipe Niel
AUTOR
8/11/06 16:05 delete

Mais um excelente post, estou nos Estados Unidos terminando meu estágio para poder me formar no Seminário Bíblico Palavra da Vida de Atibaia, aqui muitos ficaram perplexos, principalmente por causa do envolvimento dele com o Presidente Bush, eles se reuniam todas as segundas-feiras, e ele foi alguém extremamente importante na manutenção do casamento heterosexual como o único reconhecido.
Creio que a confissão dele, o fato de ele ter 4 pastores sobre ele são essenciais. Parabéns pelo texto e obrigado por compartilhar conosco seus pontos de vista e sua sabedoria.
abraços
Filipe Niel

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Anônimo
AUTOR
8/11/06 17:17 delete

como já citado, "cuidado quem está de pé, para que não caia"...
espero que ele seja disciplinado e volte para o seu ministério, justiça seja feita, o pecado é perdoado, mas como homens, temos que saber que há suas consequências...
bom saber que existem grandes líderes que aceitam a disciplina quando erram, aqui no Brasil a maioria dos pastores pentecostais (assembléia, batista) e neo-pentecostais se consideram ou se comportam como quase papas: infalíveis...
li dia desses algo a respeito:
certa irmã foi questionar a pregação do pastor e recebeu a resposta: "minha irmã! não me questione, enquanto eu pregava, era Deus falando..."

Anthony (presbiteriano, calvinista, pecador perdoado, mas ainda infalível)

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8/11/06 17:47 delete

Prezado Pr. Nicodemos, creio que a sua avaliação do caso Ted Haggard foi muito bem feita, creio também que nós os pastores, cuja responsabilidade em apresentar uma vida santa e pura é o nosso maior legado, creio ainda que devemos nos policiar a cada momento de nossas vidas, pois as tentações se apresentam a nós a todo instante e se nós não tivermos alertas, cairemos também, pois não somos super homens.
Sugiro aos leitores, principalmente os mais jovens, a leitura do seu artigo "Tolerância Zero" e do "Pacto de Pureza" do Pb. Solano Portela. Creio que servirá como ajuda na reflexão sobre as tentações que nos cercam.

Um abraço,
Pr. João d'Eça.

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Anônimo
AUTOR
8/11/06 18:20 delete

Olá Rev. Augustus. Confesso que fiquei muito triste com esta notícia. Porém esta não foi à única que me abateu nesses últimos meses. Pois tenho notícias que colegas próximos tb têm caído nessa área. Isso é preocupante. E quanto à gente sabe a coisa já explodiu. E o que fazer?
Uma coisa eu sei: "se estou em pé, é porque o Senhor é poderoso para me suster”.
Um gde abraço. Rev. Cesar A.Chaves. jucivanechaves@hotmail.com

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8/11/06 19:37 delete

Amigos,

Agradeço a todos que comentaram. O assunto é de fato triste e devemos olhar para a queda de Haggard como a Bíblia diz, "Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado" Gal 6.1).

JP, você faz basicamente duas perguntas: (1) "Por que entre os evangélicos somente pecados sexuais e financeiros derrubam um pastor?" -- é por causa de nossa herança católica que divide pecados em mortais e veniais. Breve, um post sobre isso. (2)"É lícito um homem desse voltar ao pastorado?" -- uma das condições para o pastorado é que seja "esposo de uma só mulher" e que tenha uma família exemplar (1Tm 3.2; ver ainda 3.12 e Tito 1.2). Há várias interpretações posíveis para "esposo de uma só mulher", mas todas apontam para a necessidade de exemplo do pastor nessa área. Já manifestei minha opinião sobre isso no post http://tempora-mores.blogspot.com/2006/01/aquele-pastor-acredita-no-casamento-j.html

Um abraço!

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Anônimo
AUTOR
9/11/06 08:18 delete

Reputa-se a C. H. Spurgeon a seguinte citação: "Um pastor somente deve ser reconduzido ao ministério, depois de uma queda moral, se o seu arrependimento for tão gritante quanto seu pecado".
Deus use de misericórdia para conosco!!!

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Anônimo
AUTOR
9/11/06 12:59 delete

Rev. Augustus, parabéns pelo seu comentário.

Os pastores tem que permanecer vigilantes em tudo. A área moral é uma das mais delicadas na vida pastoral. Fico triste todas as vezes que vejo, ou ouço, sobre colegas, e até amigos meus, que cairam em algum momento.
É muito difícil manter a integridade, e não somente na sexualidade, mas também com relação ao dinheiro, elogios, fama, etc...
Como já disse o "velho deitado": Há três barras que podem atrapalhar o ministério de um pastor: A BARRA DA SAIA, A BARRA DE OURO E O CONHAQUE SÃO JOÃO DA BARRA.

Um abraço.

Rev. Jimmy (Currais Novos - RN)

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9/11/06 13:23 delete

Rev. Augustus,

Concordo com o sr. quando diz que é por causa da influência católica romana que temos este conceito de pecadinha (venial) e pecadão (mortal). Bem, lembro-me aqui do que Calvino comenta no livro de Romanos: "todo o pecado é mortal" - já que o salário do pecado é a morte. Porém, apesar disso, creio que há sim, diferenciação de pecados. Há pecados mais graves e mais sérios que trazem um dano maior tanto para terceiros como para o Reino de Deus. Nesse sentido, um pecado que é notoriamente público é muito mais grave.

Há também um lado positivo, creio, nesta questão do escândalo -pois é inevitável que eles venham. Se nossa sociedade não se escandalizasse por tais pecados que envolvem a hipocrisia/falta de coerência da vida e do discurso haveria um sintoma muito sério de que os valores realmente não estão sendo mais levado em conta. Além disso, o escãndalo também serve para provar os fiéis, ou seja, aqueles que são de fato filhos de Deus permanecerão firmes e outros que pautavam a sua vida cristã num alicerce que não era Cristo, emagrecerão um pouco "a massa".

O que temos de fazer é orar e vigiar sempre e estar inclusive disposto a ajudar aos que são verdadeiramente nossos irmãos em Cristo e tendo o verdadeiro discernimento para não andar com aqueles que dizem ser cristãos e não o são de fato.

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9/11/06 15:24 delete

Charles,

Você concluiu muito cedo que eu não reconheço diferença entre pecados. Como calvinista aderente aos símbolos de fé de Westminster, creio que há gradação quanto ao cometimento do ato pecaminoso -- atenuantes e agravantes -- e quanto às conseqüências dos diversos pecados. Contudo, a distinção entre pecado mortal e venial no conceito católico -- e foi isso que eu mencionei -- é diferente. Pecados mortais separam a alma da graça salvadora, os veniais não, apenas submetem o pecador à castigos temporais, não eternos. É essa distinção que permeia a cultura brasileira e, indiretamente, a evangélica, fazendo com que alguns pecados sejam tratados como graves e sérios, e outros, não. Foi esse o meu ponto.

Abraços.

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9/11/06 17:43 delete

Pr. Augustus,
Lamentei muito quando fiquei sabendo da situação do Haggard...
Mais um escândalo no meio do evangelicalismo.
Gostaria de dizer que apesar de haver gradação de pecados e suas consequências, há algo em comum a todos eles: todos nos afastam de Deus vide Isaías 59:2 ("mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça.").Outra coisa que gostaria de dizer e que o Anthony se confundiu quando disse que os batistas são pentecostais. Somos tradicionais e nossa origem é calvinista (vide Confissão Batista de 1689). Infelizmente muitas igrejas abandonaram a fé reformada.
Um abraço,
João

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Anônimo
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9/11/06 18:17 delete

A queda de todo aquele que se coloca em evidência faz lembrar duas coisas na palavra de Deus: a primeira é que é que o altar não pode ter degraus, para que ninguém exponha a sua nudez (Ex 20:26) e depois a palavra do profeta Daniel, que diz:

"Os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia por muitos dias cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo despojo. Mas, caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; muitos, porém, se ajuntarão a eles com lisonjas. Alguns dos entendidos cairão para serem acrisolados, purificados e embranquecidos, até o fim do tempo; pois isso ainda será para o tempo determinado." (Dn 11:33-35)
Um abraço

Cezar
www.cezar.azevedo.nom.br

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Anônimo
AUTOR
9/11/06 23:18 delete

Infelizmente a pergunta não tem sido mais "quem será o próximo", mas "quando o próximo líder cairá"... Parece uma doença. Tenho 17 anos de casada e de todos os nossos amigos de UMP, apenas um casal permanece casado! Estarrecedor! Deus tenha misericórdia de nós!
Sim pastor, por favor, escreva sobre os atenuantes e agravantes descritos na Confissão de fé de Westminster! Fiquei impressionada quando li, pois apesar de ter nascido na IPB, até há pouco, nunca havia ouvido nada a respeito! Será muito bom "ouví-lo"!

Grande abraço! Excelente texto!

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AUTOR
9/11/06 23:39 delete

Rev. Augustus Nicodemus,

Meu comentário foi somente uma preocupação ortodoxa - talvez exagerada. :-)

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10/11/06 00:00 delete

Simone,

De fato, a situação não é fácil hoje!

Em resposta à sua pergunta, reproduzo aqui as perguntas e respostas do Catecismo Maior de Westminster que tratam das circunstâncias agravantes que fazem com que algumas transgressões sejam mais odiosas diante de Deus do que outras. Note que a diferença não reside na natureza do pecado -- todo pecado é transgressão da Lei de Deus e todo ele é mortal -- mas na maneira como foi cometido, nas intenções, nas circunstâncias, etc.

Pergunta 150. São todas as transgressões da lei de Deus igualmente odiosas em si mesmas à vista de Deus?

R: Todas as transgressões da lei de Deus não são igualmente odiosas; mas alguns pecados em si mesmos, e em razão de diversas circunstâncias agravantes, são mais odiosos à vista de Deus do que outros.

Ref.: Hb 2.2,3; Ed 9.14; Sl 78.17,32,56.

Pergunta 151. Quais são as circunstâncias agravantes que tornam alguns pecados mais odiosos do que outros?

R: Alguns pecados se tornam mais agravantes:

1º » Em razão dos ofensores, se forem pessoas de idade mais madura, de maior experiência ou graça; se forem eminentes pela vida cristã, dons, posição, ofícios, se forem guias para outros e pessoas cujo exemplo será, provavelmente, seguido por outros.

Ref.: Jr 2.8; I Rs 11.9; II Sm 12.14; I Co 5.1; Tg 12.47; Jo 3.10; II Sm 12.7-9; Ez 8.11,12; Rm 2.21,22,24; Gl 2.14.

2º » Em razão das pessoas ofendidas, se as ofensas forem diretamente contra Deus, seus atributos e culto, contra Cristo e sua graça; contra o Espírito Santo, seu testemunho e operações; contra superiores, pessoas eminentes e aqueles a quem estamos especialmente relacionados e a quem devemos favores; contra os santos, especialmente contra os irmãos fracos; contra as suas almas ou as de quaisquer outros, e contra o bem geral de todos ou de muitos.

Ref.: I Jo 5.10; Mt 21.38,39; I Sm 2.25; Rm 2.4; Mt 1.14; I Co 10.21,22; Jo 3.18,36; Hb 6.4-6; Hb 10.29; Mt 12.31,32; Ef 4.30; Nm 12.8; Pv 30.17; Zc 2.8; I Co 8.11,12; I Ts 2.15,16; Mt 23.34-38.

3º » Pela sua natureza e qualidade de ofensa, se for contra a letra expressa da lei, se violar muitos mandamentos, se contiver em si muitos pecados; se for concebida não só no coração, mas manifestar-se em palavras e ações, escandalizar a outrem e não admitir reparo algum; se for contra os meios, misericórdias, juízos, luz da natureza, convicção da consciência, admoestação pública ou particular, censuras da igreja, punições civis; se for contra as nossas orações, propósitos, promessas, votos, pactos, obrigações a Deus ou aos homens; se for feita deliberada, voluntária, presunçosa, imprudente, jactanciosa, maliciosa, freqüente, e obstinadamente, com displicência, persistência, reincidência, depois do arrependimento.

Ref.: Ez 20.12,13; Cl 3.5; Mq 2.1,2; Rm 2.23,24; Pv 6.32-35; Mt 11.21-24; Dt 32.6; Jr 5.13; Rm 1.20,21; Pv 29.1; Rm 13.1-5; Sl 78.34,36,37; Jr 42.20-22; Sl 36.4; Nm 15.30; Ez 35.5,6; Nm 14.22,23; Zc 7.11,12; Pv 2.14; Jr 9.3,5; II Pe 2.20,21; Hb 6.4,6.

4º) Pelas circunstâncias de tempo e de lugar, se for no dia do Senhor ou em outros tempos de culto divino, imediatamente antes, depois destes ou de outros auxílios para prevenção ou remédio contra tais quedas; se em público ou em presença de outros que são capazes de ser provocados ou contaminados por essas transgressões.

Ref.: Is 22.12-14; Jr 7.10,11; Ez 23.38; Is 58.3,4; I Co 11.20,21; Pv 7.14,15; Ne 9.13-16; Is 3.9; I Sm 2.22-24.

Também, no código de disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil, são consideradas como circunstâncias atenuantes: a pouca experiência religiosa; a relativa ignorância das doutrinas evangélicas; a influência do meio; bom comportamento anterior; assiduidade nos serviços divinos; colaboração nas atividades da Igreja; humildade; desejo manifesto de corrigir-se; ausência de más intenções; confissão voluntária.

São consideradas como agravantes: experiência religiosa; relativo conhecimento das doutrinas evangélicas; boa influência do meio; maus precedentes; ausência aos cultos; arrogância e desobediência; e não reconhecimento da falta.

Espero que ajude. Um abraço!

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Alexandre
AUTOR
10/11/06 15:34 delete

Caro Rev. Augustus, seu post me faz pensar em como lidar com os que estão feridos e ficam pelo caminho. Com certeza alguém já deve estar pastoreando o Pastor Haggard, mas e os outros tantos feridos que esquecemos?
Seu artigo me faz refletir para esta situação, para lembrar-me que sou frágil e tenho que vigiar sempre; que como presbítero tenho que estar atento para aqueles caídos, lembrando do meu papel em auxiliar a restauração destes.
Obrigado.

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Anônimo
AUTOR
10/11/06 15:50 delete

Pr Augustus,

Sinto a falta de uma posição expressa, impressa e com pressa em relação a este pecado no Mackenzie.

Sei que não é fácil para os srs. líderes expressarem , mas se fizerem, será impactante e importante para docentes e discentes, alguns indecentes.

A carta de princípios aborda o assunto indiretamente, mas caso seja possível, um folheto único, específico e direto seria EXCELENTE.

Alguns professores, progressivamente, estão mais ousados com este tópico.

Sei que o propósito é ter misericódia dos que estão nesta situação, sendo assim, preciso agir com empatia pela pessoa porém tenho de ter aversão por suas eventuais práticas condenáveis.

Como posso colaborar?

Guilherme

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Anônimo
AUTOR
10/11/06 16:12 delete

Outra coisa que gostaria de dizer e que o Anthony se confundiu quando disse que os batistas são pentecostais. Somos tradicionais e nossa origem é calvinista (vide Confissão Batista de 1689). Infelizmente muitas igrejas abandonaram a fé reformada. João de Séllos

Bom, desculpe por ter me expressado errado, mas quis me referir ao segmento pentecostal batista e assembleiano mesmo, não sobre o pentecostalismo clássico, de alguns poucos séculos atrás, que chegou no Brasil... ;)

*** mudando um pouco de assunto, vocês podem me recomendar uma boa editora que tem a confissão de westminster em forma de livro ou livreto? só tenho no pc mesmo...
obrigado.

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Anônimo
AUTOR
10/11/06 22:18 delete

Só por curiosidade...prof., será que o número de acessos do Tempora-Mores supera o do Vida Acadêmica?

Abraços!

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11/11/06 01:12 delete

Minha reação à notícia está descrita no ponto 6 deste post, uma sensação de vergonha associada à tristeza. É mais uma oportunidade de respensarmos quem somos, o que somos, de onde viemos e para onde vamos. Alarmante, pesarozo, sinal amarelo para cristãos que arrogantemente sentem-se incólumes.
Grande texto,
Que Deus abençoe seu ministério, Rev. Augustus

Abço.

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Anônimo
AUTOR
11/11/06 14:30 delete

Rev,
É muito triste quando vejo pastores (de qualquer denominação) cairem. Meu coração fica muito apertado porque dificilmente as pessoas (no geral) se esquecerão do que ele fez de errado. Fica o alerta para todos os outros que estão na batalha. Muito pertinente o post e, infelizmente (não por sua culpa), muito triste também.
Deus continue te abençoando.
Ligian.

Responder
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11/11/06 22:31 delete

Alexandre, os presbíteros têm um papel muito importante no pastoreio dos pastores, não somente como cobradores e vigiadores (como parece ser a maioria dos casos) mas como co-pastores do mesmo rebanho. O Haggard tinha quatro pastores que o disciplinaram e encaminharam para aconselhamento. Falta responsabilidade de dar contas para muitos líderes evangélicos, que não respondem a ninguém humano aqui na terra.

Guilherme, há um código de ética do Mackenzie que é do conhecimento dos professores. Mesmo que o Mackenzie não seja uma igreja -- trata-se de uma universidade, casos de quebra de "decoro professoral" pode dar um processo pela comissão de ética do próprio departamento dele. Mas, para isso, a Ouvidoria da Universidade precisa ser comunicada.

Anthony, a Editora Cultura Cristã distribui a Confissão e os Catecismos.

Um abraço a todos!

Responder
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11/11/06 22:41 delete

Daniel Yang,

Pergunta interessante -- não sei a resposta, acho que o site da Vida Acadêmica não tem um contador, ao que parece. Sei que somos bem lidos pela comunidade e tenho sempre encontrado referências aos nossos posts onde menos imaginamos, na Internet.

Estamos fazendo um ano de blog em dezembro.

Um abraço.

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11/11/06 22:44 delete

Suênia e Ligian, obrigado pelos comentários -- compartilho de sua tristeza, também. A queda do Haggard me deixou bem pensativo esses dias, quando escrevi o post, clamando muito a Deus por mim e por outros colegas.

Abraços!

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Daniel M.S.
AUTOR
11/11/06 23:03 delete

Quem caiu não foi Ted Haggard, mas a igreja e seus fiéis...
Lembremo-nos que Ted foi denunciado pelo seu amante(prostituto), ele não confessou, por que não havia nada para confessar.A suposta queda de que muitos falam ,não tem nada ver com o que se passou. Ninguém se torna gay de um dia para o outro.Não foi uma queda, foi antes, uma derrota do inimigo,e uma lição para a igreja.

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Anônimo
AUTOR
12/11/06 11:16 delete

Augustus,

Também me entristeço com a queda do Haggard. Creio que ele caiu, não por culpa de sua homossexualidade, mas por conta dos dogmas puritanos e da petrificação da interpretação das Escrituras.

A culpa é da própria igreja visível, que se tornou exclusivista, agindo de forma diametralmente oposta à adotada pelo nosso Senhor em sua passagem aqui na Terra.

Jesus foi inclusivista. É só lembramos da mulher cananéia, da adúltera, do centurião, do samaritano(inda que por parábola), dos pobres e dos leprosos.

Estes escândalos sexuais, na verdade, não me dizem absolutamente nada, senão que um líder religioso teve que viver uma vida paralela por não se enquadrar num esteriótipo puritano.

Pena ele ter caído. Pena que esta queda tenha sido culpa da instituição e do dogmatismo(opinião minha).

Interessante que Jesus não se enquadrou em esteriótipos, tampouco escolheu discípulos esteriotipados.


Mas, enfim, concordo contigo, quem tenha ouvidos pra ouvir ouça. E vou mais além, parafraseando Nietzsche:Torna-te quem tu és.

É o que eu penso.

Abraços neo-ortodoxos

Flávio Mattos
IP Copacabana

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Anônimo
AUTOR
12/11/06 22:21 delete

BOA NOITE REVERENDO AUGUSTUS NICODEMUS DE QUE IGREJA ERA O PASTOR QUE CAIU QUE RA UNS DOS 25 LIDERES DE MAIS EXPRESSÃO DOS EUA

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13/11/06 00:13 delete

Lucas,

Ele era pastor pentecostal de uma igreja independente que ele mesmo fundou.

Abraços!

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Narnia
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13/11/06 01:18 delete

Caro Augustus et al,
Gostei muitos dos comentários e analises da “anatomia de uma queda” mas fiquei um pouco desapontado do nossa tendência natural de sobre-analisar o problema e pouco falar de soluções e em como combater ou minimizar tais acontecimentos. Aqui algumas considerações complementares:
1 - A realidade é que todos somos tentados e caímos constantemente. O problema não é tão serio se prontamente confessarmos e buscarmos a presença consoladora do Senhor. A situação se torna irrefreável quando deixamos a natureza pecaminosa em controle das nossas vidas. A coisa fatal é desesperar e desistir da comunhão dos santos e da ajuda do Senhor.
2 - Precisamos reconhecer a necessidade de treinamento das nossas emoções com base na moralidade e ensinos bíblicos. Esse treinamento moral / emocional (equivalente a preparação física de um atleta profissional) serve como a primeira linha de combate contra as ciladas dos maligno. Oração e louvor não são suficientes. São necessários, e no reduto final indispensáveis, mas não suficientes. Obediência, disciplina, e pratica de hábitos moralmente sadios são fundamentais para minimizar as oportunidades para o pecado.
3 – A moralidade apenas, contudo, não é suficiente - poderemos nadar muito com a sua ajuda, mas moremos na praia. Nossa esperança: o retorno a presença misericordiosa do Senhor Jesus.
4 – Precisamos reconhecer as nossas falhas e limitações – confessarmos uns aos outros os nossos pecados e pararmos de pretender que não somos tão ruins como o Hargard. Precisamos dizer como o CS Lewis: “Quando oro por Hitler e Stalin duas coisas ajudam me a tornar minha oração mais real - - -penso que você e eu no fundo não somos muito diferentes dessas criaturas horríveis.”
5 – Acredito que precisamos parar com essa atitude de sentimentalidade, ingenuidade, e muitas vezes pura hipocrisia que existe na igreja e reconhecermos as dificuldades que precisamos enfrentar juntos, lembrando uns aos outros das benções insondáveis que o Senhor preparou para aqueles que vivem uma vida Cristã pura.. Embora o Haggard tinha pastores supervisores aparentemente não havia comunhão real e honestidade no relacionamento, de outra forma o problema teria sido resolvido a muito tempo atrás.
6 – Finalmente, nesse processo vamos cair algumas vezes, e certamente vão chegar na presença do Senhor um pouco (ou muito enlameados), mas não há problema. Como o Lewis dizia também: Os banheiros estão todos prontos, as toalhas e roupa passada no armário. A coisa fatal e não desistir. É quando nos sentimos mais sujos que a presença do Senhor é mais real em nossas vidas - é na realidade o sinal verdadeira de sua presença."
Grande Abraço,
Paulo F Ribeiro
Grand Rapids, Miichigan

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13/11/06 11:05 delete

Flavio,

Você identifica-se como neo-ortodoxo. Seu comentário, portanto, ajuda os leitores do blog Tempora-Mores a perceber ainda mais claramente os motivos pelos quais constantemente estamos escrevendo contra a neo-ortodoxia. Aliás, para ser honesto com os neo-ortodoxos, acho que nem todos neo-ortodoxos concordariam com você. Sem ofensas, eu diria que suas idéias representam mais a posição que eu chamaria de neo-libertina.

1) Neo-libertinos não são contra os puritanos – vocês devem ser realmente contra qualquer sistema que tenha uma ética definida e clara e que defenda valores morais absolutos e fixos. Isso porque você confunde Haggard com um puritano e o vê como alguém que tinha uma interpretação petrificada da Escritura. A verdade é que Haggard não era puritano. Aliá, ele cria em revelações, e ouvia vozes do céu (fundou a igreja dele em cima de uma “revelação”) – algo bastante longe da doutrina puritana da suficiência da Escritura.

2) O Jesus libertino que você construiu é diferente do Jesus que o Cristianismo histórico vem acreditando faz dois mil anos. O Jesus que você descreve foi um fracasso, pois ninguém entendeu o que ele quis dizer em dois mil anos de história – só agora os neo-libertinos descobriram. Aliás, minto. Os primeiros libertinos entenderam que Jesus realmente não era contra uma vida no pecado e na imoralidade: os nicolaítas, os seguidores de Jezabel e os libertinos combatidos por Judas (Apocalipse 2:6 e 15; Apocalipse 2:14; Judas 1:4). Todos esses ensinavam que a graça de Deus permitia que os cristãos vivessem no pecado. Eram libertinos, o nome que a História lhes deu. Daí, quem sabe, o termo neo-libertino seja mais adequado.

3) O Jesus libertino, como você o construiu, não conseguiu se fazer entender. Fracassou redondamente. Seus discípulos, as pessoas mais chegadas a ele, se tornaram o oposto do que ele queria: Pedro passou a ensinar que a vida nas paixões pecaminosas era pecaminosa (1Pedro 1:13-19), João passou a dizer que a paixão pelas coisas do mundo e da carne não procedem de Deus (1João 2.15-17), Tiago condenou o mundanismo (Tiago 4), o autor de Hebreus disse que temos que lutar até o sangue contra o pecado que nos rodeia (Hebreus 12.1-4) e Paulo declarou que os sodomitas e efeminados não entrarão no Reino de Deus (1Coríntios 6:9-11). Eles certamente não aprenderam essas coisas com o Jesus libertino.

4) Outra coisa que os leitores aprenderão com seu comentários é que os neo-libertinos convenientemente calam-se sobre determinadas passagens nos Evangelhos onde Jesus, ao receber prostitutas, cobradores de impostos e pecadores em geral, os ensinava a segui-lo, não cometendo mais pecados, tomando a sua cruz, negando a si próprios e se tornando sal e luz desse mundo em trevas. Nenhuma prostituta, imoral, ladrão, que conheceu Jesus e se tornou seu discípulo continuou na sua vida imoral. Zaqueu, Mateus, Madalena que o digam.

5) O “estereótipo puritano” a que você se refere deve ser aquilo que o Cristianismo chama de uma vida sexualmente pura: fidelidade no casamento, relacionamento heterossexual e monogâmico, castidade e pureza até o casamento, etc. – tudo aquilo que o Ted Haggard tinha de ser mas acabou não sendo. Na verdade, não se trata de um estereótipo puritano, mas do modelo bíblico de sexualidade. Fica possível concluir, salvo melhor juízo, que os neo-libertinos são a favor do sexo antes do casamento, da multiplicidade de parceiros e das relações homossexuais.

6) Você se identifica como sendo de uma "IP". Deve ser "Igreja Presbtieriana". Se for, os leitores do blog também aprenderão que neo-libertinos costumam ficar em igrejas históricas e confessionais sem dar a mínima para o que elas acreditam. Sugiro a leitura de um post meu sobre “Sobre Liberais, Parasitas e Neo-Liberais” aqui nesse blog.

7) Por fim, vou deixar a você seguir o conselho de Nietzsche e tornar-se o que você é. Se me permite, eu vou procurar seguir o conselho de Jesus, de negar-me a mim mesmo diariamente, tomar a minha cruz e segui-lo.

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13/11/06 11:10 delete

Paulo,

Obrigado por seu comentário e pelas contribuições práticas para tentarmos entender a "anatomia de uma queda" e tirarmos lições preciosas para todos nós. Como não vejo maiores pontos de discordância entre o que você escreveu e os pontos de meu post, fica aqui o registro da sua contribuição. Um abraço,

Augustus

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Anônimo
AUTOR
13/11/06 14:54 delete

A Paz pastor, fico pensando se esse pastor que caio estava pré-destinado a cair, e frustar pessoas que depositavam nele uma confiança.

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Anônimo
AUTOR
13/11/06 17:11 delete

Nossa Augustus,

Isto não foi uma resposta, mas um verdadeiro tratado teológico...rs

Não sabia que eu era merecedor de tanta atenção:um dia para postar uma resposta, e desse tamanho...

Você poderia deixar um abraço ao final. Eu deixei abraços neo-ortodoxos, vc. poderia deixar abraços puritanos, sei lá. Assim até parece que vc. não gosta de mim...rs

Termino com Nietzsche

"...creio indispensável dizer-lhe antes QUEM SOU EU.
Na realidade pouca falta faria esta explicação, porque tenho dado testemunho de sobejo acerca de minha personalidade.
Entretanto, a desproporção entre a grandeza de minha alma e a PEQUENEZ de meus contemporâneos se evidenciou no fato de que não fui ouvido, nem sequer compreendido.
Vivo de mim mesmo, de minha própria crença, apesar da afirmação de que vivo não ser, talvez, senão um mero preconceito. Assim, pois, há um dever imperioso contra o qual se revolta até no íntimo o hábito e, mais ainda, o orgulho dos meus instintos.Consiste este dever em proclamar:
Ouvi-me:EU SOU ALGUÉM E, SOBRETUDO, NÃO ME CONFUNDAIS COM OS OUTROS"(Ecce Homo)

Abraços neo-libertinos

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13/11/06 18:54 delete

Flávio,

Você já postou outros comentários aqui, os quais não foram publicados (e portanto, não respondidos) pela aparência que você deu que realmente não leva nada muito a sério e porque longe de querer um diálogo construtivo, o alvo era outro.

Esse seu comentário sobre Haggard deu-me a impressão de revelar o que você realmente pensa, uma oportunidade ímpar para os leitores do Tempora-Mores terem acesso direto às idéias do neo-libertinismo. Eu não podia perder essa oportunidade tão instrutiva para todos.

Não que você não mereça atenção, mas a demora de um dia foi porque não tive tempo ontem para responder. Na verdade, levou-me apenas 20 minutos para compô-lo. E sobre ser um tratado teológico, acho que ficou bem longe disso ainda...

Augustus

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Anônimo
AUTOR
14/11/06 22:19 delete

Olá Nicodemus

Como sugestão seria interessante escrever um post sobre os neo-libertinos...para discussão!!

Eu acredito que hoje muitas igrejas dão muita ênfase a questão da sexualidade e a proibição em algumas áreas sem, no entanto, esclarecer o porque...
Em geral o sexo antes do casamento, homoxessualismo e relacionamentos mais abertos podem ter consequências ruins tanto para um indíviduo como para a Igreja.
Imagine vc se o sexo antes do casamento é liberado no meio cristão? (Todos ganhamos consciências e deixamos de ser puritanos!! Viva!!)
O principal argumento dos que são a favor é que o amor é suficiente entre homem e mulher, pra que restringir isso é natural? Mas e se meninas e meninos de 18 anos fazem sexo sem saber, achando que se amam? Imagine um jovem A casado com B que se envolveu com uma outra jovem casada C atualmente casada com D, há 5 anos atrás, isso generalizado....
Vira uma bagunça e um problema pro "ser" latente. Quando a bíblia sugere o sexo pós casamento, isso é atual, pois antes de tudo a biblia tem uma preocupação com o ser e com o desenvolvimento humano e espiritual...

Infelizmente hoje a questão do sexo antes do casamento, homossexualismo, relacionamentos abertos e adultério são presente latentemente na igreja. E o modo como são tradados e como devem ser discutidos ainda merecem reflexão.

Nicodemus aguardo tb o post sobre a herança católica dos pecados.

Abraços
JP

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15/11/06 01:21 delete

Prezado JP,

Obrigado pela sugestão de um post sobre neo-libertinos. Talvez valha a pena, talvez não. Mas, fica registrado! :-)

Concordo que falta muita orientação bíblica nas igrejas quanto à sexualidade. No vácuo, aparecem idéias tentadoras que acabam confundindo jovens e adolescentes, como essa que você mencionou, que o "amor" é suficiente para legitimar as relações extra-maritais.

Quanto ao post sobre a "herança católica dos pecados", está no forno...

Abraços.

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Marcelo
AUTOR
21/11/06 15:01 delete

Professor Augustus Nicodemus
É um caso muito triste. E penso que o homossexual que fez chegar a público a história oculta do pastor Ted foi usado por Deus. Não fosse ele, a igreja americana ainda teria um homossexual entre suas fileiras. É boa a purificação ocorrida. Quem sabe agora o pastor Ted, pela humilhação sofrida, reúne forças para se levantar e se tornar um verdadeiro homem?

Marcelo Hagah
João Pessoa-PB

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Daniel M.S.
AUTOR
22/11/06 22:18 delete

Sim.O seu ponto de vista é a de um brasileiro reformado analizando o contexto nacional.

Na europa os católicos romanos têm sido o maior campo de evangelização e conversão.Muitos eleitos estão lá e cá, creio eu.

Um abraço forte

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Anônimo
AUTOR
10/1/07 22:26 delete

Paz a todos

Colegas, talvez o ponto que mais me choque a respeito da situação, é a falta de dialogo dos pastores principais das igrejas (e veja bem, neste caso a igreja provia um grupo no qual o pastor principal podia confiar e para o qual ele podia se abrir, e receber ajuda). Quando a coisa estoura, é porque foram perdidas muitas oportunidades de ajuda.

Porque isto é assim? Me parece que há defeitos não percebidos na atual situação das igrejas cristãs, brechas conceituais ou práticas, que permitem esta sucessão de fracassos.

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Anônimo
AUTOR
17/1/07 13:00 delete

Quem somos nós para julga-lo?
O que importa é que a igreja tenha sabedoria de ampará-lo e a voltar aos caminhos do Senhor, pelo menos que esta vida não se perca.
Se não dá para utilizá-lo mais no ministério como pastor.....
Mas lembremos que como já foi dito:
Quem pensa que está de pé cuide para que não caia.
Nós como servos do Senhor estamos muito vulneráveis aos ataques de Satanás por isso vigiemos e oremos para não entrarmos em tentação

Abraços a todos
Que Deus os abençoe

Silvio Casas

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22/6/19 19:37 delete Este comentário foi removido pelo autor.
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