quinta-feira, abril 26, 2007

Mauro Meister

MENSAGEM PRESBITERIANA SOBRE ABORTO E HOMOFOBIA

NOTE: este post é informativo e não pretendemos discuti-lo. Se quiser entrar no debate da questão vá aos posts anteriores que discutem sobre o assunto:
A Sociedade Refém da Visão Homossexual de Vida / A lei da homofilia, para leigos...

Mensagem do Rev. Roberto Brasileiro sobre aborto e homofobia.
Na qualidade de Presidente do Supremo Concílio da IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL, diante do momento atual em que as forças organizadas da sociedade manifestam sua preocupação com a possibilidade da aprovação de leis que venham labutar contra a santidade da vida e a cercear a liberdade constitucional de expressão das igrejas brasileiras de todas as orientações, venho a público MANIFESTAR quanto à prática do aborto e a criminalização da homofobia.

I – Quanto à prática do ABORTO, a Igreja Presbiteriana do Brasil reconhece que muitos problemas são causados anualmente pela prática clandestina de abortos, trazendo a morte de muitas mulheres jovens e adultas. Todavia, entende que a legalização do aborto não solucionará o problema, pois o mesmo é causado basicamente pela falta de educação adequada na área sexual, a exploração do turismo sexual, a falta de controle da natalidade, a banalização da vida, a decadência dos valores morais e a desvalorização do casamento e da família.

Visto que:
(1) Deus é o Criador de todas as coisas e que, como tal, somente Ele tem direito sobre as nossas vidas;
(2) ao ser formado o ovo (novo ser), este já está com todos os caracteres de um ser humano, e que existem diferenças marcantes entre a mulher e o feto;
(3) os direitos da mulher não podem ser exercidos em detrimento dos direitos do novo ser;
(4) o nascituro tem direitos assegurados pela Lei Civil brasileira, e sua morte não irá corrigir os males já causados no estupro e nem solucionará a maternidade ilegítima.

Por sua doutrina, regra de fé e prática, a Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a legalização do aborto, com exceção do aborto terapêutico, quando não houver outro meio de salvar a vida da gestante.

II – Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.

Visto que:
(1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros;
(2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente;
(3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto;
(4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País;
(5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, “. . . desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher” (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).

Ante ao exposto, por sua doutrina, regra de fé e prática, a Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.

Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil, não pode abrir mão do seu legítimo direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo.

Patrocínio, Abril de 2007 AD.
Rev. Roberto Brasileiro
Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil
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segunda-feira, abril 23, 2007

Augustus Nicodemus Lopes

Meu Caro Ricardo Gondim,

Por     55 comentários:
Alguns amigos me disseram que você tinha feito referência a meu artigo “Teologia Relacional – Um Novo Deus no Mercado” publicado no site Teologia Brasileira. A referência – na verdade, várias críticas – foram feitas em um artigo recente seu, “Teologia Relacional – Que Bicho é Esse”. Fui dar uma olhada, e era verdade mesmo.

Ricardo, acho que você escolheu o artigo errado para criticar em defesa de suas idéias já bem conhecidas do povo evangélico brasileiro. Meu artigo é pequeno e irrelevante diante de obras de maior peso prestes a serem lançadas no mercado brasileiro que analisam e expõem as falácias da teologia que você adotou, quer a chame de teísmo aberto ou relacional. Você deveria ter guardado sua artilharia para “Não sei mais em quem tenho crido,” organizado por Douglas Wilson, e “Não Há Outro Deus” de John Frame (a serem lançadas pela Cultura Cristã). E enquanto esses livros não saem, poderia ter atacado “Soberania Banida” do Wright ou o excelente artigo do Dr. Heber Campos, “O teísmo aberto – um ensaio introdutório” na revista Fides Reformata, ou mesmo o livro “O Teísmo Aberto”, de John Piper (Vida). Quando você refutar os argumentos de obras desse calibre, se conseguir, sua teologia poderá ficará mais fortalecida e quem sabe você volte a ter o reconhecimento que costumava ter entre os evangélicos brasileiros, embora eu imagine que você não se interessa, pois já escreveu que não se importa com o impacto de suas palavras.

Bom, mas o fato é que você, certo ou errado, resolveu escolher-me como representante dos seus críticos, pelo menos nesse artigo seu. No artigo você promete esclarecer a diferença entre teologia relacional, termo criado por você e um amigo, e o teísmo aberto. O artigo fica devendo, pois não faz nenhuma diferença entre as duas coisas. Você pode ter inventado o termo “teologia relacional” (o que eu tenho dúvidas, pois Pinnock usa o termo "relational theology" no mesmo sentido de "open theism" -- veja http://www.ctr4process.org/affiliations/ort/ORTPinnock.pdf), mas o conteúdo continua o mesmo do teísmo aberto. Se sobrou originalidade na cunhagem do termo, ela faltou no preenchimento do conceito. Logo fica claro, quando essa distinção não é feita, que o objetivo do artigo é desacreditar partes do que eu escrevi.

Eu poderia responder seu artigo ponto a ponto, a começar pelo estranho fato de que na tentativa de resgatar o caráter relacional de Deus você acaba tornando-o num Deus distante e ausente. Mas, vou concentrar-me apenas nas partes do seu artigo em que sou mencionado.

1. Você diz que “infelizmente, pela fragilidade de seus argumentos, parece que ele [Nicodemus] nunca leu as obras originais de Clark Pinnock, John Sanders ou Gregory Boyd, apenas o que seus críticos publicaram na internet”. O “argumento” a que você se refere é a declaração que eu fiz em meu artigo:

Os pontos principais [da Teologia Relacional] podem ser resumidos desta forma: 1) O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de suas criaturas.
Obviamente, não li todas as obras deles (você as leu?), mas li o suficiente para formar a minha opinião. E conheço a posição de outros que você nem menciona, como Richard Rice, outro proponente do Teísmo Aberto. Em seu artigo “Biblical Support for a New Perspective”, publicado num livro de teístas abertos, ele cita um leque eclético de neo-ortodoxos e liberais, tais como Heschel, Barth, Brunner, Kasper e Pannenberg para apoiá-lo na afirmação que o amor “é mais importante que todos os outros atributos de Deus”, até mesmo “mais fundamental… O amor é a essência da realidade divina, a fonte básica da qual se originam todos os atributos de Deus” (o artigo está no livro The Openness of God [A Abertura de Deus], com capítulos de Clark H. Pinnock, John Sanders, William Hasker e David Basinger, de 1994. A citação que estou fazendo é da página 21). Se quiser uma citação de Pinnock, nessa mesma obra, aqui vai:

Podemos entender Deus como sendo um pai que se preocupa, com atributos de amor e receptividade, generosidade e sensibilidade, abertura e vulnerabilidade, uma pessoa (ao invés de um princípio metafísico) que se aventura no mundo, reage ao que lhe sucede, se relaciona conosco e interage dinamicamente com os humanos (num artigo na obra citada acima, página 103).

Pinnock faz essa declaração apresentando o modelo de Deus-amor em contraste com o modelo cristão tradicional (que ele caricaturiza). Acho que você mesmo deixou claro em seu artigo que a Teologia Relacional começa pelo amor de Deus para daí justificar sua ausência, seu auto-esvaziamento, etc. Talvez você possa dar uma lida em tudo isso, para ver que o meu resumo é bastante fiel.

2. Ricardo, você diz “Portanto, Nicodemus fez uma afirmação inconsistente com a revelação judaico-cristã de Deus como Pessoa, nunca defendida pelos escritores do teísmo aberto ou por qualquer outro teólogo que eu já tenha lido.” Eu não fiz afirmação alguma a não ser reproduzir o que defensores do Teísmo Aberto dizem sobre o amor de Deus. Se há inconsistência, é entre os que eles declaram e a revelação judaico-cristã de Deus como Pessoa. Como eu mostrei acima, teólogos do teísmo aberto (que você cita como se fosse a mesma coisa que teologia relacional, contradizendo a afirmação prévia que as duas coisas seriam diferentes) defendem, sim, o amor de Deus como atributo mais importante. A verdade, Ricardo, é que você aparentemente leu poucos teólogos, ou somente os que lhe interessam.

3. Você diz “Não conheço ninguém que, ao tentar descrever uma pessoa, consiga catalogá-la, como dona de um ‘atributo mais importante’, como: honestidade, justiça, bondade ou amor”. Pois é, Ricardo, então deixa eu te apresentar os seguintes teólogos, filósofos e estudiosos que defenderam um ou outro atributo mais importante em Deus:

- Duns Scotus: infinitude
- Gordon Clark: asseidade
- Cornelius Jansenius: veracidade
- Saint-Cyran: onipotência
- Socinianos: vontade
- Hegel: razão
- Jacobi, Lotze, Dorner e outros: personalidade absoluta
- Ritschl: amor

Outros, mesmo não apontando um atributo mais importante como os acima, puseram ênfase em um único atributo de Deus, como Barth sobre “amor na liberdade”, Buder e Brunner na “pessoa”, e Moltmann na “futuridade”. Como você vê, o fato de você não conhecer alguma coisa não quer dizer que não exista. Quando os teólogos relacionais e/ou abertos destacam o amor de Deus acima de sua, por exemplo, onisciência, estão fazendo a mesma coisa que outros teólogos já fizeram antes deles, com outros atributos de Deus.

4. Você faz uma representação totalmente falsa do que eu escrevi quando diz “Sua próxima frase [de Nicodemus] vai negar noções intuitivamente percebidas pela grande maioria dos evangélicos: Deus é afetuoso, sim”. E em seguida, apresenta a prova do crime: “III) “Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas humanos”. Para que os leitores julguem se eu realmente neguei que Deus se comove com os dramas humanos e que defendo a passividade divina, reproduzo aqui outra vez minha frase no contexto:


Os pontos principais [da Teologia Relacional] podem ser resumidos desta forma: (1) O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de suas criaturas.

Vou lhe dar crédito porque nesse ponto do meu artigo, em que me limito a reproduzir o pensamento da teologia relacional, não disse se concordo ou discordo que Deus é sensível e se comove com suas criaturas. Na verdade, eu concordo, sim. Não poderia ser diferente, diante da revelação bíblica. O que eu não posso é tomar a sensibilidade, a ternura e o amor de Deus para anular sua onisciência, sua onipotência, sua imutabilidade e sua soberania, todos igualmente revelados na mesma Bíblia. Eu leio o que você escreve, mas aparentemente você não lê o que eu escrevo. Se lesse, saberia que eu jamais negaria o que a Bíblia diz sobre o amor, a sensibilidade e a ternura de Deus. Se você tiver tempo, enquanto luta com suas dúvidas intermináveis, leia um artigo meu aqui no blog Tempora-Mores, intitulado “Mais de Cinco Pontos do Meu Calvinismo”, do qual reproduzo apenas um parágrafo:

Creio que Deus é soberano e bom, mas não tenho respostas lógicas e racionais para a contradição que parece haver entre um Deus soberano e bom que governa totalmente o universo, por um lado, e por outro, e a presença do mal nesse universo. Diante da perversidade e dos horrores desse mundo, alguns dizem que Deus é soberano mas não é bom, pois permite tudo isto. Outros, que ele é bom mas não é soberano, pois não consegue impedir tais coisas. Para mim, a Bíblia diz claramente que Deus não somente é soberano e bom – mas que ele é santo e odeia o mal. Ao mesmo tempo, a Bíblia reconhece a presença do mal do mundo e a realidade da dor e do sofrimento que esse mal traz. Ainda assim, não oferece qualquer explicação sobre como essas duas realidades podem existir ao mesmo tempo. Simplesmente pede que as recebamos, creiamos nelas e que vivamos na certeza de que um dia ele haverá de extinguir completamente o mal e seus efeitos nesse mundo.

No início de seu artigo você disse que errou em expor suas dúvidas diante de teólogos com “convicções fortes,” uma “fé inabalável” e “afirmações irredutíveis”. Não acho que esse foi o seu erro. Todos temos muitas dúvidas e poucas respostas em diversos pontos, conforme você leu acima. E se você leu meu artigo até o fim, terá percebido meu último parágrafo:

Com certeza a visão tradicional de Deus adotada pelo cristianismo histórico por séculos não é capaz de responder exaustivamente a todos os questionamentos sobre o ser e os planos de Deus. Ela própria é a primeira a admitir este ponto. Contudo, é preferível permanecer com perguntas não respondidas a aceitar respostas que contrariem conceitos claros das Escrituras.
Seu erro não foi externar suas dúvidas, mas a natureza dessas dúvidas. Além do mais, será sempre questionável tentar passar às pessoas essas dúvidas como se elas fossem o padrão do cristianismo bíblico. Enquanto que eu e os evangélicos tradicionais – calvinistas e arminianos – sabemos em que temos crido, você atravessa um período em que questiona o conceito cristão de Deus quanto à sua onisciência, onipotência e soberania. Suas dúvidas o levaram muito além do antigo debate entre calvinistas e arminianos, a questionar a concepção cristã histórica de Deus.

Sinceramente,
Augustus
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