[Mais uma carta fictícia. Não existe o Reverendo Van Diesel, pelo menos não com este nome...]
Prezado Reverendo Van Diesel,
Obrigado por ter respondido minha carta. Você foi muito gentil em responder minhas perguntas e explicar os motivos pelos quais você costuma ungir com óleo os membros de sua igreja e os visitantes durante os cultos, além de ungir os objetos usados nos cultos.
Foto do armário do Rev. Van Diesel - óleo santo importado de Israel |
Sem querer abusar de sua gentileza e paciência, mas contando com o fato de que somos pastores da mesma denominação, permita-me comentar os argumentos que você citou como justificativa para a unção com óleo nos cultos.
Você escreveu, "A unção com óleo era uma prática ordenada por Deus no Antigo Testamento para a consagração de sacerdotes e dos reis, como foi o caso com Arão e seus filhos (Ex 28:41) e Davi (1Sam 16:13). Portanto, isto dá base para se ungir pessoas no culto para consagrá-las a Deus." Meu caro Van Diesel, nós aprendemos melhor do que isto no seminário presbiteriano. Você sabe muito bem que os rituais do Antigo Testamento eram simbólicos e típicos e que foram abolidos em Cristo. Além do mais, o método usado para consagrar pessoas a Deus no Novo Testamento para a realização de uma tarefa é a imposição de mãos. Os apóstolos não ungiram os diáconos quando estes foram nomeados e instalados, mas lhes impuseram as mãos (Atos 6.6). Pastores também eram consagrados pela imposição de mãos e não pela unção com óleo (1Tim 4.14). Não há um único exemplo de pessoas sendo consagradas ou ordenadas para os ofícios da Igreja cristã mediante unção com óleo. A imposição de mãos para os ofícios cristãos substituiu a unção com óleo para consagrar sacerdotes e reis.
Você disse que "Deus mandou Moisés ungir com óleo santo os objetos do templo, como a arca e demais utensílios (Ex 40.10). Da mesma forma hoje podemos ungir as coisas do templo cristão, como púlpito, instrumentos musicais e aparelhos de som para dedicá-los ao serviço de Deus. Eu e o Reverendo Mazola, meu co-pastor, fazemos isto todos os domingos antes do culto." Acho que aqui é a mesma coisa que eu disse no parágrafo anterior. A unção com óleo sagrado dos utensílios do templo fazia parte das leis cerimoniais próprias do Antigo Testamento. De acordo com a carta aos Hebreus, estes utensílios, bem como o santuário onde eles estavam, “não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno de reforma” (Hb 9.10). Além disto, o templo de Salomão já passou como tipo e figura da Igreja e dos crentes, onde agora habita o Espírito de Deus (1Co 3.16; 6.19). Não há um único exemplo, uma ordem ou orientação no Novo Testamento para que se pratique a unção de objetos para abençoá-los. Na verdade, isto é misticismo pagão, puro fetichismo, pensar que objetos absorvem bênção ou maldição.
Você também argumentou que “Jesus mandou os apóstolos ungir os doentes quando os mandou pregar o Evangelho. Eles ungiram os doentes e estes ficaram curados (Mc 6.13).” Nisto você está correto. Mas note o seguinte: (1) foi aos Doze que Jesus deu esta ordem; (2) eles ungiram somente os doentes; (3) e quando ungiam, os enfermos eram curados. Se você, Van Diesel, e seu auxiliar Mazola, curam a todos os doentes que vocês ungem nos cultos, calo-me para sempre. Mas o que ocorre? Vocês ungem todo mundo que aparece na igreja, crianças, jovens, adultos e velhos... Você fica de um lado e o Mazola do outro, e as pessoas passam no meio e são untadas com óleo na testa, gente sadia e com saúde. Se há enfermos no meio, eles não parecem ficar curados. Pelo menos o membro da minha igreja que esteve ai por três domingos seguidos não viu nenhum caso de cura. Ele me disse que você e o Mazola ungem o povo para prosperidade, bênção, proteção, libertação, etc. É bem diferente do que os apóstolos fizeram, não é mesmo?
Unção de partes íntimas? Fala sério, mano! |
Seu último argumento foi que “Tiago mandou que os doentes fossem ungidos com óleo em nome de Jesus (Tg 5.14).” Pois é, eu não teria problemas se os pastores fizessem exatamente o que Tiago está dizendo. Note nesta passagem os seguintes pontos.
- A iniciativa é do doente: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor."
- Ele chama “os presbíteros da igreja” e não somente o pastor.
- O evento se dá na casa do doente e não na igreja.
- E o foco da passagem de Tiago, é a oração da fé. É ela que levanta o doente, “E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5.15).
Ou seja, não tem como usar esta passagem para justificar o “culto da unção com óleo santo” que você faz todas as quintas-feiras e onde unge quem aparece. Não há confissão de pecados, não há quebrantamento, nada do que Tiago associa com esta cerimônia na casa do doente.
Quer saber, Van Diesel, eu até que não teria muitos problemas se os presbíteros fossem até a casa de um crente doente, que os convidou, e lá orassem por ele, ungindo com óleo, como figura da ação do Espírito Santo. Se tudo isto fosse feito também com um exame espiritual da vida do doente (pois às vezes Deus usa a doença para nos disciplinar), ficaria de bom tamanho. E se houvesse confissão, quebrantamento, mudança de vida, eu diria amém!
Mas até sobre esta unção familiar eu tenho dúvida, diante do uso errado que tem sido feito da unção com óleo hoje. De um lado, há a extrema unção da Igreja Católica, tida como sacramento e meio de absolvição para os que estão gravemente enfermos e se preparam para a morte. Por outro, há os abusos feitos por pastores evangélicos, como você. O crente doente que convida os presbíteros para orarem em sua casa e ungi-lo com óleo o faz por qual motivo? Ungir com óleo era comum na cultura judaica e oriental antiga. Mas entre nós...? Será que este crente pensa que a unção com óleo tem poderes miraculosos? Será que ele pensa que a oração dos presbíteros tem um poder especial para curar? Se ele passa a semana assistindo os programas das seitas neopentecostais certamente terá idéias erradas sobre unção com óleo. Numa situação destas de grande confusão, e diante do fato que a unção com óleo para enfermos é secundária diante da oração e confissão de pecados, eu recomendaria grande prudência e discernimento.
Mas, encerro por aqui. Mais uma vez, obrigado por ter respondido à minha primeira carta e peço sua paciência para comigo, na hora de ler meus contra-argumentos.
Um grande abraço,
Augustus
PS: Ah, o Reverendo Oliveira e o Presbítero Gallo, seus conhecidos, estão aqui mandando lembranças. Eles discordaram veementemente desta minha carta, mas fazer o quê...?
PS2: Desculpe ter publicado a foto que o Severino acabou tirando daquele seu armário no gabinete pastoral... ele não resistiu.
PS2: Desculpe ter publicado a foto que o Severino acabou tirando daquele seu armário no gabinete pastoral... ele não resistiu.
78 comentários
comentáriosPrezado Rev. Augustus,
ResponderGraça e paz ao irmão! Estivemos juntos na IP Santo Amaro (quando visitei a Igreja)no final de janeiro, depois não o vi mais. Espero que tudo esteja em paz!
Parabéns, mais uma vez, pelo artigo! Faço questão de registrar que aprecio, e muito, seu trabalho e sou leitor assíduo do "blog". Fica registrado meu insentivo e apoio!!!
Ano passado, visitei uma Igreja Batista na Zona Oeste em São Paulo e teve uma missionária que foi ungida pelo pastor da Igreja. Pareceu-me ser uma prática normal da Igreja. Achei bastante curioso, mas não cheguei a meditar sobre o tema, muito menos formar qualquer opinião a respeito.
Mas, agora, após a leitura do texto e, como andei meditando, hoje, naquela passagem de Josué 1º que fala para nos afastarmos, nem para direita, nem para esquerda, algumas divagações me vieram à mente.
Em primeiro lugar, é impressionante como nos deixamos por "modismos". Sou presbiterianao aqui em São Paulo e não conheço nenhuma Igreja Presbiteriana que tenha essa prática de unção com óleo (e os demais elementos comentados no artigo), mas se entendi corretamente, isso deve estar ocorrendo no nosso meio e, como testemunhei, na Igreja Batista (denominação idônea e séria)o mesmo ocorreu...
Como esses modismos, em tudo, nos contaminam... E, na maioria das vezes, quando nos recusamos a participar dos "modismos", somos tratados como retrógrados, bitolados, fundamentalistas, conservadores etc..
Na minha experiência pessoal de vida, toda vez que "inventei moda" quebrei a cara! Temos que fugir do chamado efeito "manada"!!!
O mesmo vale para a Igreja. Quanto mais se inventa, mais se afasta da ortodoxia, sã doutrina, da Bíblia e mais se aproxima do mundo!!!
Mas, também, não podemos deixar de fazer uma reflexão justa: o grande mérito do movimento Pentecostal foi trazer de volta, à nossa memória, que a obra de DEUS sem poder do Espírito Santo não vale nada... Isso já estava na Bíblia...
Creio que a IPB fez muito bem em classificar determinadas organizações (verdadeiros caça níqueis), travestidas de "igreja", como seitas.
Está na hora de pararmos de buscar os "modismos" e ficarmos com a Bíblia!!! Não precisamos de mais nada!!!
Não há nada de errado em buscar novas músicas ou até mesmo instrumentos musicais (apesar de pessoalmente não gostar de bateria no culto...), ou manifestações mais alegres e espontâneas (bater palmas no momento do louvor para acompanhar a música, pode até ser possível e não problema algum nesse sentido, apesar de não adotar tal comportamento).
Contudo, não nos afastemos, nem para a direita, nem para a esquerda, da Palavra de DEUS!!!
Cordialmente, em Cristo Jesus!!!
Cristiano Pereira de Magalhães
Estimado Rev. Nicodemus
ResponderFaz pouco tempo que comecei a ser "seguidor" deste blog, e gostaria de registrar que embora esta seja minha primeira pergunta, os outros temas me foram muito esclarecedores, complementados pelos comentários dos leitores e suas respostas.
Mas desta vez me ficou uma dúvida relacionada a unção de enfermos.
A restrição que se tem em ungir enfermos em seus lares é para que não se confunda o simbolismo secundário da unção com óleo com o PODER SOBRENATURAL inventado pelas $EITA$ NeoPentecostais?
Faço esta pergunta apenas para firmar meu entendimento do texto, mas o que entendi a princípio é que podemos descartar um símbolo secundário, até mesmo para não confundir nem desviar o irmão "Nem para a direita, nem para a esquerda" conforme os comentários do Cristiano Pereira.
Obrigado pela dedicação à este Blog tão rico da Palavra de Deus.
Dr Augustus, tudo bem? Espero que sim.
Responder(1) Constitui-se em erro ungir um homem no dia de sua ordenação?
(2) Por que a vida do doente deveria ser analisada? O texto de Tiago dá respaldo para essa atitude?
Pelo que vejo, esse texto de Tiago não ensina que cabe aos presbíteros deliberarem sobre a doença e os motivos pelos quais a pessoa estaria doente.
Até mais, Marcos.
Marcos,
Responder"(1) Constitui-se em erro ungir um homem no dia de sua ordenação?"
Se você chama de erro uma prática no culto que não tem fundamentação bíblica, a resposta é sim, na minha opinião. O ato simbólico da ordenação no NT é a imposição de mãos, cf. At 6.6; 13.3; 1Tm 4.14; 5.22; 2Tm 1.6; Hb 6.2.
"
(2) Por que a vida do doente deveria ser analisada? O texto de Tiago dá respaldo para essa atitude?"
Pondere no seguinte. Tiago diz que se o doente tiver cometido pecados serão perdoados. Como ele fala da confissão de pecados no parágrafo seguinte, supõe-se que está implícito que no ato de orar pelo doente os presbíteros perguntam se ele cometeu pecados que porventura trouxeram aquela doença. E estes pecados devem ser confessados para serem perdoados. Parece que a cura está relacionada com isto e com a oração da fé oferecida.
Abs.
Olá Dr. Algustus, paz e graça!
ResponderHá alguns anos atrás, um "pastor" aqui em Birigui - SP começou a ungir as partes intimas dos membros do sexo feminino de sua igreja afim de que elas não fossem objeto de cobiça para o sexo oposto... Não sei se ai onde o senhor reside há gente "poderosa" como aqui em Birigui. Aqui há "pastores" que compram centenas de frascos de azeite para distribuirem entre os membros de suas respectivas igrejas. Reverendo do céu... a coisa esta feia por aqui!!! Parabens pela postagem!
Graça e paz Rev. Augustus.
Responder"Como ele fala da confissão de pecados no parágrafo seguinte, supõe-se que está implícito que no ato de orar pelo doente os presbíteros perguntam se ele cometeu pecados que porventura trouxeram aquela doença. "
Em que sentido o sr. crê que pecados podem trazer uma doença?
Em Cristo, Mac.
Caro Rev. Nicodemus...
ResponderQue loucura!
O pior de tudo isso que mais parece uma paródia é que esses “Van Diesel” estão aos montes hoje nas Igrejas.
Não faz muito tempo e não foi em Birigüi,ou seja,a coisa tá feia aqui também,e em uma rádio dita cristã,um homem comentava que na denominação dele havia,olha só o absurdo, “UNÇÃO DAS PARTES ÍNTIMAS PARA CURA DE IMPOTÊNCIA E FRIGIDEZ”.
Eu na hora dei risada, mas depois fiquei sozinho meditando no que estão transformando a Igreja.
Hoje o sacrifício de Cristo,o real louvor e adoração,a intimidade com Deus não está muito como ponto central em nossos púlpitos,mas hoje prevalece o oba-oba,o show gospel,o irmão que profetiza,a irmãzinha que tem visões,o resultado rápido de todos os problemas financeiros.Jesus se tornou um grande negócio.
Vou me unir ao irmão do primeiro comentário e parabenizar a IPB pela decisão de considerar como seitas certos movimentos ditos “evangélicos”.
Que Deus abençoe a Tríplice Aliança Reformada (Nicodemus-Solano-Mauro).
O grande problema dessas práticas heterodoxas na Igreja de Cristo é que os pastores tornam-se mágicos, sacerdotes de crenças falazes. Muito apropriado, portanto, esse texto, pois vivemos num momento nefasto quanto ao uso arbitrário dos textos bíblicos fora do contexto.
ResponderQue Deus possa nós conduzir a verdade do Senhor Jesus.
Parabéns pelo texto.
Em Cristo,
Cleverton Barros de Lima
Pastor,
Responder.....da mesma denominação?!!!!!!!
É o "fim do mundo"!
Deus o abençoe.
Tânia Cassiano
Mac,
ResponderEm primeiro lugar, note quer eu disse "porventura..." - não acredito que toda doença é resultado de um pecado específico, mas acredito que algumas são.
Vários crentes de Corinto haviam ficado doentes e outros já tinham morrido por terem profanado a ceia do Senhor (1Cor 11.30).
O contexto desta passagem deixa claro que foi o próprio Deus que havia feito isto, como maneira de disciplinar seus filhos.
Não quer dizer que Ele sempre faz isto e nem que toda doença é castigo por um pecado específico. Mas eventualmente isto pode acontecer.
A recomendação de Tiago parece supor que a pessoa doente pode ter cometido pecados, e que a confissão e o perdão são necessários.
Abs.
No caso dos apóstolos ungirem os doentes e estes ficarem curados (Mc 6.13). Tiago quando instrui os anciãos da igreja a ungirem os doentes diz que a oração da fé salvará o enfermo (Tg 5.15). É duvidoso de que, mesmo naquela época, todos os doentes eram sempre curados. Pois a Bíblia mostra que mesmo orações mais fervorosas não conseguem obter a cura de todas as doenças, era assim também com os profetas e dos apóstolos (2Rs 13:14; 2Co 12:8-9; 1Tm 5:23).
ResponderReverendo,
Responder"a confissão e o perdão são necessários."
Nesse caso a confissão é algo íntimo, interno, entre a pessoa e Deus ou a pessoa publicamente confessa o pecado para os presbíteros antes da oração?
Obrigado
Pr Agustus,
ResponderE como você interpreta a praticidade dessa confissão? Ali, de forma auricular?
Graça e Paz
Mizael Reis
O Reverendo Oliveira discordou do senhor?
ResponderEstes meus parentes... risos...
Aproveitando:
- Até onde a aplicação de Romanos 14 pode ser feita para casos de pessoas que com sinceridade fazem práticas ao ou pelo Senhor?
Abraço!
Muito proveitosa a carta! Continue escrevendo elas para o bem da igreja. Até no meio presbiteriano conservador temos ovelhas a lá Van Diesel. Mesmo os pastores não ensinando essa doutrina estranha, ela já é presente na cabeça de alguns irmãos.
ResponderReverendo, temos BOAS evidências para admitirmos que o óleo, em Tg 5.14, é medicinal? Quais são elas?
Um abraço!
Em Cristo.
R.,
Responder"Nesse caso a confissão é algo íntimo, interno, entre a pessoa e Deus ou a pessoa publicamente confessa o pecado para os presbíteros antes da oração?"
Sinceramente não sei se há um padrão para isto. A regra me parece ser que a confissão tem que ser na mesma proporção do pecado. Se o pecado foi entre o crente e Deus, só Deus precisa ouvir a confissão, a não ser que a pessoa precise de ajuda espiritual para se libertar de um hábito, etc., e voluntariamente procura irmãos mais experientes e maduros que possam ajudá-lo.
Se o doente entende que sua doença é a mão de Deus disciplinando-o por um pecado que só ele conhece, a confissão aos presbíteros e o pedido para que orem por ele pode ser bom.
É preciso lembrar que não estou falando de confissão auricular a um sacerdote, que é mais um sacramento da igreja católica. Note que Tiago, na passagem em discussão, toma o caso particular do doente e faz uma aplicação geral, "confessai, pois, vossos pecados uns aos outros e oreis uns pelos outros para serdes curados" (Tg 4.16). A transparência, a abertura do coração entre irmãos, é de muita ajuda para vencermos o pecado.
abs.
Mizael,
Responder"E como você interpreta a praticidade dessa confissão? Ali, de forma auricular?"
Veja a resposta ao R.
Abs.
Grande Oliveira,
Responderrsrsrsrs!
" Até onde a aplicação de Romanos 14 pode ser feita para casos de pessoas que com sinceridade fazem práticas ao ou pelo Senhor?"
Boa pergunta.
Em Romanos 14.1-23 o apóstolo Paulo está tratando da questão do relacionamento entre judeus-cristãos e gentios-cristãos na mesma igreja. Os judeus convertidos continuavam a guardar os costumes e tradições do judaísmo, como a circuncisão, a guarda do sábado e a dieta religiosa que os impedia de comer determinados alimentos. Já os gentios convertidos não tinham qualquer escrúpulos com estas coisas.
A comunhão entre eles estava dificil na igreja de Roma, e os dois grupos estavam a ponto de rachar. Os judeus condenavam os gentios por comerem todo tipo de comida e não guardar o sábado, e os gentios desprezavam os judeus, dizendo que aquelas coisas foram abolidas por Cristo e que eles eram fracos na fé.
Paulo recomenda a tolerância e o respeito nestas questões que não eram da essência da fé, e que tinham um forte componente cultural (circuncisão, dieta e calendário eram as três marcas dos judeus).
Não sei se a aplicação deste princípio é válido para aqueles que querem ungir com óleo todas pessoas durante os cultos como nosso amigo Van Diesel e seu auxiliar Mazola. Creio que devemos tolerar e suportar as pessoas que têm opiniões diferentes sobre sua conduta pessoal em questões realmente adiáforas. Por exemplo, não vou discutir nem criticar quem não come carne de porco - embora eu coma e goste.
Mas ungir pessoas com óleo durante o culto a Deus me parece uma categoria diferente, pois envolve o povo de Deus, envolve a aplicação de uma cerimônia de natureza religiosa e emprega o nome de Deus.
Abs.
Danilo,
Responder"Reverendo, temos BOAS evidências para admitirmos que o óleo, em Tg 5.14, é medicinal? Quais são elas?"
BOAS, não, rsrsrs.
Tiago não nos explica a relação que vê entre a unção com óleo e a oração em favor do enfermo. Para alguns, o óleo deve ser visto como remédio e a oração pede a bênção de Deus sobre seu uso. Para outros, a relação é simbólica da ação do Espírito Santo. Este último entendimento se baseia na interpretação de algumas passagens do Antigo Testamento que associam o uso do óleo à ação do Espírito: a unção dos sacerdotes com o óleo da unção (Ex 29.7; Lv 8.12), a unção de reis associada à vinda do Espírito Santo sobre eles, como foi o caso de Saul (1Sm 10.1 e 6) e especialmente o caso de Davi: "Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do Senhor se apossou de Davi" (1Sm 16.13), além das duas oliveiras produtoras de óleo representando o Espírito do Senhor (Zc 4.3).
Esta última interpretação, que o uso do óleo é simbólico da ação curadora do Espírito nos parece a mais correta, embora certamente não seja a unanimidade entre os estudiosos reformados.
Mas, fico aqui com a interpretação de Calvino, de que era um uso simbólico: “não posso concordar com aqueles que pensam que óleo era usado como remédio nestes casos” (J. Calvino).
Abs.
Reverendo,
ResponderSou grato a Deus por sua vida e pela sabedoria dada ao senhor pelo nosso Pai Celeste para que (pelo menos eu) aprenda e tire varias duvidas relacionadas a questões doutrinarias que hoje em dia já foram esquecida por boa parte dos (que se dizem) cristãos.
Fico imensamente feliz em visitar o blog a cada manhã e encontrar novas e boas postagens, sei que são inspiradas por Deus, através do Espírito Santo em sua vida. Glória seja dada a Deus!
Não podemos negar que Deus o tem usado imensamente para que Ele mesmo seja glorificado.
Creio que hoje em dia, o povo de Deus tem se afastado da sua vontade por haver tantos “falsos profetas” e “homens que perderam o bom senso” e que hoje olham para Jesus como um dos meio, não como o ÚNICO! Ah muita opostasia, muito misticismos, muito do inimigo infiltrado em nossas igrejas.
Que Deus tenha misericórdia!
Mas o que me conforta é que Deus tem usado pessoas como o senhor para poder nos alertar de tantas coisas dia-a-dia.
Que Deus continue fazendo Sua obra em sua vida, e que Ele continue sendo o centro, o Único e que Jesus Cristo viva e reine para sempre!!
Louvado seja o nome do Senhor, nosso Deus, único Deus!
Filipe Pontes (family.ponts@gmail.com)
Rev Augustus,
Responderde tempos em tempos visito seu BLOG. Hoje lendo esse texto fiquei curioso: vc já teve a experiência de orar por alguém e a pessoa ser curada?
Conte-nos como foi.
Seria legal ouvir um testemunho de cura na IPB. Pessoalmente nunca ouvi nenhum, mas me parece que vc crê em cura divina nos dias de hoje.
Cleber.
http://confraria-pentecostal.blogspot.com/
Cleber,
ResponderJá me aconteceu de orar por um doente e ele ficar bom na mesma ocasião. Já me aconteceu de orar por doentes que se recuperaram aos poucos.
E já me aconteceu de orar por doentes que não melhoraram. Um caso específico, eu me recordo, morreu na mesma semana...!
Eu mesmo fui curado em 1984 durante uma visita que fiz a Kwasizabantu, África do Sul, onde estava ocorrendo um grande avivamento espiritual entre os Zulus. Ninguém orou por mim e ninguém me ungiu ou impôs as mãos, rsrsrs, mas sai de lá curado.
Sobre este avivamento, veja o livro STEGEN, Erlo. Avivamento na África do Sul. Tradução de Augustus Nicodemos Lopes. São Paulo, Editora Os Puritanos, 1996. 78 pp.
Eu creio que Deus cura hoje em resposta às orações. Só não creio que temos hoje homens como os apóstolos, que tinham o dom e o poder de curar a todos em quem impunham as mãos ou a quem determinavam a cura.
Abs.
Agradeço a explicação Rev.
ResponderMas com isso, lembrei da passagem de Lc 13.11-13, onde o Senhor Jesus cura uma mulher que tinha uma enfermidade causada por um espírito. É possível estabelecer um paralelo dessa passagem com a de Tiago 5?
Embora Lucas não fale explicitamente, me parece que a questão do pecado está em jogo, assim como em Tg 5.15.
Lc 13:11 E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; e andava curvada, e não podia de modo algum endireitar-se.
Lc 13:12 E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade.
Lc 13:13 E pós as mãos sobre ela, e logo se endireitou, e glorificava a Deus.
Abraço!
Ps: O Cleber é meu pastor, kkkkk. Acho que estou sendo monitorado, rsrs.
Caro Rev. Nicodemus
ResponderPostei uma pergunta ontem, mas não sei se ficou claro que eu estava fazendo uma pergunta ou se ela não era pertinente.
Permita-me reformular:
- É lícito ungir com óleo um enfermo em seu lar ou leito no momento de oração? Esta característica é secundária diante da importância primária da oração e por isto descartada para não levar o crente à confusão diante das manifestações "milagrentas" apresentadas pelos neopentecostais?
Obrigado
"Eu creio que Deus cura hoje em resposta às orações. Só não creio que temos hoje homens como os apóstolos, que tinham o dom e o poder de curar a todos em quem impunham as mãos ou a quem determinavam a cura."
ResponderVc não crê que Deus possa dotar pessoas com o dom de cura hoje (1Co12)?
Vc falou que os apóstolos tinham o dom e o poder de curar a todos em quem impunham as mãos.
Eu não vejo assim. Apesar de vários apóstolos terem o dom de cura, vemos que na igreja primitiva havia vários enfermos que os apóstolos não curaram.
Paulo chega a recomendar vinho como remédio a Timóteo.
Eu creio em cura pela oração da igreja, e creio em dom de cura.
Tenho visto muitas curas, mas em todos os casos entendo que é Deus quem decide se vai curar ou não.
A nós cabe orar.
Mac,
ResponderNão consigo ver a questão do pecado em Lucas 13.11-13.
Abs.
Rafael,
ResponderNa minha opinição, a unção com óleo é absolutamente secundária - quem quiser fazer, faça-a em termos do que Tiago 5 diz - e eu evito por causa da confusão que existe hoje sobre o assunto. Muita gente pensa que o óleo tem poder de curar ou que é uma espécie de sacramento. Falam em óleo ungido, etc.
Abs.
Cleber,
ResponderNão, não creio, conforme já disse acima.
Toda vez que os apóstolos disseram "fica curado em nome de Jesus," os doentes ficaram curados imediatamente e completamente. Você pode dizer com certeza que Paulo tentou isto em Timóteo e não funcionou? Ou ele simplesmente sabia que não era o caso de usar o dom, mas remédio?
Você diz que crê em oração de cura pela igreja e em dom de cura. Se o dom de curar não significa que a pessoa que o tem vai curar a todos pelos quais ora e impõe as mãos, qual a diferença entre este dom e a oração pela cura - se em ambos os casos a cura pode acontecer ou não?
Abs.
Caro Reverendo Augustus !!!
ResponderExcelente texto...como sempre. A melhor parte fala do Rev.Peroba... risos. Faço a seguinte pergunta : O senhor teria alguma explicação para este fenômeno tipicamente brasileiro de mistificar quase sem limites a religiosidade evangélica ? Uma segunda pergunta, que nada tem haver com o texto, seria que sugestão o senhor daria a um aluno de pós-graduação que planeja realizar uma parte de seu doutorado fora do país ?
Rev. Augustus.
ResponderEm Lc 13, o que poderia ter levado aquela mulher a ter um espírito de enfermidade?
Cheguei a conclusão de que o pecado estaria em jogo com base em outras passagens onde aconteciam as duas coisas simultaneamente, a saber, perdão de pecados e a cura da enfermidade (Mc 2.3-5).
Mas, talvez a mulher encurvada de Lc 13 estava sendo apenas "oprimida" por um espírito, sem necessariamente ter algum vínculo com pecado.
Abs.
Parabéns! Já faz um tempo que acompanho este site. Parabéns pela didática aplicada, fica bem claro e prazeirosa a leitura e consequentemente o entendimento do tema em questão.
ResponderUm abraço,
Eric
Mac,
ResponderO NT relata dezenas de encontros de Jesus com pessoas endemoninhadas e nunca se dá a razão pela qual tais pessoas ficaram possessas.
Sem dúvida, a causa primária da possessão foi o pecado de Adão. Quando nossos pais pecaram e atenderam à voz do diabo, submeteram-se, bem como toda a sua descendência, ao príncipe da postestade do ar, o espírito que agora tua nos filhos da desobediência (efésios 2.1-3). Teoricamente, qualquer filho de Adão pode ficar sob influência de espíritos malignos, desde a possessão até as tentações e opressões.
Não sei se a causa da possessão é um pecado específico cometido por uma pessoa. Acredito que este possa ser o caso em algumas circunstâncias, mas não podemos generalizar. A verdade é que a Bíblia não diz muita coisa sobre o assunto.
Abs.
SouzaHércules,
Responder"O senhor teria alguma explicação para este fenômeno tipicamente brasileiro de mistificar quase sem limites a religiosidade evangélica ?"
Dê uma olhada neste meu artigo:
http://tempora-mores.blogspot.com/2006/11/alma-catlica-dos-evanglicos-no-brasil.html
"Uma segunda pergunta, que nada tem haver com o texto, seria que sugestão o senhor daria a um aluno de pós-graduação que planeja realizar uma parte de seu doutorado fora do país ?"
Duas sugestões: primeira, você precisa ter recursos financeiros, senão começa e não termina, como muitos que eu conheci, que tiveram de voltar ao Brasil sem concluir.
Segundo, procure escolas que sejam confessionalmente bíblicas e comprometidas com a infalibilidade das Escrituras, e que tenham um bom nível acadêmico.
Abs.
Prezado Rev. Nicodemus. Seu texto é pertiente, atual e bíblico. Fez-me bem lê-lo e degustá-lo - pela maneira criativa que foi escrito. Sou presidente do meu presbitério e tenho um caso de um pastor que unge todas as pessoas, doente e não no culto. Caso ocorra novamente, estaremos dispostos a tomar providências.
ResponderEntendo que a unção com óleo é secundário na prática pastoral. Contudo, creio que a IPB ainda não foi clara quanto a este quesito, o que dá margem para pastores ungirem em nossas igrejas.
Gostaria muito que o senhor continuasse a escrever sobre este assunto, apresentando exegese acurada de textos como Mc. 6.13. Fiquei feliz porque o senhor está na Comissão do SC-IPB que tratará do tema em tela.
Uma pergunta: se o óleo é simbolico, como afirma Calvino, e os símbolos do AT não estão vigentes mais, por que Tiago insistiria com este símbolo? O que, no texto, desmerece a interpretação de que o óleo era medicinal? Ficarei grato de ler suas observações.
Abs,
Rev. Fábio (DF)
Rev Augustus,
Respondertemos N casos do NT de pessoas não-curadas.
Não creio que os apóstolos se esquivariam de orar por um enfermo, uma vez que Jesus mandou que orassem pelos doentes.
Sobre a diferença entre o dom de cura e a cura pela oração da igreja deixa eu explicar o que entendo:
Creio que todo crente pode orar pela cura de alguém e ver a pessoa sendo curada. Mas a pessoa dotada com o dom de cura é muito mais usada nessa área, vê curas com muito mais frequencia.
Traço um paralelo com o dom de evangelista para exemplificar:
Creio que todo crente pode evangelizar alguém e ver a pessoa se converter. Mas a pessoa dotada com o dom de evangelista é muito mais usada nessa área, vê conversões com muito mais frequência.
Pr Cleber.
http://confraria-pentecostal.blogspot.com/
Rev. Augustus,
ResponderInformo-lhe que aqui em Belém (PA), os ânimos estão acirrados.
Seu Post causou extrema indignação em algumas lideranças eclesiásticas. Os Reverendos Andiroba e Copaíba estão furiosos. (rsrs)
Parabéns pelo humor refinado.(rsrs). E pela consistência teológica (sem comentário).
Um abraço,
Paulo N. Júnior
Boa tarde Reverendo Augustus!
ResponderUm caso interessante na Bíblia sobre essa questão da cura está em Mateus 17:14-20. Os discípulos foram incapazes de curar o menino apesar de que em Mateus 10:1 está escrito:
"Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades"
Os discípulos ficaram alarmados porque nesse caso não tinham conseguido exercer a autoridade que já fora dada a eles e perguntaram para Jesus em particular e Ele lhes respondeu?
"E ele lhes respondeu: Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível."
A paz!
teste
Responderhahhahahahahahahahahaha...
ResponderRev. Nicodemus, o senhor me deve uma cadeira! Quebrei a minha de tanto dar risadas!
Já ví um culto de "consagração", onde pastor que estava sendo "consagrado", foi besuntado com nada mais nada menos que 5 litros de óleo, que era pra ungir logo o corpo inteiro!
Realmente, seu texto é esclarecedor e bem humorado, sem deixar de ser bíblico e coerente!
Que o Senhor continue usando sua vida para nos edificar!
Cleber,
ResponderPessoas não curadas no NT só me lembro do caso de Timóteo e Epafras. E mesmo assim, não podemos dizer que houve uma tentativa de alguém com dom de cura para curá-los e que fracassou. Esse é meu ponto.
Todas as vezes que Jesus, Paulo e Pedro exercitaram este dom, ele funcionou. É o que está escrito nos Evangelhos e em Atos. Se houve casos em que não funcionou, não está escrito. E aí só podemos especular.
Eu entendi a diferença que você faz entre oração pela cura e o dom de curar, que é apenas de intensidade. Mas o problema é que não consigo entender que a diferença é esta, pois aqueles que supostamente teriam este dom no NT tiveram um resultado de 100% nas vezes que o exerceram.
Mas, de qualquer maneira, concordamos neste ponto, que Deus cura hoje. Eu sei disto e creio nisto.
Grande abraço!
Fabio,
ResponderVocê está certo, a IPB ainda não tem uma posição sobre este assunto da unção com óleo. Espero que em 2014 possamos chegar a uma conclusão bíblica. Até lá a comissão vai estudar o assunto a fundo.
Sobre suas perguntas, eu me pergunto se o uso do óleo nas orações por cura não era algo adequado para a cultura judaica, não por ser medicinal, mas por ser um símbolo da ação do Espírito na tradição judaica. Várias passagens do AT favorecem este entendimento.
Então, no contexto da missão dos Doze - que foi entre os judeus, e no contexto de Tiago - carta escrita para judeus convertidos ao Cristianismo, este símbolo faria sentido. A Igreja Pós-apostólica continuou usando, mas logo degenerou. veja o que diz Hipólito de Roma no ano 200 sobre a unção com óleo:
“Se alguém oferecer azeite, consagre-o como se consagrou o pão e o vinho, não com as mesmas palavras, mas com o mesmo Espírito. Dê graças, dizendo: ‘Assim como por este óleo santificado ungiste reis, sacerdotes e profetas, concede também, ó Deus, a santidade àqueles que com ele são ungidos e aos que o recebem, proporcionando consolo aos que o experimentam e saúde aos que dele necessitam.’“
Hipólito menciona ainda vários tipos de óleos, como o óleo consagrado, o óleo de exorcismo, o óleo de ações de graças, o óleo santo ou santificado, entre outros, como o queijo da caridade e a azeitona consagrada!
É claro que a opinião de Hipólito não representa todos daquele período, mas foi isto que acabou prevalecendo e se degenerando na extrema unção católica.
É exatamente a mesma coisa que vemos hoje, uma deturpação de Marcos 6.13 e Tiago 5.14, só que desta feita por pastores "evangélicos".
Por isto, acho que devemos aprender da história e ser cautelosos...!
Olá!
ResponderLi essa carta através de email de um irmão em Cristo.
Sei que nos dias de hoje a Igreja tem passado por ‘abusos espirituais’ e sei que há muitas dúvidas e divergências no próprio corpo de Cristo. Mas realmente me entristeceu essa carta, cheia de julgamentos e ironias.
Quanto legalismo! Quanto farisaísmo! Que haja temor, pois os próprios fariseus que conheciam a Palavra não reconheceram o Cristo!!! João 5:39
O óleo foi usado e instituído por Jesus como um sinal de cura milagrosa. Mais tarde foi usada tb pelos presbíteros, que na tradução pode ser um pastor, diácono, ancião, enfim, ministros da Igreja. Não creio que foi apenas permitida ou aprovada por Cristo, mas sim instituída por ele.
Em Tiago fica claro que foi ordenado o ungir c/ óleo, desde que se tenha fé para a cura. Não que o poder esteja na “pessoa” ou “óleo” mas na medida da fé da pessoa que unge e nas que estão sendo ungidas. Como foi citado em sua carta “a oração da fé salvará o enfermo”. A fé vive na vontade revelada de Deus. Embora possamos conhecer a vontade de Deus ao ler a Palavra, ainda assim precisamos do Espírito Santo para nos ajudar a interpretá-la e aplicá-la e para nos fortalecer a fazer sua vontade.
Cristo nos ensinou a vivermos para a liberdade, por isso haverá momentos p/ ungir, em outros o tocar (mulher c/ hemorragia), declarar, passar barro...
Infelizmente a Igreja, com frequência, vive de acordo com uma abordagem intelectual da Palavra, sem a influência do Esp Santo. Qualquer revelação da Palavra que não nos leva a um encontro com Deus, serve p/ nos tornar mais religiosos.
Ao invés de criticar, acho que as Igrejas precisam buscar a unidade em Cristo e ensinar o rebanho a ter um relacionamento profundo c/ o Pai.
Termino o meu comentário c/ as palavras de Paulo: “sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente, fortalecei-vos. Todos os vossos atos sejam feitos com AMOR.”
Com amor e em Cristo,
Beatriz
Irmãos,
Respondera questão do óleo, entendo, não é o essencial. Não existe milagre por simplesmente usá-lo SE entendemos que é Deus quem opera o milagre e não o óleo. Creio que muitos não discordarão desse ponto. O problema é que quando lemos a Bíblia, lemos em poucas passagens a palavra "óleo" relacionada à cura. Mas a questão é: ele é uma condição para realização de algo ou não? A pergunta ganha uma resposta quando percebemos que diversas curas são realizadas nas Escrituras e a maioria delas sem a presença do óleo no enfermo. Logo, o elemento (óleo) não "condiciona" a ação de Deus. Então, por que ele é referido na Bíblia, especialmente em Tiago? Bem, isso é algo que não é claramente explícito no N.T. Talvez o uso foi medicinal, talvez simbólico,... talvez deveremos ficar com a dúvida até Cristo voltar. Ainda que o assunto seja de difícil conclusão, podemos inferir (para mim, concluir) que tal elemento não é essencial conforme o dito antes. Nesse sentido, é bom nos lembrarmos que Tiago nos diz "a oração da fé" (5.15a). No entanto, alguns, infelizmente, preferem ler a oração do óleo.
Sem. Márcio Alexandre.
ResponderOlá reverendo, graça e Paz.
Olhando na perspectiva morfologica. Tg,5.15 há uma afirmação no futuro do indicativo Ativo (Gr. Sosei de Sozo). Pois bem até onde eu saiba o modo indicativo nos remete a uma certeza. Dessa forma, me parece que esta tal oracao da fé de fato curaria o doente, sem excessões.
Olhando dessa forma estaria valida ainda nos dias de hoje a oracao da fé uma vez que nem sempre ou quase nunca que oramos com 'fé' os doentes ficam curados? Ou não oramos com fé, ou o que temos aqui é uma fé especial dada em determinadas ocasioes especiais? ou nao podemos aplicar aqui a função dos modos verbais? se nao porque?
Abraços.
Rev. Augustus,
ResponderQual a diferença do óleo santo com a água benta, ou com o copo d'água da oração, ou com o pé de uma estátua de um ídolo (santo) qualquer, ou com o sinal da cruz, ou com... sei lá?
At,
Paulo Celeste, Sorocaba/SP.
Beatriz,
ResponderVocê fala em amor e em busca da unidade. Isso vale para você também? Pois me chamar de legalista e fariseu não parece ser amor nem promover a unidade.
É isto que eu acho curioso, as pessoas que pregam amor e unidade gostam de xingar quem pensa diferente delas.
Não dá para levar um debate educado, como o Cleber, que consegue discordar sem ofender?
Você tem razão. Isso vale para mim tb. Quero que me perdoe se fui muito dura ou sem amor.
ResponderQuando eu falo de amor e busca de unidade é porque realmente não entendi qual a sua motivação ao escrever essa carta???? e continuo sem entender!!!!
Quantas pessoas também se ofenderam lendo essa carta? Pensamos diferente, e espero que Cristo seja o árbitro para que não sejamos usados p/ trazer mais divisão.
Ola, Reverendo...
ResponderDesculpe pela pergunta que ja foi levantada, mas para mim nao ficou claro...
por qual motivo Tiago usou o óleo naquele evento????
ola Reverendo...
ResponderLendo todos estes post para mim ainda nao ficou claro o razão de Tiago ter usado o óleo???? já que no NT não se usara o óleo... alem do 12...
Creio que o único caso em que a cura foi tentada e não ocorreu, pelo que é narrado no NT, foi o caso do menino endemoniado. Por ser algo incomum, que os discípulos nunca tinham visto, eles pediram uma explicação a Jesus.
ResponderEm Marcos, capítulo 6, lemos que Jesus não pôde realizar muitas curas em Nazaré, por causa da incredulidade do povo. Mas não é dito que essas curas foram tentadas.
Concluo do texto que Jesus não relizava curas contra a vontade dos possíveis beneficiários. Deus teria o poder para fazer isso, mas não fazia. E suponho que os apóstolos, mesmo tendo o dom de curar, não teriam poder de curar quem não tivesse fé.
Em Atos 14:9, lemos que Paulo, ao olhar para o paralítico, viu que ele tinha fé para ser curado. Isso explica porque os apóstolos não pagavam mico, eles não saiam pelas ruas impondo mãos sobre qualquer doente que encontrassem, contra a vontede dele ou dos parentes, se fosse o caso. Eles tinham discernimento para saber quem tinha fé.
Essa é minha convicição pessoal, pelo menos até agora.
Reverendo, o senhor acredita que macumba pega em quem é crente e está em dia com Deus? E em quem não é crente?
ResponderNo caso de "pegar", a libertação ocorre como? Simplesmente ocorre? É necessário exorcismo? Há isso na IPB?
Obrigado.
Beatriz,
ResponderDesculpas aceitas. Eu escrevi este post dentro do contexto da minha denominação, onde o assunto está sendo debatido. O estilo irônico e humorado eu sempre uso quando escrevo estas cartas ficticias. Veja por exemplo a carta ao apóstolo Juvenal ou a carta ao neopuritano Jean Martin Ulrico.
Meu propósito em tratar deste assunto foi ajudar no debate, provocar boas reações - por exemplo, estou passando apuro aqui para responder algumas perguntas e estou sendo obrigado a estudar o assunto mais de perto.
Um abraço fraterno e fique na paz.
R. ,
ResponderTem um passagem que diz "contra Jacó não vale encantamento". num 23:23. Não creio que estas coisas peguem no crente. Um crente verdadeiro não fica endemoninhado. Por isto, não temos cultos de libertacao para crentes. Mas se aparecer um possesso, vamos libertá-lo em nome de Jesus e pregar-lhe o evangelho para que se converta e receba a solução definitiva.
Rev. Augustus,
ResponderPrimeiramente quero parabenizá-lo pelo texto produzido e pela pertinência com que o assunto foi abordado. Particularmente, em nossa prática ministerial tenho visitado e orado com os enfermos, tentando trazer algum consolo nas horas de aflição e certamente a inserção da prática da unção do com óleo seria de pronto repelida por alguns dos meus irmãos que associam tal prática ao catolicismo e ao pentecostalismo.
Contudo, por vezes me ocorre, que o uso da unção do com óleo, tendo seu significado devidamente restaurado e estabelecido pedagogicamente nas comunidades presbiterianas, por meio de pastorais, didaticamente bem construídas e biblicamente alicerçadas, a exemplo do texto que o senhor mesmo produziu, poderia representar o resgate (reforma) dessa prática no evangelicalismo brasileiro, visando à glória de Deus no serviço aos enfermos.
Hoje, eu não pratico a unção com óleo quando visito os enfermos, por causa sincretismo vigente que deformou quase que por total o simbolismo bíblico.
No entanto, sendo restaurada a base bíblia dessa prática para que toda a comunidade compreenda a forma correta, penso que seria salutar, o resgate da unção com óleo na visita aos enfermos.
Forte abraço.
Rev. Francisco Macena da Costa.
Fortaleza, 31 de julho de 2010.
Boa tarde Reverendo e obrigado pela resposta anterior.
ResponderGostaria de saber então porque, na sua opinião, tantas igrejas evangélicas usam o preceito de que "macumbas", "feitiçarias" ou ainda "trabalhos" tem que que ser desfeitos em seus cultos?
Por exemplo: a pessoa está com um problema de saúde, "é um espírito ruim", "é um trabalho que fizeram".
Ou "o casamento dela não vai bem, devem ter feito alguma coisa".
Em geral as pessoas que procuram ajuda nas igrejas não são crentes e, portanto, passíveis de ficaram possessas -- conforme você mesmo disse. E, nesses cultos, é comum essa ênfase à libertação, não?
Até onde isso é influência das religiões africanas ou ainda isso tem a ver com o misticismo que ainda assola os brasileiro?
Essas pessoas não-crentes encontram uma respostas nessas igrejas pentecostais, porque lá a suposta causa do mal que lhes assola ("os trabalhos") seriam desfeitos, ou ainda, elas seriam de fato curadas de suas enfermidades. E isso, como se sabe, atrai cada vez mais pessoas a essas igrejas e parece que esse "assistencialismo" não está presente, por exemplo, na IPB, que encara a questão de uma forma diferente.
Digo isso porque pessoas próximas a mim, evangélicas pentocostais, justificam todos os seus infortúneos como "trabalhos", "maldições" etc, porque é isso que elas ouvem nas igrejas que frequentam.
Eu acredito que tais coisas existam, mas, como perguntei, elas são crentes e, mesmo assim, insistem tem sido vítimas desses trabalhos. Até onde isso pode ser verdade?
Obrigado.
Márcio,
Responder"Olhando dessa forma estaria valida ainda nos dias de hoje a oracao da fé uma vez que nem sempre ou quase nunca que oramos com 'fé' os doentes ficam curados? Ou não oramos com fé, ou o que temos aqui é uma fé especial dada em determinadas ocasioes especiais? ou nao podemos aplicar aqui a função dos modos verbais? se nao porque?"
Para mim, a fé para orarmos por doentes de maneira que eles sejam curados imediatamente é algo dado por Deus. Não podemos produzir esta fé por nós mesmos. Entendo que quando Deus deseja curar o doente de maneira sobrenatural, ele dará fé para a cura a um dos presbíteros ou a alguém que está orando pelo enfermo.
e neste caso é evidente que a unção com óleo é secundária. \Pode haver unção mas não cura. Esta depende da fé, que é dada por Deus quando ele quer.
Abs.
Paulo Celeste,
Responder"Qual a diferença do óleo santo com a água benta, ou com o copo d'água da oração, ou com o pé de uma estátua de um ídolo (santo) qualquer, ou com o sinal da cruz, ou com... sei lá?"!
Nenhuma destas coisas foram ordenadas por Deus, rsrsrs!
A unção com óleo - que não é santo, mas óleo comum - foi prescrito por Tiago na casa do doente, quando o mesmo requisita a presença dos presbíteros para orarem por sua saúde. esta prescrição é no contexto do cristianismo judaico. Por causa dos abusos, muitos preferem não usar mais, visto que é secundário e não essencial. Eu sou um deles.
Abs.
Congresso,
Responder"Desculpe pela pergunta que ja foi levantada, mas para mim nao ficou claro... por qual motivo Tiago usou o óleo naquele evento????"
Não foi Tiago que usou. Ele está dando orientações aos crentes convertidos do Judaísmo sobre o que fazer em diversas situações. Aos doentes, ele orienta a chamar os presbíteros à sua casa para orarem por ele, ungindo-o com óleo.
Permanece uma questão aberta o motivo pelo qual ele prescreveu a unção com óleo. Certamente Tiago não via no óleo qualquer poder sobrenatural. Também não penso que ele o prescreveu por causa das qualidades medicinais do óleo, uma vez que para aplicar óleo, qualquer familiar poderia fazê-lo, não precisava chamar os presbíteros.
Também não era um sacramento como Calvino pensava, prescrito por Jesus para aquela época somente, pois sacramentos como batismo e ceia envolvem mais coisas que a mera unção com óleo num doente a pedido dele.
A opção menos complicada é que era uma espécie de símbolo da ação curadora do Espírito, que faria bastante sentido para os judeus, uma vez que o óleo é associado ao Espírito no Antigo Testamento.
É só o que posso dizer. Continuo um estudante da matéria.
Abs.
Aprendiz,
Responder"Creio que o único caso em que a cura foi tentada e não ocorreu, pelo que é narrado no NT, foi o caso do menino endemoniado. Por ser algo incomum, que os discípulos nunca tinham visto, eles pediram uma explicação a Jesus."
É fato, mas isso ocorreu antes de Pentecostes...
No mais, suas reflexões são interessantes. Mas note que há casos em que os apóstolos curaram independentemente da fé da pessoa, como a cura do aleijado à porta do templo. ele pediu dinheiro a Pedro e João e não tinha a menor idéia de que seria curado naquele dia - e nem estava pensando nisto.
abs.
Rev. Francisco Macena,
ResponderObrigado por seu comentário sensato e ponderado. É um ponto a se pensar, esta sua proposta...
Grande abraço!
R.,
ResponderConcordo plenamente com sua reflexão sobre os cultos de libertação feitos nestas igrejas - algumas delas, na verdade, são seitas, conforme agora é o entendimento da IPB.
Abs.
Pr Nicodemus
ResponderNesse assunto de ação dos demonios, tenho uma série de dúvidas. a primeira questão é sobre pessoas que eram endemoniadas e vieram para o evangenho. Pessoas próximas a mim presenciaram um caso assim, em que a libertação da pessoa oprimida não foi imediata, mas se deu por fases, o que me causou certa estranheza.
Agora um outro assunto: Também não creio que um crente que possa ficar endemoniado. Já ouvi argumentos de que os demônios podem oprimi-lo de forma diferente, a partir de fora, lançando na sua mente pensamentos e sentimentos perturbadores. Daí afirmarem que é necessário um ministério de libertação dos crentes. Isso é comum em algumas igrejas.
Pois bem, cheguei pessoalmente à conclusão os crentes precisam de assistencia espiritual inclusive para se libertarem de traumas psicológicos e também de maus pensamentos trazidos por influencia maligna. Mas não está claro para mim como isso deve ocorrer. Já vi vários ministros bem intencionados tentando ajudar as pessoas, mas eu mesmo não compreendo a base bíblica para certos tipos de ajuda.
Também já vi "ministros" claramente mal intencionados, que se aproveitam da situação de fraqueza das pessoas e da própria autoridade para realmente destruir a vida dos que buscavam ajuda.
Tenho certeza de que, da mesma forma que hoje, no passado (no tempo dos apóstolos, inclusive) as pessoas traziam muitas feridas emocionais, e certamente os crentes consideravam que a cura para tais feridas estaria em Cristo. Mas, olhando para o NT, não está suficientemente claro para mim quais seriam os meios desta graça.
Já me ocorreu que uma maior centralidade no estudo das Escrituras poderia ser muito útil à própria cura das emoções. Também me ocorreu que se esse estudo ocorresse num ambiente de maior proximidade, e se as pessoas tivessem a liberdade de abrir mais o coração, isso poderia ser bastante bom, principalmente se houvessem irmãos mais velhos, que vivessem realmente de acordo com o evangelho, dispostos a ajudar.
Parabéns ao Rev. Nicodemus e aos demais irmãos pelos comentários.
ResponderNa questão da unção com óleo; vejo, no exagero, a tentativa de auxiliar o crente com pouca fé ou o descrente a materializá-la (ter algo tangível para se apegar), o que sabemos que é totalmente errôneo, pois fazem pessoas terem fé no instrumento e não no Deus do instrumento, na oração dos “presbíteros” e não na, do justo. Aqueles que acreditam que o uso do óleo é um mandamento inegável devem abandonar qualquer outro meio de tratar os enfermos, pois do contrário estarão corrompendo o que acreditam.
Na passagem em pauta, enxergo uma preparação (óleo), confissão, uma oração, uma absolvição e a exortação de parte de um ministro. Todavia não é um rito que se for executado sempre, terá o resultado positivo, uma vez que chamar os anciãos (gr. presbyteroi), expressa chamar as autoridades eclesiásticas que, na época, tinham maturidade espiritual, que reconheciam suas fraquezas, sabiam que a cura depende de uma oração de fé e que quem levantará o enfermo é o Senhor.
Quanto à libertação, tenho algumas experiências, uma delas é: uma pessoa de família espírita ficava várias vezes endemoninhada, mas quando se converteu, lembro-me bem o espírito veio sobre ela, chegou a derrubá-la no chão e oprimiu-a, mas não tomou posse de sua voz ou mente. Ao passar alguns dias, sendo lavada pela palavra nunca mais teve nem essa sensação, ou seja, opressão sim, mas possessão não. O Problema é: será que se converteu de verdade? Quem pode afirma isso?
Graça e paz do Senhor!
Amigos,
ResponderParece que o assunto milagres, curas e expulsão de demônios desperta o interesse de muitos - ou de todos.
Fica prometido um post sobre o assunto qualquer dia destes.
Abs.
Mano,
Respondero caso de Timóteo concordo que dê margem a especular que Paulo não tenha orado por causa da distância entre eles.
1Tm:5:23: Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades.
Mas vejamos outros casos:
--Paulo, que tinha dom de cura, disse em certa ocasião:
2Tm:4:20: Deixei Trófimo doente em Mileto.
--Paulo, que tinha dom de cura, disse noutra ocasião:
Fil:2:25: Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado para prover às minhas necessidades.
Fil:2:26: Porquanto tinha muitas saudades de vós todos, e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente.
Fil:2:27: E de fato esteve doente, e quase à morte; mas Deus se apiedou dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.
Essas afirmações de Paulo são bem sugestivas. A compreensão natural do contexto é que Paulo orou, mas Deus não curou sobrenaturalmente.
Acho especulação dizer que eles não foram curados porque Paulo não orou por eles.
Não dá pra imaginar que se Paulo pudesse curar a todos que visse, deixaria de curar seus cooperadores.
Além da compaixão que é natural ao cristão, vemos no texto que Paulo sentiu tristeza pela enfermidade de Epafrodito.
Cleber.
http://confraria-pentecostal.blogspot.com/
Cleber,
Responder"--Paulo, que tinha dom de cura, disse em certa ocasião: 2Tm:4:20: Deixei Trófimo doente em Mileto."
Acho que a nossa diferença está na natureza do dom de curar. O que era este dom? A dificuldade toda é que não temos muitas informações a respeito deste dom, o que dá margem para divergências como as nossas.
Parece que nossa principal divergência está nesta questão, se os que tinham o dom de curar curavam sempre que exerciam este dom. Eu acho que sim, a partir dos relatos em Atos e nos Evangelhos. Você acha que não, a partir de dois casos, Trófimo e Epafrodito que Paulo menciona em suas cartas.
Por achar que o dom de curar funcionava sempre, é que eu acho que ele não existe mais hoje, por razões óbvias: quem diz ter este dom não tem um resultado positivo de 100% como eu vejo na Bíblia.
Já você, por achar que nem sempre funcionava, acha que existe hoje - e provavelmente deve considerar que tem este dom, pois o assunto tem despertado bastante o seu interesse.
Bom, eu além de achar que o dom de cura era sempre eficaz, também acho que ele não era automático. Paulo não era capaz de exercê-lo sempre. Por ser algo sobrenatural, era algo "dado" a Paulo por Deus quando deus desejava curar - como as revelações que vinham aos profetas durante os cultos. Os profetas não tinham revelações quando queriam - eles aguardavam a manifestação de Deus.
Eu entendo da mesma forma o dom de curar. Paulo não curava quando queria e ele devia saber quando era a ocasião de exercer este dom.
Deixe-me dar um exemplo. Pedro obviamente tinha o dom de curar, a julgar pelas curas que ele realizou e que estão registradas em Atos. Pedro diariamente ia ao templo orar. Isto quer dizer, três vezes ao dia. Ele deve ter passado pelo aleijado à porta do Templo uma dezena de vezes antes de "sentir" que o poder de Deus para curar estava disponível. E foi somente naquele dia que ele se dirigiu ao paralítico e o curou com uma ordem apenas (Atos 3.1-6).
Os casos de Trófimo e Epafrodito podem ser explicados satisfatoriamente desta maneira, a meu ver. Paulo realmente nunca sentiu que Deus queria curá-los e portanto não exerceu o dom de cura.
Eu poderia caminhar na direção de outros intérpretes que chamam a atenção para o fato que estes casos de Trófimo e Epafrodito aconteceram no ocaso do período apostólico, quando este dom estava sendo retirado. Eu não creio assim. MAs penso que é possível entender o dom de curar como o dom da profecia - só acontecia quando Deus "dava".
Abs.
Augustus,
Responderdiscordamos, mas agora ficou claro seu entendimento de que só curavam quando Deus "dava direção".
Com essa explicação sua posição ficou mais coerente q antes. ;-)
Mas pq vc não crê no dom de cura hoje nem mesmo nesses moldes q vc descreveu?
Pq Deus não poderia dotar alguém hoje como dotou Pedro, e essa pessoa curar quem Deus mostrar?
Bom, para economizar texto me diga: vc crê que todos os dons espirituais cessaram ou só esse?
Estou partindo da premissa de que vc crê nos demais dons, mas talvez eu esteja enganado...
Vc é um cessacinista que acredita em avivamento? É isso?
muito boa...
ResponderAchei melhor as tiradas de humor do reverendo do que a própria explicação em si...
As explicações, tendo um conhecimento se adquiri..o humor é nato...
muito bom..Oliveira, Diesel, Mazola...ri muito.
REv.Augusto, outra controvérsia que vivemos hoje é quanto ao culto denominado de "culto de libertação."
Gostaria que dissertase algo a respeito.è licito denominar cultos?Justificam a prática como evangelistica, mas até onde vai isso?
Abraço...
Seminarista Bruno Barroso.
Cleber,
Responder"Mas pq vc não crê no dom de cura hoje nem mesmo nesses moldes q vc descreveu? Pq Deus não poderia dotar alguém hoje como dotou Pedro, e essa pessoa curar quem Deus mostrar?"
Por dois motivos. Primeiro, porque entendo que o dom de curar estava associado com o ministério dos apóstolos. Não havendo mais um, também não há o outro.
Segundo - e por um instante descartando a natureza apostólica desse dom - desconheço a existência na História da Igreja (pelo menos aquela que aparece nos livros, biografias, etc.) de pessoas que pudessem curar como os apóstolos curaram. Que eu saibda, nenhum dos Pais Apostólicos, Reformador, nenhum dos grandes avivalistas (whitefield, wesley, Finney, etc. etc.), nenhum dos Pais Missionários que fundaram as missões modernas e foram desbravar campos missionários em locais remotos e hostis (Hudson Taylor, Moffat, etc.) tinham este dom, embora vários deles testemunharam ocasiões em que Deus curou pessoas doentes, quer de maneira gradativa, quer sem remédios, quer de forma direta e imediata.
Nenhum dos atuais curandeiros pela fé em destaque na mídia me convencem como portadores deste dom de curar.
É claro que o fato de eu desconhecer casos claros do dom de cura após os apóstolos não prova meu ponto, mas pelo menos me dificulta de afirmar com certeza que este dom está em vigor hoje.
Abs.
Ok, sua posição é muito mais por "premissa reformada" do que por fatos. (Premissa de que o dom estava ligado aos apóstolos)
ResponderHaja visto que vc mesmo admite que "vários deles testemunharam ocasiões em que Deus curou pessoas doentes".
Há casos inclusive envolvendo Agostinho.
Há vários casos na história de igreja pelo q recordo.
Smith Wigglesworth, o apóstolo da fé não seria um exemplo tbm?
Mas minha maior dúvida que ficou é: vc acredita nos demais dons espirituais?
Se vc não puder admitir que crê apenas faz um sinal...hehehe
Só brincadeira...
;-)
Cleber
http://confraria-pentecostal.blogspot.com/
Rev. Augustus, boa noite.
ResponderParabéns pela forma com que expõe seus comentários, respeitosamente.
Acredito também na exigência de se ter 100% de êxito para a existência do DOM de cura (até então não sabia que alguém pensava assim).
Lendo a opinião do Cléber, lembrei exatamente da posição que vivenciei durante os anos em que era membro de uma igreja pentecostal (que fui convertido).
Durante esse tempo constatava um dado curioso: todos aqueles irmãos que afirmavam que existem hoje pessoas com o mesmo dom de cura que Paulo e Pedro tinham, NUNCA apontavam UMA pessoa sequer que tinha o dom de curar com 100% de eficácia, mas apenas que a pessoa orava e acontecia a cura. Porém, sempre apontavam relatos e experiências de sucesso e omitia-se os casos que não aconteciam as curas (na maioria das vezes).
Particularmente não conseguia ver diferença entre o DOM de cura e a ORAÇÃO pela cura, já que nenhum garantia a cura.
Esse comentário seu Rev. Augustus, ligando a eficácia de 100% com o Dom de cura, me foi esclarecedor.
Concordo com o Cléber (aqui, rs):
"DEUS é Soberano. A nós cabe apenas orar."
Cleber,
Responder"Ok, sua posição é muito mais por "premissa reformada" do que por fatos. (Premissa de que o dom estava ligado aos apóstolos)"
Tem certeza que quer ir por este caminho? Pois a resposta é: se a minha premissa reformada está controlando meu entendimento do assunto, o seu entendimento está sendo controlado pela sua premissa pentecostal.
E premissa por premissa, a minha é mais antiga e tem mais comprovação histórica do que a sua. Pois você só consegue dar dois exemplos do que foi o dom de curas num período de dois mil anos de história do cristianismo.
E mesmo assim, Agostinho não tinha o dom de curar - ele apenas testemunha que viu curas acontecerem, o que não é a mesma coisa do dom de curar.
E o Wigglesworth que você cita, é pentecostal e tem posições como toda doença é do diabo, e por ai vai. A não ser que a Wikipedia, que não é realmente fonte confiável, tenha dado informação errada:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Smith_Wigglesworth
"Haja visto que vc mesmo admite que "vários deles testemunharam ocasiões em que Deus curou pessoas doentes".
Cleber, você não está escutando o que estou dizendo. Eu afirmei e afirmo que Deus responde as orações e ele cura pessoas em resposta a elas. O dom de cura é diferente. quem o exercia sempre tinha 100% de resultados. O fato de que houve casos de cura na história da igreja não é evidência de que o dom de curar está em operação, mas sim de que Deus continua respondendo as orações.
Se durante os dois mil anos de história da igreja tivessem surgido pessoas com o dom de curar como Paulo e Pedro, e o próprio Jesus, será que estas pessoas teriam passado despercebidas?
"Mas minha maior dúvida que ficou é: vc acredita nos demais dons espirituais?"
Quais?
Abs.
Augustus,
Responderdesculpe se minha afirmação soou mal.
Quando falei da "premissa reformada" não estava sendo desrespeitoso, mas vc alegou que o dom de cura cessou junto com o ministério apostólico - isso é uma premissa reformada. Não creio assim por causa de diversos textos, mas não quero entrar nessa seara pois sei que não valeria a pena. Só quero esclarecer q não estava sendo desrespeitoso.
Mano, não sou profundo conhecedor da história da igreja. Mas lembro de ter lido sobre homens que eram muito usados na área de cura - numa escala similar a dos apóstolos. Pelo q recordo li sobre dom de cura em alguns avivamentos inclusive, mas teria que buscar essas fontes... faz tempo que li sobre isso.
Citei o Wigglesworth pq lembrei dele de cabeça. Creio que ele era usado por Deus embora tivesse opiniões equivocadas (como toda doença ser do diabo).
Muitos homens de Deus do passado (passando por Lutero e Calvino) tbm tiveram opiniões equivocadas e nem por isso deixaram de ser usados.
Lutero por exemplo era anti-semita.
Mas falando de exemplos, agora lembrei do Missionário Manoel de Mello que curava dezenas de paralíticos, cegos, etc...
Lembrei de uma irmã (Nerilda) que conheci na igreja em que me converti - uma mulher simples, nunca apareceu na TV e nem escreveram sobre ela, mas curava dezenas de pessoas. Como ela há centenas de outros desconhecidos usados por Deus.
Não sei se eles curavam a todos por quem oravam. Creio que não. Mas é nítido pra mim que tinham um ministério na área de cura. Centenas de pessoas podem relatar que receberam cura através deles.
Veja: não creio que tenha existido alguém que curou a todos por quem orou (nem mesmo Paulo ou Pedro na minha opinião). Mas certamente há homens hoje ainda com forte ministério na área de cura (evidente que não me refiro à essas seitas da TV).
Mas enfim: temos q admitir que não vamos concordar sobre o dom de cura. Vc acha q tem que ser 100% eficaz, e eu não vejo assim.
Restou a pergunta: vc acredita nos demais dons espirituais de 1Co12?
Vc sabe que lá cita 9 dons... é desses que falo...
Pr Cleber.
http://confraria-pentecostal.blogspot.com/
Rev Augustus Nicodemus,
ResponderNunca tinha pensado nesta questão do dom de cura não ter falhas e achei muito interessante, porém pelos relatos bíblicos o Apósto Paulo curava enfermos, mas no episódio relatado em 2Co12.7-8 sobre o espinho na carne, lemos que Paulo orou 03 vezes, creio que para sua cura e não a obteve.
PS.: Sou um desses pentecostais reformados que existem por aí (ah! quando comecei a conhecer a doutrina reformada a cerca de um ano li sua carta ficticia a um pentecostal que virou reformado)
Márcio
Acredito q a divergência é devida as diferentes definições do termo dom de cura:
ResponderO apostolo Paulo menciona os dons de curar 1 Coríntios 11:9, 28 e 30, mas não faz um definição técnica de como esse dom opera. Diz é que um dom que o Espírito concede como lhe apraz a alguns membros do corpo.
Reformados (obviamente não todos): O dom de cura é a capacidade especial que Deus concede para curar os enfermos de forma (1) instantânea, (2) imediata, (3) sempre bem sucedida e (4) que confirma o mensageiro de Deus (apostolo ou profeta). Fazem distinção entre dom de cura e oração pela cura. Essa última não garante a cura imediata e instantânea, nem confirma o mensageiro.
Pentecostais/Carismáticos (obviamente não todos): Às vezes, quando o dom de cura manifesta-se acompanhado por uma medida do dom de fé e pelo dom do conhecimento, a cura manifesta-se de forma instantânea mediante uma proclamação poderosa do tipo “levanta e anda”. Mas na maioria das vezes acontece através da oração e a recuperação é gradativa.
Pentecostais e Reformados divergem na definição de dom de cura, mas convergem na importância da prática da oração pela cura.
Cleber,
ResponderQuanto ao Missionário Manoel de Mello, nunca o vi pregar, mas vejo inúmeros pregadores de cura pela TV. Quanto a esses testemunhos de cura penso que eles se enquadram em um dos três casos abaixo:
1º. Casos de pessoas curadas por Deus em resposta de oração. Sei de uma senhora de uma igreja “tradicional”, em estado terminal de câncer, que foi curada de forma instantânea através da oração.
2º. A maioria dos testemunhos não é convincente. São pessoas emocionadas e entusiasmadas e não a provas objetivas de que os milagres são reais.
3º. Existe enganação pesada msm do tipo aquele filme Fé de Mais.
Agora uma coisa que acho muito interessante é o fato da Igreja Pentecostal (hoje Cristão) de Nova Vida fundada pelo bispo Roberto MacAlister, bem como a Missão Apostólica Mundial (hoje REINA), fundada pelo mis Cecílio Fernandes, Hoje se aproximarem na tradição reformada no que diz respeito a Soteriologia.
Cleber,
Responder"Restou a pergunta: vc acredita nos demais dons espirituais de 1Co12? Vc sabe que lá cita 9 dons... é desses que falo..."
Há outras listas de dons espirituais no NT além desta mencionada, como Romanos 12, Efésios 4 e 1Pedro 4.
Os dons espirituais são ferramentas espirituais dadas por Deus a sua igreja para edificação do seu povo e propagação da sua Palavra. Percebe-se que Deus deu diferentes dons em diferentes épocas. Profetas como Isaias e apóstolos como os Doze e Paulo fizeram parte de um período específico da história da revelação. Não os temos mais e nem por isto Deus deixou de ser o mesmo ontem, hoje e eternamente.
Da mesma forma, acredito que todos os dons relacionados com revelação foram dados para aquele período específico da história bíblica. Uma vez encerrada a Bíblia não os temos mais. Se você considera que línguas, profecia, conhecimento, discernimento e outros são basicamente uma revelação direta de Deus, para mim cessaram. A Bíblia é a única fonte autorizada de revelação para a igreja. Não há mais novas revelações.
Cleber, espero que esta resposta tenha deixado minha posição clara. Não pretendo mais sobrecarregar meus leitores com estes assuntos num post cujo tema era unção com óleo. Fique a vontade para continuarmos o dialogo em pvt via email.
Abs.
Há outras listas de dons espirituais no NT al
Rev. Augustus, nos dois domingos que o Severino esteve na igreja do Van Diesel, o Antõe Roxim da minha Igreja também estava lá, e disse que o Severino omitiu a presença atuante da bispa Helena de Soja que ungiu gente lá a torto e a direito. Avisa pro Severino que a apóstolo Petrus Braz está de óleo nele.
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