quinta-feira, julho 22, 2010

Augustus Nicodemus Lopes

Religião e Divórcio segundo A Folha de São Paulo

A Folha de São Paulo traz hoje um artigo intitulado "Religião não evita fim do casamento". Após cruzamento de dados entre o número de mulheres desquitadas, divorciadas e separadas com a religião à qual elas declararam pertencer, o achado da Folha foi que o número de mulheres divorciadas é proporcionalmente o mesmo em todas as religiões, desde católica até afro-brasileira, passando pelas evangélicas e pentecostais. A conclusão da Folha, portanto, é que religião não segura casamento.

Pessoalmente, eu não me surpreenderia se a pesquisa fosse confiável e os evangélicos tradicionais estivessem incluídos nestas estatísticas. Infelizmente, muitas igrejas evangélicas tradicionais já desistiram a muito de manter o padrão bíblico do casamento conforme a Bíblia ensina e reconhecer como causa de divórcio somente o que a Bíblia prescreve. Hoje, pastores e igrejas casam e descasam por qualquer motivo, numa flagrante desobediência à Palavra de Deus.

Mas, questiono a exatidão da pesquisa da Folha. Ela comete um erro fundamental, que é tratar todos os que declararam ser evangélicos (ou de qualquer outra religião) como se eles tivessem o mesmo compromisso com o Cristianismo bíblico. Notadamente, como também acontece com as demais religiões, existe um número enorme de pessoas que se declaram evangélicas mas que só aparecem nas igrejas aos domingos ou nas datas festivas (Natal, Páscoa, Ano Novo, etc.). São pessoas sem o menor compromisso com o ensino das Escrituras, especialmente no que diz respeito ao casamento.

Imagino que os números seriam bem diferentes se a pesquisa considerasse as mulheres divorciadas e separadas de entre aquelas que são evangélicas praticantes de igrejas onde se ensina que o casamento é uma instituição divina e que divórcio só em caso de adultério e abandono obstinado.

Mas aí, reconheço que uma conclusão válida do estudo da Folha seria que as igrejas evangélicas estão fracassando em doutrinar e convencer seus membros quanto à seriedade do casamento.

Tudo isto considerado, não se pode negar que vivemos dias difíceis.

Augustus Nicodemus Lopes

Postado por Augustus Nicodemus Lopes.

Sobre os autores:

Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.

O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.

O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.

16 comentários

comentários
Anônimo
AUTOR
22/7/10 16:22 delete

Ora, a Folha está certíssima.
Religião não segura o casamento de ninguém. Religião sequer salva!

O problema não é só que as igrejas não doutrinam seus membros sobre a vontade de Deus para o casamento. Começa muito antes disso, logo na porta da membresia. O autor do blog foi felicíssimo ao diferenciar religiosidade do evangelho verdadeiro, que é o de arrependimento e fé diários, debaixo do senhorio de Cristo. Infelizmente, nos nossos dias difíceis, as igrejas ditas evangélicas, em boa medida, falam pouco ou nada sobre arrependimento, sobre o senhorio de Cristo, sobre a santificação sem a qual ninguém verá o Senhor. O negócio é "aceitar a Jesus" (o que, na prática, é um ritual que para muitos, claro que não para todos, passa a ter um valor sacramental para a salvação, tal como a hóstia romana). O sujeito ouve que, para ser salvo, deve levantar a mão, vir para a frente, receber uma oração, depois sai para uma sala ao lado onde informará o nome, endereço etc. e - bingo! Considera-se salvo! Às vezes o "conselheiro" ainda tem o desplante de tentar convencer a pessoa que ela está salva, porque se submeteu ao ritual. Já ouvi um pastor orar, depois do apelo, quando algumas pessoas foram à frente, dizendo "Senhor, graças te damos porque os nomes destas pessoas estão escritas no Livro da Vida" (!!! - gostaria de saber onde alguém consegue obter tal conhecimento!) Todavia, amiúde, a vida prática desses tais não muda. Alguns abandonam a igreja depois de algum tempo, outros permanecem - continuando a se considerar salvos, porém sem frutos, sem vida, sem Jesus. Naturalmente, os casamentos deles também não mudam.

A alta taxa de divórcios - mesmo entre os evangélicos - é só um sintoma disso.

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Cleoton
AUTOR
22/7/10 16:29 delete

Pr. Augustus Nicodemus, realmente vivemos um momento dificil na história secular, e em especial na história do Cristianismo. Como o senhor falou, a pesquisa "peca" em proceder a uma abordagem quantitativa dos dados, sem levar em consideraçao os aspectos qualitativos dos mesmos.Mas ela eh sintomática na medida em que aponta para a apostasia de setores ditos evangelicos em nao ensinar aquilo q as Escrituras nos mostram em relacao ao casamento e divorcio.
O que falar por exemplo da constituicao argentina que, desde ontem, passa a considerar legítima a uniao entre homossexuais. Nas palavras da presidente "a Argentina passa a ser mais igualitária". Q deus nos dê a graça de sermos diferentes neste aspecto.
Grande abraço. Cleiton Maciel- Manaus-AM

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Servus
AUTOR
22/7/10 16:31 delete

Olá rev. Augustus

Tenho uma pergunta para o senhor. No caso de uma pessoa recém convertida que que foi divorciada e que agora depois de crente deseja casar com uma irmã da Igreja. Qual deve ser a postura, tendo em vista que essa pessoa já foi casada e se ela pode se tornar membro, por ter se divorciado anteriormente.

Obrigado.

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Nill Lobato
AUTOR
22/7/10 18:55 delete

Infelizmente os 2 fatores em questão hoje estao banalizados,casamento e religião.
To com o Nicodemus nessa.
Se a pesquisa abordasse quem realmente é praticante de tal religião,os números seriam outros.
Não se pode comparar o comportamento social,ético,familiar de um cristão praticante com um mero charlatão que se utiliza da Igreja pra outros fins ($$$$$$$$$$$),né???
E nós cristãos sabemos que na calada da noite,nos porões “evangélicos”,muita coisa acontece.
Um abraço à todos.

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22/7/10 19:21 delete

Acredito que, nesse tipo de pesquisa, não leva-se em consideração o fato da conversão e membresia ser posterior ao divórcio, pois, se assim considerassem, o percentual proporcional de evangélicos históricos infelicitados pelo divórcio seria bem reduzido.

At,
Paulo Celeste

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22/7/10 20:20 delete

Givaldo,

Na minha opinião a conversão a Cristo "zera" a situação conforme 2Cor 5:17. O convertido pode começar do zero. Se ele realmente se converteu, deve estar arrependido de todos os pecados anteriormente cometidos.

Abs

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Oliveira
AUTOR
22/7/10 20:48 delete

Dias difíceis podem significar também inúmeros cenários disponíveis para que se proclame o Evangelho como ele é, afinal para onde quer que se vire e se fale dos valores do Reino, é possível encontrar alguém que precisa ouvir e que carece ou desconhece tais valores.

Para que se estimule as pessoas a lerem a Bíblia da primeira a última folha.

Para que se defenda os valores cristãos onde quer que se esteja.

Dias difíceis são grandes oportunidades para que a luz (de quem tem luz para bilhar) dos verdadeiros crentes brilhe.

Dias difíceis podem significar grandes colheitas e porque não, pode significar véspera de grande reavivamento.

Pode significar oportunidade para que muitos (em seus blogs e contextos) façam reflexões como estas úlltimas que o reverendo faz sobre o casamento.

Não desanimemos portanto.

Força Reverendo!

De minha parte estou casado faz quase 13 anos, e renovaria contrato hoje mesmo, apesar dos cabelos brancos que surgem na minha amada e da barriga que se acumula na minha cintura (percebo que ela também não se desfaria de mim).

E se tudo der errado (coisa que não espero, pois sou pós-milenista francamente otimista para com o futuro), irei "morrer" afirmando como Josué "... (paráfrase minha)... façam o que quiserem, mas eu e a minha casa serviremos ao Senhor...".

Grande abraço!

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moises jacob
AUTOR
23/7/10 10:43 delete

Pr Augustus, o assunto é sempre delicado, há sempre farizeismo por parte de pessoas importante quando, o assunto não os envolve diretamente, crescí meu pai me presenteando livros de um certo pastor importante nos anos 80, ensinava, pregava e não vivia os ensinamentos, hoje ele fala tudo o contrario do que pensava algum tempo atrás. além de membros, lideres se devorciam e acham tudo normal, para mim tudo isto é apenas cumprimento da palavra de Deus, casam-se pensando já na possibilidade de divorcio principalmente hoje com a facilidade. qualquer cara feia é motivo para pedí a separação. Os crentes em Jesus deveriam ser diferentes mas, não são. moises, natal-rn

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Gilberto Sampaio
AUTOR
23/7/10 11:39 delete

Caros irmãos,
Graça e Paz!

Tenho pressenciado a realidade da falta de seriedade no casamento aqui na igreja (IPB), a qual comgrego. Recentemente casos envolvendo separação tem demonstrado como aqueles que se assentam nas fileiras das igrejas não tem incutido em suas mentes o ensino Biblico, agora não me arrisco dizer o porque disso, se os lideres tem falhado no ensino ou se tais pessoas tem confessado uma fé morta, a qual nao esta presente na vida pratica e por isso se separam á volonté, (livremente, a vontade, sem limites). Essa falta de compromisso com o ensino biblico, seja por parte da liderança ou das pessoas que estão dentro das igrejas, reflete não somente na "facilidade" da separação, mas também na facilidade e aceitação do recasamento, que ambém é tão comum no meio evangelico.
Mas esta area é somente mais uma, em que muitas pessoas deliberadamente vivem, descompromissadas e insubmissas a Palavra.

Em Cristo que nos fortalece
Gilberto Sampaio.

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Liciane
AUTOR
23/7/10 14:17 delete

Caro Rev. Augustus,
Há uns meses fiz uma sugestão de post sobre espiritismo. Pelo menos pra mim, nova convertida, entendo ser um assunto de suma importância para ser estudado, pois somos bombardeados com ideias tolas, principalmente de católicos (digo isso porque já fui uma) de que é possivel ter Cristo como salvador e ler o Evangelho Segundo o Espiritismo. como leio sempre o seu blog, gosto muitíssimo dos seus esclarecimentos, reforço meu pedido. Se preferir, nem precisa publicar novamente minha sugestão; pode me responder por e-mail: licianeab@ig.com.br. Quando enviei, alguns irmão me retornaram, gentilmente, com algumas diretrizes de estudo. Fiquei grata!
Aguardo sua resposta!
Liciane

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23/7/10 20:16 delete

Rev.Augustus,

Eis aí um tema, que na minha modesta opinião, é muito polêmico. Eu queria muito que os casais vivessem bem, e que nunca fosse necessário a separação. Acho que a familia, a sociedade,o Estado,a igreja, todos saem perdendo quando surgem separações, principalmente quando se tem filhos. Contudo, confesso que tenho me colocado no "lugar" de algumas pessoas que passam por crises no casamento. Sou solteiro, nunca fui casado, mas pelo bom senso, imagino que a vida a dois não é nada fácil. Queria muito que não existisse divórcio em nosso meio, mas, em muitos casos, o divorcio parece ser a melhor saída. Não é nada fácil um casal viver debaixo de um mesmo teto, quando um não suporta mais o outro. Confesso que como cristão, e quem sabe um dia Pastor, esse é um dos assuntos que mais me incomoda.
Em nosso caso, as vezes penso que tudo isso seja o resultado de familias que não consagram a Deus as suas vidas, maridos e esposas que não oram, que não lêem mais a palavra, casais que foram preparados para o casamento (agente se prepara para tanta coisa nessa vida, não podia se prepará tb para o casamento?). Sei que não existem receitas fáceis, mas como cristão, venho lutando contra essa correnteza, não quero chegar um dia e dizer: oh! é normal que para cada 4 novos casamentos, exista uma separação!
Tempos difíceis mesmo!

Ivan Fraga

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Anônimo
AUTOR
24/7/10 14:21 delete

Caro, Rv. Augustus.

Antes de mais nada, parabéns pelo artigo!
No segundo parágrafo do mesmo, você afirma que "as igrejas tradicionais já desistiram a muito de manter o padrão biblico do casamento conforme a Biblia ensina e reconhecer como causa do divórcio somente o que a Bíblia prescreve."
A minha pergunta é: quais seriam as causas de divórcio reconhecidas como legítimas pela Bíblia?
Pois confesso que da minha ótica, acreditava não existir tais causas reconhecidas como legítimas para justificar um divórcio. Principalmente, considerando o que é dito pelo apóstolo Paulo sobre o verdadeiro amor: "o amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se recente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba..." (I Co.13:3-8),
Um fraternal abraço!

Eraldo.

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Anônimo
AUTOR
24/7/10 23:30 delete Este comentário foi removido por um administrador do blog.
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Rô Moreira
AUTOR
31/7/10 22:57 delete

Claro. Nem todas que vão a Igreja são Evangélicas, o problema que vão algumas vezes e ja dizem ser. São apenas amigas do evangelho, mas não tem compromisso com a verdade, ou seja não se firmam na verdade!

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12/8/10 00:36 delete

Rev Nicodemus, Paz...Parabéns pelo excelente blog. Brilhante mensagem. Verdadeiras, esclarecedoras, persuasivas e equilibradas.

Quero ainda registrar que sou admirador do vosso minitério. Deus lhe ilumine.

Já estou lhe seguindo e o convido a conhecer também o meu blog. Link:
http://wwwteologiavivaeeficaz.blogspot.com/

F. A. Netto.

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