Vejam aqui a entrevista que Leonardo Boff deu à revista Época:
O título é bombástico: "João Paulo II e Bento XVI afastaram a Igreja do mundo."
Concordo com várias das análises de Boff quanto a alguns dos motivos pelos quais a Igreja Católica vem perdendo membros no mundo todo, tais como a falta de padres por causa do celibato obrigatório e os escândalos recentes com casos e mais casos de pedofilia, seguidos por uma atitude incompetente do Papa para resolver o assunto.
Mas o que eu achei interessante foi a resposta que ele deu à pergunta da revista Época, "Qual seria a melhor forma de atrair quem anda distante da Igreja Católica?"
A resposta de Boff foi esta:
"A melhor forma é aquilo que a Igreja da Libertação faz desde os anos 70. Reunir cristãos pra confrontar a página da Bíblia com a da vida. Uma evangelização ligada ao cotidiano e às culturas locais. Uma coisa no Nordeste, outra na Coreia. Essa visão proselitista é ofensiva à liberdade humana".
O que me impressionou foi que Boff ainda receita a teologia da libertação como remédio para a crise que a Igreja Católica está passando, mesmo que a teologia da libertação já tenha seu prazo de validade vencido.
Ele culpa João Paulo II e Bento XVI por terem matado a Teologia da Libertação. Mas eu acho que não. Ela morreu porque não era teologia e sim sociologia, não libertava os pobres da verdadeira escravidão à qual tanto eles quanto os ricos estão submetidos e no tempo em que teve oportunidade de mostrar a que veio falhou em conquistar o povo - ficou sendo um movimento de intelectuais apenas.
É diferente, por exemplo, da Reforma protestante. À semelhança da Teologia da Libertação, a teologia reformada sofreu oposição do Papa e à semelhança de Boff, Lutero foi excluído da Igreja Romana. Mas, o Papa não foi capaz de parar o avanço da teologia reformada e nem de destrui-la, como Boff diz que ele fez com a Teologia da Libertação. A diferença é que a teologia da Reforma era o antigo e simples Evangelho de Cristo, o poder de Deus para salvar todo aquele que crê. Ela inflamou não somente os nobres mas o povo simples, que nela encontrou a solução para um problema pior que a pobreza e a opressão, que é a culpa e a condenação eterna. E por isto se alastrou pelo mundo, em que pese os esforços do Papa e da Contra-Reforma católica. Hoje, o neo-calvinismo - movimento moderno oriundo da Reforma de Calvino - é considerado como uma das forças que estão mudando o mundo atual.
Eu fico impressionado como alguém fica defendendo ainda hoje os postulados e idéias gastos do liberalismo teológico, como os da Teologia da Libertação, apesar dos fatos demonstrarem que essas teologias não deram em nada, não mudaram vidas, não plantaram novas igrejas e não trouxeram pecadores perdidos ao arrependimento e à fé no Cristo ressurreto.
É igual à atitude dos liberais, que apesar do fracasso retumbante da teologia liberal em trazer um Evangelho palatável ao homem moderno, insistem em defendê-la e promovê-la.
Como dizem os americanos, "old ideas die hard...".
O título é bombástico: "João Paulo II e Bento XVI afastaram a Igreja do mundo."
Concordo com várias das análises de Boff quanto a alguns dos motivos pelos quais a Igreja Católica vem perdendo membros no mundo todo, tais como a falta de padres por causa do celibato obrigatório e os escândalos recentes com casos e mais casos de pedofilia, seguidos por uma atitude incompetente do Papa para resolver o assunto.
Mas o que eu achei interessante foi a resposta que ele deu à pergunta da revista Época, "Qual seria a melhor forma de atrair quem anda distante da Igreja Católica?"
A resposta de Boff foi esta:
"A melhor forma é aquilo que a Igreja da Libertação faz desde os anos 70. Reunir cristãos pra confrontar a página da Bíblia com a da vida. Uma evangelização ligada ao cotidiano e às culturas locais. Uma coisa no Nordeste, outra na Coreia. Essa visão proselitista é ofensiva à liberdade humana".
O que me impressionou foi que Boff ainda receita a teologia da libertação como remédio para a crise que a Igreja Católica está passando, mesmo que a teologia da libertação já tenha seu prazo de validade vencido.
Ele culpa João Paulo II e Bento XVI por terem matado a Teologia da Libertação. Mas eu acho que não. Ela morreu porque não era teologia e sim sociologia, não libertava os pobres da verdadeira escravidão à qual tanto eles quanto os ricos estão submetidos e no tempo em que teve oportunidade de mostrar a que veio falhou em conquistar o povo - ficou sendo um movimento de intelectuais apenas.
É diferente, por exemplo, da Reforma protestante. À semelhança da Teologia da Libertação, a teologia reformada sofreu oposição do Papa e à semelhança de Boff, Lutero foi excluído da Igreja Romana. Mas, o Papa não foi capaz de parar o avanço da teologia reformada e nem de destrui-la, como Boff diz que ele fez com a Teologia da Libertação. A diferença é que a teologia da Reforma era o antigo e simples Evangelho de Cristo, o poder de Deus para salvar todo aquele que crê. Ela inflamou não somente os nobres mas o povo simples, que nela encontrou a solução para um problema pior que a pobreza e a opressão, que é a culpa e a condenação eterna. E por isto se alastrou pelo mundo, em que pese os esforços do Papa e da Contra-Reforma católica. Hoje, o neo-calvinismo - movimento moderno oriundo da Reforma de Calvino - é considerado como uma das forças que estão mudando o mundo atual.
Eu fico impressionado como alguém fica defendendo ainda hoje os postulados e idéias gastos do liberalismo teológico, como os da Teologia da Libertação, apesar dos fatos demonstrarem que essas teologias não deram em nada, não mudaram vidas, não plantaram novas igrejas e não trouxeram pecadores perdidos ao arrependimento e à fé no Cristo ressurreto.
É igual à atitude dos liberais, que apesar do fracasso retumbante da teologia liberal em trazer um Evangelho palatável ao homem moderno, insistem em defendê-la e promovê-la.
Como dizem os americanos, "old ideas die hard...".
29 comentários
comentáriosAnálise precisa: teologia da libertação, bem como todas as outras teologias contextuais são sociologias da religião.
ResponderPrezado pastor Augustus, ótima abordagem a sua. O que vemos em Boff é o resultado do coração humano, que sendo enganoso não consegue ver a realidade a sua frente. Mas o Evangelho trazido pela Reforma é luz de Deus que mostra a realidade dura do pecado e a boa nova de Salvação em Cristo!
ResponderSimplesmente isso: adorei!!! :-)
ResponderA teo da libertação, hoje, se limita mais à cabeça dos seus antigos defensores? Como está o movimento na Brasil, reverendo?
ResponderRev.
ResponderAquí na "terrinha" (Recife) tem algumas "crias", uns viraram políticos, que levitam, são bem ecumênicos, circulam em todas as rodas, não ví tramsformação, nem pessoal nem ao derredor. Por isso ...fica muito a desejar o que prega o ex-padre(não querendo julgar e já julgando).
Abr.
Tânia
Olá Rev Augustus, a paz do Senhor!
ResponderEu já estava inquieto aquardando sua próxima postagem.
Sobre o texto que o senhor escreveu, acredito que o maior prejuízo causado pela teologia da libertação seja o fato de seus proponentes verem o Senhor Jesus como um "Messias do envolvimento político". Ele é Deus entrando na luta pela justiça ao lado dos pobres e oprimidos. Todavia, como o senhor observa, Ele não é visto como um salvador no sentido tradicional da palavra. Em vez disso, os teólogos da libertação defendem uma idéia de "influência moral" no que diz respeito a expiação. Nada dizem acerca de uma satisfação da ira de Deus contra o ser humano.
Não bastasse isso, eles ainda cometem erros gravíssimos em outros pontos fundamentais de nossa teologia:
1) Ignoram por completo a obra do Espírito Santo;
2) Vêem a Bíblia apenas como um livro de registros históricos que são válidos apenas quando em consonância com suas interpretações;
3) Vêem a teologia, não com um sistema de dogmas, e sim, como um meio de dar inicio a mudanças sociais;
4) A Igreja é vista apenas como um instrumento (dentre vários) para transformar a sociedade em seu aspecto puramente social e humanitário.
Meu Deus...realmente eu também fico impressionado em saber que alguem ainda defenda isso.
Parabéns pela postagem, e um abraço fraternal!!!
Olá Rev. Augustus.
ResponderSei que naõ tem muito a ver com o tema do atual post, mas gostaria que o senhor desse uma lida no texto a seguir e, se possível emitísse sua opinião.
http://srozante.blogspot.com/2010/09/o-dia-em-que-o-papa-abalou-os-alicerces.html
Grato.
Eduardo.
Bom texto, meu caro mestre. Penso que dentre as tentativas dar sobrevida à teologia da libertação, com uma roupagem um tanto mais protestante, é a Missão Integral. Ela é interessante em alguns pontos e, até certo ponto, um pouco melhor que a TL, mas tem pressupostos bem sociológicos a ponto de tornar a questão social o foco da pregação de Cristo.
ResponderNada como velhas idéias com novas embalagens..rsrs
Abraço.
A diferença de Missão Integral e a Teologia da Libertação é que esta é a propria negação do Cristianismo. Quer queiramos ou não a Missão Integral tenta ver no evangelho uma mensagens para o homem sofrido, empobrecido e cansado, não somente espeiritual, mas fisicamento. Os teologos da MI tem que realizar é esse equilibrio entre o espiritual e o fisico. enfatizar um dos lados leva a prejuizos. Quanto é este lado se torna proeminente vem uma retomada com a TL, e qual é aquele, o de uma mensagem fora da realidade do homem!
ResponderA Teologia da Libertação é o marxismo mascarado de teologia cristã.
ResponderO que Marx tem a ver com Cristo se ele mesmo escreveu que "a religião é o ópio do povo"? O que ele, um filósofo materialista que bebia em Feuerbach, tem a ver com o cristianismo que aceita tranquilamente a transcedência de Deus?
Para alguns, pode parecer maturidade uma simbiose de idéias antagônicas mas nesse caso, analisando bem, é incoerente.
Post muito bom e esclarecedor. A verdadeira libertação (da queda, do pecado, do diabo e da morte) vem através do Evangelho da graça mediante a fé no Senhor Jesus Cristo, Evangelho defendido e articulado por Agostinho, Lutero e Calvino.
Rev. Augustus,
ResponderComo de costume, gostei muito da abordagem do artigo. A Teologia da Libertação vá fez muito estrago no passado... Não gosto do papismo, mas Justiça seja feita: o grande mérito do atual papa(quem sabe o único...), quando ainda era cardeal, foi tê-la sufocado e, praticamente, destruído.
Só o Evangelho liberta!!! Creio que o ilustre pensador esqueceu-se da Palavra de Deus quando essa diz, com todas as letras, que se nossas esperanças para o Evangelho se limitam a esse mundo, somos os mais infelizes... (1 Co 15.19) ou, ainda, os clássicos textos de Evangelho de João - Capítulo 8 - versos 32 e 36.
Espero que essa teologia, na realidade, é da "escravização", pois nos afastaria da Cruz de Cristo não seja requentada e volte à tona!!!
Como dizia o meu ilustre ancestral, Rev. E.C. Pereira, "Pela Coroa Real do Salvador"!!!
Cristiano Pereira de Magalhães
"A teologia da Reforma era o antigo e simples Evangelho de Cristo, o poder de Deus para salvar todo aquele que crê. Ela inflamou não somente os nobres mas o povo simples, que nela encontrou a solução para um problema pior que a pobreza e a opressão, que é a culpa e a condenação eterna".
ResponderBelas palavras chanceler! Você deveria "propor" a leitura de seus posts aos professores da EST. É bom ter uma percepção mais ortodoxa das coisas.
Acho legal a liberdade da academia, só não entendo o porque puxar a sardinha para os liberais é considerado acadêmico e defender um posicionamento ortodoxo, de viés reformado calvinista, é considerado proselitismo.
Gosto muito de seus posicionamento e da forma com que desenvolve suas idéias. Continue escrevendo!
Abraço,
Diogo
Em primeiro lugar é muito bom ver mais uma postagem neste tão necessário blog. E em segundo lugar, acredito que a Igreja católica como um todo assemelha-se a um bando de urubus, procurando carniça, como é o caso com a Igreja Anglicana. Eles ainda não tomaram consciência da sua morte declarada. As velhas teologias nada mais são do que o choro de algumas viúvas inconformadas. Um abraço reverendo.
ResponderCaro Augustus,
Responderpena você não ter examinado corretamente a resposta de Boff e pena você não ter retido o de melhor dela:
"confrontar as páginas da Bíblia com a da vida".
De fato CEBs tem feito isso e é formidável. Foi isso que Calvino e Lutero fizeram!
A TL é muito influente no Brasil e sempre será atual enquanto houver tantas desigualdades.
O calvinismo, infelizmente, ainda está longe de, por exemplo, influenciar um governo assim como a TL (via Frei Betto e tantos outros) influenciam o PT pelo Brasil a fora.
saudações fraternas,
Roger
Blog em Assembléia...
ResponderProponho e espero apoio:
Fica terminantemente proibido ao Rev Augustus passar mais de 10 dias sem postar no Blog.
Roberto
Infelizmente a Teologia da Libertação, embora esteja fora de moda, ainda permanece recebendo combustível e acho que ela tem sim tido progresso no Brasil. Em círculos acadêmicos de SP e, acredito, em outras federais nacionais, como em cursos de Ciências da Religião, a Teologia da Libertação foi a única coisa que sobrou entre o liberalismo brasileiro para continuar tendo algum fôlego. Basta dar uma olhada nas publicações de editoras católicas e se perceberá não apenas traduções, mas publicações de brasileiros que continuam insistindo no marxismo. A própria exegese sociológica, dentro desses círculos da atualidade, está totalmente acorrentada aos pressupostos da Libertação. A academia "teológica" no Brasil já deu adeus à Reforma, com exceção do Mackenzie, talvez... Mas a América Latina só consegue dar sentido a um estudo bíblico, pelo que percebo, pelo viés da Libertação. Por exemplo, esteve no Brasil recentemente um dos filósofos argentinos mais reputados da Teo. da Libertação, Enrique Dussel, numa Universidade protestante.
ResponderVamos seguir lamentando, porém lutando pela fé evangélica!
Abraços,
Pr. Mauro Filgueiras Filho
Roger,
Responderconcordo com você que o Boff tentou resgatar alguma coisa, porém, diferente de você, eu lamento pelo que ele faz. Ainda que o Boff declare "confrontar a vida/cotidiano com a Bíblia", eu fico me perguntando: "que Bíblia? que hermenêutica? que pressupostos?". Ora, já se disse, "a Bíblia é mãe de todas as heresias". Confrontar a vida com a Bíblia um umbandista, ou budista, ou islâmico, etc, qualquer um faz.
Para o Boff, Deus e natureza não têm muita diferença. Deus se funde ao cotidiano e é dessa maneira que Ele se faz presente, ou, "se revela". A busca "do religioso" sempre esteve presente, tanto na mística judaica, como nas superstições romanas. Agora, que a Bíblia não tem autoridade final, é falível e "errável", então restou aos protestantes seguir esses místicos modernos e tentar encontrar alguma experiência real através de alguma coisa contida na Bíblia. Viva Schleiemacher!
Abraços,
Mauro F.F.
Caros irmãos em Cristo,
ResponderTive o cuidado de ler a entrevista inteira do Leonardo Boff (quem quiser conferir, o endereço é o seguinte - http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI172828-15227,00-LEONARDO+BOFF+JOAO+PAULO+II+E+BENTO+XVI+AFASTARAM+A+IGREJA+DO+MUNDO.html). Além de ter sido colocada a Teol. da Libertação como a grande panacéia, fiocu uma questão no ar: Será que realmente a Teologia da Libertação buscava realmente reunir os cristãos para uma reflexão da Bíblia com o cotidiano?
Tenho minhas dúvidas. Creio que a Teologia da Libertação veio justamente para atacar inerrância da Bíblia e dar uma ênfase social mais forte ao trabalho da Igreja.
Como bem apontou o articulista: não se tratava de Teologia, mas de sociologia...
A Igreja Católica só vai crescer o dia que perceber que defende heresias e precisa retornar aos tempos do Livro de Atos, exatamente como chamaram à atenção os Reformadores!!!
É curioso que na entrevista o sr. Boff se esquece da Igreja reformada e põe todos os cristãos não católicos na mesma situação.
Creio que a visão dele é bastante tendenciosa e, pessoalmente, não lhe atribuo credibilidade.
A Igreja é do SENHOR JESUS CRISTO e, portanto, Ele é o cabeça e a nossa regra de fé é a Palavra. Nada mais. Reitero o que disse, na verdade se trata da Teologia da "Escravização".
Cordialmente.
Cristiano Pereira de Magalhães
Caro Mauro,
ResponderViva Schleiermacher!
De fato esse pastor de Berlim trouxe novos ares ao cristianismo, mudando o paradigma da modernidade, que precisam ser levado em conta hoje. (Estranho muito F. Schaeffer não tê-lo citado em seus livros como o homem que desviou o eixo da razão para a emoção).
Sobre a interpretação e a inerrância da Bíblia, concordo com você: a Bíblia pode ser a mãe de muitas heresias se certos limites do bom senso não forem adotados. Mesmo assim tenho vários pontos de interrogação sobre isso:
a) Até que ponto pode-se estabelecer regras fechadas para se estrair certas verdades das escrituras?
b) A própria questão do que seja essencial ou não essencial, em termos doutrinários não variaria enormemente de interpretação para interpretação?
c) Não seria o marxismo (e o freudismo também) um alerta divino para o perigo da interpretação (seja da Bíblia ou outra doutrina qualquer) que gera ideologias para favorecerem uma classe dominante? Em outras palavras o marxismo não é um alerta precioso que concorda plenamente com a Palavra de Deus que diz "não se estribe em seu próprio entendimento" e "enganoso é o coração humano"?
São só algumas questões pessoais.
Fraternalmente,
Roger
Caro Roger,
Responderespero que você tenha compreendido que o meu "viva Scheliemacher" foi irônico (rsrs). A propósito, você deve saber que tanto Heidegger quanto Husserl prolongaram a discussão por ele iniciada a respeito da experiência e da necessidade de "participar" do religoso. Você terá hoje Mircea Eliade, por exemplo, que será entendido para muitos mais como místico do que como estudioso das religiões. Porém, sua preocupação é tratar sobre a invasão do fenômeno na realidade vivenciada.
Mas o meu ponto é que a experiência religiosa, para existir e ser real, não precisa comprometer a autoridade das Escrituras, como sugerida pelos teólogos liberais, ou ainda pelos da TL. Ela se torna ambígua e questionável sem o padrão e sem a certeza de que, como disse Schaeffer, "Deus falou e continua falando". Eu, pessoalmente, creio nisso. Deus falou e fala, pela Palavra. Qualquer posição que você adote partirá de algum pressuposto que entenda que o transcendente interage de alguma maneira em nosso mundo.
Mas quando eu digo que não precisamos negar a autoridade da Bíblia para ter uma experiência real com Deus, sugeriria para você a leitura de Hermann Dooyeweerd, infelizmente pouco conhecido, mas um filósofo reformado, calvinista, que muito se interessou em compreender o pensamento de Husserl. Foi traduzido pela Hagos o seu livro "No crepúsculo do pensamento". Hoje, talvez o mais conhecido proponente da filosofia calvinista seria Alvin Plantinga, professor de Yale, se não mem engano. Portanto, Schleiemacher talvez não tenha atingido o que pretendia, porque abandonou os fundamentos seguros que, para mim, são inerrantes.
Quanto às suas colocações, penso o seguinte:
a)Eu não tenho certeza que exista regras muito abertas! Qualquer pressuposto que você assumir virá no pacote metodologias e conclusões pré-estabelecidas que aprisionarão sua interpretação. Eu, calvinista e reformado, reconheço que o meu pressuposto é a inerrância e infalibilidade. Porém, outros grupos que nos chamariam de "fundamentalistas", talvez não admitiriam que também estão presos a pontos de vistas pré-estabelecidos. Agora estar preso à um pressuposto não implica, necessariamente "limitação", desde que sua cosmovisão seja ampla o suficiente para cobrir toda a realidade. E, para mim, a Bíblia o é.
b)a diferença entre o essencial e o não-essencial realmente não é tão clara, às vezes (se é que eu entendi bem). Mas acho que vale o que disse no ponto "a", isto é, depende de onde você vai partir para ter uma metodologia estabelecida que julgará o que é central e o que é periférico da sua interpretação.
c)o "alerta divino" que você disse é bem provocador, mas... realmente, Deus, na Sua Providência, conduz todo movimento e até a ira humana para engrandecê-LO. Acho que a TL, herdeira do marxismo, traz ensinamentos sim. Por exemplo, pastores da TL nos alertam quanto à seguinte verdade: "não se faz sermão preso em gabinetes", é necessário viver com o povo, no seu cotidiano. Não acho que isso altera a Palavra. Não acho que ela passa por metamorfoses. Mas acho que as situações da vida nos ensinam a nos aproximar da Bíblia e, muitas vezes, a enxergar coisas que sempre estiveram ali, no texto, mas que antes não tínhamos percebido.
É o que penso,
Abraço,
Mauro.
Caro Roger,
Responderespero que você tenha compreendido meu "viva Schleiemacher" como ironia (rs). A preocupação dele sobre a experiência religiosa como determinante para a interpretação da vida e da Bíblia foram importantes e continuaram com Heidegger e Husserl. Hoje, na atualidade, Mircea Eliade é um que se ocupa com a preocupação em mostrar que o fenômeno religioso ocorre no cotidiano, na realidade, embora seja compreendido por muitos mais como místico do que estudioso das religiões.
O meu ponto, portanto, é que não vejo razão para comprometer a autoridade Bíblia e sua inerrância para compreender a "experiência religiosa". Hermann Dooyeweerd, infelizmente pouco conhecido no Brasil,foi um filósofo calvinista, que muito se interessou em estudar Husserl, e mostrou a coerência da fé nas Escrituras e a experiência verdadeira. Foi publicada uma tradução pela Hagnos, "No crepúsculo do pensamento". Um proponente, ou continuador, de seus pensamentos hoje é Alvin Plantinga, de Yale, se não me engano. Acho que Schaeffer resumiu bem a polêmica quando afirmou: "Deus falou, e continua falando".
Sobre seus pontos eu penso:
a) Não sei se existe uma Hermenêutica tão aberta e livre de limites assim. A grande diferença está nos pressupostos que assumimos. Mas todo estudioso honesto, seja reformado ou não, terá que admitir que tem um ponto de partida e esse pressuposto necessariamente comprometerá sua metodologia e conclusões. Agora, ter regras não implica, necessariamente, em "limitação", desde que sua cosmovisão seja abrangente o suficiente para contemplar toda a realidade existencial, e eu acho que a Bíblia o é.
b)realmente, nem sempre é fácil determinar o que é núcleo e o que é periférico. Porém, acho que é a mesma questão. A hermenêutica que você assumir determinará sua metodologia. Ela vem no pacote. E, consequentemente, suas aplicações. A diferença que vejo, muitas vezes, é que aquele que acredita na inerrância e inspiração da Bíblia assume seus pressupostos, enquanto muitos místicos ou hermeneutas pós-modernos não assumem e pensam que estão livres de correntes de interpretação críticas.
c)o seu "alerta divino" é bem provocador, mas... realmente, Deus, na Sua Providência, usa todos os movimentos, e até a ira humana, para engrandecê-LO. Acredito que a TL, herdeira do marximo, trouxe sim algumas provocações importantes como, por exemplo, "não se prepara sermões preso no gabinete, com ar condicionado e cafezinho". É necessário viver com o povo e experimentar o cotidiano deles. Porém, não acho que a experiência humana ou a mudança dos tempos metamorfoseia a Bíblia, mas acho que as experiências, tanto boas quanto ruins, nos encaminham para enxergar verdades no texto bíblico que sempre estiveram lá, mas que não tínhamos percebido antes.
Bem.. é o que penso,
Abs,
Mauro.
Olá pastores,
Responderadmiro suas postagens em defesa da teologia cristã ortodoxa, mas sinto que suas vozes não se manifestam explicitamente contra essa conspiração odiosa do projeto político do PT, de amordaçar a mídia, privilegiar os homossexuais e censurar a manifestação dos cristãos.
Pastores como Paschoal Piragine e Silas Malafaia fizeram a sua parte (busquem no Youtube).
Mas POR QUE as igrejas reformadas mais tradicionais (luterana e presbiteriana, sobretudo) são TÍMIDAS em seus manifestos? Por que elas não se juntam, formam uma comissão de imprensa para se manifestar na mídia?
Essa omissão é algo profundamente lamentável. Justamente quando o momento é crítico, essas igrejas não se fazem ouvir. Custa publicar vídeos na internet? Por que esse descaso?
Abs
Tem horas que acho so sr Boff meio inocente em suas conclusões. Ele me parece meio recentido de ter sido afastado da igreja católica.
ResponderBom, se formos analisar bem, tanto a igreja católica como as igrejas reformadas mais tradicionais (mais sérias) estão perdendo membros. Por que será? Será que as causas são as mesmas?
Olá, sou protestante e grande admirador de Lutero e Calvino. Porém, sabemos que a Teologia Reformada avançou por vários outros motivos e interesses, inclusive econômicos, bem diferente da Teologia da Libertação que somente interessava a pessoas socialmente e economicamente excluídas.
ResponderPrezado Nicodemus,
ResponderSegundo os autores mais qualificados as igrejas protestantes tradicionais, em todo o mundo, estão em profunda crise, ou seja, decadentes. Por outro lado não restam dúvidas que esse câncer cristão chamado de pentecostalismo e neo-pentecostalismo, fenômeno religioso de massa e instrumento de alienação, não saiu do seio da Teologia da Libertação, mas de movimentos protestantes, inclusive, alguns, calvinistas. Não seria arrogância pensar, para o mundo de hoje, o calvinismo, como um único principio de certeza? Não seria falta de estudo pensar a Teologia da Libertação como uma prática ultrapassada e falha? Não seria demagógico pensar na Igreja Católica, nos pontificados de Bento XVI e João Paulo II e na Teologia da Libertação a partir de uma ótica protestante européia, que, menos a ver com a teosociologia da libertação de Boff , mais tem a ver com o autoritarismo e inquisicionismo do tridentino Bento XVI?
Gosto de seus escritos, mas cuidado com a incrível credulidade humana
Bara,
Responder"Segundo os autores mais qualificados as igrejas protestantes tradicionais, em todo o mundo, estão em profunda crise, ou seja, decadentes"
As que qestão decadentes são aquelas que adotaram o liberalismo teologico e o métoodo crítico, que também estão por detrás da teologia da libertação. Na África, Coréia, Indonésia, China as igrejas tradicionais - isto é, as que não seguem estas coisas de liberais, inclusive a TL, estão explodindo. Nos Estados Unidos, as decadentes são aquelas que aceitam casamento gay e adotaram a teologia da libertação na versão americana. O neocalvinismo foi recentemente considerado uma das forças mundiais mais influentes.
"Por outro lado não restam dúvidas que esse câncer cristão chamado de pentecostalismo e neo-pentecostalismo, fenômeno religioso de massa e instrumento de alienação, não saiu do seio da Teologia da Libertação, mas de movimentos protestantes, inclusive, alguns, calvinistas."
Saiu de fato dos protestantes, como a teologia da libertação também. Mas, de que linha de protestantes? Certamente não calvinistas. A prosperidade pregada pelos calvinistas é resultado do trabalho, frugalidade, honestidade, liberalidade. Bem diferente da prosperidade neopentecostal que passa pelo misticismo e realização de atos mágicos.
Continua...
Bara, continuando...
Responder"Não seria falta de estudo pensar a Teologia da Libertação como uma prática ultrapassada e falha?"
Bom, passei quatro anos estudando para meu doutorado em interpretação bíblica e uma das áreas de estudo foi Boff. Depois disto, passei a dar aulas e escrever sobre hermenêutica. Até acabei escrevendo um livro sobre o assunto. Pode ser que foi pouco, mas para mim foi suficiente para me convencer de que a TL é ultrapassada e falha mesmo, pelo simples fato de que não é bíblica.
Veja um artigo meu sobre o assunto:
http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_III__1998__2/a_herra....pdf
"Não seria demagógico pensar na Igreja Católica, nos pontificados de Bento XVI e João Paulo II e na Teologia da Libertação a partir de uma ótica protestante européia, que, menos a ver com a teosociologia da libertação de Boff , mais tem a ver com o autoritarismo e inquisicionismo do tridentino Bento XVI?"
Não. Demagógico é esquecer que a TL nada tem de latina. Boff e todos os outros que a defenderam estudaram na Europa. A bibliografia ao final do clássico de Boff, "Jesus Cristo Libertador" só tem livros de alemães liberais. As ferramentas hermeneuticas usadas por Boff tiveram origem em Gadamer, Foucault, e outros teóricos europeus. Portanto a crítica protestante européia é perfeitamente válida.
"Gosto de seus escritos, mas cuidado com a incrível credulidade humana"
Obrigado pela primeira parte. Quanto à segunda, não entendi direito. Devo ser muito crédulo mesmo...
Rev. Augustus,
ResponderSempre desconfiei da TL. Pra ser sincero, nunca me ví atraido por ela. Concordo com o Senhor: "João Paulo II e Bento XVI, não tem nenhuma culpa pelo "fracasso" da TDL. A culpa é da própria TDL, que na verdade estar mais para ser sociologia que teologia".
Puxa! Sempre pensei assim, mas nunca me manifestei,por receio de ser ridicularizado pelos ditos "tolerantes".
Abraços!
Comentando bobagens:
Responder"Olá, sou protestante e grande admirador de Lutero e Calvino. Porém, sabemos que a Teologia Reformada avançou por vários outros motivos e interesses, inclusive econômicos, bem diferente da Teologia da Libertação que somente interessava a pessoas socialmente e economicamente excluídas."
Até onde sei, a TL somente se interessava em aumentar o máximo possível o poder de tiranos genocidas. Ela não existe no ar, veio do desejo de muitos de usar a religião para pavimentar o caminho de dominação da URSS. A URSS acabou, mas como a TL permaneceu, por servir de instrumento a qualquer autocrata que use o discurso da "libertação do povo", como os poderosos soviéticos usavam.
A concordância com as mentiras do diabo é também diabólica...