IGREJA ACOLHEDORA OU DESIGREJADOS REFORMADOS
Tive o privilégio nesses muitos anos de pastorado de servir em igrejas de grande porte e com número crescente de novos membros. Existem muitas vantagens e oportunidades em igrejas numericamente fortes. Por outro lado, há também algumas áreas que representam um desafio. Um deles é o de ser uma igreja acolhedora e que promova a integração dos novos membros.
Temos de agradecer a Deus pelo crescimento do número de pessoas em todo Brasil interessadas em conhecer mais a Palavra de Deus e se relacionar de maneira significativa com ele. Muitas dessas pessoas procuram igrejas históricas e tradicionais que são conhecidas pela firmeza doutrinária e pela solidez de seu ensino. Contudo, não poucas dessas pessoas frequentam apenas por um breve tempo essas igrejas e saem delas, por não se sentirem acolhidas e nem por conseguirem fazer parte da comunidade. O que ocorre é que em muitas dessas igrejas históricas os membros mais antigos se conhecem, se casam entre si, são parentes e amigos, cresceram juntos e formam uma espécie de núcleo original e fundacional da igreja que é fechado e de difícil acesso para outros.
Por um lado, esse fato inegável traz solidez, continuidade, identidade e segurança à igreja como instituição. Por outro, se não houver a graça necessária, esse fato se torna um empecilho para a chegada de novos membros, da formação de uma nova liderança e do acolhimento da próxima geração que não será necessariamente formada pelos filhos e netos do núcleo central. Penso que que os seguintes pontos devem ser levados em consideração por todos os membros de igrejas históricas numerosas e crescentes.
Primeiro, Deus está agindo no mundo e chamando seus eleitos, a verdadeira igreja de Cristo. Para nós é um grande privilégio receber essas pessoas e acolhê-las junto conosco, pois somos parte do mesmo corpo. Segundo, essas pessoas virão de tradições diferentes, de igrejas diferentes, de costumes e práticas diferentes. Muitas serão tatuadas, outras pintarão o cabelo de verde, outras vão estranhar o nosso “culto frio”, outras não estão acostumadas com a estrutura de uma igreja presbiteriana e suas sociedades internas. Mas estão vindo porque querem ouvir a Palavra de Deus. Terceiro, a igreja não nos pertence, mas ao Senhor. Ela não existe como um local confortável e seguro onde nos abrigamos aos domingos, mas como um local de desafio ao nosso conforto e nossa segurança. Quatro, devemos estar sempre abertos para mudar e adaptar em nossa estrutura e em nosso culto aquilo que não é requerido pela Palavra de Deus e nossos símbolos de fé, com o fim de atendermos e acolhermos melhor a nova geração que chega.
Esse processo é dirigido pelo Espírito de Deus através dos pastores e presbíteros que foram eleitos como líderes espirituais da comunidade, mas sem a participação e o engajamento de cada membro, essas igrejas irão experimentar um fenômeno já conhecido: verão a chegada da primeira onda dos interessados na fé reformada e os verão sem seguida se retirando para se tornarem desigrejados ou crentes de internet.
Fale com os visitantes. Receba-os com um abraço. Converse com eles. Convide-os para participar das reuniões, grupos e eventos da igreja. Se interesse pela vida deles. Marque uma visita. Faça-os se sentirem que a igreja oferece, além de boa doutrina, aquela fraternidade recomendada pelo Senhor.
14 comentários
comentáriosConcordo,sem ressalvas, com o articulista.
ResponderGraça e Paz Reverendo. ótima texto , creio que muitas igrejas estão em falta nesse ponto. porém queria que o senhor me explicasse o 4º ponto. o senhor diz que devemos mudar e adptar ao culto aquilo que não é requerido pela palavra de Deus... eu não entendi direito essa parte. contudo continuarei por sua vida e sua casa, pois o senhor é espelho pra mim e milhares como eu. Deus o abençoe!
ResponderCaro Adriano, a palavra de Deus estabelece os elementos de culto (oração, pregação, louvor, etc), mas não estabelece as circunstâncias em que esses elementos serão empregados. Deve ter oração no culto, mas a Bíblia não determina que seja silenciosa, que seja feita em pé, ou sentados. Só para dar um exemplo. Outra coisa, a Bíblia não estabelece uma liturgia, uma sequencia dos atos de culto, ficando à sabedoria e prudência da igreja preparar a ordem de culto. Portanto, o que não é estabelecido na Bíblia pode ser mudado e adaptado se as circunstâncias exigirem. Abraços
ResponderUma reflexão muito interessante, mas vejo que o "tradicionalismo" de membros antigos das Igreja históricas é uma barreira para o crescimento dessas comunidades. Famílias que contribuíram na construção de alguma igreja, ou possuem alguma influência dentro dela, acham-se donas da Igreja e querem que tudo aconteça conforme à vontade do "clã". Outra coisa, pastores que são dependentes financeiramente de igrejas sofrem nas mãos dessas pessoas. Penso que os pastores deveriam rever a ideia de "ministério integral", pois em algumas regiões do Brasil essa ideia, na prática, não se sustenta. As pessoas tem dificuldade de entender que à medida que o tempo passa, é necessário fazer algumas mudanças. Mudanças não na doutrina mas na forma da organização do culto.
ResponderPosso chegar e assistir ao culto na Igreja Presbiteriana ou tenho que ser convidada por um membro?
ResponderSou de uma Igreja neopetenconstal aqui em Minas Gerais e preciso de ajuda.
Não aguento mais tanta heresia!
Obrigada
Posso chegar e assistir ao culto na Igreja Presbiteriana ou tenho que ser convidada por um membro?
ResponderSou de uma Igreja neopetenconstal aqui em Minas Gerais e preciso de ajuda.
Não aguento mais tanta heresia!
Obrigada
Não precisa ser convidado para participar de um culto em qualquer igreja presbiteriana. Você é muito bem vindo. Há muitas igrejas presbiterianas em Minas, espero que em sua cidade exista uma. Faça uma visita e fale com o pastor. Seja bem vindo.
ResponderOlá Pastor, sou membro de uma IP há cerca de dois anos mas moro aproximadamente 100 km do templo no qual participo dos cultos... Em minha cidade não há presbiteriana, apenas (neo)e pentecostais. Devido à distância, vou somente aos domingos e isso infelizmente afeta muito a fraternidade mencionada em seu texto. Havendo possibilidade, a decisão mais sábia seria uma mudança para a cidade na qual congrego? Se puder me orientar sobre isso. Muito obrigada!
ResponderExcelente leitura da realidade Tio Nico... Faz 4 anos que estou na IPB, vim de uma igreja pentecostal e estava cansado das bobagens de domingo a noite. De todas as IPBs que conheci,todas tinham excelentes pastores,muito bem preparados para o oficio. Como era dito na antiga igreja pentecostal: a ovelha fica aonde o pasto é bom!
ResponderGostaria de saber quando o Reverendo estará pregando em Salvador?
ResponderExperiência própria. Além de muito política. Porem, os estudos eu continuo.
ResponderPR Augustus dou desviado da igreja ha30 anos. Fiquei com trauma de igreja, não consigo nem entrar em uma delas. Passo mal, me dá falta de ar. Sinto necessidade da palavra
ResponderNão é só isso; Pessoas também saem da instituições (isso não quer dizer que eles deixam de ser igreja), porque ver absurdo como os líderes na prática de pecados e muitos também são massacrados por vários motivos e como acham que em outra igreja vai ser igual preferem se juntar com os ditos desigrejados porque alí não precisam tem contato frequentes,assim podem evitar sofre. E outro vão cultuar a Deus em locais diferentes ("igreja") hoje ali, amanhã lá e depois de amanhã em outra, pois não precisa tem intimidade e não sofrerá todo tipo de absurdo e outros optar por acompanhar o culto público pela internet, desse jeito não tem contato com os irmãos para não sofrer. Muito que saíram da instituições saíram para não tirar a própria vida.
ResponderNão sei se já recebeu alguma resposta. Com certeza é só ir ao local.
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