A antiga revista Manchete, há muitas décadas, costumava publicar traduções semanais das colunas do jornalista-humorista Art Buchwald. Alguns anos atrás uma destas colunas foi intitulada: “Deve-se permitir, às igrejas, abrirem no dia do Natal?” Nela o autor descrevia um evento fictício no qual “um grupo de cidadãos se organizou para protestar a maneira como certas igrejas estão tentando transformar o Natal em um feriado religioso!”
O porta-voz do grupo, inventado, presta então as seguintes declarações ao Art Buchwald, na suposta entrevista: — "Bastante dinheiro, tempo e propaganda foram colocados na preparação do Natal, para deixarmos que uma pequena minoria estrague o evento usando este dia para ir à igreja. Não somos contra igrejas,” diz o personagem fictício, “mas somos terminantemente contra estas igrejas permanecerem abertas no dia dedicado ao nosso faturamento...”
Apesar da crônica estar carregada de humor, é triste verificarmos a aproximação da história narrada com a nossa realidade. O Natal tem sido distorcido e seu verdadeiro espírito esquecido. Suas bases e origens foram relegadas a um segundo plano.
Anos atrás a revista Time publicou um artigo mostrando a diferença de ênfases na celebração de Natal existente entre os dias atuais e a prática de algumas décadas passadas. Diz a revista que antigamente se pensava, nesta época, no relacionamento do homem para com Deus; enquanto que agora, pensa-se em termos do relacionamento do homem para com os outros homens. O ponto focal da história de Natal foi esquecido e este fato é refletido nas decorações e “slogans” natalinos da atualidade. Que melhor exemplo para isto do que os cartões que dizem apenas: “Boas Festas!”
Em Gálatas 4.4,5 nós lemos: “Mas vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para reunir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”. Este é o propósito real do Natal. As canções, a mercantilização e mesmo o sentimentalismo fora de Cristo, que são sinônimos desta estação, tendem a obscurecer o significado real deste dia.
O Natal é mais do que um tributo à infância ou às mães; é mais do que um curto espasmo de generosidade e de bondade; é mais do que um incentivo ao comércio e ao lucro; não é meramente uma ocasião para comidas e bebidas, festas e alegrias vazias. É possível nos envolvermos tanto com o papel, os invólucros, as fitas e os cordões, que chegamos a perder o presente real.
Deus, mandando o Seu Filho para redimir aqueles que estão sob a maldição do pecado—este é o verdadeiro milagre e o verdadeiro presente de Natal! Este é o verdadeiro espírito do Natal!
A Bíblia nos diz que o Natal é muito mais do que um congraçamento entre os “homens de boa vontade”, pois é, na realidade, “boa vontade para com os homens”, da parte de Deus. A celebração sem substância do Natal nulifica o seu verdadeiro espírito. Freqüentemente entoamos o hino natalino, “Cantai que o Salvador chegou!” Se esta canção está em nossos corações, a falta de esperança se transformará em alegria e o vazio será preenchido com vida. Não fará muita diferença se estivermos numa multidão ou sozinhos. A alegria do Senhor e as vozes dos seus anjos ressoarão em nossos corações. Isto é o que é o Natal.
Um Feliz Natal para Todos!
terça-feira, dezembro 20, 2005
O Verdadeiro Espírito do Natal
Postado por Solano Portela.
Sobre os autores:
Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.
O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.
O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.
4 comentários
comentáriosGraça e paz de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
ResponderLi esta crônica outro dia no sítio da BBC Brasil. Vi que tem a ver com esses novos tempos dos 'felizes feriados', que ocupa o lugar do natal.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2005/12/051220_lucasmendesgayrc.shtml
Além desta do Lucas Mendes, há também muitas outras do Ivan Lessa (BBC Brasil), também destacando, com bom humor (que disfarça o lamento) as tristes mudanças no natal destes tempos.
Fraterno abraço a todos. Em oração em Cristo Jesus,
Vini
Caro Vinícius:
ResponderLi o comentário do Lucas Mendes e retrata bem como a sociedade encara o Natal que nada mais é do que umas "Boas Festas" e ocasião de divertimento. Isso deve encorajar os cristãos e a igreja a levar avante a mensagem do Natal a um mundo cada vez mais necessitado da sua mensagem e do seu Salvador.
Abs
Solano
Post fora de época (porque eu descobri o blog hoje):
ResponderAcho muito bom o fato de existirem pregadores que pregam o verdadeiro sentido do Natal, pois uma coisa pergunto: o quê Papai Noel tem a ver com o Natal?
Na minha igreja batista lembro-me foi lido até um poema: "Eu não quero o natal consumista, o natal do Papai Noel"
Rafael Galvão
Caro Rafael:
ResponderO poeminha, na realidade, expressa o desejo de um Natal mais autêntico. Realmente, se não nos concentrarmos em Cristo, não há sentido no Natal.
Obrigado pelo comentário.
Solano