Meu filho Daniel casa hoje à noite com Aline, uma linda moça de fé e caráter mais bonitos ainda. Meu filho mais velho, David, casou há seis meses com Tati – igualmente bela em todos os aspectos. Um presente de Deus para os dois e para as famílias! Para completar a alegria, meus pais fizeram 60 anos de casados agora, em dezembro de 2005 – estou “de peito estufado”! Eu deveria, além de estar contando as bênçãos, estar descansando e não “blogando”, para não ficar estressado na cerimônia. Se você acha que só os noivos ficam nervosos, espere até casar seus primeiros filhos. No entanto é difícil não pensar no desgaste que a instituição da família vem sofrendo e nas distorções que têm ocorrido nas relações humanas na terra – especialmente quanto ao casamento.
Há anos a instituição do casamento vem sendo atacada e demolida por uma sociedade sem Deus. Rotula-se ele como algo ultrapassado, que pode ter servido em algum momento na evolução sociológica do homem, mas que não tem mais lugar em pessoas modernas e esclarecidas. Esse ataque começa sempre pelo questionamento de sua indissolubilidade. Casamentos existentes são quebrados com a maior facilidade e, por maior que tenha sido a cerimônia original, a quebra ocorre sem a menor cerimônia.
Seguindo o mesmo curso de pensamento, a sociedade passa a considerar o passo inicial como desnecessário. Deve-se “experimentar” a vida conjunta, “para ver se dá certo”. E “se der certo”, para que se casar? A felicidade, nos dizem, não depende da cerimônia.
Aliado ao descaso e desprezo pelo casamento, temos a banalização do mesmo, com resultados possivelmente até mais destrutivos. Personalidades famosas, do mundo esportivo ou televisivo, “casam-se” em um festivo evento social, às vezes até no meio de comprometimentos conjugais passados que ainda não foram formalmente ou juridicamente encerrados. Os novos relacionamentos são detonados poucos meses depois, com grande publicidade e, invariavelmente, com grandes somas de dinheiro trocando de bolsos.
Infelizmente, já notamos reflexos dessas atitudes dentro das nossas igrejas. Não somente os abandonos, o repúdio e o divórcio tornam-se cada vez mais comuns, mas muitos jovens já não dão a importância devida à cerimônia de casamento. Aceitam naturalmente a sua banalização.
Enquanto muitos cristãos estão desenvolvendo idéias bem diferentes das que a Bíblia apresenta, é incrível que alguns alertas surjam até dos que estão do lado de fora das igrejas evangélicas. O conhecido Stephen Kanitz escreveu alguns pensamentos sóbrios sobre o formalismo que cerca os relacionamentos matrimoniais e sobre a cerimônia de casamento (VEJA, 1873, 29.09.04). Nesse artigo, que tem recebido ampla circulação, ele disse:
A essência do contrato de casamento é a promessa de amar o outro para sempre. Muitos casais, no altar, acreditam que estão prometendo amar um ao outro enquanto o casamento durar. Mas isso não é um contrato... Banalizamos a frase
mais importante do casamento. "Eu amarei você para sempre" deixou de ser uma promessa social e passou a ser simplesmente uma frase dita para enganar o outro.
Contratos, inclusive os de casamento, são realizados justamente porque o futuro é incerto e imprevisível.
Essa colocação do Kanitz é verdadeira. Os integrantes do casal, ao longo do seu percurso após o casamento, encontrarão muitos homens e mulheres, que poderiam até ser classificados como “ideais”, mas o contrato firmado deveria elevar o bom senso acima da atratividade pontual. Ele continua:
O contrato de casamento foi feito para resolver justamente esse problema. Nunca temos na vida todas as informações necessárias para tomar as decisões corretas. As promessas e os contratos preenchem essa lacuna, preenchem essa
incerteza...
Kanitz chama a nossa atenção, portanto, para muitos aspectos que estão sendo deixado de lado, em nossa sociedade e que contribuem progressivamente para a dissolução dela mesma.
Acho digno de nota que algumas pessoas estejam verificando a necessidade de dar importância ao formalismo e aos votos que são proferidos em uma cerimônia de casamento. Mas para nós, cristãos, este momento envolve mais do que um contrato horizontal fechado entre dois lados – Deus está envolvido na cerimônia e nas promessas proferidas e isso é um pacto solene feito na sua presença (Ml 2.13-16). Nesse pacto, Deus está bem mais comprometido, do que as partes humanas poderiam estar, com o cumprimento do acordo.
O projeto de Deus foi e ainda é bom! – um homem e uma mulher – pessoas de sexos opostos, deixam suas famílias para formar uma união singular – uma nova família independente. Esta é a regra dada pelo Criador à raça humana, para sua própria preservação! Paulo compara o relacionamento entre Jesus e a sua igreja àquele existente entre um marido e uma esposa (Ef 5.25-32). Nossos casamentos devem ilustrar esse tipo de amor, aos nossos filhos e ao mundo!
Assim, quando participarmos da próxima cerimônia de um casamento cristão, não vamos pensar que estamos apenas atravessando os trejeitos de uma convenção social em extinção. Não vamos concentrar nossas mentes nos aspectos cansativos da ocasião. Vamos nos lembrar de que estamos tendo o privilégio de participar e testemunhar a realização de um pacto solene, igualmente testemunhado e atestado por nosso Deus Santo e Soberano.
8 comentários
comentáriosSolano,
ResponderEu queria muito estar em Sampa para o casamento do Dan e da Aline, mas não tem jeito. Contudo, hoje a noite, aqui em Recife, vou celebrar o casamento de Manuela e Wagner, no lindo bairro de Aldeias. Seu post veio na hora certa. Mande um abraço para os dois.
Solano,
ResponderFoi uma delícia descobrir, via lista cristãos-reformados, este blog. Os textos são leves mas profundos, enraizados na Palavra. Emocionam e instruem. Parabéns pela iniciativa. E parabéns pela data especial para você e os seus amados.
Augustus: Espero que o casamento da Manuela tenha sido bom! Quando estive por aí todos estavam na expectativa de sua chegada e desse casamento. O casamento de Daniel recebeu uma ótima pregação do Rev. Jaime Marcelino de Jesus - no qual conclamou os noivos, os jovens e os demais presentes a viverem sob os padrões de Deus para a pureza pessoal e para a preservação da família. Seu telegrama chegoue foi repassado aos noivos. Obrigado!
ResponderTúlio: Que bom lhe ouvir teclar e renovar o contato. Que Deus lhe abençoe. Obrigado pelas palavras e incentivo.
Rogério: Graças a Deus por seu testemunho, por sua compreensão e por seu entendimento desses princípios. Que ele continue lhe abençoando.
Solano
Solano,
ResponderO casamento da Manuela e do Wagner foi uma bênção. O casal queria uma coisa simples. Nada de declamações, música de Roberto Carlos, coreografia e outras infestações que viraram moda hoje nos casamentos evangélicos. A cerimônia durou 25 minutos. Aprendi, depois de realizar muitos casamentos, que quanto mais curto, melhor. Todo mundo agradece. Preguei em Gênesis 3, sonre a instituição do casamento, fiz com que trocassem os votos. Após bênção nupcial, o beijo e a assinatura do documento que vai para o cartório (que eu recomendei que entregassem para a sogra do noivo, a mais interessada em fazer com que o documento chegue em 30 dias ao cartório). E depois, a recepção, com música ao vivo, etc. Muito bom. Imagino que o casamento do Danny tenha sido nesta linha, mas estou com medo de perguntar...
Um abraço.
Oi, Solano,
ResponderParabéns pelo casamento de seu filho. Também fiquei muito feliz em saber deste blog, é muito bom poder lê-lo novamente.
Que Deus abençoe a você e à sua família!
Barro nas mãos do Oleiro
Para não concentrar a mente nos aspectos cansativos da ocasião, aqui vai uma dica...tenha certeza de que está usando sapatos confortávies, especialmente se for uma das testemunhas! A noiva entrando, o noivo sorrindo, e o pé latejando, ai, ai, ai...
ResponderDavid
Caro Rev. Augustus,
ResponderExcelentes reflexões sobre o casamento nos dias de hoje! Ás vezes eu e meu marido nos sentimos muito sozinhos, já que praticamente TODOS os casais de amigos ( de nosso tempo de upa e ump ), hoje estão divorciados...
É muito triste constatar que os crentes de hoje estão tão distantes daquilo que o Senhor requer de nós como família!
Estivemos na Igreja Batista Bíblica (Tijuca, Rio)ano passado e lhe ouvimos falar sobre Efésios 5:18. Pena que o tempo foi curto! Quando anunciaram que o senhor teria 20min., não acreditei que alguém pudesse falar de casamento em tão pouco tempo! Mas foi uma das exposições mais profundas que já ouvi sobre o assunto!
E o resumo da ópera é esse mesmo: Não somos bons cônjuges, quando não somos bons crentes!
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude a glorificar a Deus dia-a-dia através de famílias santas!
Só pra terminar... Que inveja "santa" vê-los casar os filhos com jovens íntegras e crentes... Temos 4 filhos e nos preocupamos e oramos muito para que Deus dê a eles cônjuges assim!
Prezada Simone,
ResponderApesar da maré de imoralidade e falta de compromisso que invade nossa cultura, ainda há aqueles que não dobraram o joelho a Baal. Não estamos sós.
Tenho também 4 filhos, e sempre peço a Deus a graça para que façam bons casamentos.
Que o Senhor continue a te abençoar!
Um abraço.