Regressei hoje do Nordeste, onde estive de férias o mês de janeiro. Reinicio as atividades no blog com um post sobre fundamentalismo. O tema vem de uma sugestão da Norma Braga, em um comentário recente aqui no blog. A sugestão é muito pertinente, pois à semelhança de outros rótulos nos meios evangélicos, esse também é mal compreendido e mal empregado. Além do mais, é esse o rótulo preferido por alguns para se referir a quem adere com firmeza a determinadas doutrinas que são consideradas como antigas e ultrapassadas. Nada mais natural do que procurar esclarecer o assunto. Acho que a primeira coisa é falar sobre os vários tipos de fundamentalistas cristãos.
O fundamentalista cristão histórico não existe mais. Ele existiu no início do século XX, durante o conflito contra o liberalismo teológico que invadiu e tomou várias denominações e seminários nos Estados Unidos. J. G. Machen, John Murray, B. B. Warfield, R. A. Torrey, Campbell Morgan, e mais tarde Cornelius Van Til e Francis Schaeffer, são exemplos de fundamentalistas históricos.
O fundamentalista americano ainda existe, mas perdeu muito de sua força. Embora tenha surgido ao mesmo tempo que o histórico, separou-se dele quando adotou uma escatologia dispensacionalista, aliou-se à agenda republicana dos Estados Unidos, exerceu uma militância belicosa contra tudo que considerasse inimigo da fé cristã, como o comunismo, o ecumenismo, o liberalismo, a ciência moderna e o próprio evangelicalismo. Defendia e praticava o separatismo institucional de tudo e todos que estivessem ligados direta ou indiretamente a esses inimigos. Recentemente faleceu o que pode ter sido o último grande representante desse gênero de fundamentalista, o famigerado Carl McIntire. Alguns consideram que Pat Robertson é seu sucessor, embora haja muitas diferenças entre eles.
O fundamentalista denominacional é aquele membro de denominações que se consideram oficialmente fundamentalistas e que até trazem o rótulo na designação oficial. Após um período de grande florescimento no Brasil, especialmente no Nordeste e em São Paulo, as igrejas fundamentalistas, presbiteriana e batista, sofreram uma grande diminuição em suas fileiras. Grande parte das igrejas fundamentalistas presbiterianas regressaram à Igreja Presbiteriana do Brasil, de onde saíram na década de 50. Em alguns casos, o fundamentalismo denominacional do Brasil foi marcado por laços financeiros e ideológicos com McIntire. Hoje, até onde eu sei, não há mais esse laço. No Brasil, o fundamentalismo denominacional que sobrou desenvolveu uma síndrome de conspiração mundial para o surgimento do Reino do Anticristo através do ocultismo, da tecnologia, da mídia, dos eventos mundiais, das superpotências. Acrescente-se ainda o desenvolvimento de uma mentalidade de censura e apego a itens periféricos como se fossem o cerne do evangelho e critério de ortodoxia (por exemplo, só é bíblico e conservador quem usa versões da Bíblia baseadas no Texto Majoritário, quem não assiste desenhos da Disney e não assiste “Harry Potter”).
O fundamentalista xiita é sinônimo de intransigência, inflexibilidade, ser-dono-da-verdade e patrulhamento teológico. Esse tipo tem mais a ver com atitude do que com teologia. Nesse caso, é melhor inverter a ordem e chamá-lo de xiita fundamentalista. Na verdade, xiitas podem ser encontrados em qualquer dos campos protestantes. A propalada tolerância dos liberais, neoliberais e neo-ortodoxos é mito. Há xiitas liberais, neoliberais, neo-ortodoxos, e obviamente, xiitas fundamentalistas. Teoricamente, alguém poderia ser um fundamentalista histórico e denominacional e ainda não ser um xiita.
Por fim, o fundamentalista teológico, um outro sentido em que o termo é muito usado. O fundamentalista teológico se considera seguidor teológico dos fundamentalistas históricos e simpatiza com a luta deles. Sem pretender ser exaustivo, acredito que são considerados fundamentalistas teológicos atualmente os que aderem aos seguintes conceitos ou a parte deles: a inerrância da Bíblia (sobre isso vou falar noutro post), a divindade de Cristo, o seu nascimento virginal, a realidade e historicidade dos milagres narrados na Bíblia, a morte de Cristo como propiciatória, sua ressurreição física de entre os mortos, seu retorno público e visível a este mundo, o conceito de verdades teológicas absolutas, o conceito de que Deus se revelou de forma proposicional, a aceitação dos credos e confissões da Igreja Cristã, a adoção do método gramático-histórico de interpretação bíblica, uma posição conservadora em assuntos como aborto e eutanásia, a preferência pela pregação expositiva, gosto pelos escritos dos puritanos antigos e modernos (vixe, lá vou ter que escrever um post sobre isto também...), a rejeição do liberalismo teológico e da neo-ortodoxia, a crença que Deus criou o mundo em sete dias, a rejeição da ordenação feminina, não-rejeição da pena de morte e outros. Há quem queira acrescentar a essa lista os que votaram contra o desarmamento, são contra o esquerdismo brasileiro, gostam dos Estados Unidos, e mais recentemente, os que adicionaram à lista de favoritos o blog de Norma Braga e o Tempora-Mores...
Em linhas gerais, o fundamentalista teológico acredita que a verdade revelada por Deus na Bíblia não evolui, não cresce e nem muda. Permanece a mesma através do tempo. A nossa compreensão dessa verdade pode mudar com o tempo; contudo, essa evolução nunca chega ao ponto radical em que verdades antigas sejam totalmente descartadas e substituídas por novas verdades que inclusive contradigam as primeiras. O fundamentalista teológico reconhece que erros, exageros e absurdos tendem a ser incorporados através dos séculos na teologia cristã e que o alvo da Igreja é sempre reformar-se à luz dos fundamentos da fé cristã bíblica, expurgando esses erros e assimilando o que for bom. Admite também que existe uma continuidade teológica válida entre o sistema doutrinário exposto na Bíblia e a fé que abraça hoje.
Acho que é aqui que está a grande diferença entre o fundamentalista teológico e o neoliberal. Esse último acredita na evolução da verdade a ponto de sentir-se comissionado a reinventar a Igreja e escrever novas confissões de fé.
Muitos me chamam de fundamentalista. Bom, não posso ser fundamentalista histórico, pois nasci muito depois da luta de Machen. Contudo, sou fã dele, que era um perito em Novo Testamento. Não sou um fundamentalista americano, pois sou brasileiro (apesar do nome), nunca recebi um tostão de McIntire e sou amilenista. Aliás, nem conheci McIntire pessoalmente. Fui fundamentalista denominacional por decisão dos meus pais quando eu tinha doze anos. Saí após conversão e entrada no ministério pastoral. Também não me acho xiita. Há controvérsia sobre isso, eu sei.
Na categoria de fundamentalistas teológicos encontramos presbiterianos, batistas, congregacionais, pentecostais, episcopais, e provavelmente muitos outros. É claro que nem todos subscrevem todos os pontos acima e ainda outros gostariam de qualificar melhor sua subscrição. Contudo, no geral, acho que posso dizer que os fundamentalistas teológicos não fariam feio numa pesquisa de opinião sobre o que crêem os evangélicos brasileiros. Por esse motivo, e por achar que o assim chamado fundamentalismo teológico é simplesmente outro nome para a fé cristã histórica, não fico envergonhado quando me rotulam dessa forma, embora prefira o termo calvinista ou reformado.
Como link para esse post, sugiro os artigos que tenho escrito sobre o assunto no site da Editora Vida Nova (http://www.teologiabrasileira.com.br/).
Saia da Igreja um pouco cansado
Há 4 horas
35 comentários
comentáriosÓtima elucidação, pastor. É engraçado que boas partes dos evangélicos são fundamentalistas e não sabem. Me lembro quando um professor disse "basicamente, existem fundamentalistas e liberais". Logo imaginei "como não sou xiita, devo ser liberal". Felizmente me enganei.
ResponderMas o que me incomoda um pouco são esses últimos pontos que entraram ali. Sei que foram escritos em tom de brincadeira, mas às vezes me parece que o conservador teológico necessariamente precisa ser um conservador político. Existe realmente uma ponte entre as duas posições que não consegui pegar ou será que aquelas pessoas que assumem seu fundamentalismo teológico tornam-se conservadoras na política por puro costume, pela história, pela tradição, etc? Ou será que alguns confundem as coisas e assumem que devem ser conservadores em tudo?
Na verdade, isso foi mais um questionamento retórico que uma pergunta direcionada mesmo. Talvez a Norma possa ajudar, sei lá. Só fico meio constrangido por ser fundamentalista teológico mas na política (ainda) estar em cima do muro.
um abraço, e parabéns pelo trabalho de vocês.
Prof. Augustus,
ResponderImportante seu posicionamento. Mas vamos continuar indo mais fundo.
Schaeffer adorava desagradar gregos e troianos. Daí que sua posição muitas vezes nem parecia ser do tipo fundamentalista por várias razões. (*1)
Creio que, no Brasil de hoje, estamos precisando mais do quarto e último tipo de igreja, entre estas Igrejas e suas relações com a cultura(*2):
1. A igreja contra a cultura (Pietismo, Evangelicalismo Moderno, Dispensacionalismo)
2.A igreja separada da Cultura - o rebanho santo (Fundamentalismo, Monasticismo)
3. A igreja integrada na cultura - não se pode diferenciar entre crentes e não-crentes (Caçadores de Emoção, Igrejas Liberais)
4. A igreja tendo um impacto na sua comunidade para transformar a cultura - agentes de mudança (Reformados e Evangélicos Progressistas)
Sobre os caçadores de emoção (Sensitive-seekers ou 'buscadores de sensações') postei no kerigmaonline.blogspot.com a tradução da excelente entrevista
do Prof. David F. Wells - um alerta agudo e inquestionável para os modismos - que pastores brasileiros são os primeiros a abraçar.
Vou também 'fazer lição de casa' (*1 e*2) e postar sobre isso, logo logo ... he he he
abs
Muito bom o texto e suas divisões, grato pelos esclarecimentos detalhados. Agora algo que me despertou a curiosidade é saber que o senhor é Amilenista. Não querendo ser abusado, mas quando tiver um tempinho, se possível o senhor pudesse escrever sobre esta defesa do amilenismo e seus pontos principais em relação aos que creem diferente. Apesar que se não me engano o Solano uma vez respondeu no site oficial da IPB, de que a nossa igreja não tem um ponto oficial sobre este assunto.
Responderum grande abraço.
.
Pastor Augustus,
Responderseu tom irônico mostra que voltou de férias a todo vapor e que foram dias de descanso abençoados por Deus (risos).
Sua explicação foi muito boa e oportuna porque muita gente quando escuta o termo fundamentalista faz uma mistura, uma salada entre as categorias denominacional, histórico, xiita e teólogico e por fim , alguns rotulam todos de xiita.
Agora a questão do que o fundamentalista teológico crê é o cristianismo básico mesmo.
Josias,
ResponderFico feliz em ter contribuido para uma compreensão melhor do assunto.
Na verdade eu estava falando sério, mesmo em tom de brincadeira. Note, contudo, que eu estava apenas dizendo que tem gente chamando de fundamentalista quem é contra a esquerda brasileira. Conheço fundamentalistas teológicos que são politicamente à esquerda.
Mas, tenho que concordar que podem existir pontos comuns na agenda da direita e do fundamentalismo teológico, talvez por causa do elã conservador de ambas as posições. Nos Estados Unidos, por exemplo, os republicanos (direita) e os fundamentalistas compartilham da mesma visão quanto à família, divórcio, aborto, eutanásia, pena de morte, etc. Talvez seja por isso que a relação entre direita e fundamentalismo acabou sendo generalizada, embora seja um erro sempre pensar assim.
Mas a Norma certamente poderá nos ajudar nesse ponto!
Abraços.
Volnei,
ResponderObrigado pela contribuição.
Sobre o Schaeffer, ele era considerado fundamentalista por ter sido parte, ainda que mínima, do movimento fundamentalista nos Estados Unidos, do qual eventualmente se separou. E também porque ele cria nos fundamentos mencionados na época: inerrância, nascimento virginal, milagres, morte vicária, ressurreição física.
A categoria que você mencionou, da Igreja separada da cultura, onde coloca os fundamentalistas ao lado dos monásticos, creio que é preciso esclarecer melhor. O fundamentalismo na sua primeira fase realmente reagiu contra a cultura pois viu nela um inimigo da fé cristã. Mas nas fases seguintes, aculturou-se. Os fundamentalistas passaram a usar a mídia, tecnologia e tudo que pudessem para divulgar suas idéias. Veja por exemplo o Pat Robertson, exemplo de fundamentalista americano moderno: usa tudo o que a tecnologia moderna oferece, está por dentro de todos os assuntos da cultura americana, inclusive dos assuntos políticos e fala sobre tudo -- e às vezes é um desastre, como vimos recentemente. Isso está muito longe de ser monasticismo.
Eu me considero um fundamentalista teológico e estou aqui, usando um blog! Quem diria!!!!
Aguardo seus próximos comentários!
Abraços.
Alex,
ResponderA minha denominação (IPB) não tem uma posição oficial sobre o assunto até porque a nossa Confissão de Fé não adota uma, embora marque com clareza os pontos principais da escatologia considerada reformada.
Historicamente os reformados têm sido amilenistas, posmilenistas e premilenistas. O dispensacionalismo é mais recente e pelo menos na sua forma original não podia ser compatibilizado com a doutrina da aliança que os reformados abraçam. Sei que o dispensacionalismo tem mudado com o tempo e talvez hoje pense diferente. Sinceramente, não tenho acompanhado e precisaria estudar para dizer com certeza.
Vamos ver se mais para a frente tenho coragem de postar algo mais detalhado sobre o assunto.
Abraços.
A questão do Josaías é bem interessante. É comum encontrar conteúdo anti-esquerdista em blogs reformados, levando a crer que a posição teológica implica em tal posição política.
ResponderQuanto ao texto do pastor Augustus, é bem interessante tratar disso. Tira o complexo de inferioridade dos nossos amigos crentes, que se vêem pejorativamente chamados de fundamentalistas. Fundamentalista teológico com orgulho e com motivos, não por preguiça de pensar.
Lavo minha alma nesse blog...hehe...
Grande abraço!
Olá, Augustus!
ResponderQue coisa boa de ler, esse post!
Li seus artigos sobre fundamentalismo no site Teologia Brasileira, e este os complementa em muito!
Eu já sabia que era fundamentalista teológica, e sempre gostei de me denominar assim (gosto da palavra 'fundamentalista', que sugere 'fundamentos', 'raízes'). Mas gostei sobretudo de ler sobre os adendos: anti-esquerdistas, gostam dos EUA, são contra o desarmamento... E eu acrescentaria: militam contra os principais itens da agenda politicamente correta, por sabê-los nocivos para a fé.
Nunca fui fundamentalista denominacional, mas simpatizo com os fundamentalistas americanos - eles têm a verve e o espírito guerreiro que os brasileiros não têm (características que fazem muita falta por aqui). Veja o Jerry Falwell, por exemplo, que não chega a ser truculento quanto o Pat Robertson. Mas hoje se tornou muito fácil vociferar contra os fundamentalistas americanos, pois as esquerdas (de lá e, por imitação, daqui) criaram uma cultura muito sutil contra eles, assim como contra os republicanos e contra Bush.
Tentando responder ao Josaías, de forma muito sincera, eu diria que muitos evangélicos brasileiros só são esquerdistas por causa da propaganda bem-feita, da presença maciça do pensamento e dos mitos de esquerda na educação, na mídia e na cultura em geral. Afinal, aqui não há a oposição sistemática que os cristãos americanos e outros tipos de conservadores fazem ao esquerdismo, com documentação farta e argumentação eficiente, além da real presença na mídia. Aqui o esquerdismo é "rei" em todos os lugares e direitista virou xingamento há muito!
Se conseguissem desmascarar o mito da "opção pelos pobres" e percebessem que esquerdismo é sinônimo de concentração de poder e riquezas, não nas mãos da burguesia, mas do Estado (o que já causou muitas tragédias de abuso de poder e continua a causar) - e se entendessem que o estatismo no Brasil é a causa de muitos de nossos males - , muitos cristãos certamente seguiriam o exemplo de bravos e eruditos católicos como o Gustavo Corção, abandonando toda pretensão esquerdista, ainda mais ao perceber que o anticristianismo está indissociado do marxismo desde o início. Mas falta leitura e conhecimento histórico ao brasileiro, e boa parte dos autores mais contundentes e atuais contra o esquerdismo simplesmente não é editada aqui. Mas na internet - que virou o refúgio do conservador brasileiro! - circula um copioso material a ser estudado, por generosidade dos internautas.
Portanto, Josaías, não fique constrangido, mas debele suas dúvidas políticas com calma, sempre procurando saber a filiação do autor que você pretender estudar. Cuidado para não ficar apenas na leitura dos marxistas; leia seus opositores, e você vai ter uma visão mais equilibrada do assunto. Eu sugiro a você o Tempos Modernos, do Paul Johnson, um livro de história com uma linguagem deliciosa. Johnson é um autor cristão que trata do século XX sem aquele ranço dos autores esquerdistas que todos nós tivemos de ler no colégio. Será um bom contraponto, para começar!
Augustus, desculpe o comentário gigantesco! Empolguei-me com o texto do post... E como não me empolgar, não é? :-)
Obrigada pela simpática referência!
Abração!
Olá pr. Augustus!
ResponderCom esse didático post, confirmo e reafirmo meu fundamentalismo teológico!
Quanto às questões políticas, permita-me dar meu pitaco...
O senhor não acha que não há mais como considerar apenas mera coincidência a defesa de tantas aberrações, por parte da esquerda, com os ideais do Anticristo?
Casamento gay, aborto, eutanásia e outras formas de relativismo moral, aliadas à pesada centralização de poder e intervenção estatal na economia? Sem falar na planificação cultural by ONU, que já segue assumida e fielmente sua cartilha de implantação de um governo mundial...
Por essas e por outras, tenho certeza que os tais "evangélicos progressistas" andam fazendo o ridículo papel de idiotas úteis a quem mais odeia o cristianismo...
A única resistência franca e consistente contra as causas do Anticristo, no cenário político atualmente, é a de um certo filão da direita, os chamados conservadores, ou "direita religiosa". Que aqui no Brasil, vale destacar, nem existe. Outro filão das hordas destras, o dos liberais ateus, é contra a intervenção estatal na economia, mas praticamente não se envolve com a defesa dos valores judaico-cristãos. Costuma descambar para um discurso economicista e muitas vezes utilitarista.
Acredito que, por vivermos numa época em que o Estado tornou-se um deus e todas as áreas da vida parecem estar cada vez mais submetidas à política, (eis a essência mesmo do totalitarismo, eis a natureza do Anticristo) a presença de cristãos realmente comprometidos com Deus no cenário político é estratégica para que as pessoas despertem e vejam que de fato, precisam da salvação em Jesus. Pois sabemos, depois que puser o "carimbinho" na testa ou na mão, já era... Cabe-nos pregar o Evangelho em toda parte, e a influência nos círculos políticos, onde surgem as leis e o destino de milhões de pessoas está em jogo, não pode ser desprezado por uma igreja que, por amar a Deus, não mede esforços para salvar almas.
Em poucos dias estarei postando sobre isso.
Pastor, um abraço fraterno!
Olá Pastor Nicodemus, permita-me dar fazer um pequeno comentário sobre o post. "Está maravilhoso, muito elucidador, claro e preciso."
ResponderInfelizmente, não é só o termo fundamentalista que encontra essas divergências de sentido, outro termo é o próprio termo liberal que pode significar liberal teológico, liberal sexual (libertino, melhor dizendo), liberal econômico (que nos EUA ainda se dividem em dois liberal e liberal clássico), enfim, vivemos em um período meio confuso, em relação à ideologias.
Quanto a mim, sou um fundamentalista teológico e confesso ter meus momentos de xiita (apesar de não ser um fundamentalista xiita, rssss)
Falando sobre textos da Bíblia, não vou negar minha preferência pelo Texto Majoritário, embora não leve isso como cerne do evangelho, nem sinal de ortodoxia.
Permita-me também comentar a pergunta do Josaías sobre conservadorismo teológico e conservadorismo político (conservadorismo, outra palavra de múltiplos significados) e também a afirmação do Gustavo Nagel.
Prezado Josaías, felizmente tal posicionamento de alguns reformados sobre política te causaram inquietação. Se ficasses indiferente não terias a curiosidade e coragem de expor o seu ponto de vista aqui nesse blog.
Em primeiro lugar eu vou pressupor que você crê no cinco pontos do calvinismo, em especial à Depravação Total. Quando boa parte dos reformados brasileiros se opõe ao esquerdismo é justamente por ele não funcionar em um ambiente onde existam seres humanos depravados e ter se tornado um instrumento de tirania e perseguição não somente das liberdades individuais, mas do próprio cristianismo. Saiba que o socialismo foi responsável pela morte de mais de cem milhões de pessoas no século passado.
Por outro lado isso não explicaria o apoio dos reformados ao sistema de direita, liberal, conservador (nesse sentido, acho que a maioria das pessoas utiliza o termo erroneamente, com outro objetivo em mente). Tal apoio pode ser devidamente explicado se formos buscar as bases do sistema capitalista. É verdade que muito se ouve sobre Adam Smith e o Livro "Uma Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações", porém muitos esquecem que tal livro é apenas uma continuação de um outro livro chamado "A Teoria dos Sentimentos Morais", onde Smith julga terem os homens uma natureza imutável dominada por paixões e instintos de auto-preservação e auto-interesse, instintos e paixões que nós reformados sabemos ter o homem por causa da sua Total Depravação.
Obviamente, Adam Smith não estava certo em todas as suas teorias, mas acertou em definir como melhor sistema àquele que encara o homem como um ser que pensa em si mesmo antes de pensar nos outros, um ser que naturalmente tem preferência na sua individualidade do que na coletividade.
Dou-lhe o mesmo conselho da Norma, leia os dois lados da moeda, se possível, leia dois livros que falam sobre os mesmos fatos de acordo com visões diferentes e por fim, veja o que mais se encaixa com o que diz as Escrituras.
A propósito, no meu blog tem um artigo intitulado "O socialismo e o coração humano", o link é http://haduwig.blogspot.com/.
Gustavo Nagel, como podes ver a minha opinião é de que apesar de não podermos julgar um reformado por sua posição política, um reformado esclarecido de modo algum será esquerdista.
Mas, de qualquer modo, como já disse é apenas a “minha opinião".
Norma, parabéns pelos comentários, bastante úteis.
Abraços a todos.
Davi Eduvirges
P.S.: Eu também gostei do trecho "Há quem queira acrescentar a essa lista os que votaram contra o desarmamento, são contra o esquerdismo brasileiro, gostam dos Estados Unidos, e mais recentemente, os que adicionaram à lista de favoritos o blog de Norma Braga e o Tempora-Mores..."
Olá. Sou eu o Rafael Galvão de novo. Eu gostaria de saber se posso usar o seu texto para o artigo "Fundamentalismo Cristão" na Wikipédia.
ResponderNorma,
ResponderNão precisa se desculpar pelo tamanho de seu comentário. Ele contribuiu, juntamente com os comentários de Elliot e Davi, para chamar minha atenção para uma possível conexão entre neoliberalismo e esquerdismo político. Sempre procurei um termo para designar todo esse complexo de idéias e conceitos ideológicos, políticos e teológicos que desconhece as fronteiras tradicionais entre denominações, protestantes e católicos, cristãos e não cristãos.
Talvez o termo esquerda teológica protestante e católica se aplique. Estou pensando. Também não quero jogar tudo no mesmo saco.
Eliot, como eu disse, seu comentário veio aguçar minha curiosidade quanto à relação entre a agenda/credenda da esquerda política e o liberalismo/neoliberalismo teológico. Talvez realmente não seja mera coincidência. Mas o quê, exatamente, estaria catalizando os dois movimentos?
Davi, seu comentário penetra pela nova frente aberta em nossa discussão, que é a relação entre postura política e postura teológica, à esquerda e á direita. Muuuuuito esclarecedor.
Gente, estou aprendendo muito com essas perspectivas que vocês estão trazendo.
Um abraço.
Rafael,
ResponderPode usar esse material para a Wikipedia, sim. Vá em frente.
Um abraço.
Augustus, foi justamente a impressionante descoberta, na faculdade, de que esquerdismo e relativismo SEMPRE andaram juntos que me fez recuar de toda pretensão esquerdista. Como cristã, depois de um período em que quase me desviei por causa do relativismo a que fui exposta em anos de graduação e mestrado, pude analisar essa correlação à luz de minha própria experiência, durante três anos de doutorado, entendendo finalmente que as esquerdas sempre se valeram de certa "flexibilidade" lógica e cognitiva (leia-se: desonestidade intelectual) para se firmarem como discurso e posição política dominantes. Em 1948 George Orwell já chamava a atenção para isso. Na Letras, pude verificar tanto com a revisão do que passei quanto com leituras proveitosas (das quais destaco John M. Ellis, Literature Lost) que as duas correntes (aparentemente inimigas) de teoria literária em voga - a Linha Francesa e a de Estudos Culturais (americana e canadense) - se valem igualmente do marxismo, desde a raiz. A universidade, hoje, é marxista ou "pós-marxista", sem outra opção. :-) Ora, sabemos que o liberalismo teológico é um cruzamento de secularismo humanista e teologia cristã. Diante disso, não é difícil perceber de onde vem o embasamento teórico (ou os questionamentos) do liberalismo teológico hoje: de todo o amálgama de esquerdismo e relativismo que banha não só a literatura, mas toda a área de ciências humanas. Assim, tudo aponta mesmo para a existência de uma conexão entre esquerda e neoliberalismo, que me parece até natural, dado o caráter anticristão (no caso, disfarçado de anti-religioso) e relativista da esquerda, desde Marx; o que não é natural é que até os cristãos sinceros caiam nessas armadilhas (como eu quase caí durante o mestrado). Por isso, hoje, é preciso tomar muito cuidado, saber escapar da hegemonia esquerdista com pesquisas e leituras paralelas às do ensino oficial, além de confrontar todo relativismo com a Palavra. Deus me livrou de modo sobrenatural na época, mas quando pude entender para onde eu iria sem esse livramento é que senti a necessidade de estudar mais. Tive muitas intuições confirmadas e muitas amizades imprescindíveis nesse caminho. Fico feliz por encontrar companheiros de caminhada também neste blog - ainda mais pela dificuldade que é achar, neste país, um cristão evangélico (ou simplesmente um brasileiro!) que não seja de esquerda.
ResponderAbração!
Alegria em reler esse texto. Vou ficar de olho nesse blog. Valeu!
ResponderOlá, pr. Augustus
ResponderLá vai mais um “mega-comentário”...
Como a Norma, vejo que é justamente a tríade materialismo/relativismo/iluminismo o alicerce das duas frentes, o liberalismo teológico e a esquerda política. A cooptação de intelectuais por parte das esquerdas começou com Stálin na década de 20, e acredito que a ampla disseminação do liberalismo teológico é nada mais do que um reflexo disso. “Minar as bases morais dos adversários” era uma das táticas defendidas por Lênin para subverter a “ordem burguesa”. Voltar-se, então, com toda fúria contra o “ópio do povo”, e ainda mais sobre o protestantismo, que desde Weber, era tido como um alicerce do desenvolvimento do capitalismo, seria nada além do que a mais razoável prática de uma intelectualidade esquerdista realmente militante e comprometida com seus ideais.
Foi, no entanto, com Antonio Gramsci, membro do PC italiano que Mussolini pôs no xilindró, que o modus operandi das esquerdas adquire novo viés: ao invés da revolução pela força, a revolução comunista deveria ser primeiramente cultural, aos poucos. Para Gramsci a população deveria ser calmamente doutrinada, até que, com a hegemonia cultural alcançada, a nomenklatura tomasse o poder sem o menor choque aparente. O principal método para a empreender a revolução cultural seria a ocupação de espaços: na academia, nos jornais, nos órgãos públicos, entre os artistas e nos sindicatos. O Brasil já sofre com este processo há pelo menos 40 anos. Se da política os militares tomavam conta, em todas as outras partes quem dava (e dá) as cartas eram as hordas esquerdistas. É por isso que somos um país estatólatra, antiamericano, com uma economia de viés keynesiano (uns consideram Keynes um social-democrata, mas ele foi colaborador da KGB), a maioria esmagadora dos partidos políticos brasileiros está entre a centro-esquerda e a extrema-esquerda (o PSDB mesmo está filiado a Internacional Socialista!) e leis pró-aborto e a lei da palmada (intervenção estatal na família) são aprovadas sem a menor cerimônia. Vale notar também a adesão em peso da classe artística a sandice desarmamentista.
Se observarmos que a chama inicial do materialismo se dá com Epicuro, cujos escritos muito influenciaram Karl Marx em sua juventude, a advertência do apóstolo Paulo “acautelai-vos com a doutrina dos epicureus” ganha uma dimensão profética. E se atentarmos para o fato de que a ONU está completamente enredada pela doutrina de gnósticos e newagers ávidos pela implantação de um governo mundial altamente intervencionista, percebemos que o discurso socialista é uma ferramenta que o diabo ainda usará muito e está bem menos gasta do que muita gente imagina.
Um abração, pastor!
Irmãos:
ResponderLi um post de Pr. Gilson Santos acerca deste assunto no blog dele (www.gilsonsantos.com.br), de que tomei conhecimento no último final de semana. O título lá é muito sugestivo: "Fundamentalista": Ser ou Não Ser? Eis uma boa questão!
Ao final da mensagem, ele apontou um link para seu texto aqui. Parabéns pelo blog. Como temos a aprender sobre este assunto. A gente é levado a concluir que muita coisa distorcida e maldosa tem sido dita o assunto.
Jorge Wagner
(Atibaia - Sp)
A ligação das bases teólogicas e políticas tem fundamento epistemológico e filosófico.
ResponderExemplo , o neo-liberalismo exalta o homem, assim como o faz o sistema marxcista e neo-marxcista.
Fico muito feliz ao chegar neste blog e ver que parece que todos (os anti-esquerdistas reformados) temos a mesma visão acerca da origem da "esquerda teológica" e do "liberalismo teológico" (me dói usar essa palavra).
ResponderRealmente entendo o relativismo como a fonte do liberalismo e do esquerdismo teológico, mas eu iria além, eu costumo chamar o relativismo de ânsia do homem querer explicar tudo que não sabe sem explicar nada do que sabe. É somente um reflexo do egoísmo humano, da vontade incontrolável do ser humano querer ser o centro do mundo, que como todos sabemos, é mais um fruto da Depravação Total do gênero humano.
É justamente por isso que reluto um pouco em dar crédito a um cristão claramente esquerdista (principalmente aqueles que demonstram ter amplo conhecimento e militância nos movimentos de esquerda), é inconcebível para mim, um cristão, conseguir conciliar os dois conteúdos. Pior ainda é quando tal cristão cita Weber ("A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" livro do qual recomendo a leitura apenas para quem tem um certo conhecimento do movimento reformado, senão pode ficar confuso com algumas citações que me parecem [espero estar enganado] terem sido colocadas por mera desonestidade intelectual [ou flexibilidade lógica e cognitiva, como diz a Norma]), coisa para mim inaceitável, lógicamente não chego ao ponto de julgar o cristianismo de alguém por sua filosofia política, mas tem certas coisas que são difíceis de engolir.
Fica bastante claro para um reformado esclarecido politicamente que o socialismo/comunismo/social-democracia e afins, apenas são várias vertentes de uma mesma fonte, aquela onde bebem os liberais.
Davi, a-d-o-r-e-i: "os anti-esquerdistas reformados". Isso dá até nome de movimento: AERU (Anti-Esquerdistas Reformados Unidos)!
ResponderBrincadeiras à parte, precisamos nos unir, para ver se equilibramos um pouco o debate intelectual teológico e político - demasiado liberal e demasiado à esquerda - e se conseguimos evitar a germinação de alguns frutos ruins dessa tendência no Brasil.
Abraços!
Norma,
ResponderSua experiência na universidade é reveladora. São poucos os estudantes universitários que têm seus olhos abertos para ver além das aparências e analisar criticamente a visão de mundo que controla a academia hoje. Uma experiência parecida foi a de Eta Linnemann, uma bultmaniana convertida a Cristo e que percebeu claramente o papel da academia alemã em abrigar o liberalismo teológico. Participei de uma palestra dela em 1996 durante meu doutorado em Westminster.
Sua percepção de que o relativismo é o elemento comum entre o esquerdismo marxista e o liberalismo teológico é interessante. Não nego que o relativismo certamente é um elemento comum entre o esquerdismo e o neoliberalismo. Contudo, acho que o relativismo é um conceito amplo demais para explicar todas as instâncias dessa relação. Ele permite também uma conexão entre o esquerdismo e praticamente tudo o mais da nossa cultura relativista.
Ainda sobre a universidade. Tenho me debruçado recentemente sobre uma área de interesse para mim, por causa de meu atual trabalho no Mackenzie, que é história da ciência. Tem sido revelador ler Hooykaas, Nancy Pearcey e outros historiadores cristãos da ciência que têm chamado a atenção para o fato de que o cristianismo é a verdadeira alma da ciência, sendo o responsável por sua emergência e progresso. A mentalidade secular que hoje permeia a academia na verdade se banqueteia numa herança do cristianismo e uma vez que roer as últimas carnes da carcaça, perderá a consistência interna. Pois o paganismo (a religião da academia da pós-modernidade) nunca foi capaz de prover uma base lógica para a pesquisa científica.
Um abraço.
Juan,
ResponderSem dúvida o antropocentrismo é um elemento comum entre a esquerda política e o neoliberalismo. Contudo, pode-se dizer que também é elemento comum entre a direita política no Brasil e o neoliberalismo teológico.
Acho que no fim a antítese que devemos enfocar é aquela que ultrapassa as categorias humanas. Lembro de Paulo: “nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os principados e potestades, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais”.
Um abraço.
Jorge,
ResponderJá li o post do Gilson, Está ótimo. Quanto mais pudermos esclarecer esse assunto, melhor.
Um abraço.
Davi,
ResponderPreciso confessar que ainda não estou totalmente confortável com alguns conceitos de seu comentário.
Creio que estou pronto para afirmar que a teologia e a cosmovisão reformada são incompatíveis com os pressupostos ideológicos e teológicos do comunismo.
Como acredito que muitos verdadeiros cristãos são incoerentes no seu pensamento, e que às vezes é possível separar práticas dos pressupostos originais, não estou pronto a dizer que ser cristão e ser esquerdista no Brasil é uma equação falsa. Acho que é preciso ainda fazer um monte de qualificações e esclarecer conceitos antes de chegar a isso.
Mas, é inegável o parentesco entre liberalismo teológico e esquerdismo, embora nem todo mundo que se parece tenha laços de sangue.
Um abraço.
Augustus,
Respondercom certeza! Acredito que alguém possa ser cristão firmes e esquerdista. Conheço tipos assim.
Porém no pensamento, creio que haja elementos comuns no liberalismo e no marxicismo também no antropocentrismo e imanentismo como o amado colocou.
Querido pastor, observe que eu não afirmei ser impossível ser cristão e ao mesmo tempo ser esquerdista, seria uma visão muito simplista. Porém quando disse que "reluto um pouco" (observe que não fui taxativo) de um cristão esquerdista é justamente por causa da incoerência de pensamento (que infelizmente acontece muito, também reluto um pouco com os arminianos) que pode levar outro cristão ao erro (um estelionato teológico, vamos dizer assim).
Responderverifique o final de meu comentário:
"[...]lógicamente não chego ao ponto de julgar o cristianismo de alguém por sua filosofia política, mas tem certas coisas que são difíceis de engolir.[...]"
Perdoe-me se não fui claro.
Abraços fraternos.
Davi,
ResponderNão precisa se desculpar, quem entendeu errado fui eu. Não tinha atentado para o disclaimer que você colocou ao final. Estamos acertados e pensando juntos.
Um abraço.
Eliot,
ResponderNossa, quanta informação preciosa! Como tenho coisa para ler e aprender! Num sei como farei isso, com uma universidade para cuidar, uma igreja e o mais importante, esposa querida e quatro filhos adolescentes!!! Ainda bem que nenhum de nós tem que saber tudo. Somos um time, onde cada um colabora na área de expertise na qual Deus o colocou.
Obrigado!
Olá, pr. Augustus
ResponderTais informações ajudam a explicar que a atuação das hostes esquerdistas no crescimento exponencial de toda essa fúria contra a transcendência (mais descaradamente contra o cristianismo) dentro dos círculos pensantes, que começou a crescer a partir do big-bang progressista, a Revolução Francesa, foi prevista, planejada e tem objetivos claros. E o gramscismo está intimamente ligado à bolha de desinformação que assola o país. Basta adentrar uma livraria e reparar na total ausência de obras de autores conservadores à venda. Assim, Foulcaults, Derridas e Deleuzes acabam por reinar soberanos na Academia, sem qualquer contraponto às suas idéias. O mesmo se aplica ao darwinismo/neodarwinismo, amplamente refutados por centenas de autores mais ainda tido como única teoria verdadeiramente científica, por gente que simplesmente finge não existirem criacionistas e os entusiastas da teoria do design inteligente, cujas teses possuem implicações teológicas contundentes e expandem amplamente as perspectivas do debate apologético cristão. Na psicologia e na antropologia a situação é parecida.
Nossa irmãzinha Norma Braga, num post de dias atrás, (Reter o que é bom) apresentou alguns autores excelentes, nem todos cristãos, mas nenhum imanentista, simplesmente desconhecidos no Brasil. Nossos intelectuais não só não suportam a sã doutrina, mas também tudo o que dela se aproxime.
Essa casta que domina a Academia não pode aceitar a idéia de Deus. Jamais trocariam seus troninhos e palanques pela salvação em Cristo. Assim, não só produzem infernos em série, (quem há de mais culpado pelas grandes guerras senão os intelectuais) como levam consigo milhares de estudantes enfatuados com camisa do Guevara para o fogo eterno. Além de complicar a vida de quem permanece vivo, pois prestam um enorme desserviço à civilização ocidental.
Quanto à troca de conhecimento entre cristãos, sonho com o dia que ela seja constante e intensa nas nossas igrejas. Que de nossos blogs ela se espalhe! E que o AERU (he he he) também ganhe força!
Pastor, obrigado pela atenção e por contribuir tanto para a edificação da Igreja, mesmo em meio a tantos compromissos.
Abração fraterno do Eliot.
aprendi. devo classifica-los entao como cambada de fundamentalistas xiitas. afinal só se ve na história de vcs o ser-dono-da-verdade e patrulhamento teológico. nesse site só se fala das "perversões" dos "liberais".
Responderah, vcs também são CENSORES! inimigos da LIBERDADE. Vcs mataram o presbiterianismo aliando-se à ditadura.
Meu caro Anônimo,
ResponderApesar de você dizer que "aprendeu", acho que não. No momento que nos chama de "cambada de fundamentalistas xiitas" mostra que não aprendeu a dialogar, comunicar-se de forma educada e a respeitar o pensamento dos outros.
Só liberei seu comentário aqui no meu post para que todos vejam o tipo de reação que alguns caçadores de fundamentalistas geralmente têm: insultos, zombaria, expressões vazias e nenhuma resposta de conteúdo ao que foi dito no post. Mas, estou certo que muitos liberais não são como você. Aqui no blog tenho dialogado com gente educada que discorda do conteúdo.
O mais engraçado é que você não percebe que acaba cometendo exatamente as mesmas coisas que abomina nos "xiitas". Você não acha que seu comentário também pode ser um patrulhamento teológico? Quando nos xinga de censores e inimigos da liberdade, não fica a impressão de intransigência, xiitismo e patrulhamento?
Sua acusação de termos matado o presbiterianismo por nos aliarmos à ditadura é no mínimo curiosa. Acho que é a única coisa interessante em seu comentário. Vou até pedir para a Norma Braga, que conhece tudo sobre esse período da nossa história, para nos esclarecer do que se trata.
Se você quiser que futuros comentários seus sejam postados aqui, terá de aprender a se comportar direitinho e tratar as pessoas com educação.
Um abraço.
Oi, Augustus! "Tudo" é de uma gentileza sem tamanho! :-) Mas vamos lá.
ResponderCaro anônimo,
Você chama os fundamentalistas de censores, inimigos da liberdade e amigos da ditadura. Certo. Primeiro, qual é o conceito que você tem de liberdade? Pelo jeito, você acredita que buscar um diálogo crítico com os (neo)liberais - apontando neles a falta de integridade que é posar como crentes mas, nos bastidores e aulas de seminário, minarem a fé dos simples - é cercear a liberdade deles. Mas você não entende nada de cerceamento de liberdade! Deixe-me explicar: cercear a liberdade não é colocar-se contra um determinado grupo (aliás MAIORIA nos seminários) por meio de ARGUMENTOS, mas sim por meio de FORÇA ou CENSURA - certo, algo que a ditadura militar fez e que alguns segmentos evangélicos endossaram. Mas sobre isso tenho uma informaçãozinha para você: a ditadura não foi uma AÇÃO de tomada de poder, mas uma REAÇÃO dos militares à tentativa de transformar o Brasil em um país comunista, amparada pela URSS e por Cuba, por meio de treinamentos de guerrilha e outros tipos de incentivos. O próprio José Dirceu, militante, recebeu treinamento em Cuba. Dizem até que ele foi (é) agente da KGB, assim como nos EUA havia MUITOS infiltrados em todo canto do país. Por isso eu digo que você não entende nada de liberdade: se entendesse, daria graças a Deus pelos militares que, apesar dos excessos (poucos, comparados aos dos países comunistas), evitaram que aqui no Brasil fosse implantado o tipo de regime político mais sanguinário e cerceador de liberdades que o mundo já conheceu. Morando em um país comunista você saberia, de fato, o que é ter suas liberdades cerceadas. Estude e se questione para não reforçar um mentiroso lugar-comum que só favorece àqueles que são mais inclinados a cercear as liberdades alheias.
Norma,
ResponderObrigado pelos esclarecimentos!
Um abraço
"Fundamentalista". Soa dissonante, mas essa palavra me faz relembrar gratos momentos da minha infância. Lembro das histórias contadas pelo meu avô. O velho Naziazeno, emocionando, narrava a saga da construção e organização de várias Igrejas Presbiterianas Fundamentalistas. Os nomes eram estranhos: Igreja Fundamentalista do Neves, do Catonho, do Banquete e do Fama. Surge, nesse momento, a lembrança da fuga dos braços da minha mãe quando batizado na Igreja Presbiteriana do Neves. Evidentemente não estava com medo da água do batismo, mas da aparência do batizador. O rev. Uzai Canuto era tido como o homem mais bravo de Garanhuns. Tenho saudade dos momentos onde ouvia - e não entendia nada - as conversas dos ícones daquele tempo: meu avô, Francisco Gueiros, Baltazar, Apolo Cordeiro, entre outros. Recentemente, fiquei surpreso quando fui visitar essa Igrejas, e percebo que o nome Fundamentalista fora tirado. Lamentei, pois "Fundamentalista", estranhamente para mim, é sinônimo de saudade.
ResponderNaziaseno