O busto na foto é de Abraão Kuyper, primeiro ministro holandês do século passado que se tornou famoso pela sua visão ampla sobre o alcance do calvinismo em todas as áreas da vida. O busto se encontra na entrada da Universidade Livre de Amsterdam que tive o privilégio de visitar ontem, em busca de convênios educacionais para a Universidade Presbiteriana Mackenzie. Embora o nome da universidade seja "Livre", ela nasceu comprometida com uma visão de mundo cristã por detrás de todas as áreas do conhecimento. Kuyper, o idealizador da Universidade Livre, acreditava que o cristianismo é o único sistema organizado e coerente de pensamento que pode dar sustentação teórica ao conhecimento. A visão de Kuyper tem influenciado cientistas e teólogos mundo afora. Hoje a Universidade Livre perdeu em grande parte essa cosmovisão, embora haja ainda professores cristãos comprometidos com essa visão. Quem sabe um dia o Brasil poderá ser de tal forma influenciado pelo cristianismo que em vez de somente ficar falando de prosperidade e cura, os evangélicos partirão para conquistar a cultura, a academia e as artes.
Um abraço a todos.
Augustus
Apeldoorn, Holanda.
A vida entre o “já” e o “ainda não”
Há 3 horas
23 comentários
comentáriosEsse é, sem dúvida um grande ideal. Mas, mudar a cultura obnóxia do povo pode passar pela necessidade de ensiná-lo a pensar positivamente, grande, em um Deus que deseja filhos vencedores, sem triunfalismos ou eufemismos. Certo?
ResponderAí sim vai dar gosto ir pra Universidade! hehehe
ResponderÉ, mas não uma faculdadezinha brasileira qualquer, vamos querer ir lá para Universidade Livre de Amsterdan, pois, já saberemos pensar grande. Preconceitos a parte...
ResponderDeus nos permita essa verdadeira liberdade aqui no Brasil. A depender da nossa educação e da nossa mídia, está difícil...
ResponderQue Deus abençoe muito seus contatos na Holanda, Augustus!
Abração!
Bem, seria perfeito ter em nosso país uma influência veramente cristã. Creio que isso será possível se buscarmos um avivamento (falo avivamento e não emocionalismo) e se nossas igrejas forem de fato tomadas pelo sincero desejo de uma mudança cristã em todos os âmbitos desse país.
ResponderPrecisamos de universidades assim.
ResponderDiante de tantos maus exemplos, precisamos de pessoas q vivam de modo digno da vocação aque fomos chamados.
A sociedade brasileira certamente ficará impactada quando se deparar com pessoas que vivam de fato o verdadeiro cristianismo e influenciem todas as esferas da sociedade.
Oremos por isso.
Amigos,
ResponderJá de volta dos Países Baixos, agradeço os comentários.
A relação entre Cristianismo e Cultura tem sido vista de formas diferentes pelos evangélicos. Alguns acham que o Cristianismo deve absorver a Cultura para sempre poder ser relevante. Outros, que a posição deve ser de rejeição e negação. Ainda outros, que deveríamos nos relacionar criticamente com a cultura, aceitando aquilo que for da graça comum, transformando aquilo que for possível e criticando o que não for. Eu penso mais de acordo com essa última posição. Só que no Brasil, por falta de uma história marcada pelos princípios cristãos, é um ideal por enquanto a ser sonhado.
Um abraço.
Olá Nicodemus!
ResponderEspero vê-lo em breve na conferência Fiel...Meu primo, Tiago, disse que conseguiu trazer você e o Solano Portela para uma mensagem...
Será que o Mackenzie não poderia ser uma universidade com um papel mais ativo neste sentido, de trabalhar dentro de uma cosmovisão calvinista, como a proposta por Kuyper? Sabe, às vezes sinto-me um tanto desgostoso com a situação por lá, apesar de gostar muito de ser aluno do Mackenzie...
Abraço,
Augustus,
ResponderVoce poderia me mandar o site da Universidade Livre de Amsterdan? meu filho esta indo pra Europa para dar uma sondada em universidades por la...obrigado!!
wilsonsbento@gmail.com
Augustus,
Responderquem sabe um reavivamento através da pregação fiel da Palavra não engravide de um cristianismo ensinado como cosmovisão.
Além dessa doença da teologia da prosperidade fazendo com que os cristãos somente se preocupem com bençãos temporais e milagres (1os versos de Jo 6), uma grande dificuldade para articular-se uma universidade e pensamento desse tipo é a cultura católica da separação entre o sagrado e profano, fazendo com que o fiel contemple sua fé na igreja, mas fora dela adote pressupostos "cientificos" naturalistas e secularizados para pequisa em qualquer cadeira, não exercendo sua fé como uma bio-comovisão bíblico-cristã assim como Abraham Kuyper, Calvino com a criação da universidade de Genebra e os puritanos com a criação das universidades na américa.
Escrevi no meu blog algo a respeito disso , porém delimitando a educação (Comenius).
Abração,
Juan,
sumido do universo dos blogs por falta de tempo!
Maurício,
ResponderSim, Solano e eu fomos convidados para falar na Conferência da Fiel para Pastores e Líderes esse ano, o que muito nos honra.
Sobre o Mackenzie ter um papel mais ativo no sentido de promover uma cosmovisão calvinista, é um projeto a longo prazo, que envolve mudança de cultura. No que pudermos, daremos nossa contribuição.
Um abraço.
Juan,
ResponderVocê tocou no ponto central, que é a dicotomia entre sagrado e profano. A divisão é oriunda do pensamento dualista grego e mediada pelo catolicismo medieval. E absorvida por muitos setores do evangelicalismo brasileiro.
Sim, concordo que a pregação fiel da Palavra de Deus poderá fazer mudanças em nossa cultura -- aliás, não vejo outro caminho.
Parabéns pelo post em seu blog sobre o assunto.
Abraços.
Professor Nicodemus,
ResponderSobre a Cultura tratada pelo senhor, a minha opinião é que o Cristianismo é Cultura. Edgar Morin falou da teoria da complexidade, pregando a interligação de todos os conhecimentos. Acredito que Tudo deve se submeter a Bíblia, mas que interpretação da Bíblia? A partir da cultura cristã, que se mesclem os conhecimentos e tudo seja submetido à Teologia. Os seminários evangélicos forma por ano milhares de homens e mulheres assim. Será que estamos tão mal como dizem?
Marcelo Hagah
João Pessoa-PB
Creio também que é um problema da escola. Um antigo ditado romano, lembrado por Paulo Rónai, em seu livro de latim Gradus Primus. Lá ele cita "NON SCHOLAE, SED VITAE DISCIMUS" (Não para a escola, mas aprendemos para a vida).
ResponderMarcelo Hagah
João Pessoa-PB
Professor Nicodemus,
ResponderAi, ai, ai... Que seca tentar pensar enquanto a sala regurgita de transeuntes e suas bocas taramelantes! Por favor, quando pensei Batista Mondin, escrevi Edgar Morin (ixe!). Corrija-me ou, no melhor caso, censure meu arrazoado.
Marcelo Hagah
João Pessoa-PB
Espero que a viagem tenha sido útil quanto aos convênios.
ResponderEnquanto isso a gente espera, ora e trabalha (será?) por uma cristianismo vivo, relevante e influente na nossa sociedade. Deus honre o trabalho desses que se esforçam por uma mudança radical do nosso país.
Abraços.
Oi, Marcelo,
ResponderO Cristianismo é cultura apenas no sentido de que ele se expressa culturalmente, dentro de um conjunto determinado de valores, práticas e crenças de uma sociedade. Só que o Cristianismo transcende qualquer cultura pois traz verdades eternas e transcendentes. Somente assim podemos falar de uma crítica cristã da cultura, etc.
Que interpretação da Bíblia? Ora, aquela defendida historicamente pelos cristãos e consubstanciada nos principais pontos nos antigos credos e confissões.
Não creio que haja uma cultura cristã. Teonomistas pensam diferente, mas discordo deles.
Os seminários evangélicos estão formando muita gente, é verdade, apenas não consigo ver em que isso tem influenciado a cultura brasileira.
Está perdoado pelo erro pequeníssimo de errar de autor. A inteligência do seu comentário superou esse pequeno detalhe.
Abraços.
Prof. Nicodemus,
ResponderSaudações!
Gostaria de mencionar dois livros (que com certeza lhe são familiares) que seriam de interesse aos seus leitores que queiram explorar mais esse tópico.
Um é de autoria do próprio Kuyper: Lectures on Calvinism (que por sinal não tem nada a ver com uma exposição teológica de soteriologia ou algo parecido, mas sim com as ramificações de uma cosmovisão reformada para a religião, política, ciência, arte e o futuro).
Um outro livro (que você deve ter tido em mente quando mencionou as diferentes visões do relacionamento entre o cristianismo e a cultura num post acima) é o Christ and Culture do Richard Niebuhr. Este último é útil, mas um pouco simplista em alguns pontos; por exemplo, ele classifica Calvino como transformacionista, quando creio que ele mais precisamente estava no meio do caminho entre o transformacionismo e o que chamamos de uma perspectiva “two-kingdoms”.
Não sei se esses livros estão disponíveis em português aí no Brasil, mas se estão, são imprenscindíveis para um estudo desse tópico.
Abraços e keep up the good work!
Marcelo Parga de Souza
Pr. Nicodemus,
ResponderConheci recentemente os escritos de Vincent Cheung pelo site Monergismo e gostaria que voce, por favor, fizesse uma avaliação deles.Uma pergunta preliminar:- Deus criou e preserva ativamente o mal e os réprobos? Obrigado. Silvio.
PS.:- Qual é a interpretação bíblica "defendida historicamente pelos cristãos e consubstanciada nos principais pontos nos antigos credos e confissões" à qual voce se refere em post deste blog?
Marcelo,
ResponderObrigado pela dica dos livros. Conheço bem o de Kuyper. O de Nieburh nunca li, embora tenha ouvido algumas referências a ele. Vou ver se dou uma olhada, creio que tenho um exemplar na minha biblioteca.
Fica a dica para nossos leitores do blog!
Um abraço!
Caro Anônimo,
ResponderNão costumo responder comentários anônimos, para não acostumar mal as pessoas. Todos devemos assumir o que escrevemos.
Provavelmente você se esqueceu de deixar seu nome. Se ainda está interessado em respostas, escreva de novo, identificando-se, por favor.
Abraços.
Rev. Nicodemus,
ResponderSou aluno de teologia no Mackenzie e, após ler "Calvinismo" de Kuyper, de ter contato com o trabalho de Dooyeweerd e presenciar a demissão de três amigos próximos (todos cristãos e demitidos por justa causa) que eram exemplares em suas igrejas e reprováveis em suas condutas fora dela, penso em escrever sobre as categorias de Sagrado e Profano na teologia reformada.
O senhor poderia me indicar alguma obra que aborde o tema?
Obrigado,
Elias Souza
5º Período Teologia
Caro Elias,
ResponderConfesso que não conheço nenhuma obra reformada que aborde essas categorias, a não ser para combatê-las, é claro. E delas, você já conhece pelo menos duas, a obra de Kuyper e de Dooyeweerd.
Provavelmente o Dr. Hermisten Maia, professor da EST e do Ciências da Religião, poderá lhe dar outras informações.
Um abraço.