A entrevista abaixo foi elaborada por Elvis Brassaroto Aleixo e foi publicada na revista Defesa da Fé. Eu sei que já escrevi bastante sobre esse assunto, mas é que achei as perguntas bem diretas e relevantes.]
Defesa da Fé – O liberalismo teológico não surgiu do nada. Quais foram os acontecimentos históricos que preparam o caminho para o seu surgimento?
Profº Nicodemus – O liberalismo é, de muitas maneiras, um fruto do Iluminismo, movimento surgido no início do século 18 que tinha em seu âmago uma revolta contra o poder da religião institucionalizada e contra a religião em geral. As pressuposições filosóficas do movimento eram, em primeiro lugar, o Racionalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz, e o Empirismo de Locke, Berkeley e Hume. Os efeitos combinados dessas duas filosofias — que, mesmo sendo teoricamente contrárias entre si, concordavam que Deus tem de ficar de fora do conhecimento humano — produziu profundo impacto na teologia cristã. Como resultado da invasão do Racionalismo na teologia, chegou-se à conclusão de que o “sobrenatural não invade a história”. A história passou a ser vista como simplesmente uma relação natural de causas e efeitos. O conceito de que Deus se revela ao homem e de que intervém e atua na história humana foram logo excluídos. A fé cristã histórica sempre acreditou que os milagres bíblicos realmente ocorreram como narrados. Milagres como o nascimento virginal de Cristo, os milagres que o próprio Cristo realizou, sua ressurreição física dentre os mortos, os milagres do Antigo e Novo Testamentos, de maneira geral, são todos considerados fatos. O teólogo liberal, por sua vez, e os neo-ortodoxos fazem distinção entre historie (história, fatos brutos) e heilsgeschichte (história santa, ou história salvífica), criando dois mundos distintos e não conectados: o mundo da história bruta, real, factível e o mundo da fé, da história da salvação. Temas como criação, Adão, queda, milagres, ressurreição, entre outros, pertencem à história salvífica e não à história real e bruta. Para os liberais e os neo-ortodoxos, não interessa o que realmente aconteceu no túmulo de Jesus no primeiro dia da semana, mas, sim, a declaração dos discípulos de Jesus que diz que Jesus ressuscitou. Assim, o que eles querem afirmar com isso é bastante diferente daquilo que a fé cristã histórica acredita. Na verdade, eles consideram que os relatos bíblicos dos milagres são invenções piedosas do povo judeu e dos primeiros cristãos, mitos e lendas oriundos de uma época pré-científica, quando ainda não havia explicação racional e lógica para o sobrenatural.
Defesa da Fé – O alemão J. Solomon Semler distinguiu a “Palavra de Deus” da “Escritura”, e esse é um dos princípios que norteiam o liberalismo teológico. O senhor poderia nos esclarecer um pouco mais sobre essa distinção?
Profº Nicodemus – Por detrás desta declaração de Semler está a crença de que a Escritura contém erros e contradições, lado a lado com aquelas palavras que provêm de Deus. Desta declaração, percebe-se também os pressupostos racionalistas do Iluminismo quanto à impossibilidade do sobrenatural na história. Partindo desses pressupostos teológicos, os críticos iluministas se engajaram na busca da Palavra de Deus que, supostamente, estava dentro da Escritura, misturada com erros e contradições. Essa busca se tornou o objetivo do método histórico-crítico, que é fazer a separação entre essas duas coisas, por meio da exegese “científica”, e descobrir a Palavra de Deus dentro do cânon da Bíblia. O subjetivismo inerente aos critérios utilizados para reconhecer a Palavra de Deus dentro do cânon fez que os resultados fossem completamente díspares. Até hoje, não existe um consenso do que seria a Palavra de Deus, dentro do cânon, reconhecida e aceita pelos próprios críticos.
Defesa da Fé – Quais são as implicações mais prejudiciais dessa diferença para o cristianismo?
Profº Nicodemus – O problema que os evangélicos e conservadores sempre tiveram com essa diferenciação e com o método histórico-crítico que surgiu dela é que ambos pressupõem, desde o início, o direito que o crítico tem de emitir juízos sobre as afirmações bíblicas como sendo ou não verdadeiras. Para os críticos liberais, interpretar a Bíblia historicamente significava, quase que por definição, reconhecer que a Bíblia contém contradições. Para eles, qualquer abordagem hermenêutica deixa de ser histórica se não aceitar essas contradições. Em resumo, concordar que a Bíblia não era totalmente confiável se tornou um dos princípios operacionais do liberalismo e de seu “método histórico-crítico”. Tal desconfiança se percebe, por exemplo, nas declarações de Ernest Käsemann, um dos críticos recentes mais proeminentes. Seu desejo é “distanciar-se da superstição incompreensível de que no cânon [bíblico] somente a fé genuína se manifesta”. Para ele, “a Escritura, à qual as pessoas se rendem de maneira não-crítica, não leva somente à multiplicidade de confissões, mas também a uma confusão indistinguível entre fé e superstição”. Essas declarações de Käsemann representam bem o pensamento liberal sobre a Bíblia.
Defesa da Fé – Em face disso tudo, quem é Jesus para os teólogos liberais? É Deus salvador?
Profº Nicodemus – Segundo Bultmann, um dos maiores liberais de épocas recentes, a única coisa histórica no credo apostólico é a declaração “Cristo padeceu sob Pôncio Pilatos”. As demais declarações são todas invenções da fé criativa da Igreja primitiva. O Jesus histórico foi uma pessoa normal, filho de Maria e, talvez, de José, que ganhou status de Salvador, Messias e Deus por meio da fé dos discípulos e, particularmente, de Paulo. Na realidade, segundo os liberais, Jesus teria sido um profeta, um contador de histórias, um lutador contra as desigualdades, um homem sábio, entre outras versões. Todas elas concordam, porém, que Jesus não era divino, não ressuscitou dos mortos e nunca se proclamou Filho de Deus e Messias.
Defesa da Fé – Há, também, a questão do mito fundante que afirma que Adão não existiu. Mito esse que, às vezes, tenta conciliar evolucionismo com criacionismo. Como o liberalismo lida com o livro de Gênesis?
Profº Nicodemus – Os liberais acreditam que a Igreja Cristã se perdeu completamente na interpretação da Bíblia através dos séculos e que somente com o advento do Iluminismo, do racionalismo e das filosofias resultantes é que se começou a analisar criticamente a Bíblia e a teologia cristã, expurgando-as dos alegados mitos, fábulas, lendas, acréscimos, como, por exemplo, os mitos da criação e do dilúvio e de personagens inventados como Adão e Moisés, etc. Por considerar os relatos da criação, da formação de Adão e sua queda como mitos, os liberais tratam o livro de Gênesis como uma produção da fé de Israel escrita com o propósito de legitimar a posse e a permanência de Israel na terra. Acreditam que Gênesis foi redigido em sua forma final no período do exílio babilônico, por um editor que colecionou e colou juntos relatos díspares sobre a criação, a história do dilúvio, etc. Por não considerarem histórico o relato da criação, os liberais são, por via de regra, evolucionistas. Alguns acreditam que Deus criou o mundo mediante o processo da evolução. Mas, no geral, descartam completamente a idéia de uma criação do mundo e do homem ex nihilo, do nada, pela palavra do seu poder.
Defesa da Fé – Em sua avaliação, o liberalismo pode ser apontado como um dos fatores responsáveis pela adesão às causas pró-homossexualidade que adentraram em muitas igrejas dos EUA e que já começaram a grassar no Brasil?
Profº Nicodemus – Sim, mas sem generalizar. Uma vez que a Bíblia é vista como reflexo da fé e da crença do povo de Israel e dos primeiros cristãos, e não como Palavra infalível de Deus, os valores e os conceitos que ela traz são vistos como culturalmente condicionados e irrelevantes aos tempos modernos, em que os valores são outros. Dessa forma, o que a Bíblia diz, por exemplo, sobre a prática homossexual, é interpretado pelos liberais como fruto da cultura da época, que não sabia que a homossexualidade é uma opção sexual, e também que as pessoas nascem geneticamente determinadas à homossexualidade. Em igrejas onde a ética da Bíblia é vista como ultrapassada, fica aberta a porta para a conformação da ética da Igreja à ética do mundo.
Defesa da Fé – Em que sentido podemos dizer que a teologia liberal promoveu o (macro) ecumenismo? O liberalismo chega a ponto de validar sistemas de crenças díspares do cristianismo?
Profº Nicodemus – Para o liberalismo clássico, inspirado por F. Schleiermacher, religião era simplesmente “o sentimento e o gosto pelo infinito” e consistia, primariamente, em emoções. A experiência humana marcava os limites do que se podia especular acerca da realidade. O essencial do sentimento religioso é o senso de dependência de Deus, que produz consciência ou intuição da sua realidade. Fé e ação eram coisas secundárias. O sentimento religioso é algo universal, isto é, cada ser humano é capaz de experimentá-lo. É esse sentimento que dá validade às experiências religiosas e que torna o ecumenismo possível. Uma vez que se entende que religião é basicamente o gosto pelo infinito, e que encontramos esse gosto em todas as religiões, temos aí a base para dizer que todas as religiões são iguais e querem a mesma coisa, diferindo apenas na maneira como pretendem alcançar esse alvo. O macroecumenismo é filho do liberalismo teológico.
Defesa da Fé – Considerando o ciclo da criação e recepção teológica (Europa, América do Norte e América do Sul), o senhor julga que o liberalismo pode ter decretado a decadência da Igreja evangélica na Europa?
Profº Nicodemus – Creio que esse seja um dos fatores, mas outros poderiam também ser apontados, como, por exemplo, a secularização da vida e da sociedade européia, o materialismo e o abandono dos princípios do cristianismo em todas as áreas da vida. Até mesmo igrejas que não são liberais têm dificuldade em se manter na Europa de hoje. Todavia, o liberalismo teológico é responsável pelo esvaziamento das igrejas históricas e tradicionais, mas não necessariamente pela secularização do continente como um todo.
Defesa da Fé – Já é possível mencionar alguns de seus efeitos mais notáveis na América Latina e, mais especificamente, no Brasil?
Profº Nicodemus – Sim, sem dúvida. Mas o liberalismo teológico que chegou em nosso país já chegou com formas e propostas diferentes, associado, por exemplo, com a teologia da libertação. Os cursos de teologia oferecidos em universidades seculares ou em universidades teológicas sem nenhum compromisso com a infalibilidade das Escrituras são a porta de entrada do liberalismo em nosso país. O que se percebe claramente é a busca, por parte dos evangélicos, da respeitabilidade acadêmica oferecida pela academia secular. Isso tem feito que o “evangelicalismo” submeta suas instituições teológicas de formação pastoral aos padrões educacionais do Estado e das universidades. Esses padrões, ao contrário do que se pensa, não são cientificamente neutros. São comprometidos metodológica, filosófica e pedagogicamente com a visão humanística e secularizada do mundo. Os cursos de teologia e ciências da religião oferecidos pelas universidades são, geralmente, dominados pelo liberalismo teológico e pelo método histórico-crítico. Com a busca acentuada por um diploma de teologia reconhecido, os evangélicos correm o risco de sacrificar seu compromisso com as Escrituras em troca de qualidade científica prometida e oportunidade de emprego.
Defesa da Fé – Muito dessa discussão permeou as denominações de confissão histórica. Seria correto afirmar que as denominações pentecostais ficaram isentas de problemas com o liberalismo?
Profº Nicodemus – Absolutamente não. Hoje, um dos maiores defensores do teísmo aberto em nosso país – ideologia que nega a soberania de Deus e a sua onisciência – é pentecostal. Por não terem investido, no passado, em uma boa educação teológica de seus pastores e obreiros, muitas igrejas pentecostais, hoje, têm um tremendo passivo teológico. Várias delas têm sucumbido ao liberalismo teológico quando enviam seus obreiros para serem preparados em cursos de teologia e ciências da religião comprometidos com o método histórico-crítico. Esses obreiros voltam para as igrejas com a cabeça completamente virada e, às vezes, não crêem em mais nada. Julgo que o liberalismo foi nocivo e atingiu tanto os tradicionais como os pentecostais.
Defesa da Fé – Falando, agora, sobre o fundamentalismo, em que termos essa corrente contribuiu para promover a apologética, na medida em que se opôs ao liberalismo?
Profº Nicodemus – O fundamentalismo histórico nasceu em defesa da fé cristã, ameaçada, na época, pelo liberalismo teológico. Portanto, o fudamentalismo foi um movimento apologético de defesa da fé, porque entendia que a tarefa da Igreja cristã era defender a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Nesse aspecto, é positiva a disposição de se lutar em favor da fé bíblica, identificando inimigos potenciais do cristianismo, como o liberalismo teológico, o humanismo, o evolucionismo e o “evangelicalismo”, que tem, gradualmente, abandonado a doutrina da infalibilidade da Escritura e adotado o ecumenismo e o evolucionismo teísta.
Defesa da Fé – Em sua análise, é impossível encontrar algum legado positivo do liberalismo à Iigreja evangélica?
Profº Nicodemus – Citaria que muitos estudiosos liberais contribuíram bastante para o avanço do nosso conhecimento acerca do mundo do Antigo e do Novo Testamento e para a nossa consciência da importância da cosmovisão oriental na formação do mundo dos autores da Bíblia. Liberais como Bultmann contribuíram para o estudo das religiões do período neotestamentário, quando do surgimento do cristianismo, embora suas conclusões sejam inaceitáveis para estudiosos comprometidos com a infalibilidade da Bíblia. Essas contribuições, todavia, ajudam a Igreja evangélica apenas indiretamente. Em termos de contribuição direta para a Igreja evangélica, a resposta é negativa. O liberalismo nunca plantou igrejas, nunca aumentou número de membros e muito menos a receita financeira das igrejas. Só conseguiu reproduzir outros liberais, os quais, por sua vez, precisavam, também, sobreviver. O liberalismo teológico sempre teve de achar um hospedeiro que pudesse sugar até que o mesmo morresse, drenado. O liberalismo sobreviveu muitos anos à custa do esforço missionário, do zelo expansionista e do sacrifício financeiro dos cristãos bíblicos, que fundaram igrejas, criaram organizações, ajuntaram fundos missionários e abriram escolas teológicas, e todas elas, depois, foram ocupadas pelos liberais. O liberalismo plenamente desenvolvido não fundou novas denominações, não abriu novas igrejas, não inaugurou novos campos missionários e não abriu novas escolas. Não conheço nenhum curso de teologia hoje nos Estados Unidos e na Europa que seja liberal e que funcione numa universidade que tenha sido criada por liberais. Harvard, Union, Princeton, Yale, Amsterdã, Oxford... todas foram criadas por conservadores das mais diferentes linhas. O caráter parasitário do liberalismo teológico se deveu ao fato de que os liberais não acreditavam em evangelismo e missões. Os liberais sugaram a herança organizacional eclesiástico-financeira de Calvino, Lutero, Wesley e dos puritanos.
Defesa da Fé – E o que dizer do fundamentalismo? O senhor mencionaria algo nesse movimento que consideraria prejudicial?
Profº Nicodemus – Sim, cito negativamente o fundamentalismo como movimento separatista do erro teológico como único meio de preservar a verdade cristã. Sob esse aspecto, o fundamentalismo crê que não pode haver associação com igrejas, denominações e indivíduos que neguem os pontos fundamentais do cristianismo. O separatismo nem sempre é o caminho para batalharmos pela fé histórica. O fundamentalismo nem sempre consegue conviver com diferentes opiniões, mesmo em questões que não afetam os pontos fundamentais da fé, e acaba tratando com desconfiança irmãos conservadores que concordam com os pontos fundamentais, mas divergem em outras questões. Penso que setores do fundamentalismo desenvolveram uma síndrome de conspiração mundial para o surgimento do reino do anticristo por meio do ocultismo, da tecnologia, da mídia, dos eventos mundiais, das superpotências, além de uma mentalidade de censura e apego a itens periféricos como se fossem o cerne do evangelho e critério de ortodoxia (por exemplo, só é bíblico e conservador quem usa versões da Bíblia baseadas no Texto Majoritário; quem não assiste desenhos da Disney e não vê Harry Potter).
Como Deus nos protege?
Há 3 horas
26 comentários
comentáriosExcelentes respostas à perguntas pertinentes. Obrigado.
ResponderPrezado pastor Nicodemos. Tenho algumas dúvidas. Alguns evangélicos e reformados, como D.A. Carson, utilizam elementos do método histórico-crítico. E pelo já li, inclusive em seu livro A Bíblia e seus intérpretes, o método HC é por demais permeado pelo cânones epistemológicos do Iluminismo. É possível fazer uma adaptação do HC? E quanto ao método histórico-gramatical. Ele se desenvolveu frente aos desafios do HC? Vejo uma diferença grande entre autores conservadores como Berkhof e Carson, por exemplo, na interpretação da famosa passagem de João onde Jesus pergunta a Pedro: "Tu me amas?" Berkhof sustenta a distinção entre Agápe e Phileo e Carson acredita ser uma falácia exegética. Obrigado pela atenção
ResponderMuito bom...
ResponderEu acho que os liberais são um câncer no cristianismo! Não passam de um bando de inimigos de Cristo! É A PIOR HERESIAS DA HISTÓRIA CRISTÃ(junto com a gnose)!
creio que os assim chamados fundamentalistas( se a regra de ser fundamentalista é o escrituralismo eu sou um fundamentalista roxo!)as vezes exageram porém eles o fazem de boa intenção...dou graças a Deus porque nos EUA eles surgiram para combater a praga do liberalismo
aproveitando o tópico queria pedir ao senhor que- se possível - desse uma olhada no meu blog: http://puritanosconsevadores.blogspot.com/
É, de fato o liberalismo é tudo isso aí que o Rev. Nicodemus descreveu. Estudei em uma Faculdade Liberal, cujo pressupostos do curso de Teologia eram movidos pelas ideias do liberalismo Teológico. Sei o que é esse "veneno" de perto. O Rev. foi muito feliz quando destacou que os liberais são apenas hospedeiros. Fantástica esta observação! É a mais pura verdade. Eles, os liberais, não fazem outra coisa senão criticar, ironizar e "desconstruir" a fé dos seus alunos. Aliás, chega a ser hilário ouvir alguns desses professores falando em desconstruir - eles falam como se isso fosse o método pedagógico mais eficiente.É, talvez esteja explicado a razão de alguns liberais serem tão estúpidos, esses não sabem nem o que é Pedagogia. Alguns deles não passam de Papagaios - repetidores. Aliás, eles adoram falar da necessidade de "desconstruir" o que seus alunos aprenderam na EBD. Alguns são tão pré-potentes que chegam a falar desse "método" pedagógico como se fosse a descoberta da América! (Ainda vou criar/escrever um dicionário só sobre o vocabulário favorito dos liberais, e uma das palavras preferidas deles é - desconstrução).
ResponderPois é, também não conheço nenhum Seminário ou outra instituição qualquer que tenha sido construída pelos liberais. Indo mais fundo no poço, vale notar que, até mesmo as primeiras Universidades da Europa tem sua raiz na religião - nas primeiras escolas monásticas. Na Europa, universidades como a de Paris, por exemplo, e muitas outras, foram patrocinadas pela Igreja, isto é, foram organizadas pela Igreja do período Medieval (ta vendo aí, a Igreja não é tão Medieval assim...rss). Um dado não muito comentando nos círculos dito "seculares" (Giovanni Reale explica isso muito bem em sua obra sobre Filosofia Medieval).
Lembro que uma vez, quando aluno do curso de Teologia, destaquei este fato tentando rebater a arrogância de uma professora. Ela não teve nenhuma resposta concreta, apenas alegou que a qualidade dos seminários teológicos dirigidos por conservadores não eram boas. Com isso ela queria dizer que eram fechadas.
Os liberais são assim, eles não conseguem fazer nada. A explicação para isso é simples: Os liberais não tem fé, não creem no sobrenatural, não acreditam mais na Bíblia. Eles nem mesmo acreditam no cristianismo ( o cristianismo. Para eles,não passa de uma entre as várias religiões, que, cedo ou tarde, vai desaparecer, assim como aconteceram com outras grandes religiões pré-cristãs.
Resumindo:o liberal é um sujeito que não crer na Bíblia, mas como não sabe fazer outra coisa, se hospeda nas igrejas e seminários para sobreviver.
Mas uma nota: Tem muitos liberais gente boa! Isso é fato. Mas devo dizer que não concordo com posicionamento teológico deles.
Abraços!
Graça e Paz
ResponderReverendo Augustus, sou seu apreciador e aprendiz, tive o privilégio de ser seu aluno na Pós-graduação no SPN em 2009, e pude confirmar seu equilíbrio em seus posicionamentos em sala de aula; sou um jovem pastor da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil e tenho algumas dúvidas, entretanto acredito oportuno o seguinte esclarecimento. Atualmente não só falo por mim mais por meus colegas de ministério pastores da nossa denominação no Brasil (até onde eu tenho conhecimento) não defendemos nem subscrevemos as práticas de "Conspiração mundial, separatismo, exclusividade do Texto Majoritário, aversão aos desenhos da Disney e os filmes de Harry Potter”. Além disto, penso que temos uma ótima relação com outras comunidades presbiterianas e reformadas, subscrevemos os mesmos símbolos de fé, e estamos dispostos a dialogar com outros grupos reformados, além de outras coisas que não convém elencar.
Rev. Augustus tenho constatado atualmente que temos mais coisas em comum do que em outras épocas passadas não acha? E que temos mais razões para nos unirmos do que nos dividirmos. O que o senhor acha? Em que grupo estamos inseridos nesta definição do movimento fundamentalista? Reverendo nosso sincero desejo é ver o presbiterianismo que amamos voltar a batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. E que nos pontos nevrálgicos da teologia possamos diluir as questões partindo do princípio elementar que subscrevemos como igreja confessional: Cap. 1 § X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura.
Eu tenho um sonho, que um dia todas as igrejas confessionais pelo menos no Brasil se reúnam com o mesmo temor, com a mesma piedade, com a mesma competência da assembléia de Westminster e discutam a luz das Escrituras pela iluminação do Espírito Santo os princípios fundamentais da fé, estamos precisando urgente não mais de uma reforma igual a do século XVI, não mais de outros credos e confissões, precisamos colocar em prática o que recebemos como legado. Que o soberano senhor continue te abençoando, parabéns pelos artigos esclarecedores.
Um abraço fraterno em Cristo.
Rev. Luciano Gomes.
Olá Rev. Augustus, paz e graça!
ResponderEu já havia lido essa entrevista anteriormente (acho que foi no site do ICP) mas li novamente aqui pois é muito esclarecedora.
Dia desses eu assisti a um documentário sobre um parasita que se fixa nas "costas" das aranhas e ficam sugando-lhes os fluidos até que se acabem completamente. Somente quando a pobre aranha esta completamente seca é que o para sita vai embora a caça da próxima vitima.
Enquanto eu "relia" seu artigo estava me recordando desse documentário. Realmente os liberais só servem para isso mesmo: (1) achar um hospedeiro, (2) entrar numa comunhão traiçoeira, (3) suga-lo até a morte e finalmente procurar a próxima vítima.
O pior é que nenhum Liberal tem um crachá estampado no peito dizendo;
Responder"Eu sou Liberal"
Eu já ouvi um pastor reformado chamar de débil mental, alguém que acredite literalmente nos fatos ocorridos com Adão, Abraão, etc.
Ainda não sei entender,como é possível pregar a bíblia e ao mesmo tempo não crer nela. sera só um meio de vida???
Paz, Rev. Algustus !!
Rev. Augustus,
ResponderNo Liberalismo clássico havia um desejo (que me parece sincero) de "atualizar" o cristianismo para a sociedade européia (iluminista, racionalista) de então. Será que o projeto do liberalismo tupiniquim é "atualizar" o cristianismo para a sociedade urbana brasileira (pós-modernista, relativista)?
Isaías,
ResponderÉ preciso definir melhor que elementos do método histórico-crítico D.A. Carson teria utilizado. Pois como qualquer método, o histórico-crítico usa coisas que são simplesmente bom senso e que são compartilhadas por todos os demais métodos.
O que preocupa no método HC é o que lhe é peculiar, a saber, seu pressupostos racionalistas que já indispõem o exegeta contra a autenticidade, veracidade e confiabilidade do texto bíblico. A partir daí se desenvolve sua metodologia que opera a partir desta desconfiança.
Quanto a adaptar o método HC, tomemos a crítica das fontes, por exemplo. O método gramático-histórico nunca negou a possibilidade da utilização de fontes escritas para a composição do texto bíblico. O que não cremos é que são fontes contraditórias, escritas pós-eventos e editadas desajeitadamente por editores que se passaram pelos autores. E por ai vai...
A diferença entre Berkof e Carson não tem nada a ver com o método, mas com o sentido das palavras. Neste caso, fico com Carson.
quando se trata de liberalismo e fundamentalismo teologico eu ainda não tinha encontrado alguem no Brasil como o reverendo augustus que esclaressece de maneira tão lucida e inteligente como ele faz , por que eu mesmo que me criei na assembleia de Deus( e ainda estou nela mais com mente e coração reformado,graças a Deus rsrsrs) cresci ouvindo que liberal era quem cortava o cabelo usava calça e tinha televisão etc.. e que conservador era quem não fazia nada disso .
Responderque Deus te abençoe
sandro barcelos
rev. augustus posso colocar esse comentario em meu blog ?
Luciano,
ResponderVocê representa uma nova geração dentro de uma denominação fundamentalista. Tenho visto esta mudança acontecer. Para mim, isto é ótimo.
Fique firme.
Um abraço!
Alceu,
ResponderConcordo totalmente. Veja, eu também acho que devemos contextualizar o Cristianismo à nossa época. A diferença é que não acho que, para isto, tenhamos que renegar, rejeitar e repudiar a teologia reformada.
Abs.
Sandro,
ResponderClaro, fique à vontade.
Abs.
Muito bom o post.
ResponderAugustus, qual em outro post voce disse que a biblia em preferida dos reformados norte-americos são English Standard Version (ESV), não seria a King James?
A English Standard Version (ESV) é mesmo a melhor para nós reformados?
olá Rev.
Responderótimo post.
gostaria q o senhor postasse a carta pastoral sobre liturgia na IPB aqui,
tenho o livreto, mas queria disponibilizar para download para os membros da Igreja e não a achei em lugar nenhum na net em texto.
ab.
Nossa amada IPB tem sido diligente em manter-se distante do liberalismo, ao custo de muitas vezes ter de cortar na própria carne. Entretanto, a infiltração liberal se faz presente de forma marcante em nossas igrejas, em nossos púlpitos, bem debaixo dos nossos narizes, através das nossas bíblias. A estimada tradução do velho JFA, versão Revista e Atualizada, é de longe a mais apreciada no arraial presbiteriano. Pena realmente que seja marcada por inconsistências no NT. Não que seja demasiado difícil explicar a razão daqueles inconvenientes [colchetes] cobrindo porções do texto inspirado. Com um pouco de tempo e de sabedoria divina, mais paciência, é possível esclarecer satisfatoriamente até mesmo ao neófito confuso mas interessado no texto sagrado. Porém, cá entre nós, como professor de escola bíblica, eu preferia não ter de explicar isso tudo...
Responderpastor me tire uma dúvida, sou presbítero casado com uma mulher descrente posso exercer meu ofício? meu pastor disse que não, por favor me tire essa dúvida.
Respondergostei da entrevista. respostas equilibradas mas ainda tenho receio do fundamentalismo nao que eu seja liberal pq nao sou, mas, acho que o fundamentalismo tem muito haver com a cultura conservadora americana e considero que o fundamentalismo produz nas pessoas um dos sentimentos mais pernicioso a fé cristã; o sentimento de religiosidade. sem querer generalizar. e tbm nao só o separatismo como disse o prof. mais o fanatismo,exclusivismo,legalismo e outros males. acho que faltou as conferencias fundamentalistas do seculo XIX e XX o que teve no concilio de Jerusalem... "Porque pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas necessárias:
ResponderQue vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição; e destas coisas fareis bem de vos guardar. Bem vos vá".AT 15:28-29.
na pz de cristo
Amado irmão Vitor Rafael, graça e paz.Meu nome é Washington Luiz,sou também presbítero da IPB/Piraí=RJ,mas em disponibilidade.Longe de mim,querer aqui,fazer o papel do Rev.Augustus e,mesmo que quisesse,jamais conseguiria.Tomo a liberdade em responder essa questão,porque também irei aprender mais ainda sobre o assunto.
Responder- levando em conta que é presb.da IPB, digo :
1)- seja qual for o credo religioso de sua esposa,você um dia foi eleito presbítero e,sempre será presbíteros(salvo em caso de disciplina),em exercício,em disponibilidade ou emérito.
2)- o ideal seria que sua esposa professasse a mesma fé reformada que você,pois isto mostraria que você governa bem a sua casa,pois em 1 tm 3:4 assim diz,"governe bem a própria casa,criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito".
Você já é presbítero e,a situação da sua esposa não pode anular o seu oficialato.
3)- se você ainda não fosse presbítero,o certo seria que você não concorresse a eleição,mas caso eleito,que não fosse aprovado pelo Conselho e ordenado.
4) - se esse fato (sua esposa,outra fé professada,ou se até mesmo nenhuma fé professada)estiver criando alguma situação, que esteja escandalizando o Evangelho,deixe como está e, ore para DEUS converter o coração dela.Aliás,ore mesmo que não esteja havendo constrangimento,pois de qualquer forma,ela precisa de conversão.
Admiro muito o Rev.Augustus e, tenho aprendido muito lendo alguns de seus artigos.Espero poder aprender também com a resposta do Rev.Augustus.Entendo que se você,realmente deseja exercer o oficialato,busque a orientação do Espírito Santo,use os argumentos adequados e leve a apreciação dos Conselhos que julgar apropriado.
Graça e paz. do nosso Salvador JESUS CRISTO.
Phillipe,
ResponderA ESV, ao que parece, ja superou a King James entre os reformados nos EUA.
Abraços.
Maurício,
ResponderVocê encontra a pastoral aqui:
http://migre.me/5bpd6.
Abaços.
Fernando,
ResponderAcho exagero dizer que o uso da ARA é infiltração liberal. Não conheço nenhum caso de igreja ou pastor que se tornou liberal por causa dos famosos colchetes. No máximo, desperta perguntas que são dever do pastor preparado - e do professor de ED - responder com competência.
Abs.
Vitor Rafael,
ResponderVocê perguntou,
"sou presbítero casado com uma mulher descrente posso exercer meu ofício? meu pastor disse que não"
Penso que seu pastor está correto. Um dos requerimentos para o presbiterato, como já foi dito aqui pelo Washington, é que o bispo (presbítero) governe bem a sua própria casa, que seja modelo para os fiéis em tudo.
Não tem como, na Igreja Presbiteriana, reverter a ordenação para presbítero a não ser por exoneração disciplinar. Mas é possível o presbítero ficar em disponibilidade, situação em que não exercerá as funções.
No mais, oro a Deus pela conversão de sua esposa.
Que o Senhor abençoe a sua vida.
Abraços.
Obrigado Rev.Augustus.Penso que sempre é possível revermos nossos conceitos e, atitudes,quando somos orientados dentro da Palavra por homens que acreditamos ter o compromisso com a Palavra.
ResponderEntendi perfeitamente que isso pode ser possível( manter o amado irmão em disponibilidade ),como fazer e porque.
Graça e paz ao senhor e a ele.
Abraço,Washington Luiz.
Neemias,
ResponderPermita-me tecer alguns comentários a cerca da sua declaração de receio ao fundamentalismo. Amado irmão, primeiramente reconheço que seu receio é justificável e de certa forma é compreensível tendo em vista a imprecisão atribuída ao termo fundamentalismo. Não sei se o irmão leu o meu comentário que fiz deste mesmo artigo, tentamos esclarecer de forma concisa que algumas das práticas que o irmão repetiu em seu comentário não refletem fielmente o ponto vista da “Denominação Presbiteriana Fundamentalista” atualmente principalmente no cenário nacional.
Segundo; para um melhor esclarecimento do termo “fundamentalista” lhe indico a própria obra do Rev. Augustus: “O que estão fazendo com a igreja” no capítulo 29 sob o título Fundamentalistas e liberais, espero que irmão possa dissolver o receio quanto ao tema proposto.
Terceiro; apenas para asseverar a ilegitimidade do uso deste termo e até mesmo o preconceito por parte de alguns note o que diz o prof. Ulisses Horta: “Uma nota de esclarecimento é ainda válida: Hoje, no Brasil, há uma considerável confusão com o termo fundamentalismo. O mesmo vem sendo utilizado indiscriminadamente, sem deixar ao ouvinte ou leitor a verdadeira identificação que cabe no uso, de acordo com as intenções daquele que o utiliza”. (A Subscrição Confessional – Ulisses Horta Simões – Ed. Efrata – 2002. P. 141 e 142)
Além da ilegitimidade do uso do termo algo ainda pior e que denota um explicito preconceito é o que o prof. Ulisses chama de estelionato hermenêutico, por que muitos associam o termo fundamentalista ao “radicalismo obscurantista”; permita-me só este vez citar o prof. Ulisses Horta: “Pior da forma como muitos usam hoje, ser fundamentalista pode parecer simplesmente ser radical obscurantista ou coisa que valha; como se o vocábulo somente permitisse tal inclinação semântica. É um grave erro, um estelionato hermenêutico.”
Finalmente, me coloco a sua inteira disposição e a quem possa interessar para esclarecer nos pormenores o que neste espaço não nos é franqueado para esclarecer um pouco mais sobre o fundamentalismo, espero que nenhuma falsa impressão lhe confunda e que possamos diluir quaisquer dúvidas que surgirem.
Um abraço fraterno.
Rev. Luciano Gomes
Rev. Nicodemus, com todo o respeito de um neo-convertido, mas muito vivido (rs), intuo que, embora a adoção do texto majoritário da bíblia não seja o cerne do evangelho, creio que é um meio de se preservar, principalmente nos dias de hoje em que proliferam as versões, um texto mais autêntico e mais livre de idéias "liberais", e outras. Já li trechos da tradução "na linguagem de hoje" (para que? qual o problema da "linguagem de ontem"?) que diferem conceitualmente do texto receptus, insinuando uma verdade diferente.
Responder