quinta-feira, outubro 12, 2006

Augustus Nicodemus Lopes

Por Onde Entram os Lobos

Ninguém é obrigado a subscrever com juramento qualquer credo ou confissão religiosa. Pelo menos, não no nosso país. Os que o fazem, fazem-no voluntariamente. Se for uma condição para entrar no pastorado ou oficialato de uma denominação confessional, ainda assim, essa entrada é voluntária.

Uma confissão de fé é a síntese daquilo que uma determinada igreja declara ser o sistema doutrinário revelado nas Escrituras Sagradas, sistema esse que ela acredita e aceita. É aquilo que a igreja espera que seus pastores preguem e aquilo que ela espera que seus membros aceitem e pratiquem. É o que dá unidade, coesão e forma à instituição, de maneira que as igrejas de mesma confissão apresentam uma semelhança entre si que permite a identificação delas como “presbiterianas”, “batistas”, “metodistas”, “pentecostais”, para mencionar apenas algumas.

Todas as denominações e igrejas têm uma confissão de fé. Todas são confessionais. A confissão de algumas é que não têm confissão nenhuma.

Algumas trazem essa confissão por escrito. Quando visitei a Igreja do Aeroporto de Toronto, onde nasceu o movimento do “riso santo”, já na entrada havia uma mesinha para os visitantes com um folder escrito “O Que Cremos”. Era uma confissão simples mas suficientemente completa para identificar claramente suas crenças e práticas. Essa igreja já havia sido desligada de uma outra denominação, a Vineyard Fellowship, porque já não andava segundo o credo dela – ou de seu fundador, o falecido John Wimber.

As denominações ou igrejas que não têm uma confissão escrita têm uma confissão viva, na forma de uma tradição oral ou, mais comumente, de um fundador, líder ou dono. Sua palavra é a confissão. Não é com essas igrejas de confissão viva e oral que me ocuparei agora. Mas, com aquelas que têm uma confissão escrita e que exigem que seus pastores a subscrevam.

Acredito que a falta de seriedade quanto à subscrição confessional é por onde entram os lobos, aqueles que Paulo mencionou em Atos 20.29, “Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho”. A subscrição confessional, se for levada a sério, permitirá que somente pastores, digamos, conservadores, assumam o púlpito de igrejas confessionais e conservadoras. Quando não é levada a sério, quer pelas igrejas quer pelos próprios pastores, temos igrejas que são confessionais meramente no papel e que na prática têm púlpitos ecléticos e nos bancos, crentes que teologicamente são informes, indefinidos e amorfos.

Há muitas razões pelas quais alguém que não é teologicamente conservador minta propositadamente na hora dos juramentos que faz por ocasião de sua ordenação ou consagração ao ministério pastoral em igrejas confessionais conservadoras. Primeiro, falta de caráter mesmo. Segundo, falta de mentalidade e discernimento teológico. Ele não saberia dizer a diferença entre neo-ortodoxia e liberalismo teológico, entre pentecostalismo e puritanismo, entre calvinismo e arminianismo. Não sabe dizer porque nunca se importou com teologia e nem seu seminário o treinou nessas coisas. Terceiro, porque precisa de um emprego. Deus perdoará uma “mentirinha” na hora da ordenação. Ele é misericordioso e sabe como está difícil ganhar a vida hoje. Quando eu era diretor de um seminário presbiteriano nos idos de 80, vi mais de 100 seminaristas jurarem sobre a Bíblia que nenhum deles havia passado um trote humilhante num calouro – e pelo menos um deles havia. Penso que todos temiam ser expulsos do seminário. Até hoje deve haver um perjuro no ministério presbiteriano, se não for um daqueles 20 a 25 que deixam o pastorado da IPB a cada ano voluntariamente ou despojados.

Igrejas confessionais, como a presbiteriana, a anglicana e algumas batistas, exigem que seus oficiais prestem lealdade, sob juramento, à sua confissão. A subscrição confessional é algo solene. É um juramento feito pelo pastor diante de Deus e de seu povo de que aceita aquilo que a confissão de fé afirma. Alguém que responda sim à pergunta “Você aceita a Confissão de Fé de Westminster como interpretação verdadeira da Palavra de Deus?” está explicitamente dizendo que é um calvinista, que aceita a Bíblia como infalível Palavra de Deus, que acredita que não há novas revelações hoje.

Há um dilema quando o candidato a pastor tem objeções a alguns pontos da confissão exigida. Entre os presbiterianos, por exemplo, é possível encontrar quem aceite a Confissão de Fé inteira com exceção do item “o Papa é o anticristo”. Há várias maneiras de lidar com isso e nenhuma delas passa pelo perjúrio. Há igrejas que permitem que candidatos façam objeções, as quais são julgadas pelos concílios quanto à pertinência. É possível, em casos assim, receber pastores que não aceitam toda a confissão, desde que os mesmos se comprometam a não ensinar e pregar contra esses pontos. Eles podem pedir a mudança dos mesmos pelos caminhos legais de uma reforma da confissão. A Confissão de Westminster, por exemplo, já foi alterada algumas vezes por igrejas presbiterianas no exterior e no Brasil.

Eu sei que é possível alguém “estar” sinceramente conservador na hora da subscrição solene e mudar com os anos. Pastores costumam mudar de teologia. O que se esperaria, todavia, dos que mudaram, era a honestidade de pedir para sair por incompatibilidade doutrinária com a confissão a que um dia aderiram. Como a história (ou mito?) do famoso Rubem Alves, que um dia entregou sua carteira de pastor presbiteriano ao seu presbitério exatamente por isso. Não gosto das idéias do Sr. Alves, mas admiro a sua coerência nesse ponto.

O que fica complicado é a situação em que nos encontramos hoje: igrejas presbiterianas com um sistema de governo episcopal ou congregacional, um púlpito neoliberal-místico arminiano, um culto pentecostal e um povo completamente confuso. Só dá para explicar essa balbúrdia se admitirmos que está havendo perjúrio na hora da verdade, na hora dos votos solenes. É por ai que entram os lobos.

Augustus Nicodemus Lopes

Postado por Augustus Nicodemus Lopes.

Sobre os autores:

Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.

O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.

O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.

26 comentários

comentários
13/10/06 09:25 delete

Caro professor Augustos, permita-me fazer-lhe umas poucas indagações sobre o assunto.

Sabemos que a Confissão de Fé de Westminster representa o ensino Reformado que a IPB adota. Cremos que ai está a interpretação dos ensinos bíblicos que a IPB adota. Cremos que até mesmo a forma de liturgia está expresso na Confissão.

Com a evolução da sociedade, sabendo-se que culturalmente, a liturgia expressa na Confissão, retrata o tempo e a época em que ela foi escrita, não seria o tempo de se rever alguns conceitos?

O Brasil, com dimensões continentais, com uma variedade cultural bem grande e com diferenças sociais gritantes, não influencia a maneira de expressar a nossa crença presbiteriana, principalmente no que se refere às formas de culto?

A Confissão foi criada para não ser modificada, nunca, em nenhum ponto?

Será que organizacional e administrativamente a IPB não se tornou inviável, levando-se em consideração que até a CI/IPB, já possui um número de volumes com resoluções que ninguém obedece e que só o texto dessas resoluções, já é maior que o texto da própria CI/IPB em pelo menos seis vezes. Já não é tempo de uma reformulação completa?

Será que os que não aceitam discutir esse assunto não estão confundindo Inspiração Bíblica com inspiração Confessional ou administrativo-organizacional?

A CI/IPB foi feita para não ser mudada?


São meras indagações, que não visam nada, além de respostas objetivas por parte do irmão, a quem eu considero apto para respondê-las. Levando-se em conta de que acredito ter saido do foco, mas é que considero um assunto diretamente ligado ao outro. Se estiver errado, me desculpe.

João d'Eça.
SLZ - MA

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Anônimo
AUTOR
13/10/06 09:33 delete

Caro Nicodemos,
concordo com seu artigo em partes. Ele diz uma grande verdade: muitos pastores mudam sua "teologia" (quanto a têm!) e enveredam a Igreja em ensinos e práticas questionáveis - sobre o prisma reformado - e incompatíves com a Confissão de Westminster.
Porém, muitas vezes, o pastor se esforça em ensinar uma teologia reformada compreensível e factível para suas ovelhas, ela as alerta que determinadas idéias, determinados cânticos, determinadas literaturas, etc, são perversões da doutrina bíblica e, assim, estimula uma atitude "bereana" em sua Igreja.
Mas, nem sempre todos lhe dão ouvidos, nem todos concordam que o pastor assim faz pelo seu compromisso com as Escrituras e em fidelidade ao juramento que fez na ordenação. Antes, pensam que é um "achismo" do pastor, uma antipatia dele com esses movimentos de "renovação" e "avivamento", e por aí vai...
Já havia percebido no artigo "O Dom de sepultar igrejas" que o senhor tem uma visão altamente crítica dos pastores. Essa mesma visão se repete aqui. Acredito que, em parte, ela tenha razão de ser e se justifique porque muitos de nós tem agido de modo contrário à teologia que abraçamos e juramos lealdade.
No entanto, há alguns pastores que ainda buscam fazer valer sua coerência e compromisso com a fé reformada, mas as Igrejas - sejam os membros ou o Conselho - estão na contra-mão...
Nestes meus (poucos) anos de ministério, são poucas as ovelhas das quais me orgulho. São poucos aqueles que se colocam numa posição de aprender, avaliar, converter. A maioria quer ir conforme a correnteza, conforme aquilo que aprendem com as comunidades - com as "Lagoinhas" da vida. A maioria não é ensinável e só traz dissabor ao ministério.
Por isso, os lobos não são só os pastores, nem só eles têm o dom de sepultar igrejas. Muitos crentes também o são; muitos crentes também querem sepultar, de vez, a fé reformada e fazer uma igreja conforme suas próprias convicções.

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13/10/06 12:16 delete

Caro Pr. João,

Muito obrigado pelo seu comentário. Sua indagação é basicamente sobre a confissão de fé dentro da IPB. Sobre isso, não há muito a declarar, a não ser que ela garante unidade doutrinária e litúrgica básica entre todas as igrejas que a adotam, ao mesmo tempo em que permite alguma flexibilidade, inclusive na parte litúrgica e administrativa. Lembre do capítulo I seção VI: "há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas."

Não creio que a Confissão de Westminster -- ou qualquer outra -- foi elaborada para não ser modificada nunca, em ponto algum. A própria Confissão diz que os concílios podem errar, e ela é resultado de um concílio. A Confissão só atribui infalibilidade às Escrituras Sagradas. Mas, não foi esse o meu ponto no post. O que eu queria dizer era que, uma vez aceita, a Confissão serve de parâmetro doutrinário para aqueles que desejam ser pastores da denominação. Eu estou combatendo o perjúrio dos que juraram um dia lealdade à Confissão e que hoje, em seus púlpitos e ministérios, labutam contra ela.

É claro que a Confissão pode ser alterada. Basta que a IPB assim o deseje. Você poderia dar algum exemplo de algum ponto da Confissão que gostaria que fosse alterado? Poderia dar a nova redação que você acha melhor? Isto me interessa, pois sou membro de uma comissão da Fraternidade Reformada Mundial composta para elaborar uma declaração de fé reformada para o século XXI. Vamos nos reunir em março de 2007, aqui no Brasil.

Você pergunta se organizacionalmente e administrativamente a IPB não se tornou inviável, diante do número de volumes com resoluções que ninguém obedece. É uma pergunta interessante e desafiadora. Com certeza, não é fácil administrar uma denominação com um número tão grande de resoluções que têm como objetivo estabelecer a jurisprudência de suas leis maiores. Mas daí a declarar a sua falência administrativa, vai uma grande distância. Para mim, o problema não é necessariamente o número de decisões (algumas delas, concordo, foram inócuas e irrelevantes), mas a falta de vondade dos pastores e concílios em cumpri-las. Qual o remédio para isso? Não conheço.

Sobre a sua outra pergunta, se não tem gente que confunde a inspiração confessional com a inspiração da Bíblia, acredito que deve haver alguém que faça essa confusão, mas, pessoalmente, não conheço ninguém. Conheço, por outro lado, muitos pastores que estão prontos a mudar a redação da Confissão desde que se proponha uma mudança que seja bíblica, coerente e que resulte numa teologia melhor do que anterior. Como eu já disse antes, se você der alguns exemplos daquilo que gostaria de ver mudado na Confissão de Fé, ficaria mais fácil para mim responder.

Um grande abraço.

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Anônimo
AUTOR
13/10/06 12:28 delete

Rev. Augustus,

Creio que existe ainda um ponto muito importante na questão da subscrição confessional: a seriedade, ou falta dela, com que a questão é ensinada aos alunos durante seu tempo de estudos.

Creio que muitos chegam ao presbitério sem ter mesmo a certeza do que confissão ensina e na hora do 'vamos ver' acabam cometendo o perjúrio. Neste sentido, tanto escolas como presbitérios precisam se preparar melhor para examinar seus candidatos. Mas ai surge um problema bem sério: existem presbitérios que ordenam candidatos que sequer fazem seminário... ou seja, parece que o despreparo é geral.

Fico procurando uma luz no final deste tunel (que não seja o trem vindo na direção contrária).

Obrigado pela meditação.

Pr. Márcio Paulo

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13/10/06 12:35 delete

Meu caro EEC,

Você tem razão. Nem sempre a culpa é dos pastores e pregadores. Como na Bíblia, há audiências cujos ouvidos estão surdos para não ouvir e o coração endurecido para não se converter. Há os que são apenas ouvintes e não praticantes da Palavra. Noé, Jeremias, Isaías e o Senhor Jesus que o digam.

Esse meu post e o anterior, "O Dom de Sepultar Igrejas," não visam generalizar. Há excelentes pastores, homens de Deus, fiéis em tudo (1Cor 4.2). Conheço muitos deles. Não é contra eles que escrevo. Não tenho nada contra os pastores em si. Eu mesmo nunca deixei de ser pastor de igreja local nas mais diferentes fases de minha vida. Hoje, mesmo sendo professor de teologia e chanceler do Mackenzie, sou pastor auxiliar de uma igreja local, onde prego regularmente e ensino a classe de jovens.

Por isso, não me coloque contra os pastores. Eu sou parte do time. Minha visão "altamente crítica" não é dos pastores em geral, mas daqueles que são enterradores de igrejas e perjuros. Apesar da responsabilidade que os crentes têm do estado em que as igrejas evangélicas se encontram hoje, creio que a maior responsabilidade é dos mestres, pastores, pregadores e obreiros. A grande maioria do povo é como ovelhas que não têm pastor.

Um abraço.

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13/10/06 15:20 delete

Caro Pr. Márcio Paulo,

Com certeza! Era uma observação que eu deveria ter feito: a seriedade da subscrição confessional deve ser inculcada pelos professores de seminário nos alunos que se preparam para ingressar no ministério pastoral.

Pode acontecer, todavia, que professores de seminários que não formam seus alunos na fé confessional já tenham, eles mesmos, abandonado essa fé. Sei de professores que negam abertamente inclusive a necessidade de termos confissões de fé (como se fosse possível não ter uma confissão!). Por outro lado, professores de seminários que são leais aos votos feitos na ordenação, costumam ensinar suas disciplinas dentro da confissão de fé e falam da sua importância aos alunos.

Um abraço.

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Anônimo
AUTOR
13/10/06 16:07 delete

Pastor Augustus,

certa vez um professor de seminário meu e pastor de sua denominação aqui no RJ estava dizendo em sala de aula não crer em eleição, justificação e nem na singularidade de Cristo como salvador das almas. Ele dizia não haver verdades absolutas na pós-modernidade e concordava com isso. Então perguntei a ele como aquele discurso não ia de contra sua consciência se ele era pastor presbiteriano e jurou lealdade aos símbolos de fé que afirmavam exatamente o que ele estava negando em classe e aquele professor (vermelho de raiva) disse fazer RE-LEITURA da confissão de fé.

Essa triste realidade se encontra em vários pastores das mais oriundas denominações confessionais e conservadoras. Lamentável!

Obrigado pela postagem, esclarecimento e foi ótimo reve-lo na Fiel.

Um grande abraço,
Juan

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13/10/06 16:21 delete

Rev. Augustus,

O que mais me impressiona é a capacidade que tais pastores têm de iludir os seus discípulos.

É incrível como a palavra de Fulano de Tal vale mais do que a bíblia, e, que no fim das contas, esses que estão agora inventando coisas que já foram refutadas há séculos, são considerados os corajosos, os "cabeças-pensantes" do nosso tempo.

Eles re-inventam a roda e acham que estão por cima da carne seca.

É uma inversão de valores sem igual!

Abraços

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Anônimo
AUTOR
13/10/06 17:17 delete

Rev. Augustus Nicodemus,

Não sou presbiteriano, apesar de minhas convicções teológicas serem forjadas em grande parte bebendo de grandes teólogos presbiterianos (sou congregacional). Também compartilho a preocupação confessional escrita, na ocasiao da minha ordenação apresentei uma monografia sobre a "Igreja Confessional", e acredito que a CFW é o padrão confessional que reflete com maior exatidão o ensino das Escrituras.

Mas tenho algumas perguntas:
Na subscrição confessional todas as doutrinas da Confissão são tidas no mesmo grau de importãncia?
Se a resposta for negativa: Então quem determina aquilo que é primário e secundário? Se o candidato não concordar com algum aspecto que julgue ser secundário ele será coerente em ainda assim subscrever?

Parabéns pelos excelentes textos, tenho colecionado todos!

Pr. Claudionor Bezerra

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13/10/06 17:58 delete

Pr. Claudionor,

Você pergunta se numa subscrição confessional todas as doutrinas da Confissão são tidas no mesmo grau de importância. Na IPB, sim. Não sei as demais igrejas brasileiras confessionais. Sei que nos EUA algumas presbiterianas fazem uma distinção. Agora mesmo a PCUSA acaba de permitir que seus concílios considerem como secundário para a recepção de pastores a questão da homossexualidade.

Um abraço.

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13/10/06 18:02 delete

Juan,

Pois esta é a postura de muitos outros -- re-leitura, geralmente desconstrucionista. Mas ainda assim, seria interessante perguntar qual a re-leitura que ele faria do, digamos, capítulo sobre a justificação pela fé.

Abraços.

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Daniel M.S.
AUTOR
13/10/06 21:53 delete

Caro irmão,
Parece-me que chegamos a um momento em que as denominações históricas em geral evidenciam sinais de falência. Os modelos ou formas de governo são confusos as doutrinas idem...

A identidade e confissão de uma igreja é coisa do passado e vista com sendo de outro contexto(estrangeiro).É o relativismo desta era pós-moderna. Não há com fugir disso.A queda das denominações é a meu ver o pre-núncio da grande perseguição aos eleitos - é escatológico.A sua desilusão é a decepção de outros pastores reformados (linha calvinista).Na verdade, a maioria, acabam se aposentando. Talvez esteja a ser muito fatalista, mas neste momento, é essa a minha visão das coisas.

Um abraço

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14/10/06 01:02 delete

Rev. Augustus,

Graça e Paz!
Fico feliz com seu post! Alegre mesmo... vou imprimí-lo e usar como "atestado de minha sanidade" valendo-me de sua grande capacidade e entendimento. Digo isso porque sempre defendi os dois pontos principais de seu post, primeiro o da "confessionalidade na IPB ser ESTRITA", segundo o da "ética em torno dessa confessionalidade". Muitos creem que o caminho da reforma de uma confissão é o da perversão, da confusão, da insurreição velada e, conscientemente, empenham ensinos e práticas esforçadas no sentido de ir provacando "mudanças" de pensamento e conduta nas congregações para que, finalmente, o SC venha a sucumbir aos fatos e apenas adeque a "norma". É o pensamento de que a norma deve-se aos costumes e com a consolidação destes ela venha a ser imposta. Pouquíssimos tem a compreensão ética de qual deva ser seu comportamento e "caminho para uma reforma da confessionalidade".
Sim, por fim, gostaria apenas de ponderar que responsabilidade igual pesa sobre os demais oficiais da igreja, uma vez que não são poucos, diria até que são maioria, os presbitéros que renegam seus votos repetidamente, diariamente. Alguns por ignorância, outros conscientemente, assim como também é fato que muitos não querem sair da ignorância. Se falta qualificação e chamado em boa parte daqueles que ocupam o pastorado, bem como caráter e zelo quanto aos votos, igualmente falta preparo e também chamado a boa parte dos oficiais presbíteros e diáconos.
Parabéns e um muito obrigado por me dar tranquilidade e paz com seu entedimento, que creio, seja com exatidão aquele que se pode extrair da palavra de Deus, especialmente dos ensinos de Paulo.

Um abraço fraternal, pedindo a Deus que continue a enriquecer seu ministério.

Disilei Monteiro

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Anônimo
AUTOR
14/10/06 09:29 delete

Olá Rev. Augustus,

O texto é bastante esclarecedor. Faz-me lembrar de conversas com vários amigos presbiterianos e batistas arminianos que sequer sabem que suas igrejas possuem algum tipo de confissão. Ou seja, o problema não está sendo somente com pastores que juram falso, mas também com membros que fingem uma igreja que não existe. Abraços fraternos. Anninha

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Anônimo
AUTOR
14/10/06 11:35 delete

Rev. Augustus,

Acredito que a fuga da chamada "regra de fé" além de ser consciente é intencional porque tem dois propósitos que são muito distintos: Segurar os membros; e ficar de bem com todos.

Estamos conhecendo as igrejas "frankstein" feitas com partes de diferentes corpos...e isso é um grande problema, claro, previsto na Bíblia:

1Ti 4:1 Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios,

Apostasia, pastor...total e irreversível!!!

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Lateefa
AUTOR
14/10/06 16:19 delete

Rev Augustus,


O senhor foi na mosca!! Me dói ver tantos pastores, que deviam zelar pela fé que supostamente professaram, a negar abertamente. E mais: a trabalhar contra a confessionalidade da igreja (no nosso caso, a IPB). E se alguém aprece confrontando-os, como bem contou o Juan (eu msm já tive essa experiência), eles faltam querer te "comer" de raiva! Falam q vc coloca a CFW acima da Bíblia, que a CFW ñ é absoluta, etc, etc, etc......
Mais uma vez: ameeeiii!! Deus os abençõe cada vez mais, pois é aprendendo assim, e com mestres como vcs, q podemos crescer sempre mais na fé.

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Norma
AUTOR
15/10/06 15:12 delete

O comentário do Juan é elucidativo da desonestidade intríncesa do pensamento moderno, que "afirma sem dizer" o tempo inteiro. É só com essa linguagem melíflua que eles podem dizer que negação da justificação em Cristo é "releitura da Bíblia". Creio que a confusão mental em conseqüência desses malabarismos (i)lógicos estraga a capacidade intelectual para os raciocínios mais elementares. Isso, para não falar das contradições sobretudo morais a que está sujeito o pensador que acata o relativismo moderno. Bravos ao corajoso Juan por ter ousado confrontar o professor!

Excelente post, Augustus! Abração!

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16/10/06 15:36 delete

Oi, André!

As duas posições quanto à CFW que você tão bem descreveu representam extremos perigosos. A posição reformada é que somente a Palavra de Deus é infalível. A CFW representa o entendimento reformado do que seja a mensagem da Bíblia. Como tal, tem um peso histórico e exegético, mas nunca o status de inerrante.

Um abraço!

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17/10/06 00:22 delete

Oi Pr. Augustus,
Muito esclarecedor seu post (como sempre).
Alguns pastores são mesmo faltos de caráter ao serem ordenados e outros mudam sua teologia ao longo da caminhada ministerial.
Concordo que realmente os pastores são responsáveis pelos desvios doutrinários de sua igreja.
Mas a igreja local também deve ter a responsabilidade de avaliar com a Bíblia aquilo que tem sido pregado no púlpito e fora dele.
Penso que esse é o padrão bíblico uma vez que Paulo elogia os de Beréia e orienta ao que profetiza ser julgado por outros.
O que falta muitas vezes é o incentivo ao estudo das Escrituras pois se estudassem certamente protestariam quando notassem (e seriam capazes de notá-lo) se algo fora das Escrituras fosse pregado.
Mas o que vemos, infelizmente, em muitas igrejas evangélicas históricas atualmente são membros biblicamente despreparados que são levados por qualquer vento de doutrina.
Um forte abraço,
João

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17/10/06 14:57 delete

João,

Excelente colocação. Sim, a Igreja tem a responsabilidade bereiana de examinar tudo de conformidade com as Escrituras, julgando tudo e retendo o que é bom (e implicitamente, rejeitando o mal). Mas, como você mesmo disse, esse povo não foi instruido a apegar-se à Escritura e a manejá-la bem. Aqui, a bala descreve um círculo e retorna ao peito dos pastores: somos nós os responsáveis por ensinar ao povo a usar bem as Escritutas como instrumento de aferição da agenda e da credenda dos pastores.

Abraços.

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folton
AUTOR
18/10/06 22:42 delete

Caro Augustus;

Como sempre um bom texto. Graças a Deus. Que ele continue te abençoando.

Já que você pôs a mão na massa, que tal completar o assunto e falar dos "que dentre vós se levantarão falando coisas pervertidas ..." em At 20?

Eu costumo ver nesse texto os inimigos externos (lobos) e internos (faladores de coisas pervertidas) da Igreja.

Abraços
Fôlton

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19/10/06 15:39 delete

Olá Augustus,

Gostaria apenas de saber algo:

Um candidato ao pastorado presbiteriano que não aceita todos os pontos do calvinismo não poderá ser aprovado pelo presbitério para exercer seu chamado?

Entendo a importância das confissões, no entanto, não seria interessante haver uma flexibilidade em relação a alguns assuntos tão controversos?

Abraços,

Humberto

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19/10/06 18:26 delete

Oi, Humberto,

Acho que o problema começa quando as igrejas locais enviam para os presbitérios aspirantes que não são instruidos nos pontos principais do Calvinismo e que têm restrições às próprias doutrinas características da denominação. O presbitério não examina o aspirante direito, e manda para o seminário. O seminário não prepara direito e está feito o problema.

Mas a melhor coisa é termos um exemplo, para saber exatamente do que estamos tratando. Você poderia dar um ou dois exemplos de pontos que considera que deveriam ser flexibilizados?

Um abraço.

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Anônimo
AUTOR
20/10/06 10:43 delete

Que texto maravilhoso...
coincidência ou não, alguns dos meus ex-pastores já se desligaram da IPB para fundar suas próprias igrejas...
Eu falei ex-pastores mesmo, no plural, mais de um!!!
Os pastores vão mudando de teologia, mudando, mudando, mudando, mudando de novo, e o resto eu prefiro que o tempo responda, hehe...
Agora eu tenho uma pergunta, vários irmãos aqui confessaram discordar em algum ponto da Confissão de Fé de Westminster, esses poderiam dar algum exemplo, por favor? Eu sinceramente na minha ignorância bíblica, só tenho 23 anos, sei que tenho muito o que aprender... Já li algumas confissões de fé como a de Westminster e os cânones de Dort, e acho que elas sempre serão atuais, do mesmo jeito que a Bíblia não precisa ser alterada para se adaptar aos homens e sua cultura, creio que a CFW não precisa ser atualizada, ainda mais porque ela tentou fielmente retratar o que é ensinado na própria Bíblia...

Então deixo pergunta: alterar a Confissão de Fé de Westminster só para a mesma se adequar às pessoas e cultura, não é bater de frente com Escritura? Não seria mais uma tentativa de inserir mais subjetivismo na Palavra do que nós já vemos hoje?
(No final das contas foram duas perguntas, hehe...)
Um abraço, tenham um bom dia.
;)

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Anônimo
AUTOR
20/12/06 23:11 delete

Reverendo Augustus

São muitas as dificuldades que pastores encontram para serem e permanecerem fieis a uma confissão. Creio que a primeira diz respeito a falta da prática da reflexão acompanhada de dialogo entre pastores acerca de sua confissão. Hoje as pessoas preferem não expor com clareza o que creem. Segundo porque o cristianismo adotou a presunção como forma de aceitação da fé do individuo, isto é, se ele diz crer em Cristo, é um cristão, não se questiona o conteúdo de sua fé.
Um outro aspecto a ser considerado é o seguinte: aquele que se propõe a compreender uma confissão precisa se aplicar ao estudo com dedicação e persistência. Eu, particularmente, passei pela seguinte situação: durante muitos anos estudei um aspecto particular da doutrina da salvação, a justificação. Eu conseguia comprovar ela pelo raciocinio, mas tinha dificuldade de adquirir convicção. Neste mesmo período sentia-me incomodado por um livro em minha biblioteca, sem saber ao certo qual. Um dia, anos depois, enquanto persistia na pesquisa, encontrei um livro que era de meu pai. Ao ter o livro na mão compreendi que seria ele a causa do problema. Naquele instante eu me lembrei que meu pai dissera, quando eu tinha por volta de 12 anos, o seguinte: "no dia que eu for injustiçado, vou usar este livro em minha defesa." Na época, sem ler o livro, disse comigo: "o livro deve ser bom, eu também vou usar". Mas eu nunca lera o livro. Fui ler então. Seu nome: Eu Acuso, de Dreyfus. A história era basicamente esta: um judeu inocente fora condenado injustamente. Na revisão do processo descobriu-se que o culpado era um católico frances. Para não trocar um "gentio" por um "judeu", manteve-se a sentença. O autor do livro ficou indignado, pois não concordava em um inocente morrer em lugar do culpado. Quando eu reconheci a tese deste livro, confessei ao Senhor e, no mesmo instante tive convicção da justificação em Cristo. O interessante é que, mesmo eu não sabendo da tese, aquela reflexão, quando pequeno, me impedia de ter convicção da justificação em Cristo.
Um abraço
Cezar

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Anônimo
AUTOR
6/8/13 01:06 delete

Caro Rev, Augustus

Será que o problema em questão não é devido ao fato de que a Reforma no Brasil seguiu um caminho diferente daquele iniciado pelos reformadores e também pelos puritanos?

Um exemplo disso é no que diz respeito a própria CFW de 1647 (a original) e também o abandono ao diretório de culto de Westminster, pois a reforma (ou reformados) que vemos no Brasil se parecem com qualquer outra coisa, menos com aqueles reformados (ou calvinistas, puritanos, etc...) do passado.

Não seria essa a hora de regressarmos as veredas antigas? (Jr 6.16)

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