[A entrevista abaixo foi elaborada por Elvis Brassaroto Aleixo e será publicada em breve na revista Defesa da Fé. Eu sei que já escrevi bastante sobre esse assunto, mas é que achei as perguntas bem diretas e relevantes.]
Defesa da Fé – O liberalismo teológico não surgiu do nada. Quais foram os acontecimentos históricos que preparam o caminho para o seu surgimento?
Profº Nicodemus – O liberalismo é, de muitas maneiras, um fruto do Iluminismo, movimento surgido no início do século 18 que tinha em seu âmago uma revolta contra o poder da religião institucionalizada e contra a religião em geral. As pressuposições filosóficas do movimento eram, em primeiro lugar, o Racionalismo de Descartes, Spinoza e Leibniz, e o Empirismo de Locke, Berkeley e Hume. Os efeitos combinados dessas duas filosofias — que, mesmo sendo teoricamente contrárias entre si, concordavam que Deus tem de ficar de fora do conhecimento humano — produziu profundo impacto na teologia cristã. Como resultado da invasão do Racionalismo na teologia, chegou-se à conclusão de que o “sobrenatural não invade a história”. A história passou a ser vista como simplesmente uma relação natural de causas e efeitos. O conceito de que Deus se revela ao homem e de que intervém e atua na história humana foram logo excluídos. A fé cristã histórica sempre acreditou que os milagres bíblicos realmente ocorreram como narrados. Milagres como o nascimento virginal de Cristo, os milagres que o próprio Cristo realizou, sua ressurreição física dentre os mortos, os milagres do Antigo e Novo Testamentos, de maneira geral, são todos considerados fatos. O teólogo liberal, por sua vez, e os neo-ortodoxos fazem distinção entre historie (história, fatos brutos) e heilsgeschichte (história santa, ou história salvífica), criando dois mundos distintos e não conectados: o mundo da história bruta, real, factível e o mundo da fé, da história da salvação. Temas como criação, Adão, queda, milagres, ressurreição, entre outros, pertencem à história salvífica e não à história real e bruta. Para os liberais e os neo-ortodoxos, não interessa o que realmente aconteceu no túmulo de Jesus no primeiro dia da semana, mas, sim, a declaração dos discípulos de Jesus que diz que Jesus ressuscitou. Assim, o que eles querem afirmar com isso é bastante diferente daquilo que a fé cristã histórica acredita. Na verdade, eles consideram que os relatos bíblicos dos milagres são invenções piedosas do povo judeu e dos primeiros cristãos, mitos e lendas oriundos de uma época pré-científica, quando ainda não havia explicação racional e lógica para o sobrenatural.
Defesa da Fé – O alemão J. Solomon Semler distinguiu a “Palavra de Deus” da “Escritura”, e esse é um dos princípios que norteiam o liberalismo teológico. O senhor poderia nos esclarecer um pouco mais sobre essa distinção?
Profº Nicodemus – Por detrás desta declaração de Semler está a crença de que a Escritura contém erros e contradições, lado a lado com aquelas palavras que provêm de Deus. Desta declaração, percebe-se também os pressupostos racionalistas do Iluminismo quanto à impossibilidade do sobrenatural na história. Partindo desses pressupostos teológicos, os críticos iluministas se engajaram na busca da Palavra de Deus que, supostamente, estava dentro da Escritura, misturada com erros e contradições. Essa busca se tornou o objetivo do método histórico-crítico, que é fazer a separação entre essas duas coisas, por meio da exegese “científica”, e descobrir a Palavra de Deus dentro do cânon da Bíblia. O subjetivismo inerente aos critérios utilizados para reconhecer a Palavra de Deus dentro do cânon fez que os resultados fossem completamente díspares. Até hoje, não existe um consenso do que seria a Palavra de Deus, dentro do cânon, reconhecida e aceita pelos próprios críticos.
Defesa da Fé – Quais são as implicações mais prejudiciais dessa diferença para o cristianismo?
Profº Nicodemus – O problema que os evangélicos e conservadores sempre tiveram com essa diferenciação e com o método histórico-crítico que surgiu dela é que ambos pressupõem, desde o início, o direito que o crítico tem de emitir juízos sobre as afirmações bíblicas como sendo ou não verdadeiras. Para os críticos liberais, interpretar a Bíblia historicamente significava, quase que por definição, reconhecer que a Bíblia contém contradições. Para eles, qualquer abordagem hermenêutica deixa de ser histórica se não aceitar essas contradições. Em resumo, concordar que a Bíblia não era totalmente confiável se tornou um dos princípios operacionais do liberalismo e de seu “método histórico-crítico”. Tal desconfiança se percebe, por exemplo, nas declarações de Ernest Käsemann, um dos críticos recentes mais proeminentes. Seu desejo é “distanciar-se da superstição incompreensível de que no cânon [bíblico] somente a fé genuína se manifesta”. Para ele, “a Escritura, à qual as pessoas se rendem de maneira não-crítica, não leva somente à multiplicidade de confissões, mas também a uma confusão indistinguível entre fé e superstição”. Essas declarações de Käsemann representam bem o pensamento liberal sobre a Bíblia.
Defesa da Fé – Em face disso tudo, quem é Jesus para os teólogos liberais? É Deus salvador?
Profº Nicodemus – Segundo Bultmann, um dos maiores liberais de épocas recentes, a única coisa histórica no credo apostólico é a declaração “Cristo padeceu sob Pôncio Pilatos”. As demais declarações são todas invenções da fé criativa da Igreja primitiva. O Jesus histórico foi uma pessoa normal, filho de Maria e, talvez, de José, que ganhou status de Salvador, Messias e Deus por meio da fé dos discípulos e, particularmente, de Paulo. Na realidade, segundo os liberais, Jesus teria sido um profeta, um contador de histórias, um lutador contra as desigualdades, um homem sábio, entre outras versões. Todas elas concordam, porém, que Jesus não era divino, não ressuscitou dos mortos e nunca se proclamou Filho de Deus e Messias.
Defesa da Fé – Há, também, a questão do mito fundante que afirma que Adão não existiu. Mito esse que, às vezes, tenta conciliar evolucionismo com criacionismo. Como o liberalismo lida com o livro de Gênesis?
Profº Nicodemus – Os liberais acreditam que a Igreja Cristã se perdeu completamente na interpretação da Bíblia através dos séculos e que somente com o advento do Iluminismo, do racionalismo e das filosofias resultantes é que se começou a analisar criticamente a Bíblia e a teologia cristã, expurgando-as dos alegados mitos, fábulas, lendas, acréscimos, como, por exemplo, os mitos da criação e do dilúvio e de personagens inventados como Adão e Moisés, etc. Por considerar os relatos da criação, da formação de Adão e sua queda como mitos, os liberais tratam o livro de Gênesis como uma produção da fé de Israel escrita com o propósito de legitimar a posse e a permanência de Israel na terra. Acreditam que Gênesis foi redigido em sua forma final no período do exílio babilônico, por um editor que colecionou e colou juntos relatos díspares sobre a criação, a história do dilúvio, etc. Por não considerarem histórico o relato da criação, os liberais são, por via de regra, evolucionistas. Alguns acreditam que Deus criou o mundo mediante o processo da evolução. Mas, no geral, descartam completamente a idéia de uma criação do mundo e do homem ex nihilo, do nada, pela palavra do seu poder.
Defesa da Fé – Em sua avaliação, o liberalismo pode ser apontado como um dos fatores responsáveis pela adesão às causas pró-homossexualidade que adentraram em muitas igrejas dos EUA e que já começaram a grassar no Brasil?
Profº Nicodemus – Sim, mas sem generalizar. Uma vez que a Bíblia é vista como reflexo da fé e da crença do povo de Israel e dos primeiros cristãos, e não como Palavra infalível de Deus, os valores e os conceitos que ela traz são vistos como culturalmente condicionados e irrelevantes aos tempos modernos, em que os valores são outros. Dessa forma, o que a Bíblia diz, por exemplo, sobre a prática homossexual, é interpretado pelos liberais como fruto da cultura da época, que não sabia que a homossexualidade é uma opção sexual, e também que as pessoas nascem geneticamente determinadas à homossexualidade. Em igrejas onde a ética da Bíblia é vista como ultrapassada, fica aberta a porta para a conformação da ética da Igreja à ética do mundo.
Defesa da Fé – Em que sentido podemos dizer que a teologia liberal promoveu o (macro) ecumenismo? O liberalismo chega a ponto de validar sistemas de crenças díspares do cristianismo?
Profº Nicodemus – Para o liberalismo clássico, inspirado por F. Schleiermacher, religião era simplesmente “o sentimento e o gosto pelo infinito” e consistia, primariamente, em emoções. A experiência humana marcava os limites do que se podia especular acerca da realidade. O essencial do sentimento religioso é o senso de dependência de Deus, que produz consciência ou intuição da sua realidade. Fé e ação eram coisas secundárias. O sentimento religioso é algo universal, isto é, cada ser humano é capaz de experimentá-lo. É esse sentimento que dá validade às experiências religiosas e que torna o ecumenismo possível. Uma vez que se entende que religião é basicamente o gosto pelo infinito, e que encontramos esse gosto em todas as religiões, temos aí a base para dizer que todas as religiões são iguais e querem a mesma coisa, diferindo apenas na maneira como pretendem alcançar esse alvo. O macroecumenismo é filho do liberalismo teológico.
Defesa da Fé – Considerando o ciclo da criação e recepção teológica (Europa, América do Norte e América do Sul), o senhor julga que o liberalismo pode ter decretado a decadência da Igreja evangélica na Europa?
Profº Nicodemus – Creio que esse seja um dos fatores, mas outros poderiam também ser apontados, como, por exemplo, a secularização da vida e da sociedade européia, o materialismo e o abandono dos princípios do cristianismo em todas as áreas da vida. Até mesmo igrejas que não são liberais têm dificuldade em se manter na Europa de hoje. Todavia, o liberalismo teológico é responsável pelo esvaziamento das igrejas históricas e tradicionais, mas não necessariamente pela secularização do continente como um todo.
Defesa da Fé – Já é possível mencionar alguns de seus efeitos mais notáveis na América Latina e, mais especificamente, no Brasil?
Profº Nicodemus – Sim, sem dúvida. Mas o liberalismo teológico que chegou em nosso país já chegou com formas e propostas diferentes, associado, por exemplo, com a teologia da libertação. Os cursos de teologia oferecidos em universidades seculares ou em universidades teológicas sem nenhum compromisso com a infalibilidade das Escrituras são a porta de entrada do liberalismo em nosso país. O que se percebe claramente é a busca, por parte dos evangélicos, da respeitabilidade acadêmica oferecida pela academia secular. Isso tem feito que o “evangelicalismo” submeta suas instituições teológicas de formação pastoral aos padrões educacionais do Estado e das universidades. Esses padrões, ao contrário do que se pensa, não são cientificamente neutros. São comprometidos metodológica, filosófica e pedagogicamente com a visão humanística e secularizada do mundo. Os cursos de teologia e ciências da religião oferecidos pelas universidades são, geralmente, dominados pelo liberalismo teológico e pelo método histórico-crítico. Com a busca acentuada por um diploma de teologia reconhecido, os evangélicos correm o risco de sacrificar seu compromisso com as Escrituras em troca de qualidade científica prometida e oportunidade de emprego.
Defesa da Fé – Muito dessa discussão permeou as denominações de confissão histórica. Seria correto afirmar que as denominações pentecostais ficaram isentas de problemas com o liberalismo?
Profº Nicodemus – Absolutamente não. Hoje, um dos maiores defensores do teísmo aberto em nosso país – ideologia que nega a soberania de Deus e a sua onisciência – é pentecostal. Por não terem investido, no passado, em uma boa educação teológica de seus pastores e obreiros, muitas igrejas pentecostais, hoje, têm um tremendo passivo teológico. Várias delas têm sucumbido ao liberalismo teológico quando enviam seus obreiros para serem preparados em cursos de teologia e ciências da religião comprometidos com o método histórico-crítico. Esses obreiros voltam para as igrejas com a cabeça completamente virada e, às vezes, não crêem em mais nada. Julgo que o liberalismo foi nocivo e atingiu tanto os tradicionais como os pentecostais.
Defesa da Fé – Falando, agora, sobre o fundamentalismo, em que termos essa corrente contribuiu para promover a apologética, na medida em que se opôs ao liberalismo?
Profº Nicodemus – O fundamentalismo histórico nasceu em defesa da fé cristã, ameaçada, na época, pelo liberalismo teológico. Portanto, o fudamentalismo foi um movimento apologético de defesa da fé, porque entendia que a tarefa da Igreja cristã era defender a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Nesse aspecto, é positiva a disposição de se lutar em favor da fé bíblica, identificando inimigos potenciais do cristianismo, como o liberalismo teológico, o humanismo, o evolucionismo e o “evangelicalismo”, que tem, gradualmente, abandonado a doutrina da infalibilidade da Escritura e adotado o ecumenismo e o evolucionismo teísta.
Defesa da Fé – Em sua análise, é impossível encontrar algum legado positivo do liberalismo à Iigreja evangélica?
Profº Nicodemus – Citaria que muitos estudiosos liberais contribuíram bastante para o avanço do nosso conhecimento acerca do mundo do Antigo e do Novo Testamento e para a nossa consciência da importância da cosmovisão oriental na formação do mundo dos autores da Bíblia. Liberais como Bultmann contribuíram para o estudo das religiões do período neotestamentário, quando do surgimento do cristianismo, embora suas conclusões sejam inaceitáveis para estudiosos comprometidos com a infalibilidade da Bíblia. Essas contribuições, todavia, ajudam a Igreja evangélica apenas indiretamente. Em termos de contribuição direta para a Igreja evangélica, a resposta é negativa. O liberalismo nunca plantou igrejas, nunca aumentou número de membros e muito menos a receita financeira das igrejas. Só conseguiu reproduzir outros liberais, os quais, por sua vez, precisavam, também, sobreviver. O liberalismo teológico sempre teve de achar um hospedeiro que pudesse sugar até que o mesmo morresse, drenado. O liberalismo sobreviveu muitos anos à custa do esforço missionário, do zelo expansionista e do sacrifício financeiro dos cristãos bíblicos, que fundaram igrejas, criaram organizações, ajuntaram fundos missionários e abriram escolas teológicas, e todas elas, depois, foram ocupadas pelos liberais. O liberalismo plenamente desenvolvido não fundou novas denominações, não abriu novas igrejas, não inaugurou novos campos missionários e não abriu novas escolas. Não conheço nenhum curso de teologia hoje nos Estados Unidos e na Europa que seja liberal e que funcione numa universidade que tenha sido criada por liberais. Harvard, Union, Princeton, Yale, Amsterdã, Oxford... todas foram criadas por conservadores das mais diferentes linhas. O caráter parasitário do liberalismo teológico se deveu ao fato de que os liberais não acreditavam em evangelismo e missões. Os liberais sugaram a herança organizacional eclesiástico-financeira de Calvino, Lutero, Wesley e dos puritanos.
Defesa da Fé – E o que dizer do fundamentalismo? O senhor mencionaria algo nesse movimento que consideraria prejudicial?
Profº Nicodemus – Sim, cito negativamente o fundamentalismo como movimento separatista do erro teológico como único meio de preservar a verdade cristã. Sob esse aspecto, o fundamentalismo crê que não pode haver associação com igrejas, denominações e indivíduos que neguem os pontos fundamentais do cristianismo. O separatismo nem sempre é o caminho para batalharmos pela fé histórica. O fundamentalismo nem sempre consegue conviver com diferentes opiniões, mesmo em questões que não afetam os pontos fundamentais da fé, e acaba tratando com desconfiança irmãos conservadores que concordam com os pontos fundamentais, mas divergem em outras questões. Penso que setores do fundamentalismo desenvolveram uma síndrome de conspiração mundial para o surgimento do reino do anticristo por meio do ocultismo, da tecnologia, da mídia, dos eventos mundiais, das superpotências, além de uma mentalidade de censura e apego a itens periféricos como se fossem o cerne do evangelho e critério de ortodoxia (por exemplo, só é bíblico e conservador quem usa versões da Bíblia baseadas no Texto Majoritário; quem não assiste desenhos da Disney e não vê Harry Potter).
segunda-feira, março 12, 2007
Liberalismo e Fundamentalismo Outra Vez
Postado por Augustus Nicodemus Lopes.
Sobre os autores:
Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.
O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.
O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.
31 comentários
comentáriosPastor Augustus,
Respondermuito boa entrevista! Parabéns!
Entendo ser válido sempre escrever, conversar ou mencionar sobre esse tema do liberalismo.
Muitas academias e seminários hoje são adeptos do método histórico-crítico e do liberalismo teológico e pode ter avanço significativo no Brasil, portanto, devemos sempre protestar pela Palavra de Deus. Como o sr. mesmo sabe, estudei em seminário com vários professores de orientação liberal, fazendo um mal enorme a jovens , em sua maioria de 20 à 30 anos, abafando a sua fé, crença e espiritualidade proporcionando obreiros em imensa crise hermenêutica para ministrar nas igrejas locais ou nos orgãos da denominação.
Charles Spurgeon deu uma boa definição para adeptos do método histórico-crítico, alegando que estes não tem nada a dizer a alguém no leito de morte (SPURGEON, Batalha da Fé, Shedd publicações).
Devemos orar para o Senhor levantar Spurgeons, Kuypers, Machens para defender a Palavra de Deus no Brasil frente ao liberalismo teológico.
Abraços,
Juan
Professor Augustus, só para evitarmos mal-entendidos: Bultmann entra como teólogo liberal se comparado às perspectivas históricas, conservadoras etc. Mas na classificação corrente, ele entre na categoria dos neo-ortodoxos, apesar de ter ido muito além de Barth, Brunner e outros. Concorda? É que muita se escandaliza com a classificação proposta pelo senhor. Besteira.
ResponderEu acho que podemos resumir este ponto da seguinte forma: de um lado, os cristãos que sustentam a alegação histórica da Bíblia; do outro, os que admitem que o cristianismo -- e a Bíblia de um modo geral -- é uma bela duma invenção que a gente consegue até tirar algum proveito se reinterpretar direitinho.
Uma ótima entrevista.
Grande abraço.
Caro Juan,
ResponderPois é, o liberalismo teológico, embora sempre reaparecendo sob diferentes formas, continua com os velhos pressupostos racionalistas do Iluminismo. É uma espécie de doença crônica do Cristianismo, que sempre existirá porque parte, salvo melhor juízo, da incredulidade latente da nossa raça decaída.
Um abraço.
Caro Nagel,
ResponderO Bultmann é considerado liberal mesmo, não neo-ortodoxo, apesar de que a melhor classificação seria de alguém com os pés nesses dois mundos. Como liberal, negou toda a historicidade do Novo Testamento. Como neo-ortodoxo, considerava que o Jesus histórico não tem inmportância, mas sim o Cristo da fé. Ele e Barth, que a princípio eram amigos e concordes, acabaram se desentendendo e em campos opostos.
Um abraço.
O meio de interpretaçaõ mais utilizado pelas igrejas historicas é o gramatico historico.
ResponderTem algum livro em bom português sobre este metodo ??
Caro Anônimo,
ResponderRecomendo os seguintes livros:
Jacob Van Bruggen, "Para Ler a Bíblia" (Casa Editora Presbiteriana, 1998).
D.A. Carson, "A Exegese e Suas Falácias" (Vida Nova, 1992)
Augustus Nicodemus, "A Bíblia e Seus Intérpretes" (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2004).
Gordon Fee, "Entendes o Que Lês?" (Vida Nova).
Paulo Anglada, "Introdução à Hermenêutica Reformada" (2006).
Um abraço.
Irmãos,
ResponderO método histórico-crítico é por vezes empregado pelos conservadores e fundamentalistas por exemplo quando tem de se tratar da Lei ( Torah)temos o mal costume de outorgar certos itens da lei como de fruto social e histórico do povo de Israel.
Os textos de Paulo sobre as mulheres 1Co 14:34 e 1Co 14:35 também são um belo exemplo de método histórico-critico empregado por anos na igreja pelos mais conservadores.
Enfim quanto ao pensamento liberal ele sempre existiu na igreja mesmo no tempo de Jesus a seita dos saduceus tinha aspectos de liberalismo visto que eram desprovidos da crença na ressurreição e do juízo.
Ec 1:9 O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.
Quanto a teologia da libertação não vejo com os mesmos olhos do Rev.Augustus apesar de admitir que realmente existem liberais dentro da TL contudo podemos encontrar tais de lote na IPB o que não faz a denominação em nenhum momento perder sua credibilidade.
Creio que alguns aspectos da teologia da libertação deveriam ser considerados pelas igrejas evangélicas visto sua herença burguesa de alienação politica assim como os exemplos das Cebs e das pastorais da ICAR e também não menos importante os trabalhos dos franciscanos da Toca de Assis.
Shalom......
Bruno
Prezado Bruno,
ResponderVocê disse que "o método histórico-crítico é por vezes empregado pelos conservadores e fundamentalistas por exemplo quando tem de se tratar da Lei ( Torah)temos o mal costume de outorgar certos itens da lei como de fruto social e histórico do povo de Israel".
Não há nada de histórico-crítico nessa abordagem. O método histórico-crítico diria que as leis de Israel nunca foram dadas por Moisés, mas foram inventadas por último, após os profetas e sacerdotes, durante o período do exílio. Eles costumam ler o AT "de cabeça para baixo" e negando sua historicidade e autenticidade. Os pressupostos do método H-C são de que o AT é fruto da fé dos judeus e da evolução da religião judaica. Os conservadores jamais teriam essa postura.
Você também disse "os textos de Paulo sobre as mulheres 1Co 14:34 e 1Co 14:35 também são um belo exemplo de método histórico-critico empregado por anos na igreja pelos mais conservadores". Francamente, não estou entendendo. O método histórico-crítico costuma dizer que 1Cor 14.34-35 é uma interpolação posterior ou uma criação de um imitador de Paulo, e portanto rejeita o texto totalmente. Quando aceita sua autenticidade, nega sua relevância em nome de seu condicionamento cultural. Já os conservadores costumam tratar o texto como autêntico e com validade para nossos dias, sem negar, todavia, que é problemática a sua aplicação.
Concordo com sua avaliação de que o pensamento liberal ele sempre existiu na igreja, a começar com os saduceus.
Sobre a TL, não nego que haja pontos positivos, como a consciência de que o pecado tem dimensões sociais e políticas e não somente individuais. O que eu quis dizer (e acabei não dizendo ou não sendo claro) é que a maioria dos proponentes da TL no Brasil usaram o método histórico-crítico de leitura da Bíblia, tanto no AT quanto no NT, para descontruirem a visão tradicional e histórica da história do povo de Israel e o Jesus histórico, e apresentá-los sob a perspectiva da libertação social. Quem leu Severino Croatto, os irmãos Boff, Richard Shaull, percebeu isso com clareza.
A presença de liberais e adeptos da TL dentro da IPB é pequena e portanto não chega a causar abalo na imagem da denominação.
Bruno, você disse que "alguns aspectos da teologia da libertação deveriam ser considerados pelas igrejas evangélicas visto sua herença burguesa de alienação politica". Essa generalização não é justa, ele cobre apenas as igrejas evangélicas recentes e aquelas de origem mais fundamentalista. As igrejas reformadas têm uma longa tradição de envolvimento com todas as dimensões da vida. Leia a obra de Biéler sobre O Pensamento Social de Calvino e depois leia dele mesmo A Força Oculta dos Protestantes. e para terminar, leia Kuyper, "Calvinismo".
Um forte abraço e obrigado por sua colaboração.
Nagel,
Respondera classificação de Bultmann como neo-ortodoxo parece que se da pela questão do movimento da neo-ortodoxia iniciar com Barth, Bultmann, Brunner, Tillich, Gogarten , Bonhoeffer (este ainda que mais novo e acompanhando mais de longe) e outros iniciaram a reflexão juntos. Depois se separaram e cada um seguiu o seu caminho (Tillich e Bultmann resgatando o liberalismo clássico. Barth tentando caminhar pelo paradoxo e etc....).
O que faz as pessoas se escandalizarem é o entendimento e sedução de que a neo-ortodoxia é salutar ao cristianismo. O problema é que são adeptos do evolucionismo teísta, não creem na inerrância bíblica e ainda que não seja professamente liberais, separam fé do ato histórico (Barth por ex. não acreditava em Adão e Eva como seres históricos , mas acreditava na trindade).
Eu entendo que a neo-ortodoxia tentou dialogar com o liberalismo presente e reafirmar crenças históricas, mas não foi coerente. Entendo que a neo-ortodoxia não é um bom cristianismo.
Bruno,
existe uma diferença entre método h.c, exegese e hermenêutica. O salmo 137 tem um estilo literário, o livro de atos outro. Sua colocação nada tem a ver com o método h.c (critica das formas, da redação, da tradição, etc....).
Pastor Augustus,
e bota doença nisso! E pela graça de Deus, a fé cristã histórica é a cura!
Abração!!!!!!!!!
Rev.Augustus
ResponderObrigado pelos esclarecimentos contudo então o problema da igreja não está na interpretação mais na questão do discurso e prática.
Quanto a lei creio que existe sim no cristianismo desde Marcião que cunhou o termo ``Velho Testamento ´´ uma tentativa de ``colocar´´ em oposição a lei( Moisés) e Cristo tal fato é refletido não só na maneira de intepretar ou colocar em prática na vida os textos bíblicos mais também nas traduções bíblicas para o português o que fatalmente é combustivel para os liberais.
Sobre o texto de 1Cor 14.34-35 conheço inumeros pastores tradicionais(conservadores)que creêm na historicidade na bíblia que entendem o texto como de autoria de Paulo mais assim mesmo acreditam em um certo condicionamento cultural tal qual fazem com a lei isso pode ser visto inclusive na prática comum de ordenações femininas na grande maioria das igrejas evangélicas inclusive no meio pentecostal.
Shalom.
P.S Reverendo costumo sempre acessar seu blog o qual gosto muito quando generalizo é para tratar de um forma mais radical do assunto.
Grande Bruno,
ResponderObrigado por seu apoio e assiduidade em ler nosso blog!
Agora, quanto ao seu comentário, Marcião foi condenado como herege e a tentativa dele de fazer um cânon dentro do cânon foi rejeitada. Quem costuma fazer a antítese entre lei e graça são os luteranos, seguindo a dica de Lutero. Já os reformados, entendem que a Lei de Deus tem valor hoje como indicação de que maneira podemos ser gratos a Deus que graciosamente nos salvou, e como martelo da nossa consciência endurecida pelo pecado.
Não somos salvos pela lei e entendemos que os seus aspectos cerimoniais eram simbólicos e típicos -- sendo portanto abolidos em Cristo, conforme Hebreus, Gálatas, Romanos, etc.
Quanto a conservadores que aceitam 1Cor 14:35-36 mas ordenam mulheres ao ministério, creio que é realmente uma incoerência. Concordo nisso. Mas isso não os torna liberais -- apenas conservadores inconsistentes.
Grande abraço.
Professor Augustus e Juan, entendi o ponto de vocês. Mas, digamos, essa questão de classificação é o de menos. Estou mais de acordo ainda com a reprovação das teses bultmannianas.
ResponderAbração.
Querido pastor Nicodemus,
ResponderEm primeiro lugar parabéns pelo blogger, e mais ainda pela entrevista.
É muito claro a preocupação das igrejas que professam a Bíblia como palavra de Deus em relação aos liberais.
É bem verdade que os seminários hoje em dia são perigosos, um amigo começou a estudar em uma famosa faculdade de teologia aqui no Brasil, entrou crendo e querendo saber mais sobre a Bíblia, saiu sem crêr na Bíblia e nem em Jesus crê mais.
É incrível como que as vertendes filosóficas invadem os púlbitos em volta do mundo e transformam as grandes catedras que espalharam o Evangelho para o mundo e agora são as chamadas igrejas mortas.
Prezado Rev. Nicodemos.
ResponderParabêns pelo artigo. Ainda que seja um assunto já tratado é sempre relevante, nos inspira a pensar sobre o tema, nos ajuda a entender a realidade que nos cerca.
Fui vítima do método histórico- crítico quando quis avançar nos meus estudos, fazendo um curso de mestrado. Não podendo fazer em um Seminário de linha Reformada, fui atraido por uma propaganda de um seminário muito conceituado aqui do Norte. Foram os piores anos de minha vida, quase perdi a fé, quase entrei num buraco sem fundo da teologia liberal, mas graças à Deus, o meu treinamento na teologia reformada evitou que eu afundasse, foi difícil, mas consegui.
Se pudesse aconselhar os jovens estudantes da minha geração, diria a eles: Prestem atenção onde vocês estão pisando, não se iludam o método histórico-crítico é pernicioso, não vale à pena.
Rev. João d'Eça
São Luís/MA
Caros Ateu de Mim, Silvia e João D'Eça,
ResponderO testemunho de vocês quanto ao caráter pernicioso do liberalismo teológico e do método histórico-crítico se soma a dezenas de outros que temos escutado. Tenho ouvido testemunhos de alunos que entraram em cursos de teologia onde há professores liberais e que acabaram por quase perder a fé. Os que não perderam poderão sair fortalecidos ou ficar marcados e cicatrizados para o resto da vida.
A incredulidade apresentada disfarçadamente sob a capa de academicismo e competência acaba por corroer fundo a alma e a mente. Eu senti isso na pele, estudando com professores liberais para meu doutorado na Holanda.
Um abraço.
Gostei da forma como explicou e clarificou algumas coisas. Discordei de um ponto, para mim é difícil encarar comunhão e trabalho com liberais, não digo que isso não possa acontecer, mas as bases são diferentes e os problemas irão exisitir.
ResponderDE qualquer modo, queria pedir-lhe um texto, aqui ou por mail, sobre adoração. É um dos assuntos sobre os quais me tenho debruçado e confesso que por vezes me faz confusão algumas práticas na igreja. Escrevi um pequeno texto sobre o assunto por ter comprado um livro de um autor, supostamente evangélico, que cai umpouco no liberalismo, mas me parece ir mais fundo (http://coisasinsignificantes.blogspot.com/2007/03/enter-worship-circle.html).
Um abraço de Portugal
Tiago Falcoeiras
Caro Pastor sou um leitor diário do blogger e o admiro como intelectual e defensor das Escrituras.
ResponderÉ correto afirmar que a Europa é o berço é braço forte do liberalismos?
Qual é a maior representação liberal no Brasil?
O que pensa o senhor a respito da universidade de Tubigan na Alemanha?
Me perdoe por tantas perguntas...rsrs
Eu estudo, com muita dificuldade, em um pequeno seminário. E o que mais me deixa feliz é o fato de que A Bíblia é a palavra de Deus, ou seja, a defesa da inspiração e sustentação das Escrituras da parte do próprio Deus.
Depois que tive contato, tempos atrás, com professores liberais, consigo hoje valorizar um simples seminário que me ensinará a ser pastor do rebanho de Cristo.
E é incrível que as vezes nos pulpitos da igreja apareca, uma vez ou outra, algum pregador de linha liberal.
Também acho interessante como que seus argumentos são dissipados pelos arguemntos Bíblicos. ortodoxos.
Caro Tiago,
ResponderFico feliz em saber que nosso blog tem sido de ajuda para você.
Eu já escrevi alguma coisa no blog sobre culto, veja http://tempora-mores.blogspot.com/2006/07/conselhos-um-jovem-pastor-sobre-o.html
Há muitos bons livros em português sobre o assunto, tanto aqueles mais conservadores, como os mais abertos.
Um abraço,
Meu caro Ateu de mim,
ResponderSim, a Europa foi o berço do liberalismo teológico. A Escola de Tübingen teve papel importante nisso, pois nela se desenvolveu a escola de religiões comparadas, que tratou a religião do antigo Israel bem como o cristianismo primitivo em comparação com as religiões da época, achando que eram imitações, adaptações, etc.
Abraços.
Reverendo Augustus,
ResponderAcho que a Teologia da Libertação já merecia um post só para ela, o senhor não acha? Não apenas pela influência que ela ainda tem no Brasil (a Campanha da Fraternidade da CNBB em 2007 está, de certa forma, ancorada nela) mas também pelos seus reflexos no evangelicalismo brasileiro. Se não for abusar demais, também gostaria de saber a sua opinião sobre a TLA (Teologia Latino-Americana) e sobre a teologia da Missão Integral.
Pois é querido Rev. Nicodemus, esse é sempre um assunto recorrente, creio que jamais deixará de ser, e é sempre importante lembrar-nos do danoso liberalismo teológico. Tenho dedicado alguns instantes do meu tempo pra estudar sobre isso, inclusive comprei o livro do "Machen", pra poder compreender um pouco mais.
ResponderMuito boa a entrevista.
Deus o abençõe.
Caro Helder
ResponderA Teologia da Libertação perdeu muito do fôlego inicial, depois da queda do comunismo e depois de Boff ter abandonado a TL e partido para escrever livros de auto-ajuda. Os remanescentes não têm mais o vigor de antes.
De qualquer forma, indico um artigo meu sobre o assunto, que pode ser lido nesse link:
http://www.mackenzie.com.br/teologia/fides/vol03/num02/Augustus.pdf
Abraços.
Caro professor Augustus,
ResponderO senhor disse que "Os cursos de teologia e ciências da religião oferecidos pelas universidades são, geralmente, dominados pelo liberalismo teológico e pelo método histórico-crítico. Com a busca acentuada por um diploma de teologia reconhecido, os evangélicos correm o risco de sacrificar seu compromisso com as Escrituras em troca de qualidade científica prometida e oportunidade de emprego."
Essa opinião consagra o principio que aceita que somente alguns deõs, com assentos nas academias, são capazes de estabelecerem os filtros necessários para não se contaminarem com ideologias contrárias aos ditames confessionais, portanto entende-se que os predestinados ao baixo clero devem ser mantidos a uma distância segura, em ambientes que assegurem o aprendizado hermético, que possibilite aos participantes apenas a condição de papagaios propagadores do discurso da confissão.
Atílio,
ResponderContinua sendo verdade o que eu disse, que os cursos de teologia e de ciências da religião oferecidos pela universidades brasileiras são, na maioria das vezes, dominados pelo método histórico-crítico, a ferramenta interpretativa do liberalismo teológico.
Todavia, as suas inferências não são justas quanto ao que escrevi. É você que está fazendo essas inferências. Elas são resultado da sua discordância quanto ao que eu disse sobre o liberalismo e de suas convicções contrárias à confessionalidade. Eu não disse que somente um clero privilegiado pode filtrar o que proventura seria prejudicial. E nem defendi o enclausuramento dos estudantes de teologia. Na verdade, meus estudantes são expostos ao método histórico-crítico e às alternativas, como o método gramático-histórico. Em locais onde predomina o histórico-crítico, isso é tudo o que os estudantes terão, não há espaço para outras possibilidades (liberais não são liberais com quem discorda deles).
Caro Dr. Augustus,
ResponderO conteúdo da entrevista me ajudou bastante. Este assunto tem nos atingido cada vez mais com maior frequencia. E precisamos estar atentos para discernir os tempos!
Aproveitando sua última resposta da entrevista gostaria de comentar o seguinte:
Tenho um filho de 3 anos. Sinceramente, eu não lhe dou liberdade para assistir os desenhos da disney e Harry Potter. Entendo que meu filho ainda não possui visão crítica para perceber que os princípios e valores dos autores destes filmes não condizem com as convicções de fé cristãs. Adicionalmente, eu também, não senti motivação alguma para assistir um destes trabalhos - talvez influenciado indiretamente pelo próprio fundamentalismo.
Como o senhor vê esta questão? Quais os cuidados necessários para exposição ou contato com idéias e práticas contrárias a DEUS?
Desde já agradeço pela atenção,
Éden
boa tarde
Responderdoutor augustus nicodemus
o que é o liberalismo teologico
qual a influência dele na teologia latino americano
o que é o metodo historico cristico
poderia me informar
grato lucas
Lucas,
ResponderHá vários posts no blog que tratam desse assunto, e respondem com precisão a sua pergunta. É só fazer uma pesquisa! :-)
Um abraço.
Caro irmão Nicodemus,
ResponderPreocupou-me a sua seguinte declaração:
"Profº Nicodemus – Sim, cito negativamente o fundamentalismo como movimento separatista do erro teológico como único meio de preservar a verdade cristã. Sob esse aspecto, o fundamentalismo crê que não pode haver associação com igrejas, denominações e indivíduos que neguem os pontos fundamentais do cristianismo."
Ué, e o senhor crê que pode?!
Que comunhão posso ter com alguém que crê, por exemplo, que Maria é o caminho e não Jesus. Ou como o Ecumenismo defende: todos os caminhos levam a Deus. Pode a Luz ter comunhão com as trevas.
Tenho sabido que Sproul, Stott, J. I. Packer, a exemplo de Billy Graham, descambaram para o politicamente correto ecumenismo.
Gostaria que o senhor esclarecesse melhor sua opinião a respeito.
[ ]'s
Sergio
Caro Sérgio,
ResponderEu creio em separação do erro, em termos eclesiásticos e institucionais, mas somente em último recurso. Há outros passos a serem dados antes da separação final. Temos vários exemplos históricos:
Nos Estados Unidos, os evangélicos que permaneceram na Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (PCUSA) formaram uma Aliança de Igreja Confessantes, que juntou presbitérios e igrejas conservadoras em torno de uma breve confissão de 3 pontos: infalibilidade da Bíblia, a condenação do homossexualismo e salvação somente por Cristo, pontos questionados pela denominação. As igrejas filiadas à Aliança não dão dízimo para a Assembléia Geral, não aceitam pastores e pastoras gays, e se mobilizam para lutar contra os liberais nos concílios da denominação.
A formação em 1905 na Holanda da "Gereformeerde Bond" (Aliança Reformada) dentro da "Igreja Reformada do Estado" (Hervormde Kerk) , que estava aceitando o liberalismo teológico.
Na Igreja Presbiteriana da Escócia, o número de pastores reformados era pouco mais de 3 ou 4 cerca de 30 anos atrás. Sob a liderança de David Searle (hoje, o líder é Andrew McGowan) decidiram permanecer na igreja, ainda que fossem uma insignificante minoria, usando duas armas, a oração e a pregação expositiva, preparando novos pastores que se simpatizaram com esta causa. Hoje reúnem um grupo de cerca de 400 pastores a cada ano para a reflexão sobre as marcas da Igreja de Cristo. Não obstante serem ainda minoria no contexto da denominação, existe grande esperança para que a Igreja da Escócia volte a ser o que John Knox desejou e orou em favor dela.
Antes de desistirmos e sairmos, devemos tentar o que for possível.
Um abraço.
Caro Professor,
ResponderIdentifico-me com a Teologia Reformada e aprecio seus artigos. Conheço socialmente o Pastor Solano. Pretendo visitar sua igreja em breve.
Contudo, acredito que na sua entrevista foi passada uma idéia que os fundamentalistas (que cá entre nós são geralmente Batistas independentes) estejam iludidos com conspirações.
Acredito que esse rótulo tenha sido uma das maiores armadilhas que Satanás tem usado para desacreditar estudiosos que descobrem seus métodos de atuação. Um dos grandes problemas da igreja hoje é o de conseguir relevância em relação aos problemas atuais da sociedade, e esses estudiosos conseguem claramente mostrar a relação dos ocultistas em diversos movimentos nas artes, cultura, economia, etc.
A teologia é sempre importante, mas ela hoje não é aplicada e entendida nas questões urgentes do dia-a-dia.
Como não ver o óbvio que Harry Potter seja um avanço do ocultismo na vida de nossas crianças ? Como fugir do fato que fundações de elite como Rockefeller e Ford estejam por trás do movimento pró-aborto no Brasil ?
Tenho estudado estes temas por quase dez anos e vejo que no Brasil engantinhamos em nosso discernimento em relação aos estudiosos dos EUA, enquanto as leis da mordaça, pró-aborto e outras devoram o país.
Um maior entendimento das ditas conspirações (que podem ser facilmente comprovadas em uma pesquisa básica) poderia nos ajudar em muito a defender os cristãos desatentos e validar ainda mais a nossa "alta" teologia no mundo de hoje.
Um grande abraço e que Deus o abençoe,
Marcos Dutra
marcos.dutra@gmail.com
Prezado Marcos,
ResponderObrigado por seu comentário. Não discordo de você quanto ao fato de que o reino das trevas se organiza e traça planos para destruir a Igreja de Cristo e a humanidade em geral. Nem discordo de que Satanás usa a cultura, a mídia, enfim, tudo o que existe, para levar adiante os seus planos.
O que eu tenho dificuldade em aceitar é a fixação dos fundamentalistas por algumas coisas em detrimento de outras. Será que é somente através de Harry Potter, da Disney, etc. que Satanás divulga suas idéias? Na verdade, TODA A MÍDIA está comprometida com conceitos humanistas, satânicos, anti-Deus. Para sermos coerentes, não somente deveríamos parar de assistir Harry Potter, mas nunca ir ao cinema, não ter televisão em casa (as opções hoje são quase nulas), não ouvir rádio, não ler nada a não ser a Bíblia e livros evangélicos.
Sou mais a linha de Paulo, quando disse aos coríntios o seguinte:
"Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros;
refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo." (1Cor 5.9-10)
É claro que Paulo não está dizendo que podemos e devemos viver em comunhão com os ímpios, mas sim que esse relacionamento é inevitável, já que vivemos no mesmo mundo, compramos nos mesmos mercados, usamos os mesmos carros, etc.
Assim, prefiro o caminho de examinar tudo, reter o que é bom.
Um abraço.