Neste mês de setembro de 2007 o sociólogo, erudito palestrante internacional e pensador Os Guinness, esteve proferindo conferências na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em Brasília e em São Paulo. Em uma das palestras ele apresentou a necessidade de ordem e paz no mundo como sendo um dos problemas cruciais da atualidade. Nesse sentido, chamou a atenção para o fato de que a quebra dessa ordem e paz nos legou, só no último século, cerca de 300 milhões de pessoas mortas: 1/3 em guerras declaradas; 1/3 em repressões políticas e 1/3 em função de violência étnica e religiosa. Assim, essa questão estaria acima até de outros problemas modernos, tais como a disseminação do HIV e a criminalidade desenfreada em nossas metrópoles.
De acordo com Os Guiness a busca de uma sociedade harmônica – ou a resposta à pergunta: “Como conviver com nossas profundas diferenças?” – têm se alinhado em três vertentes ou visões principais:
- O Universalismo Progressivo
- O Relativismo Multicultural
- A Aliança Cívica Plural
O Universalismo Progressivo seria o caminho advogado por aqueles que, partidários de forte ideologia ou crenças, procuram progressivamente universalizar o pensamento comum dos cidadãos. Essa busca pela universalização superaria até considerações éticas; os valores devem ser impostos; os métodos a serem aplicados seriam aqueles que funcionam.
Os Guinness aponta que muitos procuram incluir o cristianismo nesta vertente, mas isso é um erro, pois o cristianismo verdadeiro não se alicerça, se espalha ou se amplia por coação ou força externa, e sim por persuasão interna. A “espada” brandida por Jesus e seus seguidores é poder persuasivo da Palavra (Ef. 6.12 e Ap. 2.16) e não uma luta militar “contra carne e sangue”. O cristianismo de Constantino – que decretou pela espada a conversão de todos os habitantes do império, não é a expressão real dos proclamadores das boas novas, mas uma distorção. Reconhece-se, entretanto, que é verdade que ao longo da história outros movimentos sob bandeiras “cristãs” (como as Cruzadas) têm emulado essa mesma distorção.
Nessa categoria, do universalismo progressivo, na realidade, se incluiriam o comunismo, o islamismo, os movimentos étnicos e tribais geradores de genocídios na África (como o massacre dos Tutsis pelos Hutus, em Ruanda, que resultou na morte de 500 mil pessoas; e o massacre dos Zurgas, em Dafur, no Sudão, que resultou em um milhão de mortos, já neste século 21), e outros semelhantes. Certamente tal universalização por coação não é a resposta. A suposta “harmonia” gerada vem à custa da liberdade de consciência e da liberdade individual. As pessoas são reduzidas a meras peças de um jogo de xadrez no qual se busca a supremacia pela aniquilação do contraditório.
A segunda visão, o Relativismo Multicultural, se apresenta como sendo um caminho muito atraente. Esse ponto de vista está intensamente presente no mundo acadêmico e nas culturas ocidentais e é avidamente defendida pelos antropólogos. Ela parte da observação correta da existência de muitas culturas e especifica uma tolerância abrangente e eclética. Todos devem demonstrar tolerância às expressões da multiculturalidade, ou seja, aos valores e práticas específicas das diversas culturas, em suas áreas de manifestação, presença e influência.
Acontece que esse caminho pode ser até gerador de uma convivência harmônica, mas esta é tão somente aparente, pois traz em si um enorme perigo latente: é calcada em um relativismo ético e ausência de absolutos de tal forma que conclama as sociedades a fecharem os olhos ao mal explícito, rotulando suas ocorrências como legítimas, válidas e inquestionáveis expressões culturais.
O forçado “respeito cultural” e a tolerância multicultural que gera a tão solicitada harmonia, para que possamos conviver com as diferenças, vem ao custo, mais uma vez, da dignidade do ser humano. Ela acolhe situações e ações que, por serem “culturais” devem permanecer ocorrendo, mesmo quando são inequivocamente condenáveis e erradas. Um exemplo disso seria a aceitação acrítica da mutilação genital feminina (a Anistia Internacional apresenta uma lista de 28 países africanos onde ela é normalmente praticada). Sendo que essas “manifestações culturais” não somente não devem ser questionadas, como, por vezes, devem até ser “protegidas”. Ou seja, mesmo as pessoas de “outra cultura” que não possuem tais práticas, em prol da harmonia, devem se empenhar em defender a “liberdade” de quem as praticam. Tal harmonia sacrifica a ética inerente à própria humanidade.
A terceira visão e resposta à questão da convivência social com diferenças profundas é, o que chama Os Guinness de Aliança Cívica Plural. Ele esboça a metáfora de uma praça pública, na qual pessoas de diferentes persuasões, ideologias e opiniões se aproximam para o diálogo e o debate. No entanto, essas interações acontecem debaixo de uma estrutura na qual se reconhecem absolutos mínimos que regem a convivência e que protegem certos direitos básicos e inalienáveis das pessoas. Consequentemente, fica ausente a possibilidade de opressão e coação, enquanto que se garante a mais primária das liberdades: a de consciência, de crença, de exercício da fé.
Guinness pergunta, de que adianta termos liberdade de ajuntamento, se nada pode ser expresso livremente em tal ajuntamento? E ainda, de que adianta ter liberdade de expressão, se ao expressar você for condenado pelo que expressa, sendo subtraída a sua liberdade de consciência? Assim ele substancia que o livre pensar é a primeira das liberdades, apesar de segmentos da civilização terem considerado, erroneamente, as de ajuntamento e expressão como sendo mais importantes.
A nossa luta deve ser, portanto, pelo reconhecimento desses absolutos e pelo estabelecimento dessas regras de convivência, para que subsista harmonia real, ainda que com diferenças profundas de crença e ideologias. Essa Aliança Cívica Plural não significa a adoção de um “mínimo denominador comum” – onde as crenças e valores são reduzidos àquilo que todos acreditam, porque isso não respeitaria a liberdade de consciência e de pensar, nem seria uma visão realista que levasse em conta a profundidade das convicções de cada um. Não está sendo advogada a construção de uma sociedade amorfa, sem convicções. É, simplesmente, um reconhecimento que você tem direito de pensar diferentemente de mim, e eu de achar que você está errado, sem a sanção de coagi-lo a pensar como eu. Ao mesmo tempo; aquilo que é realmente bom (“o bem”) deve ser tanto bom para você como para mim – deve respeitar uma estrutura mínima de valores universais que se constituem a moldura e estrutura necessária à convivência civilizada. Tudo aquilo que ferir a dignidade da pessoa humana, não pode ser aceito nessa “praça pública” de debates. As idéias são apresentadas, debatidas e espera-se persuasão, convencimento, mas nunca coação.
Infelizmente vivemos em um mundo onde muitos estão envolvidos pelo Universalismo Progressivo e outros tantos com o Relativismo Multicultural – ambos ceifando vidas e fechando os olhos ao mal explícito que campeia na humanidade. Mentes lúcidas se dedicarão à construção dessa praça pública de debates. O verdadeiro cristianismo, pelo menos, deveria defendê-la e propagá-la na confiança da Soberania de Deus, que nos ensina a transmitir as boas novas e que nos ilustra, na história, como o evangelização foi abençoada onde floresceu a liberdade estruturada de consciência.
Não temos que concordar com tudo, nem que aceitar que existem apenas três avenidas para responder à pergunta da convivência pacífica e civilizada. Talvez existam quatro, cinco ou seis. Mas o importante é que Os Guinness nos faz pensar e, se somos honestos, temos que admitir que o que temos ouvido constantemente, quer na sociedade, mídia ou academia, nem é verdade inquestionável nem é necessariamente lógico. Existem outras maneiras de análise e outras respostas a serem dadas. De qualquer maneira, essa estrutura apresentada nos auxilia a algumas análises de situações que estão sendo correntemente discutidas. Em um próximo post gostaría de focar a intensa presença do Relativismo Multicultural no Brasil, especialmente à luz do debate corrente relacionado com o infanticídio praticado por várias tribos indígenas do nosso país.
29 comentários
comentáriosSolano,
ResponderExcelente postagem. Mais que um relato e resumo da palestra do Guinness, seu post interpreta e coloca mais fontes para consulta. É uma fonte rica para os que desejam realmente discutir e entender a questão do convívio com as diferenças sem deixar suas convicções de lado.
Parabéns!
Excelente texto. Coerente, técnico, direto. Parabéns ao autor.
ResponderJoel
Gostaria de ter assistido as palestras do Guinness. Tenho lido alguns materiais dele, e achei bem interessante, particularmente The Dust of Death. É uma mensagem que fariamos bem em ouvir o quanto antes.
ResponderCaro Senhor
ResponderMe chamou a atenção no seu texto, ou eu diria que ao lê-lo "caiu a ficha", e fiquei na dúvida quanto a interpretação de "espada".
Seria mesma a aplicação para o texto que diz "Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada..." Mateus 10.34
Desculpe se pensar que estou fora do tema do seu post.
Mas é também possível esta interpretação de espada para o texto acima?
Caso não seja, não seria meio incoerente buscarmos a paz pelas vias apresentadas no seu texto, uma vez que o próprio Jesus teria dito que enviaria soberanamente espada e não paz, e também que quando os homens encontrassem a paz humanisticamente construída, lhes "sobreviria repentina destruição..." ?
Fiquei na dúvida, não do seu texto, que gostei muito, mas do que Jesus teria dito quanto disse que veio trazer "espada".
Se puder me ajudar, desde já agradeço.
São raras as ruas aparições neste blog, mas quando acontecem, sempre relevantes.
Um abraço
Lamento profundamente não ter comparecido as palestras de Os Guinness, em virtude dos inadiáveis compromissos durante essa semana com a coordenação do projeto Minha Esperança, da Associacão Billy Graham, não me permitiram
ResponderMas pelo post anterior do rev. Augustus e por este que você acaba de publicar, percebo o quanto perdi!
Como você disse, é possível que haja quatro, cinco ou seis vias, mas as que Os Guinness menciona são predominantes no mundo atual.
Pretendo adquirir os vídeos assim que estiverem disponíveis.
Abraços.
Prezado Solano,
ResponderObrigado pela reflexão sobre a palestra do Os Guiness. Quanto ao seu último ponto, sobre o infanticidio, existe um projeto na câmara, do dep. Henrique Afonso, membro da IPB. Ele relatou que por este e outros projetos tem sofrido considerável perseguição partidária. A perspectiva dos antropólogos e sociólogos tem sido a de que qualquer interferência em outra cultura é invasão, defensores xiitas do relativismo multicultural.
abs
Mauro
Gostei muito também! Ia escrever algo parecido quanto às três cosmovisões humanas, mas agora vou remeter para cá.
ResponderO congresso foi excelente, pena para quem perdeu. ;-)
Abração aos Temporinos!
"Os Guinness aponta que muitos procuram incluir o cristianismo nesta vertente, mas isso é um erro, pois o cristianismo verdadeiro não se alicerça, se espalha ou se amplia por coação ou força externa, e sim por persuasão interna. A “espada” brandida por Jesus e seus seguidores é poder persuasivo da Palavra (Ef. 6.12 e Ap. 2.16) e não uma luta militar “contra carne e sangue”. O cristianismo de Constantino – que decretou pela espada a conversão de todos os habitantes do império, não é a expressão real dos proclamadores das boas novas, mas uma distorção. Reconhece-se, entretanto, que é verdade que ao longo da história outros movimentos sob bandeiras “cristãs” (como as Cruzadas) têm emulado essa mesma distorção".
ResponderMuito bem, professor. Mas será que o senhor também não enquadraria na categoria "distorção" a ditadura de Calvino em Genebra? Ou será que em casa de ferreiro (protestante0 o espeto é de pau?
Luciano Oliveira
Fui ao segundo dia de palestra do Dr. Oswald Guinness e apreciei muitíssimo sua palavra.
ResponderNa verdade, achei que o tempo escasso não permitiu uma abordagem mais profunda. No entanto algumas questões relevantes foram propostas sobre a questão da presença do mal em nosso mundo.
O que mais apreciei foi a iniciativa da Universidade Presbiteriana Mackenzie em propor um diálogo com o meio acadêmico, apresentando uma visão cristã consciente como uma via razoável de pensamento.
Algumas manifestações, claramente contrárias e ou cínicas, também tiveram lugar o que nos mostra que, muitas vezes os secularistas são radicais em não querer sequer que proponhamos nossa opinião.
Parabéns aos organizadores pela iniciativa.
Luciano Oliveira faria bem em pesquisar sobre Genebra no século 16 antes de escrever besteiras ou propagar caricaturas sem base.
ResponderGoel
Solano, muito obrigado pelo post. Tem bastante material para pensar, especialmente a Aliança Cívica Plural.
ResponderAbs
Franklin
Caros irmãos - Obrigado pelos comentários.
ResponderAugustus e Joel - Obrigado pelas palavras e pelo incentivo. A vinda de Guiness foi importante, como ponto de partida de várias discussões e um privilégio de ter em casa um dos principais discípulos de Schaeffer.
João Lemos - Realmente, "The Dust of Death" é um exclente livro. Alguns dizem que está superado, pois tratava das tendências da década de sessenta, mas não é verdade. Ele foi recentemente republicado nos Estados Unidos com um sub-título novo: "A contra-cultura da década de sessenta e como ela mudou a américa para sempre". Essa análise continua pertinente.
Solano
Caro Oliveira:
ResponderSua observação é perspicaz. Realmente a declaração de Jesus é intrigante, mas temos que perguntar:
1. Ele está prescrevendo um caminho ou fazendo uma declaração da realidade e imensidão da controvérsia gerada por sua pessoa e sua mensagem (John Stot escreveu um livro chamado - "Cristo, o agente de controvérsias")?
2. Qual o contexto no qual a declaração foi pronunciada?
3. Existem outras passagens que tratem da "espada" em um contexto mais prescritivo?
+1. Verificamos que, em Mateus 10.34 Jesus não está ensinando que ele vem arregimentar um exército de pessoas que sairão brandindo a espada, causando dissensão, mas que a sua vinda iria causar dissenções porque é impossível ficar-se impassível perante sua pessoa e mensagem. Não há neutralidade. Ele leva à crença nEle ou em sua rejeição como Mestre e Senhor da vida. Nesse sentido, famílias e amigos se dividirão - seguirão diferentes caminhos. Note que ele diz, no texto, que não veio trazer a paz. Mas não veio trazê-la nesse sentido, pois em João 14.27 ele diz: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou". Não há contradição, mas apenas mesmas palavras utilizadas em dois sentidos distintos (espada e paz), o que fazemos com frequência em nossa comunicação.
+2. O contexto reforça esse entendimento. Ele havia acabado de falar de crença, de "confissão" do seu nome. Não de luta carnal, mas do exercício da liberdade de consciência (teologicamente entendemos que essa consciência é libertada para a crença pelo Espírito Santo). A seguir ele continua indicando que existirão conflitos e dissenções, pois o reconhecimento do Mestre dos Mestres implica em devoção que está acima de todas as afeições e lealdades humanas - até aquela envolvida nas responsabilidades filiais. Note que ele fala de devoção, amor, e nunca de luta carnal, física (a não ser a possibilidade, bem real, de perseguição física aos crentes - com a espada (Lucas 21.24)- a qual realmente ocorreu e tem ocorrido ao longo da história, mas esta empreendida pelos Universalistas Progressistas, não pelos cristãos verdadeiros).
+3. Quando Cristo fala da "espada", no sentido real de instrumento cortante e penetrante, aos seus discípulos, ele o faz em relação a defesa (e não ataque - veja Lucas 22.36). Naquilo que mais se aproximaria de uma explosão de guerra religiosa - Pedro se contrapondo à prisão de Jesus - ele é instruído a reembainhá-la - veja João 18.11. Jesus indica, ainda, que os que vivem pela espada perecerão por ela (Mt 26.52 e Apo 13.10)- certamente não prescrevendo o caminho para os seus discípulos, mas dando um aviso aos violentos da terra (aos Universalistas Progressistas).
O ensino de Cristo coloca, portanto, a "espada" nas mãos das autoridades, para ser utilizada contra os malfeitores (Romanos 13.1-7) e não na mão dos seus discípulos para avançarem o Evangelho do Reino.
A colocação do Os Guiness não é contraditória ao ensino de Cristo. Ele não está esquecido que a paz, no seu sentido final e último, é trazida pelo abraçar das Boas Novas do Reino; mas está apresentando uma forma de convivência civilizada que, no longo prazo, resulta em maior respeito e dignidade às vidas formadas à imagem e semelhança de Deus. Nesse foro, alguns crerão, outros não, mas menos se matarão uns aos outros.
É algo semelhante ao que Paulo ensina a Timóteo, quando o ensina a interceder pelos governantes, para que "tenhamos uma vida tranquila e sossegada".
Ou seja, o fato de que o Evangelho gera perseguição e dissenção não deve nos levar a pedir que isso ocorra. A paz humana, por mais imperfeita que seja, é uma bênção de Deus. Se vierem as perseguições, virão na sabedoria soberana de Deus, mas ficamos, por vezes, indo além de nosso raio de ação, quando oramos por perseguição (como tenho visto alguns), em vez de orarmos e trabalharmos pela paz - mesmo humana.
Um abraço,
Solano
Cara Norma e Nepomuceno (daria um dupla caipira?) - Que bom que tiveram a oportunidade de estar em São Paulo. A Norma ainda fez parte de uma mesa redonda (que era retangular) com uma bela apresentação.
ResponderUm abração,
Solano
Pastor Geremias e Franklin - Quem sabe da próxima vez vocês conseguem estar conosco!
ResponderCaro Luciano - O Goel já andou lhe respondendo, mas acho que você está confundindo a história de Genebra com a das Cruzadas - alí a coisa era na espada e era por território, mesmo! E ainda tem gente que quer se vestir como eles, nos dias de hoje...
Solano
Caro Mauro:
ResponderPretendo mencionar o projeto do Deputado - um dos poucos que eu tenho em alta conta e que tem muita coragem - no meu próximo post, bem como essa atitude dos iluminados antropólogos governamentais.
A carta do Dr. Ronaldo Lidório, antropólogo, mas cristão verdadeiro, que eu linkei ao meu post, no final, tem várias informações sobre essa questão.
Um abraço e obrigado,
Solano
Caro Senhor
ResponderObrigado pelo seu tempo e pelos esclarecimentos.
Vou "mastigá-los"...
Um abraço
Olá Solano, obrigado pelo post.
ResponderCaro Reverendo,
ResponderUfa! Até que emfim , depois do massacre do Gondim e companhia, esse frequentadíssimo blog resolveu tratar do Como Conviver com Diferenças Profundas. Que bom que Deus presenteou-nos com gente como o Os Guinness.
"Massacre"? Eita. Que pena que o Atílio está demonstrando que não sabe Conviver Com Diferenças Profundas neste freqüentadíssimo blog, porque confunde tentativa de debate com "massacre". Estranho. Eu sempre achei que debates fossem as demonstrações mais altas de respeito às diferenças profundas...
ResponderMas Gondim nunca quis debater. Por que será?
Agora, é incrível como cada vez mais crentes estão aderindo ao politicamente correto! É o politicamente correto que manda ficar calado diante das diferenças. É o politicamente correto que não difere argumentação de agressão - quando vem do outro, claro. É o politicamente correto que vem chutando a porta dos outros com palavras fortes como "massacre" e depois sai choramingando e reclamando de "falta de amor" quando percebe a justa reação ao chute...
Ah, Atílio, livre-se desse ranço, vai!
Agora, em uma coisa eu concordo com você: sim, que bom que Deus nos presenteou com gente como o Os Guinness! Por exemplo, pergunte a ele o que ele acha do pensamento politicamente correto. Boa coisa, para ele, não é. Ele é conservador, algo que os evangélicos progressistas, como Gondim, deploram. Os mesmos, aliás, que adoram uma ditadurazinha cubana - você sabe, o tipo de governo em que há um respeito imenso pelas diferenças profundas! Um respeito que também tem o nome de "paredón".
Desculpe se não é seu caso, Atílio. Mas hoje quem mais fala em "conviver com diferenças" é quem apóia Fidel e Chávez. Tenho um medo danado dessas inversões...
Olá Pessoal
ResponderAo meu ver hoje, essa discussão a respeito de tolerância de opiniões, relativismo de pensamentos se transfere para um limiar bem complicado.
Muitas vezes confundimos politicamente correto com pessoas que deixam o confronto de lado, não por medo ou por "frouxidão", mas por consciência que hoje existem diversos tipos de verdades no mercado e que a geração de convencimento sobre um assunto é demasiadamente pequeno.
Quando confrontamos verdades não há escape, há uma tranferência para o âmbito pessoal. Pessoas se pegam pela internet. Por que digo isso...
Grande parte dessas verdades ou crenças tem uma origem em um conlito interno vivenciado pela pessoa.
Ou seja, há uma mescla entre verdades, crenças e individualidade.
A pessoa contrói uma crença e resolve seus paradigmas com base naquelas crenças. Isso na cristandade é muito comum, hoje principalmente, quando o fomento da verdade é realçada pelo próprio indivíduo.
Assim, quando colocamos uma crença em discussão, por mais simples que seja, a pessoa transfere para o âmbito pessoal. E a forma mais natural de defesa é a raiva, o rancor, tomar o oponente como sem razão, fundamentalista, etc etc etc. Por que ela vai se voltar contra ao arcabouço que ela criou para enfrentar o seu problema.
Já discuti diversos assuntos sobre teologia, e muitas vezes o confronto gerava mais problema e rancores do que uma simples discussão.
Não adianta falar que fulano esta errado, de modo que o confronto só vai reforçar o oponente. Ambos dizendo ao mesmo tempo: quero vencer o debate, e ele esta errado, eu estou certo.
A melhor maneira de ajudar a outra pessoa entender um possível erro dela e compreender o porque ela esta crendo daquela maneira, e fazer com que ela descubra a origem daquela crença. E muitas vezes é necessária uma abnegação.
No entanto, o fato de compreender o oponente, mesmo que vc não concorde com aquilo, já é visto como algo politicamente correto.
Consequentemente, os confrontos serão ad infinitum.
obs: Nossa Norma vc foi de Ricardo Gondim a Fidel Castro em duas linhas. Que estranho.....
Abraços
JP
é...
Respondero Atílio leu e não entendeu...
Goel
Atílio,
ResponderConcordo, Guinness é um presente de Deus mesmo. Ele nos impressionou pela sua firmeza de posições, pela abertura para entender o outro lado e pela coragem com que desmascarou o que há de errado no outro lado, sem xingamento, sem palavrões, e sem insultos, e sem se fazer de vítima.
Realmente, um exemplo a ser seguido por todos.
Ei, JP, você está precisando se informar mesmo, hein! A maioria dos esquerdistas apóia Fidel. Faz uma pesquisa informal para você ver.
ResponderAgora, é simples identificar como age o politicamente correto nas mentalidades hoje: chamar de "massacre" uma argumentação contundente é o fim da picada. Isso, sim, é que é levar para o lado pessoal. É o tal vitimismo que mencionou Augustus. Isso só poderia acontecer em uma época mergulhada nos vitimismos totalitários. Hoje, as pessoas até brigam para disputar o lugar preferencial da vítima!
Agora, acho que você nunca me viu debater de fato com comentarista porque, via de regra, quem chega para comentar nunca chega para debater. Meus momentos mais articulados de argumentação (com alguém, não nos textos) acontecem mesmo em listas de discussão ou pessoalmente, não no blog. Mas, se o outro leva para o lado pessoal, demonstra que pediu "arrego" ou que não sabe brincar. :-) Nesse caso, o que ajuda é mostrar para o outro o que ele está fazendo, ainda que isso possa deixá-lo com raiva. Simples assim.
P.S. JP, não era você que escrevia direto no meu blog? Por que parou? Parou por quê? :-)
O JP e o Atílio podiam deixar o Gondim de lado. Ou comentar no blog do cara. Coisa chata.
ResponderPorque não voltar ao texto que o Solano postou? Tem muita coisa interessante ali, extremamente relevante para nosso contexto.
Por exemplo, em que base se assenta a Aliança Cívica Plural (ou "contrato social")? O federalismo do século XVII ou o liberalismo político do século XVIII?
Parece que o modelo de Estado proposto por Guinness é o Estado mínimo, o estado liberal como preconizado pela direita, em oposição ao gigantismo estatal preconizado pela esquerda.
Por isso: como viabilizar a Aliança Cívica Plural em nosso país?
Goel
Caro Solano e Goel
ResponderQuanto à questão do modelo de estado, se liberal ou intervencionista, creio que este, sendo o modelo brasileiro, estamos rumando para o "universalismo progressivo". Jurgen Habermas, na obra " Mudança Estrutural da Esfera Pública" mostra que, a aprtir do surgimento e evolução da esfera pública, esta tem cada vez mais interpenetrado na esfera privada. è cada vez mais visível no Brasil a interferencia, ora do estado, ora dos chamados Conselhos Públicos na vida particular( querem ditar meu comportamento). por outro lado, o estado liberal, chamado protetor, que evolui para o estado democrático de direito, tem se mostrado mais alinhado com a aliança civica plural. Por exemplo: como lidar com a agenda gay se do ponto de um ponto de vista simplório não implica em nada para nós? Ou seja, o casamento homossexual deve ser permitido porque é um problema apenas moral? Claro que não o homossexualismo implica problemas maiores para a sociedade, embora eu vislumbre uma guerra perdida, pois a agenda gay vai ser implantada mais cedo ou mais tarde no Brasil, não posso me calar, preciso ter voz na ÀGORA.
Cleber Leite
Teresina-PI
Olá Norma
ResponderDe fato existem pessoas que levam numa boa uma discussão, mas em geral, mesmo no meio acadêmico, a coisa pode passar dos limites.
Norma, concordo com vc que quando há uma posição contundente, chamá-la de "massacre" pode ser excessivo, mas depende com quem esta se conversando.
Muitas pessoas tomam como massacre, pelo fato de tal ponto ciriticado ser de grande importância na vida dela.
Vou citar outro exemplo, se uma pessoa gosta muito de suas idéias Norma, e percebe que alguém teve uma argumentação mais contudente do que a sua, pode num momento de furor falar que aquilo foi injusto, que não teve sentido ou que pegaram pesado com voce. Falo isso não porque essa pessoa que gosta muito de suas idéias acha que foi vitimizada, mas porque ela tem um elo muito forte com suas idéias.
Obviamente que com isso não estou excluindo a questão do que é chamado "vitimização".
Isso no âmbito da igreja é muito comum e o pior, as vezes falta informação.
De fato existe uma forte correlação positiva entre os chamados "esquerdistas" e o apoio ao Fidel, mas o que não consegui entender direito naquele seu post, e de uma certa forma voce sugeriu que o Gondim compartilha das idéias socialistas da AL? Coisa que eu achei estranha.....mas posso não ter conhecimento suficiente para alegar isso.
Lembre-se em estatística estamos trabalhando com média, e associada a essa média existe uma distribuição.
Norma eu sempre entro no seu blog....vou começar a postar mais....
Pô Goel, no meu post anterior eu acredito que contribui de alguma maneira para essa dicussão sobre relativismo, idéias, etc. Fiz uma breve explanação, logicamente não tenho pretenção de esgotá-la. Mas voce focou somente nas últimas duas linhas, e com algo que não tinha ficado muito claro no post anterior da Norma...
Abraços
JP
Rev. Solano,
ResponderObrigada por nos brindar com sua divulgação da palestra do Os Guiness. Adorei o seu artigo.
Os Guiness falou: "pois o cristianismo verdadeiro não se alicerça, se espalha ou se amplia por coação ou força externa, e sim por persuasão interna". Essa colocação me fez lembrar-me de uma missão em Guiné Conacri, em que através da conscientização das mulheres Susus, os missionários obtiveram de algumas delas, recém convertidas, a promessa de não mais fazerem a mutilação feminina em suas filhas que serão geradas. Essa informação consta de um link do site da rádio transmundial.
Entendo que a questão do infanticídio de alguns povos da floresta do Brasil seja um pouco diferente daquela que envolve vários países da África, mas o que percebo que ambas têm em comum é o poder que um mito exerce sobre a vida de uma comunidade, que até cristãs africanas se submetem a ele pela dificuldade de superarem um tabu social. A obediência à tradição dá aos seus praticantes a sensação de pertencer a uma comunidade, não deixa que o cidadão se sinta perdido no mundo. Na África, os meninos e meninas só se incorporam aos grupos de adultos se passarem pelos vários ritos, entre os quais a circuncisão masculina e a excisão do clitóris entre as meninas. Mais do que um rito de passagem, esses 'verdadeiros sacrifícios' asseguram que os jovens se tornem imortais, incorporando-se emblematicamente a seus ancestrais.
Talvez se o que se pratica em algumas tribos indígenas brasileiras, com a complacência dos órgãos do governo, fosse amplamente divulgado no exterior, também ajude a mudar os rumos da história. Talvez, pois nunca se sabe qual será a reação dos povos. O que foi considerado interferência estrangeira nos assuntos do país, levou à circuncisão em massa de milhares de mulheres quenianas em protesto nacional contra a interferência estrangeira. O protesto teve lances dramáticos, como o corte genital de muitas meninas em praça pública.
A superação de um tabu social é tarefa demorada e, geralmente, quem quebra as nefastas correntes culturais de um grupo, paga, muitas vezes até com a morte ou na melhor das hipóteses, é vítima de discriminação e exclusão.
Link com mais informações: http://tilz.tearfund.org/Portugues/Passo+a+Passo+21-30/Passo+a+Passo+24/Circuncis%C3%A3o+feminina+O+que+devemos+pensar.htm
Em tempo: trecho do que foi divulgado sobre as cristãs Susus.
Responder"..11/01- LOUVEM A DEUS CONOSCO "Nestes dias aqui aprendi que a fé só de boca não existe. Minha fé em Jesus deve influenciar todas as áreas da minha vida... Só Deus pode me perdoar pelo mal e sofrimento que causei às minhas filhas. Agora diante de vocês e de Deus prometo que se este bebê que estou esperando for uma menina, não farei com ela o que fiz com as outras. O que fiz foi terrível..." Esta foi a declaração de uma mulher cristã que a pouco tempo fizera com que suas filhas fossem circuncidadas secretamente. Nos dias 11 e 13 tivemos uma conferência sobre circuncisão feminina para mulheres Susus. Dezenove mulheres (todas haviam passado pela cerimônia de circuncisão) falaram de suas experiências, e de como poderiam ajudar suas filhas impedindo que passassem pelo mesmo. É impossível descrever o que aconteceu durante as reuniões! Cadeias culturais foram quebradas e pudemos ver o que a Palavra de Deus e o poder do Espírito Santo podem fazer! O espírito de compaixão, união e solidariedade das mulheres foi algo impressionante! Vimos as mãos de Deus! Aleluia! Louvem conosco!..."
http://www.uniaonet.com/africa.htm