quarta-feira, novembro 28, 2007

Augustus Nicodemus Lopes

Pluralidade e Verdade -- Reflexões sobre a Universidade Moderna

A pluralidade é um dos conceitos ícones da nossa geração e uma das marcas da moderna Universidade.[1] A idéia de diversidade está presente na sua história desde o início, mas ganhou novas conotações depois do Iluminismo.

As universidades surgiram graças a diferentes fatores, como atender à crescente demanda de pessoas em busca de educação, o desejo idealista de obter conhecimento, a resistência ao monopólio do saber pelos mosteiros, a vitalidade das escolas mantidas pelas catedrais e o desejo de reformar o ensino.[2] Todavia, elas tinham um objetivo comum, uma mesma missão, que era a busca do conhecimento unificado que permitisse a compreensão da realidade.

Universitas, na Idade Média, era um termo jurídico que, empregado para as escolas, significava um grupo inteiro de pessoas engajadas em ocupações científicas, isto é, professores e alunos. Só mais tarde o termo viria a significar uma instituição de ensino onde essas atividades ocorriam. Essa designação já aponta para a tarefa que pessoas diferentes tinham em comum: a busca da verdade em meio à pluralidade de compreensões. Esse alvo requeria uma síntese das diferentes visões e compreensões de mundo, um campo integrado que desse sentido aos mais diversos saberes. O princípio subjacente à criação das universidades, portanto, era procurar as verdades universais que pudessem unir as diferentes áreas do conhecimento. Daí o nome “universidade”.

Quando as universidades surgiram, a cosmovisão cristã que dominava a Europa fornecia os pressupostos para essa busca da unidade do conhecimento. Hoje, essa visão de mundo é excluída a priori em muitas universidades pelos pressupostos naturalistas, humanísticos e racionalistas que passaram a dominar o ambiente acadêmico depois do Iluminismo. Tais pressupostos não têm conseguido até o presente suprir uma base comum para as diferentes áreas do saber. A fragmentação do conhecimento tem sido um resultado constante na Academia, como se as diferentes disciplinas tratassem com mundos distintos, diferentes e contraditórios. Lamentavelmente, hoje, muitas universidades viraram multiversidades ou diversidades, abandonando a busca de um todo coerente, de uma cosmovisão que dê sentido e relacionamento harmônico a todos os campos de conhecimento.

Conforme Allan Harman escreve:

As universidades em geral não mais possuem um fator integrador. A palavra universidade” tem a idéia de unidade de conhecimento ou de abordagem. Derivada Do latim “universum” refere-se à totalidade ou integração. Claramente o conceito era de que, dentro de uma universidade, havia aderência a uma base comum de conhecimento que interligava o ensino em todas as escolas.[3]

Edgar Morin, intelectual francês contemporâneo, percebeu corretamente essa fragmentação do conhecimento e da educação nas diversas obras que tem publicado. Para ele,

... o sistema educativo fragmenta a realidade, simplifica o complexo, separa o que é inseparável, ignora a multiplicidade e a diversidade... As disciplinas como estão estruturadas só servem para isolar os objetos do seu meio e isolar partes de um todo. Eliminam a desordem e as contradições existentes, para dar uma falsa sensação de arrumação. A educação deveria romper com isso mostrando as correlações entre os saberes, a complexidade da vida e dos problemas que hoje existem. Caso contrário, será sempre ineficiente e insuficiente para os cidadãos do futuro.[4]

É evidente que existe uma grande pluralidade ou diversidade no mundo. A criação de Deus é plural, a humanidade feita à imagem dele é plural, as culturas são plurais, as idéias são plurais. Há uma enorme e fascinante diversidade na realidade que nos cerca. Para nós, essa impressionante variedade da existência deveria ser vista como uma expressão da riqueza, do poder e da criatividade de Deus, em nada comprometendo nossa busca na academia por verdades absolutas e universais.

As dificuldades surgem quando se confunde pluralidade com relativismo radical e absoluto. Esse último nega os conceitos de unidade, igualdade, harmonia e coerência que existem no mundo, entre idéias, pessoas e culturas. O relativismo total pretende desconstruir o princípio implícito de verdade absoluta, de valores, conceitos e idéias que sejam válidos em qualquer lugar e a qualquer tempo. Nesse sentido, a pluralidade se confunde com o relativismo que domina a mentalidade contemporânea, sendo entendida como a convivência de idéias e concepções contraditórias que devem ser igualmente aceitas, sem o crivo do exame da veracidade e sem que uma prevaleça sobre a outra, visto serem consideradas todas verdadeiras.

A pluralidade, entendida como diversidade, é muito bem-vinda. A enorme variedade que caracteriza nosso mundo não anula de forma alguma a existência de verdades gerais e universais. Quando a pluralidade é entendida como relativismo absoluto, surgem diversos problemas de natureza prática, como, por exemplo, a dificuldade de se viver o dia a dia de forma coerente com a crença de que tudo é relativo. Mesmo os relativistas mais radicais são obrigados a capitular diante da inexorável realidade: a vida só pode ser organizada e levada à frente com base em princípios, valores e leis universais que sejam observados e reconhecidos por todos.

Concordamos com Edgar Morin quanto à sua percepção da complexidade da vida e da existência.[5] Não negamos a grande contribuição que ele e outros autores trouxeram à compreensão da complexidade. Todavia, entendemos que o reconhecimento de que todas as áreas de atividades e conhecimento são complexamente interligadas reflete um propósito unificado e uma origem única, apontando para o Criador. É evidente que essa interligação das partes com o todo, e vice-versa reforça a possibilidade de se buscar princípios e valores universais que permeiam e regulam o universo de conexões e aderências.

Apesar de muitos preferirem ser “uma metamorfose ambulante”, como o Raul Seixas, dificilmente o ser humano consegue conviver em paz com o relativismo absoluto. Existe uma busca interior em cada indivíduo por coerência, síntese e unidade de pensamento, sem o que não se pode encontrar sentido na realidade, um lugar no mundo e nem mesmo saber por onde caminhar. Acreditamos que este ímpeto é decorrente da imagem de Deus no homem, um Deus de ordem, de propósitos, coerente e completo.

Para muitos, o ideal do pluralismo de idéias no ensino significa simplesmente que a Universidade deveria ser o local neutro onde todas as idéias e seus contraditórios tivessem igualdade de expressão, cabendo aos alunos uma escolha, ou não, daquelas que lhe parecerem mais corretas. Todavia, conforme bem escreveu Robert P. Wolff, a neutralidade da Universidade diante dos valores é um mito.[6] É inevitável o posicionamento ideológico diante das questões da vida e do conhecimento. Esse ponto é inclusive reconhecido, ainda que timidamente, pela Lei de Diretrizes e Bases, quando define as universidades confessionais como aquelas que “atendem a orientação confessional e ideologia específicas.”[7]

Algumas universidades de orientação confessional cristã têm procurado desenvolver um modelo acadêmico em que a busca da verdade seja feita a partir da visão de mundo cristã em constante diálogo com a pluralidade de idéias e com a diversidade de visões e entendimentos. Não é tarefa fácil diante do mundo pluralista em que vivemos, a ponto de que alguns têm defendido que as próprias universidades confessionais desistam desse ideal.

Diante do quadro de fragmentação do saber e do relativismo que domina, em várias instâncias, a mentalidade universitária, afirmamos a existência, a realidade e a importância da verdade, de conceitos que são universalmente válidos em todas as áreas do conhecimento e da vida. Aqui, afirmamos as seguintes “verdades sobre a verdade":[8]
  1. A verdade é descoberta e não inventada. Ela existe independentemente do conhecimento que uma pessoa tenha dela.
  2. A verdade é transcultural. Se algo é verdadeiro, será verdadeiro para todas as pessoas, em todos os lugares.
  3. A verdade é imutável, embora a nossa crença sobre ela possa mudar. Ela permanece a mesma, o que é relativo é nossa percepção dela.
  4. As crenças das pessoas não podem mudar a verdade, por mais honestas e sérias que sejam.
  5. A verdade não é afetada pela atitude de quem a professa ou de quem a nega.

Reconhecemos a existência da diversidade, variedade, multiplicidade de idéias, conceitos, costumes, e que elas resultam dos diferentes ambientes vivenciais, experiências e culturas dos indivíduos. Todavia, questionamos a idéia de que pluralidade implica na total relativização da verdade, na dissolução do conceito de que existem idéias e valores absolutos, princípios e verdades espirituais, éticas, morais, epistemológicas universais.

Creio que o Cristianismo bíblico fornece o fundamento para a compreensão da realidade como um todo coerente, sempre levando em conta a fabulosa variedade da existência humana. A pluralidade, entendida como saudável diversidade, dentro de referenciais e sem a negação da verdade, enriquece o conhecimento humano e leva à melhor percepção de nós mesmos, de nosso mundo e de nosso Criador.

NOTAS

[1] O pluralismo de idéias é um dos princípios de ministração do ensino na Universidade, de acordo com o Art. 206, inciso III da Constituição Federal.
[2] Stephen C. Ferruolo, The Origins of the University: the Schools of Paris and Their Critics, 1100-1215 (Stanford University Press, 1985), pp.7-8.
[3] Allan Harman, “Vision and Reality: The Challenges Facing Christian Higher Education Today,” palestra inaugural na Universidade Presbiteriana da Coréia em 1998, pp. 24-25.
[4] Entrevista dada em dezembro de 2003, acessada em novembro de 2007 em http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/168_dez03/html/falamestre.
[5] A complexidade em Morin significa que nada existe isoladamente, mas que tudo está conectado, e que as coisas existem em relação a outras. Envolve o paradoxo do uno e da multiplicidade ao mesmo tempo. Cf. Introducción Al Pensamiento Complejo (Barcelona: Gedisa, 1994), p. 23.
[6] Robert Paulo Wolff, O Ideal de Universidade (São Paulo: UNESP, 1993), pp. 101-108.
[7] Lei de Diretrizes e Bases, Art. 20, inciso III.
[8] Norman Geisler e Frank Turek, Não tenho fé suficiente para ser ateu (Vida Acadêmica: São Paulo, 2004) p.38.

Augustus Nicodemus Lopes

Postado por Augustus Nicodemus Lopes.

Sobre os autores:

Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.

O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.

O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.

44 comentários

comentários
Anônimo
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28/11/07 23:50 delete

Rev. Nicodemus
Novamente o seu texto enriqueceu o meu entendimento, tenho ficado impressionada com as pessoas que se julgam superiores por terem um entendimento amplo em algumas áreas do conhecimento, julgam-se maiores que Deus. Geralmente são pessoas alto suficientes, tenho vontade de adquirir um conhecimento maior do que o que possuo hoje para poder me expressar melhor quando deparar com essas pessoas que defendem a sua visão cega sobre os assuntos pertinentes a soberania de Deus. Desfazendo-se da sua fonte de conhecimento maior, que são as Escrituras Sagradas, falo sobre esse assunto, pois, a debate que tive com um amigo do meu marido, (ele é diretor de uma universidade), e se julga um mestre no conhecimento, não quero me estender nesse assunto, quero dizer que foi muito bom ler esse texto. Gostaria de ter tido aulas com um professor como o Senhor, mas sou uma pessoa comum, que não sabe nem mesmo se expressar com belas palavras, embora tenha grandes sentimentos e uma enorme vontade de expressa-los. Por enquanto vou apreciando textos valiosos como os de seu blog, que tem me trazido bons ensinamentos.
Um abraço
Rosangela

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29/11/07 00:23 delete

Augustus Nicodemus:

Permita-me cumprimenta-lo por enderecar o tema da Universidade.

Antes de mais nada, quero dar uma de "advogado do diabo", se me permite a ma' palavra. Mas esta' errado supor que a universidade surgiu na Idade Media europeia, como um fenomeno novo na historia. A primeira Universidade e' bem mais antiga, circa 300 A. C., e ficava na cidade de Alexandria no Egito. Ela e' conhecida como Biblioteca ou como Museu de Alexandria. Alem de sua justamente famosa biblioteca, junto a ela funcionava uma verdadeira universidade. Nela Euclides lecionou matematica, e Arquimedes visitou-a e manteve correspondencia com diversos matematicos e astronomos da Biblioteca. Arquimedes costumava enviar o enunciado de suas descobertas, e desafiava os professores de Alexandria a encontrarem a demonstracao (sabendo que eles nao seriam capazes...)

Discordo de Ferruolo quando ele diz que entre os fatores do surgimento das universidades esteja a resistencia ao monopolio do saber pelos mosteiros. A palavra "resistencia" aqui sugere uma oposicao ativa entre as escolas monasticas e as nascentes universidades europeias. Todas elas eram fruto da unica instituicao europeia que mostrou um interesse consistente na preservacao e cultivo do conhecimeto, a saber a Igreja.Nao podemos datar exatamente o aparecimento das universidades de Paris e Bolonha, de Oxford e Cambridge, porque elas se desenvolveram durante um periodo de tempo - as duas primeiras como escolas mantidas pelas respectivas catedrais, as duas inglesas como reunioes informais de mestres e alunos.
Em oposicao `a universidade de Alexandria, as primeiras universidades da Europa nao dispunham em seus principios historicos de bibliotecas: colecoes de livros eram dificilimas de adquirir, basta lembrar que um volume ocupava 6 a 8 meses de trabalho de um monge para produzi-lo. Os livros que eram absolutamente necessarios para os estudantes eram tipicamente alugados e nao comprados.

Um fato que merece destaque, e' que em certos casos, que incluem Bolonha, Oxford e Paris, o grau de Mestre (Magister) concedido por essas universidades permitia ao recipiente desse grau ensinar em qualquer parte do mundo - ius ubique docendi. No final do seculo XIII, este ius ubique docendi era a caracteristica juridica de uma universidade, no dizer de Gordon Leff, Paris and Oxford Universities in the Thirteenth and Fourteenth Centuries: An Institutional and Intellectual History (New York: John Wiley and Sons, 1968), pagina 18.

Hereticus

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Anônimo
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29/11/07 10:17 delete

Olá, Rev. Augustus Nicodemus,
quero parabenizá-lo pelo excelente post e pedir para o senhor verificar uma informação que está registrada na NOTA 1: parece que o artigo correto da Constituição Federal é o 206 e não o 205.

Abraços,

Alberto.

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29/11/07 15:58 delete

Reverendo, recentemente descobri o blog e confesso que ele tem sido uma benção em minha vida. Tenho aprendido bastante! Os temas abordados pelos senhores são tão diversos, amplos, versados numa linguagem primorosa e acessível (infelizmente muitos não conseguem se fazer entender e isso é péssimo para os leitores!) e tudo sob uma perspectiva bíblica. Parabéns! Espero que os senhores continuem indefinidamente este trabalho e também sugerindo outras leituras, outros blogs cristãos reformados ou de orientação política conservadora (lamento que no Brasil não tenhamos um movimento conservador forte como o que existe nos EUA, embora este seja o perfil da maioria dos brasileiros...). Já comecei a divulgar o site para que outros possam acessá-lo também. Que Deus os abençoe e que os senhores continuem trazendo informação, conhecimento e Cristianismo para um povo sedento pelo saber! Amém!

Osmar Neves, Padre Bernardo-GO

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Anônimo
AUTOR
29/11/07 23:19 delete

Nicodemus:

relendo seu excelente ensaio, nao posso deixar de observar que ao cultivar a pluralidade, ou a diversidade como queira, a Universidade confessional que quer se manter fiel ao Evangelho de Cristo, enfrenta um desafio gigantesco. Como manter-se fiel `a verdade, num meio cultural onde o senso de desordem e o vazio de significado e' cada vez maior, ou pior ainda, a verdade e' substituida por uma ideologia a servico do ateismo? O Universo e' concebido como algo caotico e irracional, quando nao incompreensivel. Como Sartre declarou, o Universo e' totalmente absurdo e a vida carece completamente de significado. Como conciliar isso com o pensamento cristao segundo o qual o Universo nao e' caotico, mas ordenado e racional, e dotado de um sentido ultimo, pois foi criado por Deus de acordo com seus designios.

Ao renegar o papel central do Cristianismo, numa amnesia da historia auto-infligida, como vai a Civilizacao Ocidental, na qual estamos inseridos, ser capaz de repelir os ataques do Neo-Paganismo? Simone Weil, filosofa francesa, escreveu: "Nao sou Catolica, mas considero o pensamento cristao, que tem raizes no pensamento grego, e que no curso dos seculos nutriu a Civilizacao Europeia, como algo que nao podemos renunciar, sem nos degradarmos." Simone Weil era judia, e seu irmao Andre' Weil, esteve no Brasil lecionando entre 1945 e 1947. Andre' Weil foi um dos mais destacados matematicos do seculo XX, e a partir dos anos 50 integrou o Institute for Advanced Studies de Princeton. Conheci pessoalmente Andre' Weil nos anos 60, quando ele visitou rapidamente o Rio de Janeiro, mas ja' havia estudado seus textos de matematica superior. Guardo dele a impressao de alguem com tolerancia zero para a mediocridade e a ignorancia presuncosa. A sua opiniao a respeito da Universidade em geral era a pior possivel: "A Universidade e' o lugar onde perolas falsas sao jogadas para porcos verdadeiros". Em Princeton, junto com Einstein e com Kurt Goedel, estava livre de qualquer atividade didatica, pois os membros do Institute for Advanced Studies dedicam-se exclusivamente `a pesquisa.

Hereticus.

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Anônimo
AUTOR
30/11/07 06:32 delete

O texto do Rev., seguindo o seu gosto em falar de cosmovisão e relativismo aqui no blog, está ótimo, e eu concordo com ele em variados pontos. Todavia eu gostaria de fazer algumas críticas! :)

1. Extrapolando da humanas para o todo sem devidas precauções

Diversas idéias geralmente expostas aqui podem ter uma recepção - espero que muito boa! - por parte do público da área de humanas como sendo muito interessantes e bem ajustadas. Todavia, não são mais tão 'bem ajustadas' quando as transportamos para outros terrenos (e.g., a área de exatas). Ora, mas criticar o blog que diz ter "destaque a temas de religião, cultura e valores morais" - portanto, área de humanas - por emitir idéias justamente na área de humanas não é algo sem sentido? Sim, pode ser; mas o problema é quando lemos material que começa a divagar sobre as outras áreas também - "as diferentes áreas do conhecimento [etc] [etc] [etc]" - e segue com idéias que são projetadas, novamente, para uma bem-vinda recepção por parte das áreas humanas mas que no entanto podem ter faltas graves na leitura de outras. Ver próximo item pra clarear!

2. Não "isolar para estudo"?

"As disciplinas como estão estruturadas só servem para isolar os objetos do seu meio e isolar partes de um todo [o que é um erro e cria assim uma] falsa sensação de arrumação"

Eis aí o pensamento que eu tinha em mente quando escrevi o item anterior, pois essa afirmação tem um grande problema. Ela é totalmente oposta à receita científica que se segue, i.e., de (1) decidir o objeto, (2) isolá-lo para estudo, (3) observá-lo e (4) concluir. "falsa sensação de arrumação"? É por isso que inserimos uma variável a mais em muitas fórmulas, justamente representando "a soma dos outros fatores que ainda não dominamos mas que notamos existirem nos resultados observados". Isso, irmão, já foi muito moído e estabelecido. Alguém que diz "esqueça a idéia de isolar algo pra estudo, isso é burrice e gera falsas sensações" não pode ser levado a sério no âmbito da história da ciência. Creio não ser preciso discorrer mais ou dar exemplos que mostrem como justamente é o oposto dessa frase que se deve em tantos casos seguir. Releia o item 1 de novo agora :)

3. "Uma metamorfose ambulante"

Com essa frase, creio eu que alguns não se referem a um relativismo constante em suas vidas, mas à possibilidade de refinamento do seus conceitos, possivelmente com certas viradas. Por exemplo, de um cessacionista dizer "se um dia fosse convencido do contrário, mudaria de posição" - e no entanto não ser taxado assim pelos colegas de "bah! Você soa muito como relativista! Fixa logo residência nessa ilha do cessacionismo e pronto! Pra quê se incomodar?". Passados anos e anos, hoje aquele cessacionista, depois de ampla "busca pela verdade", de muitos estudos, já não o é mais aquele 'full' cessacionista que era. Sua atitude foi a de um 'relativista em crise de conceitos'? De alguém que "continuou com a sua velha opnião formada antes", 'fixou residência'? Ou foi a de um pesquisador que buscou cada vez mais o refinamento sobre essa área particular? Acredito que a busca/refinamento do conhecimento é um item que ninguém que tenha amor pela Verdade deva temer, mas muito pelo contrário, deve até incentivar, pois também disse o Logos encarnado: "Eu sou a Verdade" e "Eu sou o Caminho". Pois então por que alguém deveria ser interrompida por querer andar cada vez mais nesse caminho?

Um grande abraço pro rev. & colegas!

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30/11/07 09:38 delete

Caro Hereticus,

Obrigado pelos dois comentários e informações. Eu preciso confessar que meu interesse na Universidade e na academia que ela abriga é relativamente recente. Embora eu esteja bem familiarizado com o ambiente universitário (depois de ser aluno de Engenharia Elétrica e Desenho Industrial, e depois de Teologia em universidades nos Estados Unidos e Europa), sinto que tentar entender a história e a filosofia da ciência e do conhecimento é tarefa gigantesca. Minha tarefa em uma Universidade particular e confessional praticamente não me deixa outra alternativa senão entrar nessa área, ainda que engatinhando.

De qualquer forma, permita-me esclarecer minha posição em alguns pontos do seu primeiro comentário.

1) Como eu me refiro, conforme o tema do post, à Universidade moderna, penso que está correto dizer, como eu disse, que suas raizes estão na Idade Média. Embora o ensino superior exista desde a Antiguidade, a Universidade moderna teve suas origens na Europa do séc. XII, conforme a opinião mais aceita, e deve de fato a sua forma atual às universidades de Bolonha, Paris e Oxford, que surgiram durante o século XIII (embora essa data seja discutida, é verdade).


2) Continuo concordando com Ferruolo, cuja obra é clássica e reconhecida, quando ele se refere à essa tensão entre os mosteiros e as escolas. Todavia, esse ponto não é essencial para o argumento central de meu post, e posso deixá-lo sob judice.

No mais, obrigado pelas informações complementares que certamente enriquecerão nossos leitores.

Um abraço.

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30/11/07 09:41 delete

Alberto,

Você está certo, é o artigo 206 e não o 205, vou corrigir.

Obrigado!

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30/11/07 09:45 delete

Rosangela e Osmas,

Obrigado pelas boas palavras de incentivo e encorajamento.

Abraços!

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Anônimo
AUTOR
30/11/07 15:42 delete

Reverendo,

Gostaria de aproveitar para sublinhar a falta de neutralidade das universidades, conforme foi citado no artigo.

Isso é uma grande verdade. Tanto na universidade quanto na escola é possível embasar-se por exemplo no darwinismo via geração espontânea, mas embasar-se numa perspectiva de criação por projeto inteligente, jamais será possível já que não terás crédito algum mesmo esta sendo uma hipótese válida ou talvez até mais válida que a primeira. Isso vale para muitos outros temas.

A universidade hoje mais parece um tipo de Hollywood. Há um formato a seguir determinado pelos maiores, pelos que estão em maioria ou pela tendência da época. Saindo deste formato, perde-se todo o crédito.

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Anônimo
AUTOR
30/11/07 19:53 delete

Augustus,

gostei muito do texto. O tema Universidade é sem dúvida empolgante.

Desta vez sem resalvas, concordo em tudo que entendi e acho que entendi tudo!

De fato nas ciências administrativas examinamos a teoria geral dos sistemas fundada por Ludwig von Bertalanffy na década de 50. Sua ênfase está na interação das partes que formam um todo: sinergia.

Outra teoria administrativa importante é a das contigências, que apela para uma flexibilização de conceitos e paradigmas em função de fatores contigenciais. Isso não exclui todavia os fundamentos inabaláveis e verdadeiros das ciências sociais ou econômicas.

De alguma forma, desta vez, consegui enxergar melhor, aliás com muita clareza, no seu artigo as linhas divisórias daquilo que é relativo, sugeito a mudanças e aquilo que é absoluto e fixo.

Concordo com você também, que não adianta nada "ser uma metamorfose ambulante" e nunca chegar a ser a borboleta... gostei, porém, da resalva do colega que lembrou a parte da letra de Raul, "do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Esprimido entre esses dois largos extremos está sem dúvida um caminho melhor. Onde podemos ficar com nossas convicções já formadas e ainda assim tem matéria de sobra para mudarmos conceitos, ou revermos a própria realidade que também está em transformação: como lagartas que viram borboletas, água que se transforma em vinho, crianças que viram adultos, pobres que viram ricos e vice versa, petistas que viram psdbistas e vice-versa, pentecostais que viram reformados e vice versa, pessoas que se convertem ou que lamentavelmente abandonam a fé.

A diferença entre os verbos ser e estar no português favorece e muito esta flexiblização. Já no alemão com "seien" e no inglês com "to be" as conceituações ou adjetivações tendem a ser mais estáticas. O que você acha?

Abraços,

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1/12/07 05:23 delete

Olá Rev. Augustus -

Acho importantíssimo o combate ao relativismo desenfreado, e creio que as universidades cristãs devem se empenhar para exercer o seu papel nessa batalha.

Ao ler as suas afirmações sobre a verdade, fiquei pensando aqui com meus botões...

"A verdade é transcultural. Se algo é verdadeiro, será verdadeiro para todas as pessoas, em todos os lugares." e "A verdade é imutável, embora a nossa crença sobre ela possa mudar. Ela permanece a mesma, o que é relativo é nossa percepção dela."

Pois bem, como é que fica a verdade de uma afirmação como: "Oferecer animais como sacrifício a Deus é uma forma aceitável de culto." Ou outro exemplo: "Ir à guerra em nome de Jeová não quebra o sexto mandamento."

Podemos dizer que as afirmações não são universalmente verdadeiras, mas eram verdadeiras para um tempo e cultura específicos. No máximo, isso significa que certas verdades não são transculturais ou imutáveis.

Podemos escapar disto incluindo a cultura e o tempo na afirmação, negando a verdade da afirmação universal e afirmando a verdade da afirmação específica. No entanto, no mínimo, devemos estar alertas para o fato de que, para o povo de Israel, aquelas afirmações universais eram vistas como verdades absolutas.

Acho que reconhecer isso é importante para a comunidade reformada, pois uma das nossas tendências é confundir a verdade imutável e transcultural da Palavra de Deus com a nossa interpretação (muitas vezes em pontos menores) do que ela diz, ou de ignorar a possibilidade de verdades específicas para o nosso tempo e cultura (com os devidos ajustes aos postulados, incluindo tempo/cultura, etc).

Como o senhor resolveria este tipo de aparente inconsistência entre as suas afirmações sobre a verdade e os exemplos acima?

"As crenças das pessoas não podem mudar a verdade, por mais honestas e sérias que sejam."

Isto significa que não existam verdades sobre as crenças das pessoas (que mudam)?

Acho que precisamos sim de definir o que cremos sobre a verdade, especialmente em vista ao ataque relativista. Mas talvez seja um pouco mais complicado do que estes postulados aí.

Abraços,

David

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Norma
AUTOR
1/12/07 21:20 delete

Excelente post, Augustus!

Vou dar meu pitaco aqui. Acho que as considerações do David podem ser abordadas com a distinção entre relativismo e relatividade.

Relatividade é a capacidade de inserir os postulados em seus contextos, procedimento indispensável para se distinguir o universal do particular. É necessária instância de equilíbrio, quando, acostumados às teorizações, começamos a agir como se nosso olhar fosse o centro do universo e cometemos a idolatria de que podemos ser esse "olho isento e fora do mundo", que a tudo julga - algo obviamente apenas aplicável a Deus.

Já o relativismo existe como força de propaganda e persuasão, mas é proposta impossível desde o início: absolutizar a relatividade. Vale-se de uma lógica circular para afirmar o inafirmável - ou seja, que é uma verdade absoluta o fato de que não há verdade absoluta. Isso explica por que, no mundo moderno (a partir do século XVIII), houve um incrível aumento do número de teóricos que, a cada novo conjunto de teorias, pretendiam declarar inválidas teorias anteriores sobre o mesmo tema. Ou seja, cada qual se pretendia um novo "olhar isento fora do mundo". Isso se faz acompanhar de um notável desprezo pela tradição do saber: na filosofia, por exemplo, já existem linhas que ignoram ou declaram obsoletos autores que escreveram antes do século XVIII. Uma empáfia possível apenas em nossa era.

Por isso o relativismo moderno é um mantra persuasivo, mais que uma prática (que seria impossível): serve para encobrir os propósitos totalitários que dominaram todo o século XX em forma de guerras e matanças em proporções nunca vistas. De fato, Mussolini chegou a declarar que o relativismo era propício ao fascismo, já que anulava-se qualquer hierarquia de valores e cada idéia era abandonada a si mesma, dependendo de homens fortes para aplicá-la. Vence, assim, a idéia do que grita mais alto ou bate mais pesado.

Desconfiem: por trás de todo relativista se esconde um autoritário, consciente ou não.

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Anônimo
AUTOR
1/12/07 23:04 delete

Augustus Nicodemus:

Concordo plenamente com seu comentario aos meus 2 comentarios, em particular com sua afirmativa de que a Universidade Moderna tem sua raizes na Idade Media dos seculos XII e XIII. Com efeito, muitas das caracteristicas que atribuimos a uma universidade moderna tem sua origem na universidade medieval. Para identificarmos uma dada escola medieval como uma universidade procuramos por certas caracteristicas. Uma universidade possuia:

(a) um nucleo de textos requeridos, sobre os quais os professores lecionavam, adicionando seus proprios "insights";
(b) um programa academico bem definido, com duracao mais ou menos fixa de anos academicos;
(c) o privilegio de conferir graus academicos.

Naturalmente, esse poder de conferir graus academicos, tinha embasamento na sua "franquia" (em ingles "charter") de fundacao. Na epoca da Reforma, a Europa tinha 81 universidades estabelecidas; dessas 33 tinham franquia papal, 15 tinham franquia imperial, 20 tinham as duas franquias, e 13 nao possuiam franquia. (Dados estatisticos obtidos no verbete "Universities" da Catholic Encyclopedia, edicao de 1913. As universidades sem franquia haviam comecado espontaneamente, ex consuetudine.)
Uma universidade nao podia conferir graus academicos sem a aprovacao do Papa, ou do Imperador, ou de um Rei. Por exemplo, o Papa Inocencio IV concedeu oficialmente este privilegio para a Universidade de Oxford em 1254. Munido da aprovacao do Papa ou do Imperador, que (em teoria) possuiam autoridade sobre toda a Cristandade, o grau academico seria respeitado em toda a Cristandade; ja' um grau aprovado por um monarca (Rei) seria considerado valido apenas nos limites do Reino onde fora emitido.

Minhas consideracoes historicas visam apenas reforzar a ideia de que longe de ser apenas um periodo de ignorancia, supersticao e repressao intelectual, a Idade Media legou para a Civilizacao Ocidental uma de suas maiores contribuicoes intelectuais: o sistema universitario.

Fraternalmente,

Hereticus.

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2/12/07 00:02 delete

Norma, obrigado por tentar resolver a minha pergunta. Mas não sei se a distinção entre relativismo e relatividade soluciona o problema.

Afinal, existem ou não verdades que são (1) contingentes sobre uma cultura e/ou (2) contingentes sobre um certo tempo. Os meus exemplos acima me levam a crer que sim, existem.

Se isto é verdade, então as afirmações no artigo principal, que dizem que a verdade é transcultural e imutável precisam ser, no mínimo, qualificadas. Não estou fazendo uma apologia ao relativismo. Mas a nossa abordagem à verdade tem que verdadeiramente refletir a verdade sobre a verdade, senão fica fácil para o relativista achar "loopholes" para ignorar o universa-absolutista.

Responder
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2/12/07 00:43 delete

Anônima (acho que o "interrompida" da última frase traiu pelo menos seu gênero).

Você esqueceu de assinar seu excelente comentário, o que torna difícil para os leitores até identificar com quem estou interagindo. Mas, aqui vai minha resposta às suas críticas.

1. "Extrapolando da humanas para o todo sem devidas precauções" -- você não deixa de ter razão, precisamos de cuidado com extrapolações. Todavia, o próprio fato de que você sugere que nas humanas o pluralismo é válido e que isso não é necessariamente válido nas exatas prova meu ponto. Se as humanas são tão subjetivas, permitindo uma pluralidade absurda de entendimentos, porque a moderna academia as considera como ciência? Essa fragmentação e descompasso ente os fundamentos teóricos e a epistemologia das diversas áreas do conhecimento simplesmente comprova a falta de uma visão de mundo que unifique, integre, essas áreas.

Uma outra coisa. Tenho dúvidas de que nas exatas não exista espaço para subjetivismo e pluralidade. As diferentes teorias matemáticas, físicas e químicas parecem comprovar isso. Se fossem exatas mesmo, todos diriam a mesma coisa.

2. "Não isolar para estudo" -- a frase que você cita não é minha, é de Edgar Morin, que é citado no post. Eu tendo a concordar com ele. Portanto, acho que seu insulto a Morin, chamando de "burro", cai sobre mim também. Mas, acho que burrice é chamar os outros de burro, não acha? Sinal de arrogância. Bom, burro ou não, ccho que você está confundindo o isolamento do objeto de estudo, como parte do processo científico, com o isolamento das grandes áreas do saber, que é o meu ponto.

3. "Uma metamorfose ambulante" -- como usada por Raul Seixas, no contexto de sua música, a frase sugere uma pessoa em constante mudança, inclusive afirmando em seguida algo contrário ao que disse antes. É exatamente nesse sentido que usei a frase, para expressar o relativismo absoluto que impera hoje. Não creio que seja uma boa metáfora para o conceito correto de que nós crescemos e aprendemos e até podemos mudar de idéia. Não tenho medo de pesquisar e de aprender. O que temo é a idéia moderna de que a mente é uma boca sempre aberta, que recebe de tudo e nunca realmente se fecha para mastigar e engolir alguma coisa.

Sobre a história do cessacionista não entendi nada.

Obrigado pelo comentário.

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2/12/07 00:55 delete

Prezado Davi,

Que bom receber seu comentário. Sua indagação é muito perspicaz, porém creio que o exemplo que você apresentou não lhe ajuda muito. Pois a verdade absoluta não é que oferecer sacrifícios de animais a Deus é uma forma aceitável de culto. A verdade absoluta e transcultural é que só se pode chegar a Deus mediante o sacrifício de Cristo, o qual no Antigo Testamento era prefigurado pelo sacrifício de animais. Essa é a verdade absoluta, e não que sacrifícios de animais são agradáveis a Deus.

Da mesma forma, seu segundo exemplo é vulnerável. Pois a verdade absoluta é que Deus castiga os ímpios. Essa é a verdade absoluta e transcultural. No AT esse castigo era exercido por Deus contra os pagãos mediante a ação militar de Israel.

Mas sua observação me ajuda. Pois é preciso dizer que verdades absolutas e transculturais se expressam de maneira cultural e contextualizada. Aliás, defendo esse ponto no meu livro sobre Ordenação feminina, quando explico que o princípio absoluto que Paulo defende em 1Coríntios 11 é o papel de submissão da mulher cristã. O uso do véu no Antigo oriente, expressava esse princípio. Todavia, o véu nada significa para nós, ocidentais modernos.

Não julguei necessário fazer essa qualificação no post, não somente pela exiguidade de espaço, como também por fugir ao foco do tema.

Um abraço!

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2/12/07 00:57 delete

Hereticus,

Muito obrigado pelas informações complementares que enriquecem essa tema vastíssimo, que é a Universidade. Um grande abraço!

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2/12/07 01:02 delete

Norma,

É sempre muito bom ter sua visita ao nosso blog. Seus comentários são sempre muito benvindos.

Adorei sua reflexão e a maneira como você definiu relatividade e relativismo. O Davi não gostou muito, mas eu gostei. É que ele tem a mente analítica e rigorosa do pai, Solano, que persegue um ponto à exaustão.

Um abraço!

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2/12/07 01:26 delete

Rev. Augustus -

Já o levei à exaustão, na primeira resposta? Perdão. :)

"Mas sua observação me ajuda. Pois é preciso dizer que verdades absolutas e transculturais se expressam de maneira cultural e contextualizada."

A qualificação resolve sim o (aparente) problema. :)

Ao resolvê-lo, aponta um desafio: o de diferenciar entre a expressão cultural/contextualizada da verdade e a verdade universal em si.

Na transição de culturas e filosofias culturais (como a que estamos vivendo entre modernismo e pós-modernismo), a tensão aumenta entre as duas coisas (expressão contextualizada e verdade universal). Os emergentes reconhecem essa tensão, mas pendem para o relativismo (ou acham que não é importante falar sobre isso e vão discutir política).

Voto por um post pelo Sr. falando sobre 1) como reconhecer expressões modernistas da verdade vs. a verdade universal em si e 2) como expressar verdades universais no contexto/cultura pós-moderno. E não vale só falar mal dos emergentes! Já tem piromaníacos suficientes fazendo isso por aí...

Abraços,

- David

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2/12/07 05:23 delete

Caro Augustus, caro David,

sem dúvida com é dito no penúltimo parágrafo que "questionamos a idéia de que pluralidade implica na total relativização da verdade", deixa transparecer:

1) se somente é questionada uma total relativização da verdade, é aceita uma parcial relativização da verdade

2) a pluralidade implicaria nessa relativização parcial verdade

Se assim é, acho sábia a colocação do David. Pois certos valores éticos estão sujeitos ao tempo e espaço (cultural). Assim como valores puramente de percepções empíricas.

Para uns 20 graus já é frio, para outros já dá para dar um mergulho no mar. Para uns uma casa é bonita para outros de extremo mal gosto. Mas isso não anula valores universais: branco é branco, preto e preto e cinza e cinza, 20 graus não são 19 nem 21!

Examinemos agora questões éticas - sem dúvida muito mais complexas: o bem para um está em não beber ou não fumar, pois ele atrelou esses hábitos à insalubridade e à dependência física (vício). Para outro o bem está justamente no beber e fumar pois ele atrelou isso à camaradagem, amizade e comunhão.
A verdade científica estaria em achar respostas para as perguntas até que ponto bebida e fumo são realmente insalubres, viciam, unem indivíduos, proporcionam descontração? Veja somente medicina, sociologia, psicologia, economia, história sem citar outras poderiam responder adequadamente esta pergunta. Que aliás serviria de tranpulim para solucionar o indomável problema das drogas no Brasil.

Outro exemplo: Na Índia a mobilidade social deve ser muito difícil devido à tradição ligada ao sistema de castas. O mal para o ocidente está que isso contradiz o princípio moral de que todos seres humanos são igualmente dignos. Contudo na América do Norte ou do Sul e na Europa, pessoas são submetidas a situações desumanas por questões puramente econômicas (por serem excluídas ou terem que trabalhar como robôs sejam elas executivos ou trabalhadores braçais). Semelhantemente aqui a verdade estaria em responder à pergunta o que realmente traz dignidade às pessoas? Padrão social? Identidade? Liberdade? Então teologia, filosofia, economia, engenharia, agronomia e etc poderiam oferecer uma resposta que levariam por exemplo igrejas, empresas, escolas e estados a práticas mais consistentes e direcionadas.

Aliás este é um outro problema das universidades modernas o seu total distanciamento do mundo prático e real, ainda que se tente tanto e sempre uma aproximação...

E nós todos sabemos que é nessa aproximação da prática que as verdades tidas como absolutas e teóricas, ou se consolidam e aprofundam, ou se adaptam, ou são de fato descartadas como inúteis, ultrapassadas ou simplesmente falsas.

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Norma
AUTOR
2/12/07 21:20 delete

Hehehe, Augustus! Bom, como minha mente é mais filosófica e literária que analítica, com certeza deixei a desejar com relação à resposta ao David! ;-)

Gostei do que você respondeu. Apenas acrescentaria que, de todo modo, se aplicados aos princípios bíblicos, as diferenças entre verdade contingente e verdade absoluta podem ser bastante forçadas. Pois, como vemos nos exemplos citados por David e aproveitados por você, Deus se serviu de costumes para criar no povo judeu uma mentalidade que serviria à recepção da "plenitude dos tempos", ou seja, a vinda de Jesus e a compreensão do sacrifício vicário. Deus fez tudo de modo perfeito e completo e, nesse caso específico, não se pode exatamente falar em verdade contingente versus verdade absoluta, mas sim verdade contingente contida na verdade absoluta, impulsionando-a e servindo-a para que nossa mente finita e imperfeita pudesse recebê-la. Creio que é assim que Deus trabalha, sempre. Talvez fosse então mais útil considerar a existência de: mentira (antiverdades que obnubilam a verdade de Deus), verdade contingente (imagens temporais da verdade que ajudam a verdade) e verdade absoluta (verdade tal como é, atemporal).

Piorei as coisas? ;-)

Abração!

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Anônimo
AUTOR
2/12/07 23:25 delete

Burro?

Burro sou eu que tenho que ler umas duas vezes o que vocês escrevem para conseguir acompanhar.

Fiquei feliz em saber que existem pessoas que Deus chama para missionários em Bangladesh...

Num tempo em que as pessoas dizem ter chamada para o Canadá, USA, Austrália, e outros centros ricos do mundo.

Notável.

Sobre o véu, submissão da mulher, ordenação de mulheres, eu teria tantas perguntas... mas fica para quando nos encontrarmos no céu... um cálice do fruto da vide... ... debaixo de uma sombra da árvore da vida... e então teremos pelo menos uma fração da eternidade para responder minhas dúvidas.

Um abraço

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Unknown
AUTOR
3/12/07 03:20 delete

augustus nicodemus said:

"Uma outra coisa. Tenho dúvidas de que nas exatas não exista espaço para subjetivismo e pluralidade. As diferentes teorias matemáticas, físicas e químicas parecem comprovar isso. Se fossem exatas mesmo, todos diriam a mesma coisa."

Muito bom o reconhecimento do subjetivismo e pluralidade nas exatas! Por incrível que pareça, a maioria das pessoas ainda tem a visão do cientista como uma espécie de robô!

Entretanto, tendo a concordar com o anônimo que sua análise baseia-se mais nas ciências humanas. Até onde meu trabalho me leva, não tenho problemas com o relativismo como colegas de ciências humanas e sociais. Essa idéias de que tudo depende de interpretação não é um problema para nós. Há um livro, que o senhor deve conhecer, escrito pelo Alan Sokal, chamado (em inglês) "Fashionable nonsense" que expõe esse problema com bastante clareza.

A diferença principal do subjetivismo nas ciências naturais e sociais é que nas primeiras ele é limitado pelos experimentos e/ou observações. Se você criar uma teoria linda que não explica seus experimentos, terá que ignorá-la. Há muito pouco espaço para "achismos". Nas ciências humanas (que, concordo com o senhor, não são ciência coisa nenhuma), alguém pode publicar coisas absurdas e ainda ser citado e respeitado. O caso de Deleuze é bastante ilustrativo disso. São duas culturas completamente diferentes. Mais ou menos como C. P. Snow descreve em seu livreto "The two cultures" (apesar de antigo, ele continua incrivelmente atual).

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3/12/07 05:33 delete

Caro Augustus,

vou usar seu Post para responder uma pergunda da Norma do Post anterior de Solano, pois tem tudo a ver com a questão verdade x relativismo.

Primeiro quero comprimentar nossa amiga Norma, pois a diferenciação que faz sobre relatividade e relativismo é mesmo convincente. O que me faz retirar o que disse em outro Post de que Jesus era relativista. Sem dúvida Jesus, o Deus-Homem é a única verdade absoluta nesse e em qualquer universo. Tudo mais se reporta a ele.

Sua pergunta: Seria eu um socialista?

Qual é a verdade? Qual minha posição política? Sou ou não um socialista?

Achei conveniente trazer essa pergunta para este Foro pois aqui vejo o grande benefício do pós-modernismo, que nos seus relativismos, protege indivíduos da tirania das instituições absolutistas da modernidade. Concordo, ambos extremos são todavia ruins.

Para isso quero me valer do conceito ceteris paribus, que você, Norma, já citou como sendo o cuidado sábio da relatividade.

Para responder sua pergunta não há como escapar das relatividades que ela implicam:
a)Crer num evangelho que prioriza os pobres é ser socialista?
b)Se frustrar com a horrorosa distribuição de renda no Brasil é ser socialista?
c)e votar no PT?
d)e... votar no PSocialDB?
e)Crer na liberdade e na democracia é não ser socialista?

Veja que todas essas são questões puramente subjetivas, forçadas por uma outra objetiva.

Com toda certeza absoluta posso te afirmar que "sou" cristão, "sou" homem, "sou" casado. Mas não é errado dizer que "estou" casado. Poderia ainda te afirmar que conheço pessoas que "são" socialistas. Mas me dou a liberdade de afirmas que devido às variáveis listadas acima "estou" socialista, ceteris paribus.

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Norma
AUTOR
3/12/07 12:03 delete

Oi, Fraternus,

Vamos lá.

a)Crer num evangelho que prioriza os pobres é ser socialista?

Depende. O que é "priorizar os pobres"? Essa linguagem é capciosa. Posso "priorizar os pobres" reservando parte de minha renda a projetos em que acredito - por exemplo, a Missão Vida, que recupera mendigos, uma das coisas mais lindas que alguém pode fazer. Poucas coisas me emocionam mais que o relato de um ex-mendigo. Ou então, posso "priorizar os pobres" apoiando eleitoralmente um candidato que represente o ideal socialista, ou seja, que creia na centralização de renda nas mãos do Estado para sua melhor distribuição. A história provou que a segunda maneira de "priorizar os pobres" não funciona: apenas deixa a todos pobres, retirando do povo a dignidade que consiste no ir-e-vir, no direito de propriedade, na liberdade de expressão.

b)Se frustrar com a horrorosa distribuição de renda no Brasil é ser socialista?

Depende. Defina "distribuição de renda", outra expressão capciosa. Se o Estado precisa distribuir renda como o pai precisa ser igualitário com sua herança entre os filhos, bom, discordo totalmente dessa atribuição. Não podemos legar ao Estado o papel de "pai"! O Estado é um ser abstrato, que não ama, composto por seres humanos pecadores que, se não tiverem seu poder limitado, abusarão fatalmente de sua autoridade. De fato, isso resume toda a tragédia socialista.

c)e votar no PT?

Se você não é socialista por votar no PT, o que é então, já que o próprio PT não esconde de ninguém que pretende a revolução socialista no Brasil? Isso é alienação.

d)e... votar no PSocialDB?

Socialista também, embora pose de light. Não acredito no socialismo light.

e)Crer na liberdade e na democracia é não ser socialista?

Liberdade no socialismo? Hahaha!

Fraternus, você precisa de leitura conservadora. Recomendo Paul Johnson, uma leitura deliciosa: Tempos modernos. Só para começar. Sei que quem está acostumado com os autores esquerdistas queridinhos da academia pode estranhar, em um primeiro momento, uma leitura conservadora. Mas é uma descoberta maravilhosa: nos conservadores que costumo recomendar, não há novilíngua (ah! leia Orwell, 1984), mas clareza de linguagem; não há ocultamento dos fatos, mas enfrentamento da realidade; não há utopia enfeitada de belos sentimentos, mas consciência dos limites da ação humana e do que pode ser feito; não há destruição da tradição, mas respeito ao passado; não há inversão de valores (aborto, homossexualismo, relativismo), mas a reverência a Deus (nos conservadores tradicionais) como o impulsionador e juiz das conquistas humanas.

Tenta ler, vai. Não dói, você vai ver. E, se você resolver que "é" socialista de fato, isso vai ajudá-lo a ter mais argumentos contra os conservadores. Por enquanto, não adianta falar do que não conhece.

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Anônimo
AUTOR
3/12/07 16:39 delete

Oi

Lembrando de George Orwel, sugiro também a leitura do "A Revolução dos Bichos".

"... no final já não havia mais diferença entre porcos e homens..."

Mas... é claro que vocês já devem ter lido.

Um abraço

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Anônimo
AUTOR
3/12/07 17:17 delete

Oi Reverendo!

Gostei da boa percepção do senhor com relação à "interrompida" e suas deduções, até achei engraçado aqui! :)

Bem, achei boa sua resposta em vários pontos, mas num em especial não me agradou. Sobre esse, espero uma consideração final sua pra que fique tudo bem, ok? rs..

A) Com relação ao "isolamento do objeto de estudo x isolamento de área de saber", o senhor poderia dar algum exemplo pra ser mais específico? Possivelmente um exemplo *bem prático* típico na vida de um estudante universitário, que tal? Seria de grande valia para o seu argumento; mal posso esperar.

B) Com relação ao "cessacionista", sua resposta mostra que entendeu a raiz da questão, então sem mais aqui :)

C) Agora, vamos ao ponto que fiquei triste :(, não com raiva, porque do senhor não posso nunca ficar com raiva, mas apenas triste, ainda que temporariamente.

O senhor fez uma interpretação errônea do que o que eu quis dizer. Não chamei ninguém de "burro", mas justamente considerei que se alguém (de modo geral, ok?) falasse que o método científico (tal como comentei antes, de "isolar objeto pra estudo etc.") era burrice, essa pessoa não poderia ser levado a sério pelos tantos cientistas que tivemos em nossa história que usaram - pasmen - justamente esse método. Revendo minha frase original (copiei pra ca):

'Alguém que diz "esqueça a idéia de isolar algo pra estudo, isso é burrice e gera falsas sensações" não pode ser levado a sério no âmbito da história da ciência.'

Perceba que a palavra "burrice" é o termo que esse alguém usa pra falar do método científico, e não que eu usei pra designar essa pessoa, ok? Veja agora sua resposta:

'seu insulto a Morin, chamando de "burro"'

O que é uma pena o senhor ter interpretado que eu o chamei de "burro". Depois de infelizmente ter acontecido essa interpretação, o senhor se sentiu ofendido:

'cai sobre mim também'

E então aqui ocorre algo mais triste ainda, essa réplica sua a mim:

'burrice é chamar os outros de burro'

Por fim o senhor desfere o atributo final:

'Sinal de arrogância.'

Reverendo, me perdoe se em algum momento o senhor me considerou uma pessoa "de arrogância", tá? Confesso minha tristeza aqui, mas também minha alegria com os pontos que considerei legais em sua resposta.

Abraços para o rev. & presbiterianos do blog!

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Anônimo
AUTOR
3/12/07 21:24 delete

As universidades são a luz em meio à escuridão: quando a sociedade mergulha em trevas, são elas que mantêm a lâmpada acesa.
É o que está acontecendo hoje na América, onde elas compõem oprincipal bastião de resistência ao fascismo vigente em Washington.

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4/12/07 09:43 delete

Prezado Augusto,

Pois é. As universidades são luz em meio às trevas. Mas, como disse Jesus, "caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!" (Mt 6.23)

Sobre o "fascismo de Washington", reflete a visão típica da esquerda.

Mas, sem dúvida, não há que se negar o papel importante das grande universidades na formação das idéias e no avanço do conhecimento através da história, embora isso não a torne santa, perfeita e isenta de erros.

Abraços!

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4/12/07 09:49 delete

Anônima,

É uma pena que você insiste em se esconder atrás do anonimato.

Não me convenci. Dizer que uma pessoa comete burrice, para mim, é muito perto de achá-la burra.

Veja sua arrogância. Pretende saber com certeza que eu entendi seu ponto sobre cessacionismo -- o qual continuo sem entender o que isso tem a ver -- ao mesmo tempo que diz que eu não entendi seu ponto sobre a burrice.

Fica difícil lidar com uma anônima que sabe tudo. Portanto, até outra vez.

Um abraço.

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Anônimo
AUTOR
5/12/07 10:18 delete

Augustus

Tenho uma impressão particular sobre o subjetivismo nas "ciências humanas". É fácil não perceber os fatos sociais e humanos, tão difíceis de definir de nodo útil. Mas também é fácil fingir não percebe-los. Digo fingir, para si e para os outros. É muito desagradável desenvolver uma idéia, se apaixonar por ela, publica-la, e ver sua contestação. A tendência do ser humano é mascarar seus fracassos com jogos de palavras.

Noto que a imprecisão implícita às ciências humanas não justifica TODO o festival de erros grosseiros que vemos por aí. A vaidade humana explica. Penso que poderíamos saber muito mais sobre os assuntos humanos, com a capacidade mental que temos. Mas a insegurança psicológica dos pesquisadores nos impede.

Aprendiz

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5/12/07 11:01 delete

Amigos,

Houve diversos comentários e contribuições muito bons, pelos quais agradeço a seus autores. Perdoe-me pela interação fraca e ausente, por motivo de trabalho pesado aqui na Universidade.

Abraços!

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Anônimo
AUTOR
5/12/07 11:02 delete

Augustus e Anônima

Acho que vocês estão perdendo tempo com essa questão de alguém ter chamado o outro de burro. Augustus, acho que você se pegou a um detalhe desimportante, pois me parece que ela nunca deve a intenção de denegí-lo. Desculpe entrar em assunto que não é meu.

Quanto à afirmação específica de Morim, suponho que discordo dela (se é que eu entendi direito). Não é possivel o estudo sem alguma estruturação e divisão. Existe o tempo de separar e o tempo de voltar a juntar. O erro está na falta do segundo.

Fraternus,

Veja o que penso sobre o socialismo: É a ideologia que crê que a melhoria das condições econômicas do povo terá necessariamente de trazer consigo um grande aumento da intervenção estatal na vida das pessoas, com grave perda de liberdade, valor da vida humana, destruição da hierarquia dos valores morais e fim objetividade (possível) do pensamento, subordinada aos objetivos políticos.

Esta não é a definição que a maioria dos socialistas daria. É retirada dos atos reais dos socialistas, não necessariamente de seus discursos.

Esta ideologia não esta de acordo com os fatos. Os regimes que mais gravemente se insurgem contra a liberdade, moral, direitos humanos e verdade, são os que mais miséria e fome provocaram. Veja os exemplos extremos do Kmer vermelho, Coréia do Norte, China e URSS.

Você talvez falará de "socialismo democrático". Isto me parece apenas uma chicana para iludir mais gente. Se você votou no PT, com certeza se espantou com a sua "atual" queda pelo totalitarismo. Não se espante, isso estava no script.

Aprendiz

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5/12/07 14:11 delete

Caro Aprendiz,

De fato, o assunto não é seu. Mas, agradeço a sua preocupação, observando o seguinte.

1) O assunto é importante, sim. Aqui no blog temos colocado como regra que os comentários devem ser respeitosos sob pena de não publicação. Eu pelo menos cheguei a essa conclusão depois das dezenas e e dezenas de insultos que nos chegavam, de pessoas anônimas. Como você aparentemente é novato nos comentários aqui, deve ter perdido essa fase, que gerou inclusive um post meu sobre o assunto: "Por que seu comentário não foi publicado".

2) Acredito que a anônima não tinha intenção de denegrir ninguém. Geralmente nenhum de nós tem. Mas, às vezes somos infelizes nas colocações, e precisamos nos desculpar por elas.

3) Por fim, comentar sob o nome de "Aprendiz" é também anonimato. E portanto, peço que passe a identificar-se, se não se incomodar.

Um abraço!

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Ailsom
AUTOR
5/12/07 14:26 delete

Meu comentário não é sobre o post, mas sobre o "Mapa de Procedência" que o blog possui. Quando se clica no mapa para ter mais detalhes, a página que aparece tem uma propaganda sobre uma "estampa benta" do "Sagrado Coração".
Uso este mapa no blog de nossa igreja também, mas resolvi tirar o link que apontava para estas propagandas. Agora ao clicar não acontece nada.
Pode ser exagero meu, mas me incomodava isso.

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Ailsom
AUTOR
5/12/07 14:35 delete

Se quiser dar uma olhada no blog de nossa igreja, o endereço é http://ipcentralcamara.blogspot.com

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5/12/07 17:57 delete

Caro Augustus,

Gostei tanto deste Post que vou deixar pra outra ocasião a continuidade do debate político ideológico.

Vou ressaltar outro aspecto:

Você diz acertadamente que “em nada comprometendo nossa busca na academia por verdades absolutas e universais”.

O problema que vejo no meio protestante é passar da simples busca para uma imposição de crenças, na base da marretada, seja por parte de professores ou alunos evangélicos. Uns são mais sábios em expor suas convicções, outros infelizmente não.

Nas universidade podemos colher pessoas preciosas para o Reino: Olhai os brancos Campus. Daí o tato, a simpatia e um bom jogo de cintura ajudam. Às vezes é melhor perdermos certos debates para ganhar amigos. Sem evidentemente com isso negarmos nossas convicções e crenças.

As universidades cristãs sejam católicas ou protestantes tem um papel importante e responsabilidades maiores ainda. Todavia me conformei em Lavras ao saber que o missionário presbiteriano americano que fundou a hoje UFLA, acabou passando-a para o estado. Pois não seria nos “campus” confecionais neutros que temos maiores desafios e por isso maiores potenciais de testemunho da verdade?

Abrçs,

Roger

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6/12/07 00:28 delete

Tenho visitado seu blog e captado as idéias mais importantes, ecoando-as nos artigos que posto no meu. A lucidez é abençoada e profunda, o vislumbre do escritor aos Hebreus 5:14.

Visitem http://daladier.blogspot.com - Reflexões Sobre Quase Tudo

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Anônimo
AUTOR
7/12/07 16:22 delete

caro pastor Nicodemus, como não sei outra forma de lhe escrever escolhi esta. Gostaria de dizer que estamos usando o seu livro A Bíblia e sua familia na nossa EBD. REsumi os capítulos e fiz uma apostila. Gostaria de pedir sua autorização para fazê-lo e distiribui-lo e se não seria interessante fazer um formato para Revista de EBD em face da importancia do conteúdo. Talvez a CEP edite ou outra editora

rrsantana@hotmail.com

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Anônimo
AUTOR
7/12/07 19:04 delete

Nicodemus

Gostaria de fazer um sugestão. Nós não socialistas, não temos um único partido político. Todos os partidos atuais no Brasil tem em seus "ideais", conceitos socialistas, ou alguma influência destes. Não seria a hora de surgir uma alternativa? A internet é um bom meio para interação entre pessoas muito distantes. Talvez esta seja a hora.

Aprendiz

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21/12/07 16:18 delete

Irmão há principio quando me converti, ou melhor, dizendo, quando fui convertido pelo Senhor ao Senhor deixando de lado a Teologia Arminiana e abraçando a Teologia Calvinista, há principio, sem compreender precisamente todas as implicâncias dessa verdade que para mim era nova, porém que avia me dominado, me encantado de tal maneira, enfim... sem compreender a IPB eu o critiquei e não somente o Sr. mas também os demais irmãos lideres presbiterianos. Certa vez me atrevi, naquela minha estupidez da qual me arrependo a enviar-lhe um email, e pelo que me lembro fui muito agressivo com o irmão. Naturalmente o irmão não respondeu! Pois bem, com o passar do tempo fui obtendo uma maior maturidade através de estudos o ouvindo palestras, experiências no dia a dia, enfim, ouvindo especialmente muitas palestras do Sr. que se encontra no site monergismo.com do nosso irmão Felipe fui pouco a pouco aprendendo a admira-lo e a entende-lo. Compreende claramente que se a Igreja no geral se encontra enferma, por assim dizer, não devemos por isso culpar os lideres de maneira generalizada, pelo contrario, devemos nos aproximar e conhecer melhor e ver que realmente há àqueles que realmente se importam que realmente são fiéis e que tem feito o possível para o progresso do Reino, que são poucos, são integrantes do remanescente de Deus, aprendi que devemos amá-los e respeitá-los. Sei que pode parece estranho, mas desde o email agressivo que citei acima, quando lendo, ouvindo e vendo o irmão ministrado isso me pesa no coração, me pesa na consciência saber que um dia fui tão arrogante com o Sr. Portanto peço perdão em Nome de Jesus. O irmão não precisa responder se não quiser, pois sei que és muito ocupado, pois já creio no teu perdão e já me sinto mais aliviado com esse pedido de desculpas, pedido esse que relutei tanto e por muito tempo em produzi-lo e enviá-lo por. Um grande abraço.

Flávio Teodoro


Obs. Deixei essa mensagem aqui porque não tenho mais o email do irmão; imaginei que aqui a leria com certeza.

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21/12/07 23:38 delete

Prezado Flávio,

Louvo a Deus por sua vida. É claro que está perdoado! Deus continue a abençoá-lo e a fazê-lo crescer mais e mais na fé! Um grande abraço!

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Norma
AUTOR
22/12/07 13:52 delete

Não pude deixar de dizer: um pedido de perdão sincero como esse é um verdadeiro presente de Natal! :-)

Feliz Natal aos temporinos!

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