segunda-feira, novembro 30, 2009

Augustus Nicodemus Lopes

Impressões de Portugal

Neste mês de novembro de 2009 tive a oportunidade de ser um dos palestrantes na 9ª. Conferência FIEL para pastores e líderes em Portugal (foto). O encontro foi no Acampamento Batista em Água de Madeiros, ao norte de Lisboa e no litoral. Participaram cerca de 50 pastores e líderes, alguns com a esposa. Além de mim, falaram Stuart Olyott, pastor batista reformado do País de Gales, e mais dois, os quais enfocaram as 9 marcas de uma igreja saudável defendidas por Mark Dever.

          Embora o número de participantes tenha sido pequeno (tem se mantido nessa faixa com os anos) é na verdade uma das maiores conferências evangélicas em Portugal, para vocês terem uma idéia do tamanho das igrejas evangélicas e particularmente das reformadas naquele país. A bem da verdade, não havia somente pastores reformados – acho até que eram minoria. Havia vários de origem pentecostal. Menos de 1,7% da população de Portugal se considera evangélica. As igrejas são pequenas e esparsas. E naturalmente não faltam igrejas neopentecostais, que já criaram problemas inclusive com o governo em questões de dinheiro.

          As impressões que tive do tempo que passei neste belo país – que não merece algumas das piadas infames que fazemos com seus habitantes – são estas.

1. Tanto Portugal quanto a Espanha rejeitaram a Reforma protestante. Hoje, estão entre os países mais pobres da União Européia. A porcentagem de crentes na Espanha é ainda menor. Países onde a Reforma floresceu se desenvolveram muito mais em todos os sentidos. Apesar disto, Portugal não é um país atrasado, mas com certeza não se parece com seus primos ricos europeus.

2. Muitos pastores brasileiros que estiveram em Portugal, de denominações diferentes, não causaram uma boa impressão nos portugueses. Ao que parece, despertaram a desconfiança e a rejeição. As causas foram várias, pelo que pude perceber, desde mercenarismo até mau caráter. Hoje as igrejas evangélicas em Portugal têm talvez mais brasileiros do que portugueses. A população portuguesa continua largamente intocada pelo Evangelho de Cristo. Um certo dia de manhã, quando estava com a minha esposa tomando um café com pastel de Belém numa mercearia em Lisboa, ouvimos alguns portugueses contando histórias e piadas de pastores pentecostais em Portugal enquanto tomavam uma cerveja. Detonaram todos os pastores em geral!

3. O Catolicismo Romano vem diminuindo a cada ano em Portugal. Há cerca de dez anos, de acordo com o censo oficial, mais de 90% dos portugueses se declaravam católicos. Hoje, estes números estão na faixa de 70%. Mas, os portugueses não estão largando a Igreja Católica e abraçando a fé evangélica. Estão engrossando a fileira de ateus e agnósticos que cresce bastante na Europa, ou simplesmente se tornaram totalmente indiferentes para com religião em geral e o Cristianismo em particular. Esta indiferença vale para todas as religiões. Há somente uma mesquita em Lisboa, pelo que me contaram. Eu a vi e achei enorme. Mas, como o Stuart Olyott me disse, no Reino Unido e na Europa, os filhos dos muçulmanos não são tão radicais como os pais. A grande maioria deles deseja ocidentalizar-se, trabalhar e estudar, tomar sua cervejinha e ver jogo de futebol como os demais britânicos. Sinceramente, espero que ele esteja certo.

4. O trabalho de grupos para-eclesiásticos como a FIEL é muito bem vindo para apoiar as igrejas pequenas e os pastores sem recursos. Todos os anos a FIEL traz centenas de livros que repassa a preços baixos a estes pastores. Agora também disponibiliza recursos em áudio e online. A Conferência FIEL é um oásis para muitos destes pastores, que aguardam o evento o ano inteiro.
Quem sabe um dia um poderoso avivamento espiritual irromperá neste país tão simpático, mas tão fechado para o Evangelho, trazendo muitos portugueses ao conhecimento salvador de Cristo?


          Por fim, ali tive a oportunidade de encontrar vários irmãos portugueses e brasileiros que freqüentam este blog, aos quais mando nossa saudação.
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sábado, novembro 21, 2009

Augustus Nicodemus Lopes

Carta a Bultmann

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Rudolf Bultmann (1884 – 1976) foi um dos maiores estudiosos do Novo Testamento do século passado, e provavelmente o maior representante do liberalismo teológico na área dos estudos bíblicos (embora ele mesmo não se considerasse um liberal). A carta, obviamente, é fictícia, bem como os comentários jocosos que irão aparecer assinados por Bultmann...
Meu caro Bultmann,

Sei que você não pode mais me ouvir. Não quero parecer covarde escrevendo para quem já morreu. Mas, não tive a oportunidade de conhecê-lo enquanto você ainda vivia (tornei-me cristão um ano após a sua morte). Além do mais, você sabe que escrever é dar a cara à tapa, mesmo depois de morto. E o que coloco aqui é baseado nas coisas que você escreveu e que, depois de sua morte, ainda falam.
Começo expressando minha profunda admiração pela sua cultura, seu conhecimento, domínio do grego e do latim e pela lógica de seus posicionamentos. Posso não concordar com você em praticamente tudo que você concluiu, mas seria injusto deixar de reconhecer seu valor e talento como pesquisador, erudito e escritor para os estudos no Novo Testamento e para a hermenêutica.
Reconheço também a sua piedade. Sei que sua religiosidade foi moldada no pietismo alemão, o qual valorizava a piedade individual e defendia uma vida cristã consistente. Pelo que li, você era membro dedicado da Igreja Luterana na Alemanha e um excelente pregador. Li recentemente que você também pregava sermões natalinos e fiquei curioso em saber como você conseguia fazer isto, uma vez que não acreditava realmente que Jesus de Nazaré era o Filho de Deus encarnado.
Sabe, caro doutor, pode ser que sua intenção real, ao dizer que o Novo Testamento está cheio de mitos, lendas e estórias fabricadas pela fé da Igreja, tenha sido libertar o kerygma de uma determinada visão mitológica de mundo. Você aparentemente intencionava alcançar o homem moderno, que tem uma visão de mundo moldada pelo cientificismo, que não acredita mais em milagres, e que já tem uma explicação científica para tudo o que acontece. Você queria desmitologizar o Novo Testamento e apresentar a este homem racionalista um Evangelho que não o ofendesse e que ele pudesse aceitar sem perder a sua respeitabilidade científica. Quero dizer que reconheço que sua intenção era boa e seu alvo, legítimo. Devemos envidar todos os esforços para falar à nossa geração. Vejo neste propósito seu uma intenção missionária, que aprecio e com a qual concordo.
Mas, se você pudesse ver hoje o resultado de sua estratégia, desconfio que ficaria desconsolado em ver que não funcionou como você queria. Seria injusto acusá-lo de esvaziar as igrejas na Europa, Estados Unidos e outros locais. A secularização geral da Europa também contribuiu para isto. Mas o fato é que onde suas idéias mais radicais foram adotadas por professores liberais de teologia e pastores, as igrejas secaram, se esvaziaram e morreram. Pode ter sido coincidência. Mas a verdade é que este homem moderno, por mais científica que seja sua mentalidade, quando ele vai aos domingos para a igreja, quer saber como pode alcançar paz interior, perdão para sua consciência culpada, reconciliação com Deus e ter esperança da vida eterna – coisas que o Jesus histórico com sua mensagem existencialista que você apresentou, depois de despi-lo de sua divindade, não pode oferecer.
Se você pudesse ver alguns de seus seguidores hoje entenderia melhor o que eu quero dizer. Uma parte deles não consegue contribuir em nada para a Igreja, o que era sua intenção inicial, caro Rudolf. Eles acabam virando acadêmicos, dando aulas em escolas de teologia secularizadas ou nos seminários das denominações históricas e tradicionais, onde nem sempre dizem o que pensam (há exceções, é claro). Não ouvi ainda falar de algum que seja um pastor reconhecido, plantador de igrejas, evangelista, que ame missões e que tenha feito sua igreja crescer - embora eu deva reconhecer que conheço alguns fundamentalistas que também são assim, secos e infrutíferos. Mas, a diferença, caro doutor, é que um pastor liberal (é assim que chamamos, certo ou errado, quem adota suas idéias) que não planta igrejas, não evangeliza, não tem interesse em missões, está sendo coerente com aquilo que acredita; enquanto que um pastor conservador que não planta igrejas, não evangeliza nem tem interesse em missões está sendo inconsistente para com o Cristianismo histórico tradicional.
Eu gostaria de poder lhe dizer que suas idéias morreram e que hoje praticamente não tem mais ninguém que seriamente as defenda. Mas, não, não posso dizer isto. Lembra do Karl Barth, que viveu na sua época, e com quem você trocou correspondências por mais de 30 anos? Vocês dois tinham muita coisa em comum, embora também diferenças. Pois é, acho que ele acabou levando a melhor, pois muitos de teus discípulos acabaram virando bartianos ou neo-ortodoxos – é assim que os chamamos – e embora falem a língua dos ortodoxos (daí o nome neo-ortodoxia) ainda conservam em grande parte aquele seu ceticismo radical para com a veracidade e historicidade do Novo Testamento. Estes neo-ortodoxos detestam ser identificados como liberais, mas ao final, não sendo realmente uma nova ortodoxia, o melhor nome para eles deveria ser neo-liberais mesmo.
Por último, não poderia deixar de lhe dizer que a premissa maior de seu programa de desmitologização – aquela de que o homem moderno tem uma mentalidade científica e não acredita mais em milagres – acabou se provando falsa: o homem moderno continua cada vez mais religioso, apesar dos esforços dos ateus evangelistas (não que você tenha sido ateu), como Richard Dawkins, Sam Harris e Christopher Hitchens, e do crescimento da mentalidade secularizada no mundo ocidental.
Termino aqui. Espero sinceramente não ter entendido mal as coisas que você escreveu. Digo isto, pois mostrei o esboço desta carta a um amigo, um jovem, erudito, inteligente e capaz teólogo, seu admirador, e ele me disse que discordava totalmente de mim. Não tivemos tempo de aprofundar nossa conversa e discutir os pontos de discordância. Mas, pelo que tenho lido das tuas obras, acredito que não fui injusto para com tuas idéias.
Sinceramente,
Augustus

Veja aqui resenha minha de uma das obras críticas de Bultmann sobre o Novo Testamento

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domingo, novembro 15, 2009

Augustus Nicodemus Lopes

A Loucura do Evangelho ou as Loucuras dos Evangélicos?

Por     62 comentários:
O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios que a palavra da cruz é loucura para a mente carnal e natural, para aqueles que estão perecendo (1Co 1:18, 21, 23; 2.14; 3.19). Ele mesmo foi chamado de louco por Festo quando lhe anunciava esta palavra (Atos 26.24). Pouco antes, ao passar por Atenas, havia sido motivo de escárnio dos filósofos epicureus e estóicos por lhes anunciar a cruz e a ressurreição (Atos 17:18-32). O Evangelho sempre parecerá loucura para o homem não regenerado. Todavia, não há de que nos envergonharmos se formos considerados loucos por anunciar a cruz e a ressurreição. Como Pedro escreveu, se formos sofrer, que seja por sermos cristãos e não como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outros (1Pedro 4.15-16).

Nesta mesma linha, na carta que escreveu aos coríntios, o apóstolo Paulo, a certa altura, pede que eles evitem parecer loucos: "Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos?" (1Co 14:23). Ou seja, o apóstolo não queria que os cristãos dessem ao mundo motivos para que nos chamem de loucos a não ser a pregação da cruz.

Infelizmente os evangélicos - ou uma parte deles - não deu ouvidos às palavras de Paulo, de que é válido tentarmos não parecer loucos. Existe no meio evangélico tanta insensatez, falta de sabedoria, superstição, coisas ridículas, que acabamos dando aos inimigos de Cristo um pau para nos baterem. Somos ridicularizados, desprezados, nos tornamos motivo de escárnio, não por que pregamos a Cristo, e este, crucificado, mas pelas sandices, tolices, bobagens, todas feitas em nome de Jesus Cristo.

O que vocês acham que o mundo pensa de uma visão onde galinhas falam em línguas e um galo interpreta falando em nome de Deus, trazendo uma revelação profética a um pastor? Podemos dizer que o ridículo que isto provoca é resultado da pregação da cruz? Ou ainda, o pastor pião, que depois de falar línguas e profetizar rodopia como resultado da unção de Deus? (foto) Ou ainda, a "unção do leão" supostamente recebida da parte de Deus durante show gospel, que faz a pessoa andar de quatro como um animal no palco?

Eu sei que vão argumentar que Deus falou através da burra de Balaão, e que pode falar através de galináceos ungidos. Mas, a diferença é que a burra falou mesmo. Ninguém teve uma visão em que ela falava. E deve ter falado na língua de Balaão, e não em línguas estranhas. Naquela época faltavam profetas - Deus só tinha uma burra para repreender o mercenário Balaão. Eu não teria problemas se um galinheiro inteiro falasse português na falta de homens e mulheres de Deus nesta nação. Mas não me parece que este é o caso.

Sei que Deus mandou profetas andarem nus e profetizarem e fazerem coisas estranhas como esconder cintos de couro para apodrecerem. E ainda mandou outros comerem mel silvestre e gafanhotos e se vestirem de peles de animais. Tudo isto fazia sentido naquela época, onde a revelação escrita, a Bíblia, não estava pronta, e onde estes profetas eram os instrumentos de Deus para sua revelação especial e infalível. Não vejo qualquer semelhança entre o pastor pião, a pastora leoa e o profeta Isaías, que andou nu e descalço por três anos como símbolo do que Deus haveria de fazer ao Egito e à Etiópia (Is 20:2-4).

Eu sei que o mundo sempre vai zombar dos crentes, mas que esta zombaria, como queria Paulo, seja o resultado da pregação da cruz, da proclamação das verdades do Evangelho, e não o fruto de nossa própria insensatez.

Eu não me envergonho da loucura do Evangelho, mas das loucuras de alguns que se chamam de evangélicos.
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quarta-feira, novembro 04, 2009

Mauro Meister

A Lei da Heterofobia


Já publicamos alguns posts no site que tratam do Projeto de Lei 122/2006, que trata da discriminação contra homossexuais.
A lei da homofilia, para leigos...

Heterofóbicos atacam novamente


Que fique bem claro, não somos a favor da discriminação e suas consequências como a violência (diga-se de passagem, ocasional e não como propagada pelo movimento, como uma perseguição contra a classe).
Genocídio Homossexual?


Aliás, com avidez parte da mídia e os proponentes do liberalismo tentam desqualificar evangélicos (não somos representantes de todos eles) e, claramente 'perseguem' os evangélicos, praticando a Evangelicofobia.
Evangelicofobia – A carta não publicada por VEJA

O Futuro dos Evangélicos


Mas não estamos dispostos a nos calar e queremos manter o direito e a liberdade de nos pronunciar sobre o assunto como fez a liderança da Igreja Presbiteriana do Brasil e outras, sem sermos ameaçados de cadeia.
MENSAGEM PRESBITERIANA SOBRE ABORTO E HOMOFOBIA


Como ouvi de um professor universitário, recentemente: "respeito, não hostilizo, mas defnitivamente não aprovo". Na verdade, a proposta deste PL, como tem sido chamado popularmente, é a de uma 'mordaça'. Trata-se de um projeto heterofóbico, ou seja, não basta não descriminar e não hostilizar: tem que aprovar, achar bom e ensinar como algo desejável! Segundo o projeto, não discriminar é ensinar e aceitar como absolutamente normal, em qualquer ambiente (na escola - pública e particular - na igreja ou qualquer culto religioso).

Esta postagem é um convite ao exercício da sua cidadania: vá a página do Senado Federal e vote NÃO na enquete sobre a matéria:

"Você é favorável à aprovação do projeto de lei (PLC 122/2006) que torna crime o preconceito contra homossexuais?"


A própria enquete já é tendenciosa: na verdade, o PL torna crime a não aprovação da condição homossexual e amordaça ameaçando com várias penas a liberdade de consciência do cidadão brasileiro.

Acesse a página do Senado Federal: http://www.senado.gov.br/agencia/default.aspx?mob=0

A enquete encontra-se na barra lateral direita, ao centro. DIGA NÃO!

Augustus
Solano
Mauro
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