terça-feira, janeiro 10, 2006

Solano Portela

Crente não se suicida?

Nunca fiz um estudo bíblico detalhado sobre suicídio, apesar de ter escrito sobre eutanásia e muito do que aprendemos sobre esta prática se aplica ao suicídio, pois em ambas situações lidamos com a valorização da vida. Mesmo assim, tenho alguns pensamentos sobre o assunto.

Alguns apontam a morte de Sansão (Jz 16. 29-31) como sendo um exemplo de um servo de Deus que se suicidou. Mas observo que a posição de Sansão não pode ser vista como normativa ou até exemplificativa da questão. Sansão era mais um prisioneiro de guerra, do que qualquer outra coisa. Ele e o país se achavam em uma situação emergencial de conflito, como descrevem os capítulos 13 a 16 do livro de Juízes. Vemos, em sua ação, não um suicídio por desespero, pelo fato de estar cego, mas um ato de um guerreiro que não hesita em sacrificar sua vida em função de uma grande vitória - o seu brado final comprova isso (“morra eu com os filisteus!”).

Uma outra passagem é Jó 6.11. Ali vemos retratado o sentimento e desespero de Jó, no qual ele aventa o suicídio. No entanto, não o faz e não segue o "conselho" dos seus amigos, apesar de clamar: "Por que esperar, se já não tenho forças? Por que prolongar a vida, se o meu fim é certo?".

O apóstolo Paulo, em certa situação, diz preferir a morte mais do que a vida (Fl 1.23-24), mas ele faz uma avaliação racional da situação e verifica que a prioridade não é o alívio de suas dificuldades, que adviria com a morte, mas a fidelidade à sua missão na terra: "Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne".

Mas e se a racionalidade, que contextualizou as observações de Jó e de Paulo estiver momentaneamente, ou permanentemente, ausente? Será que uma pessoa, crente, não pode ser levada ao suicídio, em situações como esta?Outra questão a ponderar: não temos exemplo de suicídio consciente e aprovado nas Escrituras, mas, quando alguma pessoa coloca a sua vida em risco não dizemos: "isso é suicídio" – ou seja, se alguém sabe que a vida está em risco e não faz nada para impedir o risco e preservar à vida, interpretamos como suicídio. Mas e o caso do Senhor Jesus, que mesmo sabendo que iria morrer, seguiu o caminho da morte. E tem mais - ele disse que ninguém tirava a vida dele, ele a dava voluntariamente. É lógico que temos todos os qualificativos e aspectos de expiação e substituição vicária do plano de redenção e eles nos fazem não considerar a morte de Cristo como "suicídio".

Entretanto, será que não existem outros contextos explicativos, tais como perda da capacidade de raciocínio, ou distorção da capacidade adequada de julgamento, causada por pressão intensa circunstancial, etc. que possam levar um crente a este estágio?

Não tenho as respostas, mas não encontrando uma passagem explícita, nas Escrituras, que indique que o Espírito Santo impedirá que nossa natureza pecaminosa e o pecado do mundo se concretize em tal situação, tenho que deixar a possibilidade aberta e examinar caso a caso, em vez de fechar questão e categoricamente dizer: "crente não se suicida", como sempre aprendi, desde pequeno...

Solano Portela

Postado por Solano Portela.

Sobre os autores:

Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.

O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.

O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.

29 comentários

comentários
Anônimo
AUTOR
11/1/06 01:11 delete

Olá, Solano

Abaixo um texto que enviei tempos atrás para um forum da juventude da minha igreja sobre a questão do suicídio. Creio que pode ser edificante para todos.

[]'s

Charles
Rm 8.32

----------

[...]

Aqui vamos tratar de um aspecto muito importante. Quando Jesus morreu na cruz ele levou sobre si todos os pecados dos salvos, pecados tanto passados, do presente e futuros. Naquele dia na cruz Deus julgou nossos pecados sobre Cristo de uma vez por todas. Muitos acham que quando nos convertemos Deus apaga todos os nossos pecados passados apenas. Isto de fato acontece. Mas foi pelo fato de Jesus ter morrido em lugar de alguém completamente que este alguém agora está totalmente livre de qualquer condenação. Um texto que nos ajuda entender isso seria Hebreus 9.26-28

Certo que Jesus já foi condenado de uma vez por todas, então não há condenação que possa vir sobre mim. É este o argumento desta passagem acima. Engraçado que muitos usam esta passagem para combater a heresia da reencarnação, e, de fato, esta passagem ajuda. Mas muitas vezes não percebemos que isto foi escrito para termos certeza de nossa salvação.

Mas a nossa salvação não é apenas relacionada ao perdão de todos os nossos pecados. Isso é apenas um aspecto. O outro aspecto é que somos não somente perdoados, mas somos também declarados justos aos olhos de Deus de uma vez por todas. A vida perfeita de Jesus é creditada a nós (imputado como diz Paulo) para sempre. Ou seja, aos que Deus salva hoje estes já podem saber de antemão qual será o veredicto no dia do Juízo Final. Deus considera a vida perfeita de Cristo em meu lugar. Cristo não apenas morreu por mim, ele também viveu a vida perfeita que eu deveria viver. Deus não nos perdoa apenas de uma vez por todas, Ele também credita por sua graça a vida perfeita de Jesus. O perdão de Deus "zerou" a nossa dívida de uma vez por todas. Mas Deus também nos justificou, ou seja, nos declarou justos mesmo que não fossemos porque é a vida perfeita de Cristo que está sendo considerada e não a nossa. Paulo diz que recebemos a abundância da graça e o dom da justiça.

A doutrina da nossa salvação trata, portanto, não apenas de nosso perdão, mas também da justiça que sempre nos faltaria para entrarmos no céu. Não bastaria o perdão, era necessário que tivéssemos uma vida perfeita aos olhos de Deus. Permitam-me colocar aqui o catecismo protestante de Heidelberg de 1563:

60. Como você é justo perante Deus?

R. Somente por verdadeira fé em Jesus Cristo (1).

Mesmo que minha consciência me acuse de ter pecado gravemente contra todos os mandamentos de Deus, e de não ter guardado nenhum deles, e de ser ainda inclinado a todo mal (2) , todavia Deus me dá, sem nenhum mérito meu, por pura graça (3) , a perfeita satisfação, a justiça e a santidade de Cristo (4). Deus me trata (5) como se eu nunca tivesse cometido pecado algum ou jamais tivesse sido pecador; e, como se pessoalmente eu tivesse cumprido toda a obediência que Cristo cumpriu por mim (6). Este benefício é meu somente se eu o aceitar por fé, de todo o coração (7).

(1) Rm 3:21-26; Rm 5:1,2; Gl 2:16; Ef 2:8,9; Fp 3:9. (2) Rm 3:9; Rm 7:23. (3) Dt 9:6; Ez 36:22; Rm 3:24; Rm 7:23-25; Ef 2:8; Tt 3:5. (4) 1Jo 2:1,2. (5) Rm 4:4-8; 2Co 5:19. (6) 2Co 5:21. (7) Jo 3:18; Rm 3:22.

Esta é a doutrina da justificação! Se tivermos isto claro diante de nós, não poderemos tratar de outros pecados que alguém como cristão comente durante a sua vida cristã.

[...]

Paulo escreveu aos filipenses que não se cansava de escrever as mesmas coisas, pois isto era para firmá-los na segurança da sua salvação (Fp 3.1). Novamente, então, para que estejamos firmes na graça de Deus devemos nos recordar destas duas coisas:

1)Cristo por nós.

Sempre virá antes de tudo que possamos fazer (Rm 5.8). Ele como o segundo Adão, foi obediente para que nós fossemos fruto da sua obra (Is 53.11/Rm 5.19). A sua encarnação, morte e ressurreição nos trazem os benefícios de uma nova vida que Cristo conquistou definitivamente por nós ( Rm 8.3/ Rm 6.5,6). E, apesar de ainda não estarmos livres da presença do pecado, não olhamos para nós mesmos, mas confiamos somente em Cristo por nós. Somos passivos, em nada cooperamos aqui. Nada em nós atraiu a graça de Deus.


2) Cristo em nós.

É tudo que nos vem como conseqüência da graça do Cristo por nós (Rm 6.18, 22). Nossa santificação é fruto da graça que nos salvou. Em nada cooperamos no ponto 1, mas a nossa santificação, ainda que fruto da graça, envolve a nossa cooperação já que há uma nova vida que vai lutando contra a velha natureza (Rm 7.23/ Rm 8.2).

As nossas confissões de pecado só ocorrem porque Cristo morreu por nós. Não perdemos a salvação quando pecamos, já que Cristo justamente morreu para nos salvar de nós mesmos. A vida de Jesus cobriu toda a nossa vida. Por isso nenhuma condenação pode haver aos que Jesus salvou. Quando alguém se converte isso ocorre porque Cristo morreu para salvá-lo. Jesus não morreu pelos pecados do pecador e por isso pelo pecador, mas sim, morreu pelo pecador e por isso que seus pecados foram perdoados.

A confissão de pecados faz parte santificação e não da nossa salvação. A graça de Deus nos faz nos arrepender e buscarmos uma vida de santidade. Uma vez que somos salvos, nossas orações de confissão de pecado são de um pedido de uma vida santa e de uma plena confiança na graça de Deus. Quando dizemos "Deus me perdoa", é o mesmo que dizer "não considere a minha vida, mas a de Cristo por mim". A ceia é um memorial que tem este mesmo propósito de nos fazer lembrar aquilo que Cristo fez de uma vez por todas e por isso devemos nos lembrar disto até que Ele venha, já que hoje mesmo temos esta certeza que vai nos livrar da condenação do juízo final.

Tudo isso para dizer que se um cristão poderia cometer um suicídio, este pecado Cristo levou também. Eu acredito que possa haver legítimos cristãos que por passarem por alguma tribulação muito grande acabaram não suportando. Muitos fatores podem levar alguém ao suicídio. Assim como também, se fosse este raciocínio de perder a salvação a cada pecado de cometemos, então, se alguém dormisse sem confessar os últimos pecados cometidos, da mesma forma estaria perdido. Jesus me salvou mesmo sabendo os milhares de pecados que cometemos por ano, seja em atos ou em pensamentos. Por isso Deus considera não a nossa vida, mas a Obra de Cristo inteiramente e completa por nós. Está consumado!

A nossa alma se agarra somente em Cristo quando vemos que somos homens miseráveis. Nada temos em nós para pleitear qualquer favor de Deus. Tudo que temos é Cristo por nós. Nossa fé, que é dom de Deus, é suficiente, não pelo tamanho dela, mas porque Cristo é suficiente.

Não são nossas lágrimas de arrependimento que trazem o perdão de Deus, nem a qualidade de nosso arrependimento. Muitas vezes pensamos que não nos arrependemos o suficiente de nossos pecados e assim esperamos ficar mais arrependidos para acharmos dignos de pedir perdão. Mas é somente por causa de Cristo que somos perdoados. Não há nada em nós que Deus possa encontrar para nos perdoar. Mesmo o arrependimento mais profundo é incapaz de anular o pecado, e portanto, a condenação de Deus permaneceria ainda. Somente pelos méritos de Jesus Cristo somos salvos e transformados!

[...]

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11/1/06 06:04 delete

Carlos Charles:

Ótimo estudo, obrigado!

SOlano

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Anônimo
AUTOR
11/1/06 09:32 delete

Caro Solano,

Esqueci de colar a última parte do estudo acima:

------------

Lembrei de uma passagem do Velho Testamento que fala sobre o profeta Elias. Ele mandou matar os profetas de Baal por ordem de Deus. Jezabel ao saber disto começou a persegui-lo. Esta perseguição deve ter sido algo muito terrível para o profeta e então chega num ponto onde a biblia diz dele assim:

"...Ele, porém, entrou pelo deserto caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte..." 1º Reis 19.8

Veja que era um homem de Deus e um homem que teve experiências com Deus como ver o fogo caindo do céu. Mas ele chegou numa situação que pediu a morte. Sabemos que ele não se suicidou. Mas isso talvez significa que até um verdadeiro filho de Deus poderia chegar a esta situação.

Por isso eu acho que não podemos julgar tão rapidamente quem cometeu um suicídio. Se alguém teve uma vida com bom testemunho cristão é bem provável que ele seja um verdadeiro cristão e que, se ele cometeu esta tragédia, podemos ter esperança de ele foi salvo apesar deste pecado.

Mas o pecado já ocorreu ANTES do suicídio, digamos, quando não depositamos a nossa esperança em Deus. E quantas vezes não cometemos este pecado que muitas vezes até é inconsciente em muitas de nossas decisões?

Em Cristo,

Charles
Rm 8.32

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Anônimo
AUTOR
11/1/06 11:26 delete

Solano.

Vc disse: "Outra questão a ponderar: não temos exemplo de suicídio consciente e aprovado nas Escrituras, ".

Mas o que dizer de Aitofel? Ao contrário de Saul e Judas, ele não estava "sob forte pressão emocional".

Abs,

Helder.

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11/1/06 12:37 delete

Caro Hélder:

Eu não disse que a Bíblia não registra suicídios, afinal Judas também está lá com um suicídio consciente indicando que a prática é antiga... Eu disse suicídio consciente "e aprovado".

Ou seja, a questão é a ocorrência entre o povo fiel de Deus. Na minha leitura de 2 Sm 17 e adjacentes, Aitofel era da parte infiel - daqueles que estavam levantados contra Davi. Seu conselho foi estratégicamente bom, mas exatamente por ele estar na "banda podre" - Deus não deixou que ele subsistisse, a fim de que aquele segmento fosse derrotado.

Bom, suicídios de descrentes acontecem a todo instante e a todo momento, eu trouxe o debate um pouquinho para o nosso campo, explorando as dificuldades com certos dogmatismos pré-estabelecidos.

Obrigado pelo comentário.

Abs

Solano

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11/1/06 21:10 delete

Caro Solano,

Infelizmente esse pré-conceito para com o suicídio é algo alastrado. Se houvesse tantos crentes na predestinação absoluta de Deus como há na “doutrina” de que crente que comete suicídio, foi para o inferno (até calvinista afirma isso, sendo que a única diferença é que ele diz que o crente nunca foi um crente de fato, ou genuíno) seríamos um país reformado. :-)

Recentemente ouvi um comentário no meu ambiente de trabalho de que “todas as religiões são unânimes em declarar a perdição de alguém que comete suicídio” (algo escutado com aprovação por uma cristã que estava no local), o que, certamente, tive que discordar.

Eu, particularmente, creio que esse é mais um dos casos em que queremos estipular qual pecado Deus pode ou não pode perdoar. São vestígios do pelagianismo/arminianismo, que fazem com que as pessoas creiam, de maneira ingênua, que no momento da morte precisamos estar totalmente sem pecado, para sermos salvos, algo que, certamente, só ocorreu com o Senhor Jesus.

Um abraço,
Felipe Sabino

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Anônimo
AUTOR
12/1/06 18:33 delete

Bem, não querendo trazer questiomento para a questão do perdão do suicídio (no meu post acima já expus a minha posição)

Como tratar destes dois casos então?

A morte de Sansão? Ele não está entre os heróis da fé em Hebreus 11?

Dar a própria vida em lugar de alguém?

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12/1/06 18:55 delete

Caro Charles:

Minha indagação é (colocada no meu post) - é correto classificar a morte de Sansão como suicídio? Ou seria um ato heróico de um guerreiro em tempo de batalha? Na minha visão é a última hipótese. Certamente ele é um herói da fé.

Dar a vida por alguém é suicídio? Ou é ato de heroismo?

Suicídio é algo deliberado, simplesmente com o intuito de se tirar a vida por fuga a uma pressão extrema, ou por incapacidade momentânea ou temporária de julgamento sadio.

Como indiquei no post, não acredito que temos base bíblica para dizer que é impossível um crente chegar a um estágio suicida consumável, apesar de reconhecer que essa seria uma grande exceção à regra, pelas promessas que temos de livramento das provações. Igualmente, não é possível biblicamente sair afirmando que o crente se suicida com toda tranquilidade, baseado nos exemplos de Cristo, Sansão ou Aitofel. Cada caso desses é qualificado em seus próprios termos e não representam posturas prescritivas, mas registros históricos de ocorrências que, contextualmente, fazem muito sentido.

Abs

Solano

PS - qual foi mesmo o segundo caso, além de Sansão?

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Anônimo
AUTOR
12/1/06 19:02 delete

Obrigado, Solano, por sua resposta.

O segundo caso era o de dar a vida em favor de outra.

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13/1/06 11:59 delete

Solano e comentaristas,

Estive recentemente expondo o sexto mandamento para um público evangélico bem eclético (várias igrejas representadas). Quando toquei na questão do suicídio e fui perguntado se alguém que comete o suícidio pode ser salvo, e eu respondi que sim, o caldo entornou.

O argumento básico, que demonstra a fraqueza da soteriologia de grande parte, é que se há suicidio não há arrependimento, logo, não há salvação. Para estas pessoas a salvação é baseada no mérito do arrependimento!

Nessa ocasião citei o pastor que Tarcizio citou acima, Tim Brewer, que foi meu pastor durante um ano. Ele, debaixo de grande pressão, depois de ter perdido um pedaço da perna em um acidente, e com várias medicações fortes, escreveu uma nota e suicidou-se. Pediu, na nota, perdão à família, pela fraqueza, à igreja e a Deus. Sinceramente, espero encontrar este irmão junto ao Pai.

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Anônimo
AUTOR
14/1/06 13:14 delete

Parabéns Solano, Charles e demais irmãos,

muito boa discussão, eu nem me atrevo a dizer nada.

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Daniel M.S.
AUTOR
14/1/06 21:29 delete

Eu creio que existem crentes que suicidam-se.Sofrem do "mal de judas"-ignorãncia espiritual.São crentes iludidos. Acham que são crentes,no entanto, suas obras não se alinham com a vontade de Deus. É por isso que naquele Dia serão terrivemmente decepcionados Cf Mt7:21-23.Deus nunca os conheceu.Os escolhidos jamais serão confundidos e abandonados. Essas promessas nos deixam confortados.É essa certeza de que Ele intercede por nós e que terminará a obra que começou.

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Zacão
AUTOR
1/2/06 15:32 delete

Olá Solano
Seleção de pecado gera legalismo, farisaísmo. Muito me assusta que alguns, que se dizem reformados, afirmam que, “como o suicida morre nesse pegado, ele perde sua salvação.” Assim, despercebidamente, afirmam que o pecado é maior que soberania graciosa e redentora de Deus externada na predestinação.Fecho com você. Não podemos ser categóricos na afirmação: “Cristão não suicida”

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1/2/06 20:24 delete

Mauro, Juan, Daniel e Zacão:
Obrigado pelos comentários.
Solano

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Anônimo
AUTOR
27/10/07 08:59 delete

Caro Senhor

Neste caso, entendo que a sua ponderação de que cada caso é um caso é a mais correta.

No mais não devemos julgar.

Misericórdia é o melhor caminho, ou seja, se colocar na dor do outro e procurar entender o que foge a compreensão.

O melhor mesmo é não julgar e ajudar os que ficam órfãos do suicida, ou seja, esposa, filhos e amigos que continuam a viver sem saber explicar o porquê do suicídio.

Uma bela reflexão.

Um abraço

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27/10/07 09:21 delete

Caro Oliveira:
Obrigado por seus comentários e por suas palavras de estímulo. Realmente, deveriamos nos concentrar muito na vida dos que ficam, com os corações quebrados por perdas que ocorrem, muitas vezes, em situações tão trágicas.

Um abraço e que Deus lhe abençoe.

Solano

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Anônimo
AUTOR
27/8/08 12:59 delete

Prezado Solano:

Você falou que não há na Bíblia nem uma menção de um suicídio "ocorrido e aprovado". Brilhante. Quero somente dar uma contribuição: É sabido que a mídia, por conduta preventiva, não publica notícias de suicídio com frequência, porque há evidências de que este procedimento estimula pessoas com problemas a cometer suicídio. Creio que Deus já sabia disso e jamais teria incluido na sua Palavra históricos de "suícidios aprovados", mesmo que visse a ocorrer não estaria na Palavra justamente para não induzir ninguém em desespero a cometer tal desatino. Deus é sábio nisto, e justo e gracioso em manter sua salvação!
Para esclarecer, entendo como didática a expressão "suicídio aprovado", pois não creio que exista tal coisa, ou seja, ainda que o suicídio de um crente não o condene pois foi justificado pela graça de Jesus, certamente sua ocorrência não seria aprovada por Deus, pois não o glorifica.

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jefferson
AUTOR
13/11/08 23:08 delete

pessoal himildemente penso que uma pessoa q é salva e comete suicídio esta pessoa obviamente vai para o ceu, pois como ja foi dito salvacao nao se perde e nada nos separará do amor de deus.
eu penso q o unico pecado imperdoavel e a blasfemia contra o espirito santo, falo isso, pois esta semana escutei minha profeesora dizer a respeito de emile durkheim que nos protestantes temos o suicidio como pecado mortal.
penso eu q como td nas nossas vidas deus tem seus propositos e preceitos, somos predestinados conforme sua soberana vontade, e dentre esta vontade pode sim existir um suicidio, mas o q faz a diferenca e se ele é salvo ou nao.

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Anônimo
AUTOR
12/3/09 16:19 delete

Amados,

Este é um tema, sem dúvida, polêmico e doloroso. Na minha modesta opinião não creio que suicidas herdarão o reino de Deus. Para mim, são duas categorias de pessoas diferentes: crentes e suicidas. São como água e óleo. Crentes genuínos não se suicidam. Não negociam a sua fé. Se crentes enlouquecem, e no meio da sua loucura cometem suicídio, é outra história, outra análise. Admito a possibilidade de estar errada, principalmente no tocante a "irmãos" que cometeram tal ato. Quando penso no tema suicídio, lembro-me do profeta Habacuque que disse: "o justo viverá pela sua fé". Imagino que o cristão se submete ao Senhor em todos os momentos de sua vida. Humilha-se diante de Deus e espera nele a exaltação, lançando sobre ele a ansiedade (1 Pe). Faz como Jó, que ao responder a sua mulher disse: "recebemos de Deus o bem, acaso não receberíamos o mal?". Lembro-me também das palavras de Jesus ao dizer: "No mundo tereis aflições, tende bom ânimo..."
O problema é que estamos nos acostumando a ser e a ver crentes de fé fraca ou de pouca fé e achar que isso é normal e passamos a ter, sem perceber, uma teologia universalista. Jesus não se suicidou, assim como Estevão não o fez. Suicidar-se é ato de covardia, e estes não herdarão o reino de Deus (Ap 21.8). Suicidar-se é dizer: "Deus, eu não confio em você para resolver os meus problemas"; "você me abandonou, eu estou só". Mas Jesus disse: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados...". É um erro nosso não atender esse chamado. De fato, quem se suicida não se entrega a Deus, não entrega sua vida e seus problemas a Deus, não se submete ao senhorio e a sua soberania. Antes, se entrega aos seus medos, e não luta, não crê, não ama. Porque o amor tudo suporta, tudo sofre. Aceitar que crentes podem se suicidar é desprezar o que diz que "todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus...", é acreditar que Deus, no seu eterno propósito, presdestinou os seus filhos para o abandonarem. Não consigo imaginar isso. Peço que me perdoem pela minha audácia.

Em Cristo,
Sandra.

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12/3/09 19:50 delete

Cara Sandra:
Obrigado por seu comentários e sua perspectiva. Parece que discordamos de alguns pontos, à luz do que expus em meu texto postado. Que Deus a abençoe.
Solano

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Lo
AUTOR
18/8/10 01:48 delete

O sacrifício remidor de Jesus é eterno. Quando aceitamos Jesus como salvador nossos pecados são cravados na cruz, todos eles, e até os que ainda vamos cometer estão pagos. Lembrando que esta certeza não nos dá salvo conduto para pecar, como dizem os católicos. Se pecarmos e acabarmos morrendo antes de confessar nosso pecado a Deus, sendo salvos, perdemos a salvação? Claro que não, se não a Bíblia estaria mentindo e nosso Deus não seria perfeito nem fiel em suas promessas.Percebo que os dogmas católicos são tão intensamente impregnados e entalhados na nossa sociedade que até depois de salvos acabamos aderindo inconscientemente a esses ensinamentos. Sabemos que de acordo com as doutrinas católicas uma pessoa que se suicida não tem direito nem mesmo ao purgatório que eles acham que existe. Ou seja, na visão católica, um suicida viaja para o inferno sem escala nem conexão. Até mesmo cortavam a cabeça dos suicidas antes de enterrar seus corpos na antiguidade. Não podemos esquecer que suicídio é pecado, mal testemunho, é como um assassinato, só que de si mesmo. Diante de Deus é reprovável sim. É um pecado cuja confissão diante de Deus não será possível, pois a consequência desse pecado é realmente a morte física e também o sofrimento dos que ficam e o mal testemunho e escândalo para o evangelho. Sendo salvo em Cristo Jesus mas estando em momento de frieza espiritual, fraqueza na fé, doença física ou mental ou desespero e sofrimento intensos, quem de nós, crentes em Cristo Jesus, lavados pelo sangue do Cordeiro, mas ainda fracos e falhos pela natureza pecaminosa, pode bater no peito e dizer: "Tal pecado eu jamais cometerei"? Da mesma forma que não podemos julgar se A ou B são salvos ou não (apesar de haverem os frutos bons e os frutos ruins) também não podemos dizer que tal e tal fraqueza ou tal e tal pecados não cometeríamos. Creio que um salvo em Cristo Jesus não perde a salvação porque a Bíblia me garante isso, creio que um salvo que comete qualquer pecado que seja, até suicídio, já foi lavado desde sua conversão, creio que se eu pecar e morrer antes de me confessar a Deus estarei salva da mesma maneira pois fui escolhida antes da formação do mundo. Não há dogma ou filosofia rudimentar humana que me tire a certeza que Deus me dá. Não julguemos para que não sejamos julgados. Sejamos humildes para reconhecer que não somos nada além de pó e que podemos cair a qualquer momento. Deus tenha misericórdia de nós que não julgamos e dos que se julgam super crentes e fortes pra nunca fraquejar ou se desesperar.

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Dkj79
AUTOR
3/5/11 16:49 delete

Boa tarde a todos,

Tenho tido calorosas conversas com amigos a respeito da possibilidade de um cristão em qual habita o ES, poder cometer suicídio.
Sei que não possuo muito conhecimento, mas quando pensando no assunto, me parece muito difícil que um cristão, sem que esteja sob influência de drogas ou remédios psicotrópicos, venha a dar cabo da sua vida, sem que o ES o convença e fortaleça a desistir desse ato.
Que cristãos passam por depressão e podem até pensar em suicídio, não há dúvidas, já que o profeta Elias e Jó, p.ex., passaram por essa experiência, mas concretizar o ato final que culmina na morte, me parece difícil de imaginar isso.
Enfim, gostaria mais opiniões dos frequentadores deste blog, que respeito muito.
Grato,
Daniel Kim

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Rô Moreira
AUTOR
13/4/12 11:08 delete

Bom dia. Não creio que um salvo dê cabo de sua própria vida, pressões todos passamos, agora tentar o suicídio??

E quanto a Sansão, ele não pediu para que Deus o ajudasse a cometer suicídio; pediu-Lhe o retorno de suas forças "para que de uma vez me vingue dos filisteus". A vontade de Sansão coincidiu com a vontade de Deus, e por isso foi atendido. Se a intenção de Sansão fosse suicidar-se, Deus, que conhece o coração dos homens, não lhe teria atendido, pois somente Deus é Senhor da vida.
ao desejar recuperar as forças, ele na verdade estava desejando continuar na luta contra os filisteus . Ele não se preocupava se nesta luta perdesse sua vida.Ele não derrubou as colunas do templo para tirar a própria vida, mas para vingar-se, matando muitos de seus inimigos. A sua morte foi consequência. Assim eu creio. "Não veio sobre vos tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixara tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também escape, para que a possais suportar".

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3/9/15 20:09 delete

Curioso que, numa página ou num blog tipicamente encabeçado por adeptos do João Calvino, seja colocada em discussão se alguém, se qualquer pessoa, e especificamente se o cristão seria capaz de suicidar-se. Ora, se o camarada Calvino doutrinou que todas as pessoas já têm definida sua trajetória existencial, através da predestinação que nada excepciona, por uma questão de "coerência calvinista" ter-se-ia de admitir ou mesmo de DEFENDER COM UNHAS E DENTES que cristão nenhum JAMAIS SE SUICIDARIA!! Simplesmente porque o "calvinisticamente eleito" não corre nenhum risco de se perder, simplesmente porque o decreto eletivo É INFALÍVEL. Além disso, ou melhor, dentro desse contexto joãocalvinista, ninguém, nenhum homem ou mulher, estaria apto a "decidir" ou a "escolher" ou fazer uso de "livre-arbítrio" no sentido de MATAR-SE A SI MESMO. Por conseguinte, em consonância com a cátedra joãocalvinista, CRISTÃO NÃO SE SUICIDA, PORQUE ISSO SE REVELA IMPOSSÍVEL POR DOIS MOTIVOS: A ELEIÇÃO INFALÍVEL E A AUSÊNCIA DE VOLUNTARIEDADE OU LIVRE-ARBÍTRIO.

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Guilherme
AUTOR
2/5/17 18:35 delete

A fé atua pelo amor(Gl 5:6). Como pode um cidadão que tem fé, em sã consciência tira sua vida? Deus capacitou o cristão para vencer os três inimigos que são: O mundo, a natureza pecaminosa e o Diabo. Suicídio é do Diabo. Inconceptível com a fé que atua pelo amor.

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24/5/17 03:04 delete

Paulo Théo Veloso
(91) 98051-64564 (Zap)

No caso de Sansão
Devemos entender que os filisteus eram um povo que se opunham à nação de Israel e não buscava a paz de nenhuma forma, como fizeram os gibeonitas (Js 9) por exemplo. Sansão estava lidando com inimigos irreconciliáveis, sabia que um confronto poderia causar-lhe a morte, quer essa morte fosse devido à queda do edifício, quer ocorresse após a queda do palácio ou por meio da retaliação de algum filisteu depois do ato feito.

Na verdade, Sansão foi mais uma vez usado por Deus ali na sua morte, até para evitar uma matança em massa de judeus que estavam se acostumando à escravidão e eram em sua maioria formado por familias camponesas. Plantadores acostumados com a vida do campo. Não eram guerreiros dados à batalha como os filisteus.

A morte de Sansão prefigura a morte de Cristo na cruz. Assim como Sansão deu sua vida para livrar seu povo da escravidão pelos filisteus, Cristo deu sua própria vida para libertar o seu povo dos seus pecados.

Isto é fato. Tanto que encontramos o nome de Sansão no rol de heróis da nação (Hebreus 11), um homem que pela fé, livrou Israel, de seus inimigos!!!

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28/10/17 14:55 delete

Olá, Solano Portela e Mauro Meister.

Preciso saber, Lutero e Calvino falam alguma coisa sobre o suicídio? Se sim, onde posso encontrá-la?

Abraços.

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1/11/17 12:37 delete

Caro Samuel:
Lutero falou o seguinte, obviamente em perfeito alemão:

Table Talk #222 April 7, 1532

“It is very certain that, as to all persons who have hanged themselves, or killed themselves in any other way, ‘tis the devil who has put the cord round their necks, or the knife to their throats.

Mention was made of a young girl who, to avoid violence offered her by a nobleman, threw herself from the window, and was killed. It was asked, was she responsible for her death? Doctor Luther said: No: she felt that this step formed her only chance of safety, it being not her life she sought to save, but her chastity".

"I don’t share the opinion that suicides are certainly to be damned. My reason is that they do not wish to kill themselves but are overcome by the power of the devil. They are like a man who is murdered in the woods by a robber. However, this ought not be taught to the common people lest Satan be given an opportunity to cause slaughter, and I recommend that the popular custom be strictly adhered to according to which the corpse is not carried over the threshold, etc. Such persons do not die by free choice or by law, but our Lord God will dispatch them as he executes a person through a robber. Magistrates should treat them quite strictly, although it is not plain that their souls are damned. However, they are examples by which our Lord God wishes to show that the devil is powerful and also that we should be
diligent in prayer. But for these examples, we would not fear God. Hence he must teach us in this way.”

Com relação a Calvino, você tem que ler os seguintes sermões dele no livro de Jó, onde ele trata a questão de forma mais extensa à que posso colocar aqui:
Sermons on Job:
13o. Sermão no Terceiro Capítulo de Jó
17o. Sermão no Quinto Capítulo de Jó
22o. Sermão no Quinto Capítulo de Jó
24o. Sermão no Sexto Capítulo de Jó

Veja: https://ethicsofsuicide.lib.utah.edu/selections/calvin/

Espero que ajude.

Solano

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1/11/17 18:58 delete

Solano Portela transcreveu ACIMA este dito atribuído a Lutero:

"...I don't share the opinion that suicides are certainly to be damned. My reason is that they do not wish to kill themselves but are overcome by the power of the devil."

Ora, sendo o padre Lutero, tanto quanto Calvino, adeptos do niilismo em termos de vontade humana, também chamada de livre-arbítrio, defensores dos decretos todo-abrangentes de Deus, tal como estampado na Confissão Calvinista de Fé de Westminster, e, sendo o Diabo não mais do que um "comandado" de Deus que SEMPRE E INVARIAVELMENTE EXECUTA A VONTADE DO CRIADOR (exatamente como João Calvino declara enfaticamente em "Institutas da Religião Cristã"), significa, então, inapelavelmente, que esse trecho de TABLE TALK supostamente haurido de Lutero, pode E DEVE ser entendido NÃO COMO O SUICIDA HAJA SIDO VENCIDO PELO "PODER" DO DIABO, mas que ESSE MESMO DIABO EXECUTOU A VONTADE INVENCÍVEL DE DEUS, AGINDO NA VIDA DO SUICIDA.

A propósito, transcrevo o que, a esse respeito, escreveu João Calvino, referindo-se ao DIABO:

"...Como, porém, este o mantém amarrado e tolhido pelo freio de seu poder, ele leva a bom termo apenas aquelas coisas que lhe foram divinamente concedidas, e assim, queira ou não, obedece a seu Criador, porquanto é compelido a prestar-lhe serviço aonde quer que o mesmo o impelir." (Institutas, vol. I)

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