sábado, março 07, 2009

Solano Portela

A Tragédia do Recife!

Todos têm acompanhado o caso da menina de 9 anos, em Pernambuco, que foi abusada e estuprada pelo padastro. Com a gravidez, o crime veio à tona e o criminoso está preso. A menina teve a gravidez interrompida por aborto induzido, realizado por médicos, com o apoio da justiça. O caso tem recebido ampla divulgação e repercussão. Alguns blogs cristãos têm escrito sobre o triste assunto, como o "mastigue", de jovens, para jovens, e o do Rev. Dr. Alfredo de Souza. Neste último, coloquei um comentário, que posto abaixo, em versão expandida e corrigida.
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Infelizmente as decisões éticas da nossa terra não se pautam por quaisquer considerações sobre os princípios de Deus, mas meramente por considerações antropocêntricas. Por princípio, pela consideração à vida, ensinada na Escritura, sou contra o aborto. No entanto, a complexidade desse caso me intriga.

Não tenho condição de fazer as avaliações médicas (essas são fruto, também, da dádiva divina do conhecimento, possibilitado pela Graça Comum de Deus, àqueles que são chamados a esse campo), nem de avaliar o quanto a vida da menina estaria em risco. Confiar em outros, em questões tão cruciais, é temeroso. Mas há outro curso viável? As coisas correram rápido demais, alguém tomou uma decisão do dia para a noite e somos confrontados com o fait accompli e deixados às nossas considerações morais quanto à tragédia.

Com olhar de leigo, muito pesaroso, vi as fotos e a situação dela - tão jovem e tão destituída e roubada de sua inocência, por aqueles próximos dela. Um corpo de criança carregando duas vidas, às quais não estava fisiológicamente preparada(no desenvolvimento natural divino), ainda, para carregá-las. O quanto de risco à vida dela, já tão massacrada e abusada, traria a continuidade de tal gravidez? Não sei.

Isso leva a um dilema ético. Não seria ele comparável ao que é enfrentado por um enfermeiro que trabalha em um hospital superlotado, que está com os doentes espalhados pelo corredor, alguns em estado terminal, e que vê apenas um leito sendo aberto, na ala de cirurgia? Como ele vai selecionar quem vai viver e quem vai morrer?
  1. Pela cronologia da entrada ("Deus mandou esse primeiro do que aquele, então vou atender na ordem de chegada")?

  2. Ou seria por uma compreensão subjetiva da gravidade do caso ("acho que esse aqui, que chegou depois, está morrendo mais rápido que o outro, que chegou antes")?

  3. Ou pela idade ("Esse, que está morrendo já está idoso, vou salvar o mais jovem que tem uma vida toda pela frente")?

No caso da menina grávida, vejamos, em duas ações (matar ou deixar), 5 possibilidades de resultados:

  1. Matar 2, deixar 1; salvar 1: abortam-se os fetos, salva-se a mãe (situação decidida pelos médicos).

  2. Matar 0, deixar 3; salvar 0: não se faz nada, morrem todos (situação considerada a mais provável pelos médicos).

  3. Matar 0, deixar 3; salvar 2: não se faz nada, morre a mãe, salvam-se as crianças (situação considerada improvável pelos médicos).

  4. Matar 0, deixar 3; salvar 1: não se faz nada, morrem os fetos, salva-se a mãe(situação considerada possível, pelos médicos, mas com alto risco para a mãe).

  5. Matar 0, deixar 3, salvar 3: não se faz nada, salvam-se as crianças e a mãe (situação considerada impossível, pelos médicos).

A única coisa clara para mim, nessa questão e nesse estágio, é o merecimento da morte por parte do padastro; a quem imputo, igualmente, a responsabilidade pela morte das crianças que foram geradas. E, se fosse esse o curso, essa execução deveria ser feita pelo estado, com julgamento e sentença, e não por outros presidiários, como provavelmente ocorrerá.

A posição do arcebispo lá da terrinha, não veio embasada de considerações bíblicas, mas de um apelo “à lei canônica”. No dia que essa mudar, ele muda, também. Precisamos, realmente de muita humildade e aprofundamento nas Escrituras para discernir o curso, em casos como esse. Aos que desejarem pesquisar mais um pouco, sugiro a leitura do livro de Norman Geisler, Ética Cristã: alternativas e questões contemporâneas, Cap. 12. Vejam as opiniões do autor, que ele procura embasar na Palavra, sobre a questão do aborto, e outras situações, como a dessa tragédia, no Recife.

Solano Portela

Postado por Solano Portela.

Sobre os autores:

Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.

O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.

O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.

95 comentários

comentários
Anônimo
AUTOR
7/3/09 23:40 delete

Solano

Acho que faltou uma posição a respeito do tema. Pelo que eu entendi o autor do texto considera a questão muito complexa e não opina sobre esse aborto. E pede para procurarmos uma outra opinião com outro autor.

Agora restam dúvidas a respeito de levar adiante a gravidez. Outros, por sua vez, querem o aborto imediato.

Eu como um médico cristão o que eu faria? E minha situação perante a lei brasileira caso as 3 pessoas venham a morrer, principalmente a menina? É uma situação muito difícil.

Agora o que mais me incomoda, é a ICAR que ao invés de ajudar a familia, que em um momento de desespero pode ter sido levada pela decisão dos médicos, tomam como base uma lei canônica e não biblica. Sendo que pela biblia, todos os pecados são perdoados, até mesmo um aborto.

Agora ligar e desligar uma pessoa de sua salvação, vai ser burocrata do céu na Terra.

Abs
JP

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8/3/09 00:08 delete

Confesso que ainda estou em estado de choque com a tragédia do recife, é lastimoso termos que conviver com esse triste incidente na vespera do dia internacional da mulher, assim como o sangue se mosta mas vermelho em luvas brancas, de igual modo esse crime se mostra mais desprezível por ser cometido em uma criança que tivera a inocência castrada tão precocemente. o que a igreja pode fazer para evitarmos que situções como essas se repitam novamente?

Abraços Pentecostal-reformado

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O pregador
AUTOR
8/3/09 00:17 delete

Querido Solano:
Eu não tenho o que dizer de mais denso, mas posso afirmar que Jesus condenaria tal acerbispo por sua arrogância e falta de humildade em tratar com questões tão importantes sem ajuda das Escrituras. Se eu estiver errado me perdoe sou um leigo teológico mas, agradeço a Deus pela humildade que o Espírito tem nos dado para estudar as Escrituras.
Que Deus nos abençoe!!!

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8/3/09 00:53 delete

Realmente assunto muito polêmico. É muito triste considerar a idéia de que duas vidas preparadas com o sopro divino foram assassinadas sem possibilidade de defesa, devido sua fragilidade. No entanto, qual a defesa também que foi possível à criança de 9 anos que carregava essas vidas em seu ventre? Procurar a justiça no início do abuso, ainda com 6 anos e ter seu caso abafado pela delegacia local que provavelmente registraia uma ocorrência, mas não daria a mínima proteção física à família? Digo com propriedade que este caso só veio à tona porque culminou com a gravidez! Se não, esta menina continuaria sendo violentada até o dia em que a prática sexual com ela não fosse mais absurdo aos olhos da justiça por ela ter se tornado adulta. Também cabe uma discussão aqui... Que tipo de mãe não descobre que sua filhinha de 6 anos é estuprada dentro de sua própria casa? Até que ponto não houve conivência ou, no mínimo, vistas grossas?

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Anônimo
AUTOR
8/3/09 07:07 delete

Prezado Presb. Solano

não comento o caso do aborto nem o do estupro em si, mas o fato da excomunhão proferida pelo prelado papista lá da nossa terra.
Em primeiro lugar, fico abismado como ainda hoje vejo os cristãos protestantes evangélicos (os verdadeiros cristãos)incomodados com as atitudes de Roma.
Não devemos sequer dar atenção, quanto mais nos preocuparmos com as atitudes da Igreja de Roma (que insistem em chamar de ICAR, como se ela tivesse de fato alguma coisa a ver com a universalidade da fé cristã ou com os Apóstolos de Cristo e sua pretensa sucessão).
Eles nada têm a ver com a verdadeira fé cristã, portanto podem excomungar ou perdoar quem quiserem que esse ato é perfeitamente nulo perante Deus.
No entanto, o fato de arrogarem-se o direito de fazê-lo a pessoas que sequer sabem se são romanas (como noticiaram os jornais) é que deveria preocupar-nos, porque devemos lutar para preservar a laicidade do nosso Estado e mantê-lo livre dessas manifestações nefastas.

Abraços

Osvaldo Pimentel Filho
IP Vila Mariana
São Paulo - SP

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8/3/09 10:58 delete

Caro irmão,
Embora não proponha alternativa que sirva como solução ao impasse, o texto serve como bom início para uma reflexão mais profunda que, creio eu, a maioria de nós protestantes, assim como os católicos, não estamos preparados e, talvez, nem interessados em assumir.
Macula o texto a padoxal ênfase anti-Graça do merecimento da morte por parte do padastro, fragilmente apoiada em Gênesis 9:6, se se refere a pena capital. Salvo somos porque o justo Juiz não pensa assim, pois se assim pensasse não teria sobrado ninguem para contar a tragédia do Éden. O Justo sabe que nenhum de nós é melhor que o padrasto Jaílson José da Silva e que "todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, trapo de imundície". Só escapamos anistiados pela Graça.

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8/3/09 11:27 delete

Solano,
Por que os abortos são legitimados? Como você disse, porque a nossa consciência é antropocêntrica e não teocêntrica. Se a Bíblia fosse não somente a regra de fé, mas a regra moral e ética da sociedade, certamente tal crime não seria cometido. Quando uma sociedade relativiza a vida e a morte, o que se pode esperar dela? Quando os parâmetros são dúbios, incoerentes, pautados pelo “vale-tudo” (a)moral, há poucas chances ou nenhuma para o certo. E o pecado se torna inofensivo, indolor, anestesiante, ainda que o homem se deleite na própria destruição.
De certa forma, somos culpados por essas mortes; quando aceitamos em nossas igrejas que irmãos afastem-se da palavra de Deus e adotem uma postura humanista/liberal sem que sejam exortados e/ou disciplinados à obediência divina, ao Evangelho de Cristo. Quando se oferecem "cristos" baseados nas concepções humanas, e não o Cristo da Bíblia, o qual é único, não há esperança para a vida, apenas morte.
O arcebispo errou ao condenar o aborto? Não. Ele conhece as Escrituras? Provavelmente, não. Mas muitos de nós usam a Bíblia desonesta, espúria, corruptamente, a fim de justificar pecados e crimes como o homossexualismo, o aborto, o divórcio e o novo casamento, entre outros. Não querem perder o contato carnal com o mundo, nem rejeitá-lo, mas viver nele com o endosso e aquiescência de Deus, como se fosse possível. Não querem guerra, nem inimizade com o mundo, mas tornarem-se aliados.
A tristeza é que, casos como esse, acontecem diariamente em nossas cidades, sem que ninguém se importe. Recentemente, no interior de Minas, uma menina de 10 anos engravidou-se do padrasto (e aí não estaria parte do erro? Mães e pais que colocam as suas prioridades acima das dos filhos e filhas?), o qual foi preso, mas a família optou pela vida, e não pela morte do bebê.
Enquanto a sociedade for permissiva e proteger os bandidos, nós continuaremos vítimas, e fazendo-nos de vítimas.
Abraços.

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Anônimo
AUTOR
8/3/09 13:56 delete

Realmente Rev., situção muito delicada, e controversa.
Penso que vivemos estes problemas modernos todos os dias, e creio que a igreja precisa dar respostas legitimadas pela Palavra.
Concordo plenamete com o conteúdo do artigo, embora o mesmo não diz ser cotra ou a favor.
Como foi dito, nós não temos condições no referido caso de darmos um aval, pelo simples fato de não termos competências técnicas para tal, e cremos que aqueles que deram, o fizeram com temor, e sabedoria, sabendo das implicações que isso poderiam acarretar a todos.

Paz!

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Anônimo
AUTOR
8/3/09 14:14 delete

Sou contra o aborto. A única exceção que encontro para legitimir o mesmo é o denominado "aborto terapêutico", quando se decide entre a vida da mãe ou do nascituro. O que mais me inquieta nesse particular é a procedência dessa decisão. Nas suas palavras: "Confiar em outros, em questões tão cruciais, é temeroso. Mas há outro curso viável?"

Parabéns pelo post.

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8/3/09 14:17 delete

Caros amigos - obrigado pelos comentários.

JP - Você o disse: "a situação é muito difícil". Portanto, apesar das opiniões conceituais genéricas expressas no texto, reservo-me o direito de não firmar, ainda, uma opinião categórica sobre o caso em si, em todos os seus detalhes e aspectos. Afinal, a ausência de opinião sobre uma questão, é também uma opinião.

Caro Fanuel (e Hellen): Realmente chocante. Como disse a Hellen, a questão só veio à tona por causa da gravidez. O quanto ela não continuaria a ser abusada (como foi a irmã mais velha), se o escândalo não se tornasse público.

Caro pregador: verdadeiramente precisamos firmar nossas convicções éticas a partir dos ensinamentos daquele que é a fonte da moral, do certo e do errado, que nos legou as Escrituras.

Caro Osvaldo: Grato pelo comentário. Não tiro o direito do pronunciamento do representante da igreja católica. Questiono a base sobre a qual tais pronunciamentos (ou dogmas) são construídos. Podem até acertar , às vezes, mas como constroem na tradição e não na Palavra, perdem em validade.

Caro Paulo Silvano: A idéia, neste estágio, é realmente provocar a reflexão, até porque teremos, todos nós de ter convicções profundas sobre os pontos inegociáveis de nossa ética - a qual deveria refletir postulados da Bíblia. Quanto à referência à pena capital - trato dessa questão em:
http://www.solanoportela.net/na_integra/pena_capital.htm

onde apresento e demonstro que é exatamente esse Deus da Graça, que em sua graça, deu a pena de morte à sociedade, para que ela fosse alvo de sua graça e ficasse preservada daqueles que procuram destruí-la pelo desrespeito à vida. Infelizmente, a própria sociedade involui e, desejando ser melhor e mais misericordiosa do que Deus, dá um tiro no próprio pé, quando levanta o direito dos criminosos acima do dos inocentes.

Jorge: É isso aí. Almejamos referenciais teocêntricos para a sociedade - e isso não é impossível, pela graça comum de Deus, mas nos desencorajamos quando vemos cristãos, ou aqueles que assim se intitulam, pensando antropocentricamente.

Um bom domingo a todos,
Solano

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Danilo Neves
AUTOR
8/3/09 15:09 delete

O assunto "aborto" é polêmico porque há uma violenta briga! De um lado a Constituição Federal (posição pagã), de outro a medicina e sua ética (depende do médico pra ser pagã), em outro lado a ICAR (pagã por não ser bíblica. a tradição é a palavra final, infelizmente!), em outro toda a mídia (pagã de novo, barulhenta e sensacionalista) e de outro aqueles simpatizantes, geralmente radicais, que são pró ou contra aborto. E no meio está a menina e aqueles que são dignos de serem considerados parentes.

Considerando o cenário (+ a inimizade do homem com Deus - Rm 8.7), ir contra o aborto porque a Palavra de Deus diz ser contra, é heresia. Quem seria homem o suficiente, digamos assim, para peitar todos que estão nessa briga? Ser um apologeta cristão nesses casos é pagar um preço muito alto. Particularmente, sofro quando tenho que defender a vida e não a morte nesses casos! Mas sei que essa é a vontade de Deus. Sei que o problema não é simples e longe esteja eu de ser frio e mais longe ainda de não ser bíblico. O pecado fez da morte a solução para o estupro!

Que Deus nos abençoe com sabedoria e coragem para batalharmos pela fé! Amém!

Soli Deo gloria

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Anônimo
AUTOR
8/3/09 15:16 delete

eu não entende a parte que o senhor fala de pena de morte!
em caso de morte paga com a vida e nesse caso ele matou alguem?
e temos prova pra saber se realmente o aborto era o melhor?
numa época que a sociedade quer o aborto egalizado!

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8/3/09 16:02 delete

Caro Solano,

Parabéns pelo post!

Como faz falta o cumprimento pelo Estado do seu dever atribuído por Deus: punir (com morte, às vezes) os malfeitores.

É revoltante saber que os nossos impostos, e da família em particular, serão usados para sustentar o criminoso na cadeia.

Um abraço,
Felipe Sabino

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Anônimo
AUTOR
9/3/09 01:54 delete

Caro Solano

Sobre esse horrível fato é recorrente cair na questão sobre o aborto.
Então lanço a questão aqui. No lugar do médicos ou das pessoas que sugeriram o aborto, como cristãos como deveríamos proceder?
Porque em todos os comentários, não vi nenhuma conclusão a respeito do tema. Essa omissão pode significar, de certo modo, um ponto favorável a atitude do médicos?

Quanto ao texto do Osvaldo Pimentel Filho é importante destacar alguns pontos.

A ICAR por mais que tenhamos profundas divergências, é importante lembrar que ela compartilha o mesmo credo nicênico e nós surgimos dali.
E o mais importante, ela também representa a tentativa de reafirmar os valores cristãos na sociedade.
Quando há uma atitude como essa, querendo ou não há um impacto sobre toda a "cristandade".
Mas será que no fundo não teríamos a mesma atitude?

Abs
JP

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Ailsom
AUTOR
9/3/09 11:59 delete

1 - Aborto como método “anti-concepcional” de quem não tem responsabilidade na hora do sexo, é crime, e pecado. Acho que cristão nenhum pode ser a favor disso. Mas o caso dessa menina, infelizmente, este foi o “mal menor” . Os riscos eram grandes.

2 – Após estes casos extremos sempre se levanta a bandeira da pena de morte. Eu se fosse deixar aflorar em mim meus instintos animais de velho homem também ia querer trucidar este estrupador.

Mas não entra na minha cabeça como um cristão pode defender a pena de morte como ferramenta punitiva do Estado, e ainda usar a bíblia como argumento. Pra mim isso beira heresia. Não tem santo nenhum (nem São Calvino de Genebra!) que me faça aceitar isso e conseguir combinar com os ensinamentos de Jesus, como por exemplo em Mateus 5:38-44.

E claro que alguém vai dizer que Paulo fala sobre o poder dado às autoridades e etc, etc . Mas não dá ... Na minha cabeça não entra de isso de jeito nenhum. É uma interpretação forçada. Parece mais coisa de americano, que carrega uma bíblia em uma mão e uma espingarda em outra.

E bala pra frente ... quer dizer, bola pra frente.

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Anônimo
AUTOR
9/3/09 14:00 delete

Ailsom, creio que Mateus Jesus esteja falando da má-intepretação dada por algumas pessoas. O "olho por olho, dente por dente" é um princípio basilar do direito penal (mesmo que hoje não seja muito utilizado). O nome que se dá a ele hoje é princípio da proporcionalidade da pena. Ou seja, você recebe uma pena de acordo com a gravidade do crime que cometeu.

Entretanto, algumas pessoas da época estavam usando esse preceito para ser usado na vida particular, para terem uma base para a sua vingança própria. O próprio Jesus reafirmou o uso da lei sobre a pena de morte, em Marcos 7: "E Jesus acrescentou: Na realidade, invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição. 10Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe; Todo aquele que amaldiçoar pai ou mãe seja morto. 11Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe: Qualquer coisa que de minha parte te pudesse ser útil é corban, isto é, oferta, 12e já não lhe deixais fazer coisa alguma a favor de seu pai ou de sua mãe, 13anulando a palavra de Deus por vossa tradição que vós vos transmitistes. E fazeis ainda muitas coisas semelhantes".

A lei de Deus é perfeita, restauira a alma! Nós é que, fugindo dos preceitos bíblico, julgamos com a nossa razão depravada a Palavra de Deus. Isso não é cristianismo, mas racionalismo puro. Se Deus diz, assim deve ser feito. E outra: pensando como um homem carnal, melhor seria ser morto do que servir de mulher para vários detentos. Na real, nem a prisão é prevista na Bíblia. Esse sistema corrupto que não reeduca em nada (porque baseado em premissas humanistas) só faz é piorar a situação da criminalidade. PAra crimes mais graves assim, a solução seria apenas uma: pena de morte!

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9/3/09 14:47 delete

Nada!nada justifica tirar a vida de duas vidas inocentes!
Tudo isso é conseguencia de uma sociedade sem Deus!
Essa é minha simples e brevia opinião.
Paz.

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9/3/09 15:13 delete

Eu faço apenas duas perguntas, as mesmas que fiz num fórum de discussões:

1. Os médicos tinham exames comprobatórios que a vida da criança de 9 anos estava em perigo? Hoje em dia, com a tecnologia, muitos partos de risco podem ser bem sucedidos.

2. Se estão tratando é de vida e tinha-se a garantia das crianças nascerem bem, por que não arriscar a vida da mãe?

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Anônimo
AUTOR
9/3/09 15:47 delete

Prezado JP

sem querer polemizar, pois aqui não é o lugar nem o momento apropriado, apenas venho dizer que vejo com muita preocupação essa falácia de que a Igreja de Roma tem qualquer compromisso com os valores cristãos. Essa é apenas uma estratégia para absorver as Igrejas oriundas da Reforma e reafirmar sua primazia política e reassegurar seu poder temporal, desde sempre único e principal objetivo de Roma. Portanto nem aliados, nem amigos, nem co-beligerantes, nem nada. Quanto mais distância, melhor.

abraços

Osvaldo Pimentel Filho
IP Vila Mariana
São Paulo - SP

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9/3/09 16:59 delete

Caro Solano

reconheço que o assunto é bastante complexo, sobretudo porque envolve um ato criminoso de estupro contra uma criança que deveria ser protegida. Mas ainda assim penso que nada pode justificar o aborto.

No caso que você mencionou sobre o enfermeiro que deveria escolher alguns dentre muitos, em minha visão, ali não tínhamos a intervenção de um médico em retirar a vida de alguém. Para mim a distinção está aí, escolher um dentre dois moribundos é diferente de se escolher retirar a vida de alguém.

Como também há diferença com relação à eutanásia, assunto extremamente complexo para mim.

Ontem alguém me perguntou qual seria a minha decisão se minha esposa estivesse vivendo uma gravidez de altíssimo risco. Respondi que, de acordo com as minhas convicções, a encorajaria a não abortar e, ao mesmo tempo, buscaria a misericórdia de Deus.

Por outro lado, concordo com a pena capital do padrasto facínora que, nesse caso, é o grande responsável.

Com relação à ICAR, a posição do arcebispo é muito mais pela vida como um fim em si mesma do que por uma remota, diga-se de passagem, convicção bíblica. Até porque, há casos em que se é lícito matar um ser humano.

Um grande abraço.

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JOILSON
AUTOR
9/3/09 17:27 delete

Eu acredito que a Igreja no sentido geral tem que rever alguns conceitos, éticos principalmente, pois com o passar dos tempos coisas novas vão aparecendo e coisas antigas se revestem de características novas, pedindo uma nova forma de apreciação e julgamento, não podemos julgar situações atuais como se acontecessem a 500 anos atras, as nossas igrejas reformadas tradicionais que se preparar para esses novos embates.

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Anônimo
AUTOR
9/3/09 22:28 delete

Talvez a ſituação pintada pelos médicos não foße bem aßim, vide a carta do pároco da menina.

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Ailsom
AUTOR
10/3/09 09:23 delete

Saulo (e demais),
Não dá. Não consigo conciliar. Não tem jeito. Se pra ser reformado-presbiteriano-calvinista é necessário aceitar a pena de morte, então eu não sou.

A mensagem de Jesus, mesmo cumprindo a lei, não combina com pena de morte. Ele mesmo diz:

"Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;"

Ora, Ele diz isso para um inimigo ou perseguidor, pessoas que nos afetam diretamente. Creio que isso se a um ladrão que nos ataque, uma assassino de um parente próximo, ou seja, isso incluiria qualquer malfeitor que nos cause algum mal. Ou será que um malfeitor desses não seria meu inimigo ou perseguidor ? Amigo eu sei que não é.

Pois bem, se um inimigo direto eu tenho que amar, como vou querer que se mate alguém que não me tenha feito um mal diretamente, mesmo que tenha feito um mal para outras pessoas ?

Um abraço,

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Danilo Neves
AUTOR
10/3/09 12:42 delete

Alison, você terá muita dificuldade, por exemplo, em entender as palavras de Jesus se continuar lendo o Sermão do Monte e parar em Mt 7.6: "Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem". Busque o equilíbrio na sua interpretação, meu irmão, e não ignore ou minimize o impacto das msgs da Escritura ainda que elas digam: "Ele deve morrer" ou ainda que Deus reivindique tal coisa:

"Vede, agora, que Eu Sou, Eu somente, e mais nenhum deus além de mim; eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro; e não há quem possa livrar alguém da minha mão" Dt 32.39

Graça e paz, em Jesus, o Filho de Deus. Amém!

Soli Deo gloria

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Ailsom
AUTOR
10/3/09 14:38 delete

Danilo,

Se Jesus houvesse dito "Além de não dar estas coisas ao cães e porcos, pisem e dilacerem este animais!!!", eu seria primeiro a querer cumprir este "mandamento" ...

Mas não é isso que ele disse, nem sei como se consegue defender a pena de morte com o trecho que você citou. Não acho que não dar algo santo aos cães e porcos seja sinônimo de morte.

Não podemos também ter a presunção de sermos a mão de Deus para matar e ferir ... Não temos o poder de de fazer viver e sarar, porque então queremos matar e ferir ?!?
Isso é com Ele !!!!

Mas pode ser que eu esteja errado mesmo... E se estiver, bem que eu queria ter nascido na época do velho testamento ... Ia ser o primeiro a chegar naquelas cidades pagãs matando todos os infiéis idólatras para abrir caminho pro povo de Deus. É uma pena que os crentes de hoje abandonaram esse "costume".

Um abraço,

E "de Sola na Scriptura" !!!

Aílsom

Obs.1: Matar cão eu já matei. Dá uma olhada nos comentários do post sobre o filme do Marley !!
Obs.2: Não sei se este espaço e o melhor para continuar falando sobre pena de morte ... já estamos fugindo do tema do post.

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Ailsom
AUTOR
10/3/09 14:45 delete

Acho que "Pena de Morte" seria uma boa sugestão de tema um post dos irmãos Temporais aí do blog...

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Danilo Neves
AUTOR
10/3/09 15:28 delete

Irmão Ailsom (agora acertei!)

Acho que escrevi muito resumido. Citei Mt 7.6 não pra falar de pena de morte, mas pra falar de hermenêutica.

Sobre a pena de morte, leia este texto:
"...visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal..." Rm 13.4. O que você entende por espada aqui?

Acho que o seu problema não é em aceitar a pena de morte e muito menos tem haver com o São Calvino de Genebra. Como o rev. Nicodemus disse em um post, é "uma questão de método", de hermenêutica mesmo. Diria também que é olhar as Escrituras sem tanto emocionalismo, a ponto de dizer que tal coisa “beira a heresia”. Apenas pra ressaltar, no calvinismo, entendemos que quem convence-nos de tudo, é o Espírito Santo, inclusive em aceitar a existência da pena de morte nas Escrituras.

Agora não iremos fazer, em hipótese alguma, como o padre e te excomungar por ter opinião contrária.
Abç, meu irmão! E falo isso com amor, sem ironias.
Graça e paz, em Jesus, o Filho de Deus. Amém!

Soli Deo gloria

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10/3/09 21:15 delete

Prezado Solano e demais irmãos em Cristo,

Antes de tudo, gostaria de me posicionar dizendo que sou radicalmente contra o aborto. Ninguém tem o direito de tirar a vida de um feto inocente.

Mas, essa tragédia mexe com nossos valores. Pois é criada uma situação de conflito, ficamos a indagar qual o bem maior a ser protegido???

A vida dos gêmeos? Ou a vida de uma criança, brutalmente estuprada?

Qualquer decisão tomada será imperfeita, pois exigirá escolher uma hipótese em detrimento da outra... É o preço de vivermos em um mundo caído!

Como resolver o dilema??

Não sou teólogo. Apenas um cristão reformado, convicto, advogado de formação, que gosta de estudar a Bíblia.

Confesso que tenho uma filha de dez anos de idade. Não pude deixar de me identificar com os(a) pais(mãe) dessa menina.

Creio que todos nós fizemos a nós mesmos o seguinte questionamento: e se fosse comigo? O que eu faria...

Creio que a solução Bíblica mais adequada seria a seguinte:

a) orar e pedir orientação;

b) submeter o pedido de aborto à autoridade Judiciária competente;

c) acatar a decisão judicial. Seja qual for, entendendo que a soberania de DEUS assim permitiu.

O Apóstolo Paulo não registra em Romanos que as autoridades são ministros de DEUS para o nosso bem??

Concordo com o irmão ao dizer que não deveríamos comentar a decisão do Bispo Católico de excomungar a família.

Trata-se de matéria eclesiástica da Igreja Católica que não nos diz respeito. Creio que não gostaríamos que os católicos ficassem comentando decisões disciplinares aplicadas pelos Conselhos das nossas Igrejas locais.

Registro, apenas, que foi péssimo ter dado publicidade a tal decisão.

Creio que a família da menina (sem mencionar a própria menina) precisam de nossas orações e, quem sabe, se a Igreja Presbiteriana de Recife não poderia dar uma assistência pastoral mais próxima...

Que DEUS tenha misericórdia de todos nós!

Soli Deo Gloria!!!

Cristiano Pereira de Magalhães

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Anônimo
AUTOR
10/3/09 22:48 delete

Olá a todos

Gostei da posição do Cristiano Pereira. Acredito também que nessa situação extrema esse seria a melhor atitude. Isso significa ser a favor do aborto. De modo nenhum. Fico pensando como uma menina de 9 anos conseguiria dar a luz a gêmeos?
Sou pró-vida mas deixo 3 crianças morrerem?

Agora a igreja romana tem esse tipo de recepção a um fato como esse, em larga medida, pela tentativa direta de influenciar a sociedade.
Como a midia já tem uma perspectiva contra os principios judaicos-cristãos, tal fato só os alimenta.

No fundo a ICAR aceita um estado laico de faixada.

A questão do aborto deve ser uma perspectiva do individuo.
Se a sociedade quer cair nessa barbarie, deixem-nos.
O que importa é a consciencia do evangelho de cada individuo.
A igreja protestante teria que ter essa perspectiva. Assim como Paulo fazia. No NT ele diz para os cristãos não se conformarem com as atitudes vivenciadas pelos povos pagãos, principalmente Roma. Mas ele não pedia para fazer passeatas contra as orgias, idolatria, aborto etc etc mas apenas pregar o evangelho.

Abs
JP

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10/3/09 23:21 delete

Cristiano,

Situação complexa essa. Creio que situações complexas assim só podem ser pensadas à luz dos absolutos de Deus, pois nossa inclinação natural para o mal nos turva as vistas (e dispara a adrenalina).

Creio haver gritante contradição quando você diz que é radicalmente contra o aborto pois ninguém tem o direito de tirar a vida de um feto inocente , MAS considera que nesse caso especificamente pode haver sim justificativa e alguém teria, sim, o direito de tirar a vida de dois fetos inocentes.

Quanto à sua proposta de suposta solução Bíblica ressalto que ela ainda não resolve o princípio de que "ninguém tem o direito de tirar a vida de um feto inocente".
Que seria o famoso princípio escrito (não por homem) naquela tábua, o de número 5, Não matarás...

Abraço

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Anônimo
AUTOR
11/3/09 08:05 delete

Sobre a pena de morte.

A pena máxima é característica do Velho Testamento, não somente na civilização judaica, mas em todas as civilizações da época.
Em termos cristãos, e na nossa época, não acredito que possamos decretar a morte de alguém.
O valor da vida humana foi uma das grandes conquistas trazidas pelo Cristianismo, e em nossa civilização eu discordo de uma morte institucional e assistida, em qualquer termo. Seria um grave retrocesso.
As referÊncias citadas são narradas do ponto de vista do Pai, que dá e tira conforme seus desígnios.
Espada pode servir como símbolo de linguagem para divisão, para conflito, mas não necessariamente para morte, muito menos para o endossamento da mesma.
Vivendo sob a Graça, e consciente de que graças à predestinação divina, mesmo o pior dos pecadores pode ser convertido, não consigo entender a validade da pena de morte. Um pequeno exemplo é justamente o criminoso ao lado de Cristo na Cruz (vocês lembram quais os crimes que pessoas crucificadas naquela época costumavam praticar?).
Já a validade de uma prisão perpétua é outra coisa. Afasta-se o monstro da sociedade, mas não tira dele a oportunidade de ser redimido (embora ser solto esteja fora de cogitação).

"Vede, agora, que Eu Sou, Eu somente, e mais nenhum deus além de mim; eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro; e não há quem possa livrar alguém da minha mão" Dt 32.39

O trecho ressalta a justa soberania e autoridade do Pai. Colocar tamanha autoridade sobre a vida na mão de seres humanos falíveis?
Quantas pessoas se dizem inspiradas por Deus e no fim são grandes escarnecedores? Quem de nós poderá julgar quem está salvo e quem não está, ou saber se no futuro determinada pessoa não se salvará?
Sobre as penas de morte citadas no Velho Testamento, ou acreditamos de forma literal em sua validade jurídica total até para os dias de hoje (não se recorta a Bíblia), ou se compreende que a civilização judaica vivia guiada pela Lei num tempo determinado em meio a uma civilização com outros valores, e que ainda não recebera a Nova Aliança. Portanto não seria coerente defender a pena de morte em casos específicos citados no Velho Testamento se ao mesmo tempo não a defender em todos os outros casos prescritos sob a Lei antiga.
Vivemos num mundo que conheceu Cristo temporalmente, e em tal situação, a morte e os pecados já cobraram seu preço sobre Ele. Não vejo como a Doutrina Reformada pode autorizar o encerramento da vida por mãos humanas.
Alguém gostaria de argumentar ou esclarecer algum ponto?

Um grande abraço,

Hélio

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11/3/09 09:05 delete

Prezado Anderson,

A situação é realmente de conflito de valores. Creio que o cristão só poderia tomar uma decisão dessa natureza após consultar a DEUS em oração.

Nós sabemos que DEUS responde as nossas orações. Se após orarmos, nos sentirmos incapazes de tomar uma atitude mais drástica, é sinal que DEUS não quer.

É muito difícil analisar a questão, pois falamos em tese e (graças a DEUS) não vivenciamos o drama.

O conflito não é resolvido, mas teremos a tranquilidade de ter agido sob a tutela e orientação de DEUS.

Deixo uma pergunta no ar: será que foi fácil para Elias matar os profetas de Baal, mesmo sob as ordens de DEUS?

Creio que a hipotética situação seria semelhante, ou pelo menos, próxima.

Um abraço para todos!

Cristiano

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Anônimo
AUTOR
11/3/09 10:48 delete

Caros Irmãos,

O fato certamente é muito polêmico, ainda mais em uma sociedade tão individualista, relativista, corrompida e tão distante de Deus...
O aborto, legalizado ou não, sempre vai gerar problemas sociais, psicológicos e religiosos e, infelizmente vamos nos deparar ainda muitas vezes com tal situação... é claro que a mídia secular aproveita tal situação para promover o aborto como opção legal e exclusiva da mulher, bem como para ridicularizar a Igreja, no caso a ICAR... a educação e a prevenção podem diminuir os casos de gravidez indesejadas, mas não conseguirão evitar casos de estupro... pois o homem, enquanto pecador, continuará a se deleitar em seus próprios delitos, paixões e concupiscências...
Quanto a pena de morte, não estou convencido que a Bíblia "aprova" tal pena para ser aplicada pelo Estado, como também já "aprovou" a escravidão, ao meu ver quando nos sujeitamos a "espada" estamos, na verdade, cientes das consequências dos nossos atos e que eles são passíveis de punição... como disse o nosso Mestre: "Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela." (Jo 8.7)...

Deus abençoe a todos!

Ir. Harley

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Anônimo
AUTOR
11/3/09 10:57 delete

Anderson,

O mandamento de nº 5 pode também ser melhor traduzido por "não assassinarás", conforme alguns tradutores e estudiosos do hebraico... assim não haveria confronto entre este mandamento e algumas passagens "sangrentas" do Velho Testamento"... na Rádio IPB on-line tem uma "chamada" que diz mais ou menos assim: "não matarás... não matarás... não matarás... uma lei divina... a sua desobediência é escolher entre o céu e o inferno... pois devemos amar o próximo como a nós mesmos!"

Abraços,

Ir. Harley

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Ailsom
AUTOR
11/3/09 12:01 delete

Danilo e demais,

Não esquente muito com o que eu disse sobre “beirar a heresia” e outros exageros, como aquele negócio de sair matando todos os infiéis (você eu pouparia ... rsrs ) ... É só retórica ...

O que você disse não beira a heresia, mas é uma heresia completa ... (ops ... brincadeira ...)

Agora falando sério:

Não tenho profundo conhecimento de hermenêutica. Fiz um cursinho básico (CFEC) on-line do falecido STPRJ, nos primórdios da internet (aliás foi o primeiro curso de um seminário brasileiro pela internet ). Mas já esqueci tudo!!

Acho até meio arriscado dar estes palpites por aqui ... Eu, leigão da silva, palpitando no meio de pastores, professores, mestres e etc ... Não é a minha intenção “ensinar o padre a rezar a missa” (ou “instruir ao reverendo a ministrar a ceia” ...) . É apenas manifestação de opinião.

Mas voltando ao assunto. Acho que ninguém pode negar a mudança que Jesus provocou. Ao começarmos o “processamento hermenêutico” no velho testamento e chegarmos em Jesus, percebemos que a coisa muda. Jesus vem e cumpre toda a lei. Não a abole, mas a cumpre. E por cumpri-la, nós não praticamos mais muitas das determinações desta lei. Ele próprio põe o amor em uma posição acima da lei, como no caso de curar aos sábados. Por isso acho que as penas de morte, apedrejamento, vinganças e etc. não tem mais espaço. O amor vem antes, inclusive para os inimigos e perseguidores.

O texto que você citou de Romanos 13:4 não acaba ali. No versículo 10 por exemplo está escrito “amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor.”

Mas o que eu entendo do versículo que você citou é que Deus tem o direito de fazer a sua justiça da maneira que quiser, e as vezes ele usa as autoridades constituídas, os faraós, babilônia, os homens maus, e o que quiser. Ele é Deus, e a vontade e a permissão é dele. Mas não somos nós que temos que assumir a posição de vingadores de Deus. Deixa que ele sabe fazer isso. Ou será que temos que assumir uma vocação para Faraó, por exemplo, para cumprir a vontade de Deus ?

O Espírito Santo me convenceu do pecado e me levou a Jesus. Sem a ajuda do Espírito seria impossível eu encontrá-lo. Mas não me convenceu ainda a aceitar a pena de morte, e sinceramente acho que não vai convencer. Não por eu ser mais forte que Ele e conseguir resistí-lo. Simplesmente acho que Ele não precisa fazer isso. Não é algo necessário para minha salvação e vida cristã.

Um abraço,
E Sola Gratis !

Aílsom

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Danilo Neves
AUTOR
11/3/09 12:19 delete

Solano, geralmente sou contra algumas coisas do Silas Malafaia, mas quando ele esteve no programa Canal Livre da Band, em 2008 (antes da legalização do aborto para alguns casos) ele tocou na questão do aborto de forma muito pertinente em termos gerais, inclusive falou um pouco sobre o caso do estupro. Abaixo estão os links:

Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=VBQC_4DBmyc

Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=FLO00cJeUOg

Abç a todos!

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Danilo Neves
AUTOR
11/3/09 13:30 delete

Poderia citar outros (inclusive os de opinião contrária), mas citarei somente David Martyn Lloyd-Jones:

Rm 13.4 (texto base).
"Aqui temos uma questão perturbadora. Qual será o ensino? Bem, partindo da referência ao uso da espada e tendo em mente o fato de que a espada é o mais característico emblema da autoridade do Estado - do poder de governar - vê-se claramente que o Estado tem poder para tirar a vida, e que esse poder lhe é outorgado por Deus. Há, porém, objeções a esse conceito...Devo dizer primeiramente que estou falando em pena capital unicamente como a pena por homicídio...Há aqueles que dizem dizem que matar de toda e qualquer maneira é sempre errado. Só se pode dar uma resposta a isso: o Velho Testamento deixa perfeitamente claro e certo que não é esse o caso. Deus ordenou aos filho de Israel que matassem certas pessoas, e, de fato, mandou até exterminar algumas nações. E claro está que, através dos séculos, os santos tem agido com base neste princípio..."Mas então", diria alguém, "o mandamento não diz "Não matarás"? E que dizer sobre a exortação, "oferece-lhe também a outra (face)"?".

Esses são os argumentos comuns. E a resposta é que todos esses mandamentos são dados ao indivíduo. O indivíduo não deve matar, o indivíduo deve oferecer a outra face...Todavia, agora estamos falando do poder que o Estado tem de tirar a vida na forma de pena capital. Portanto, não adianta citar um dos Dez Mandamentos ou o ensino do Sermão do Monte..."

A conclusão a que ele chega é esta:

..."Porque Deus fez isso? Certamente a resposta do conjunto total do Velho Testamento é que Deus é o autor da vida. A vida é o maior dom que Ele deu aos homens e às mulheres. E, como Deus é o autor, o único autor, da vida, somente Ele tem o direito de tirar a vida. É nesse ponto que se vê a enormidade do homicídio. É por isso que o homicídio é um crime muito especial e único. Uma coisa é tirar bens materiais do homem ou seu dinheiro; coisa diferente é tirar sua vida. A vida do homem é a mais preciosa de todas as suas posses. Deus lha deu; só Deus tem o direito de tirá-la.

Noutras palavras, parece-me que, com base no ensino desta passagem, o argumento a favor da pena de morte pode ser exposto assim: a pena capital visa salientar e estabelecer a santidade da vida. Não há nela nenhuma qualidade vingativa. Se entrar o elemento vingativo, será errado aplicá-la. O propósito da pena capital não é dizer: "Você tirou a vida de alguém, vou tirar a sua". Não é nada disso. O propósito da pena capital é reivindicar o domínio de Deus sobre a vida e dizer ao homem que, se ele ultrapassar esse limite, terá que ser privado da sua própria vida. Não há nada que nos ensine tanto sobre o caráter sagrado e a santidade da vida como a execução da pena capital.

É muito interessante obsevar aqueles que se opõem à pena capital; geralmente vocês verão que eles são humanistas, são ateus...causam agitação pelo que eles chamam "nova moralidade"...


Exposição sobre Capítulo 13
Vida em Dois Reinos, editora PES, págs.: 77-79.

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Ailsom
AUTOR
11/3/09 14:48 delete

Danilo,
Vamos lá de novo novamente:

(já estou começando a ficar com pena de quem tem que ficar aprovando os comentários ...)

Na citação David Martyn Lloyd-Jones:
"É muito interessante obsevar aqueles que se opõem à pena capital; geralmente vocês verão que eles são humanistas, são ateus...causam agitação pelo que eles chamam "nova moralidade""

Ainda bem que ele disse "geralmente" . Eu me oponho à pena capital e não sou humanista, nem ateu, nem prego nova moralidade.

Agora, se a pena de morte for para salientar a santidade da vida e reivindicar o domínio de Deus sobre a vida, que tribunal vai julgar isso ? Até em uma "Teocracia Crista" quem teria poder de estabelecer o que é "santo" ou de "domínio" de Deus além do próprio ? Ninguém nem estado nenhum tem condições para isso. Me diz unzinho só.

Obs.: Tô ficando abusado mesmo ... rebatendo até David Martyn Lloyd-Jones !!!

Um abraço,

Aílsom

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Anônimo
AUTOR
11/3/09 16:02 delete

E que tal o "caso Caim", nem mesmo Deus o condenou a pena capital... esse fato anterior a Lei seria propício para que o homicídio implicasse na morte do homicida... nasceria, assim, um princípio atemporal...
Mas Deus não aplicou tal pena a Caim, e ainda determinou uma punição maior (7 vezes) a quem vingasse a morte de Abel.
O Estado não é, nem pode ser soberano sobre a vida... Deus não outorgou nenhuma procuração com poderes ilimitados ao Estado... e se, por exemplo, o Estado brasileiro determinasse que a religião oficial do Brasil é o Catolicismo e que todo cidadão deve pelo menos 2 (duas) vezes ao dia, em praça pública, adorar a "santa padroeira deles"...!? Isso não lembra uma história bíblica !?
Como também não cabe ao Estado impor-se em questões de fé, alegando, inclusive, legitimidade bíblica.
Vejamos, um dos conceitos de Estado afirma que ele: "é um ente soberano, com uma população ocupando um espaço geográfico"... a falta de apenas uma característica implica na inexistência do mesmo... por isso o Estado é tão corrupto quanto o homem... porque é formado por homens... logo seguindo o raciocínio acima... se o homem não tem legitimidade sobre a vida do seu próximo... o Estado também não tem... aliás a única legitimidade do Estado é assegurar a vida... preceito constitucional do nosso ordenamento jurídico.

Em Cristo!

Ir. Harley

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Anônimo
AUTOR
11/3/09 17:12 delete

Pelo menos a Igreja Catolica tem uma opnião formada a respeito, já nós estamos divididos em muitas vozes que formam um coral desafinado.

Nos falta uma voz no Brasil para dar a nossa posição a sociendade.

Abraço

Alan
www.leidosentidocomum.bogspot.com

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Anônimo
AUTOR
11/3/09 22:36 delete

Prezado Danilo Neves,

Gostaria de tecer alguns comentários a respeito de sua carta.
Não vejo em Romanos 13.4 uma aceitação expressa da pena de morte, e nem sua institucionalização nas mãos do Estado (conceito inexistente na época do Apóstolo). No início do capítulo citado, faz-se menção às "autoridades superiores", mas obviamente nem toda autoridade secularmente superior é respeitável ou "superior" de fato, haja visto o Império Romano na sua fase declaradamente anti-cristã e os modernos impérios totalitaristas comunistas e nazistas.
A questão realmente não é de fácil interpretação. E teríamos que entrar nos critérios para se saber quais são essas autoridades superiores e etc.
Reforço também o argumento que a pena capital valia em determinadas épocas, e principalmente sob a Lei, antes da Revelação de Cristo (embora tenha sido aplicada posteriormente).

Sobre Estado e Coletividade, são termos modernos, inexistentes no raciocínio daquela época. São leituras nossas sobre o que eles faziam. Temos na época a autoridade representativa e de caráter claramente sagrado, autoridade esta exercida por grupos de indivíduos, sacerdotes ou regentes pessoais.
Logo a idéia de Estado coletivo é uma bizarrice nesta discussão. É um termo que não se aplica a comentários sobre aquela época.

"a pena capital visa salientar e estabelecer a santidade da vida."

Numa sociedade governada pela Lei, destituída da Graça, a pena de morte reestabelecia a ordem na sociedade e apaziguava as tensões causadas por conflitos crescentes. Embora não seja um escritor ou pensador Cristão Reformado, René Girard entra no assunto quando expõe sua teoria antropológica do Bode Expiatório. Vale a pena dar uma lida para compreender socialmente e antropologicamente o que o sacrifício de Cristo significou (sem perder o Sola Scriptura! :-)).

"É muito interessante obsevar aqueles que se opõem à pena capital; geralmente vocês verão que eles são humanistas, são ateus...causam agitação pelo que eles chamam "nova moralidade"..."

Argumento ad hominem não funciona bem por aqui pelo visto. O assunto em pauta é a pena de morte e não a qualificação das pessoas.
Calvino era humanista e usou muito da influência humanista que teve em suas obras, e pelo que lembro, criticava o escolasticismo já decadente de sua época. (humanismo pode ser cristão e teocêntrico, embora atualmente tenha tomado conotação estranha e tenha perdido seu significado real - veja o livro de McGrath - A Vida de João Calvino para perceber melhor o que é humanismo como descrevo).
Felizmente não sou ateísta. E para falar a verdade, quem sempre apoiou e executou de forma estatal e profissional a pena de morte foram os grandes líderes e pensadores ateus (comunistas responsáveis pelos maiores massacres da humanidade inteira, e totalmente anti-religiosos, principalmente anti-cristãos).
E não existe essa conversa de nova moralidade, isso tem o nome de relativismo. Existe somente a Moral, absoluta e única, reflexo do caráter de Deus como Bondoso e Santo.

Um Abraço

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Danilo Neves
AUTOR
11/3/09 23:41 delete

Antes de responder aos irmãos, preciso fazer uma consideração sobre o Estado.

Em Ec 5.8,9 diz: "Se você vir o pobre oprimido numa província e vir que lhe são negados o direito e a justiça, não fique surpreso; pois todo oficial está subordinado a alguém que ocupa posição superior, e sobre os dois há outros em posição ainda mais alta. Mesmo assim, é vantagem a nação ter um rei que a governe e que se interesse pela agricultura" (utilizei a versão NVI, pois parece ser a mais correta aqui).

Salomão não diz nada novo (Ec 1.9) e a história de corrupção e injustiças é fato. No entanto, ele diz que, apesar de, é melhor ter um rei, ter um governante. Anarquia (e também a Tirania) não é bíblico e mesmo que ainda alguém faça objeções quanto as injustiças é bom lembrar do período dos juízes do povo de Deus. Quando não haviam eles, o povo caía!

Quando vamos pra Rm 13.1-7, lemos mais sobre os nossos governantes. "...autoridade é ministro de Deus para teu bem..."

Com tantos problemas tão claros na política, podemos ser tentados a duvidar se é mesmo para o bem e é aqui precisamente entra Ec 5.8,9, somado ainda a esta verdade: "Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas" (vs.1). Claro que há um limite pra tal. Se tais autoridades forem de encontro aos princípios bíblicos, não devemos compactuar. F. F. Bruce, comenta sobre dizendo que “antes importa obedecer a Deus do que aos homens" (At 5.29); quando César reclama para si honras divinas, a resposta dos cristãos tem de ser "Não". Pois neste caso, César(seja na forma de um ditador ou de uma democracia) está indo além da autoridade que lhe foi delegada por Deus, e está invadindo território alheio. Mas os cristãos bradarão "Não" as exigências não autorizadas de César muito mais eficientemente se se mostrarem prontos para dizer "Sim" a todas as suas exigências autorizadas".

Caro Ailsom: Você perguntou que tribunal vai julgar isso. A autoridade a eles foi dada pelo próprio Deus! Então é todo e qualquer tribunal, meu irmão. O texto de Rm não deixa ambigüidade ou representa dificuldade quanto a isso. A questão crucial é: julgarão com justiça? John Stott toca nessa questão:

“...Dada a terminalidade da morte, o risco de uma pessoa inocente ser executada por engano e a eliminação da oportunidade de dar uma resposta ao evangelho, a convicção de muitos cristãos é que, pelo menos sempre que houver circunstâncias atenuantes ou qualquer incerteza, a pena de morte deveria ser trocada por prisão perpétua. Ainda assim eu acho que o estado deveria manter o seu direito de usar “a espada”, a fim de dar testemunho da solene autoridade que Deus lhe concedeu, bem como da suprema santidade da vida humana”

Caro Ir. Harley: “...não há autoridade que não proceda de Deus...visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal” (Rm 13.1,4). Será mesmo que Deus não outorgou nada ao Estado? Concordo quando você diz que os poderes dele não são ilimitados e que ele não é soberano sobre a vida, pois Dt 32.39 diz que é só Deus. No entanto Deus deu sim uma espécie de procuração ao mesmo para executar a espada e por isso quem executa não recai sobre pecado, pois é Deus quem legitima. O texto é claro quanto a isso. Acho que aqui cabe uma explicação quanto a palavra “espada”. John Piper, William Hendriksen e John Stott e F. F. Bruce estão de acordo com o que John Murray diz:

“Não seria necessário supor que o trazer a espada contempla exclusivamente o castigo da pena de morte. Ela pode ser utilizada a fim de instilar o temor daquele castigo; pode ser o instrumento para executar a punição que fica muito aquém da morte. Porém, excluir o direito da pena de morte, quando a natureza do crime a requer, seria totalmente contrário aquilo que é simbolizado e executado pela espada. Precisamos apenas recorrer ao emprego habitual do vocábulo “espada” no N.T., para estabelecermos esse referência. A espada é freqüentemente associada à morte, como um instrumento de execução (cf. Mt 26.52; Lc 21.24; At 12.27; Hb 11.34,37;Ap 13.10; excluir seu uso para tal propósito, nesta instância, seria algo tão arbitrário quanto defender um conceito que possui todas as evidências em contrário. (A espada é o insignium juris vitae et necis)”.

Quando você cita Gn 4.13ss cita bem, mas interpreta mal, pois disse apenas uma parte da história. Gn 9.6 diz: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem”. De fato Deus não matou Caim, o que só prova que Ele é um Deus rico em misericórdias, além de haver um contexto muito forte em relação a questão de descendências na Bíblia. O texto de Rm 13.1-7 tem paralelo justamente com texto que você citou! E Stott, de maneira equilibrada, ainda nos diz:

“O ato de tirar a vida humana é uma ofensa tão extrema que só se pagaria tirando a vida do assassino. Mas isso parece não ser obrigatório, já que o próprio Deus protegeu Caim, o primeiro assassino, de ser morto”. No entanto, leia a citação final do mesmo autor que escrevi ao irmão Ailsom!

Soli Deo gloria. Amém!

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Danilo Neves
AUTOR
12/3/09 00:57 delete

Caro Hélio: Certamente Lloyd-Jones está falando do humanismo que se refere as várias filosofias humanas e tradições que valorizam essencialmente o homem. Em relação ao que você falou sobre Calvino deixo para o rev. Nicodemus, o Dr. Alderi Souza de Matos, o
Dr. Hermisten Costa Pereira e o
Ms. Franklin Ferreira. Eles falaram muito bem dele no post "Lançada a Carta de Princípios 2009 do Mackenzie: "Calvino e a Universidade" postado recentemente aqui no Tempora.

Acho que em relação aos demais comentários do irmão, toquei neles respondendo aos irmãos Ailsom e Harley.

Por fim, concluo: A questão é hermenêutica mesmo! E muitos preferem a de conveniência do que o método gramático-histórico. As contribuições dos pais da igreja, dos reformadores e dos puritanos estão se perdendo em meio a tanto relativismo teológico. Em vez de abraçarem a Sola Scriptura, brincam com ela.

Já comentei de mais, né Solano, kkkkkk... Até eu fiquei com preguiça de ler o que comentei aqui! Publiquei um artiguim no meu blog sobre evolucionismo, falando sobre a farsa de Hernest Haeckel e os livros didáticos. Esse é ano de Darwin mesmo! Me inspirei em vocês e no blog Tempora, meus amados irmãos. Que Deus continue usando vocês!

Abç a todos!

umpcgyn.blogspot.com

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Anônimo
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12/3/09 10:08 delete

Caro Danilo,

Obviamente o conceito de Estado é uma construção moderna... por isso coloquei em dúvida a aplicação da pena capital atualmente...
Contudo, apesar do conceito de Estado ser moderno, não significa que antes disso não haviam Estados...
Concordo que toda autoridade é instituída por Deus... mas não com os mesmos poderes de Deus... concordamos nisso... agora em Rm 13 qual mal deve ser submetido a espada? todo mal? Podemos inferir do texto bíblico que somente nos casos de homicídio...? mas isso não obriga a aplicação da pena capital... mas que podemos estar sujeito a tal... que no caso não depende da Lei de Deus mas da Lei do Estado... pois se o Estado tem poder para legislar... o tem para para determinar que tipos de penas serão atribuídas aos delitos... um princípio balisador e garantista do direito penal é que "não há crime sem lei que o defina"... lembrando, ainda, que assim como Deus, o Estado também pode comutar a pena... e vejam como Deus é justo e misericordioso... comutou a pena tanto da adúltera como do Rei Davi, sem acepção!
Será que o Estado, através de seu Poder Judiciário, consegue julgar as pessoas da mesma forma!
Podemos alongar a questão discutindo a construção do Estado, desde os seus primórdios até os nossos tempos, bem como sua legitimidade... que pode ser outorgada por seu povo... autoritariamente ou por Deus, ou por interesses que fogem do nosso conhecimento, e ainda a questão da separação do Estado e da Igreja... se o mesmo deve ser laico ou não... portanto o modelo de Estado não é definido pela Bíblia... o próprio estado de Israel passou de uma teocracia para uma monarquia até o seu fim e renasceu modernamente como democracia parlamentarista... temos que tomar cuidado como cristãos para legitimar em tudo a ação do Estado, que no ocidente é laico, o que diríamos dos Estados mulçumanos...? Eles são legítimos?
Quanto aos versículos citados em Gênesis (por mim: 4. 13-15 e por você: 9.6), encontramos uma aparente "contradição"... mas, julgo melhor como regra geral a preservação da vida e em exceção a aplicação da pena capital.

Em Cristo!

Ir. Harley

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Anônimo
AUTOR
12/3/09 11:27 delete

Saudações Danilo, essa conversa vai longe! :-)

Compreendendo a Autoridade como divinamente instituída, vejo a defesa da autoridade para instituir a pena de morte de forma coerente.
Mas compreendendo sob o ponto de vista gramático-histórico, temos que lembrar que todas as autoridades do passado, quase que sem exceção, faziam questão de se afirmar como representantes da ordem do cosmos (egípcios, por exemplo), ou representantes da Vontade de Deus (Judeus e Sociedades Cristãs onde o Estado se mesclava com religião pessoal). E o corpo governante agia, ou mantinha a aparência de pelo menos de agir, sob a influência de uma Ordem Superior. Daí a compreensão que se tira das palavras do apóstolo.
O problema de nossa sociedade "pós-moderna" e da "moderna" é que o Estado faz questão de exaltar seu divórcio de qualquer mandato divino, assumindo sua característica totalmente laica, enquanto ao mesmo tempo criou religiões seculares (pois é impossível governar de forma adequada sem representar uma "autoridade superior"). Tais religiões seculares, como o Socialismo, o Positivismo e etc. tiram da esfera governamental a obrigação de seguir um imperativo moral absoluto (Deus).
Alguém que se diz Cristão poderia realmente defender a autoridade de um estado de fortes conotações ateístas, ideológicas e anti-religiosas em decidir sobre a vida e a morte de seus membros?
Eu, pessoalmente, acho isto muito perigoso, e os fatos históricos comprovam, nunca se matou tanto como nos Estados Totalitários Modernos.
Dada a situação presente, não vejo como endossar a pena de morte executada pelos atuais Estados. Seria um convite À formação do Estado super-poderoso e ao Totalitarismo homicida. Seria o próprio decreto de extinção do Cristianismo em alguns países, ou pelo menos, a autorização para o martírio de muitos cristãos.
Espero que tenha conseguido expôr direito o problema.
Um abraço.

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Anônimo
AUTOR
12/3/09 14:16 delete

Prezado Solano,

Você demonstrou sabedoria ao apresentar uma análise preliminar do caso sem, contudo, dar a sua opinião.

Quanto à pena de morte, você indica algum estudo confiável sobre o mesmo sob a perspectiva bíblica?

Responder
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12/3/09 16:11 delete

Irmãos,
Sobre a questão da pena de morte, creio que o foco da questão está distorcido. O cerne do problema não é o Estado, mas a Lei de Deus. Se a Lei de Deus, a qual Cristo afirmou não vir anular, fosse implantada nos moldes do AT, conforme a vontade expressa de Deus, não haveria esse sistema judiciário inepto, uma máquina monstruosa que envolve penitenciárias e cadeias superlotadas, juízes, advogados, policiais, psicólogos/assistentes sociais/médicos forenses e auxiliares, uma burocracia hostil à moral e a vida, e privilegiadora dos facínoras e imorais.
Portanto, os irmãos continuarão andando em círculos se não se aterem à urgência de se aplicar a Lei Moral de Deus, a qual é santa, perfeita e justa (não adianta comparar os vários exemplos de governos humanos, nem as teocracias islâmicas, pois elas não provêm de Deus).
Quanto à instituição de toda autoridade por Deus, sim, é verdade; o Senhor é quem insta os governantes ao poder, mas para cumprir os Seus propósitos, tanto para o bem como para o mal; vide o exemplo de Ciro e Nabucodonosor os quais são chamados de "meus servos" pelo Altíssimo.
Portanto, o único modelo válido é o prescrito por Deus na Sua palavra, sem tirar nem um til.
Abraços.

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Ailsom
AUTOR
12/3/09 18:23 delete

Cristo não anulou a lei, ele a cumpriu.

Mas será que não reconhecemos que depois dele a prática da lei foi transformada ?

Se não, se a prática deve continuar a mesma, me avisem !!! Que fazer o que ordena Exodo 35:2

Responder
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12/3/09 20:53 delete

Ailson,

A Lei de Deus do A.T. somente pode ser revogada se houver uma anulação expressa no N.T.[por revelação ou exemplo, mas jamais saindo do escopo da Escritura], e de que sua autoridade é moral e judicial para os dias atuais. O homem tem o dever de obedecer as leis do A.T. a menos que o N.T. a modifique ou anule (por revelação ou exemplo).
Como apenas Deus estabeleceu o que é certo e errado, expressando-o através do código mosaíco, não cabe ao homem modificá-lo ou invalidá-lo. A sua aplicabilidade está calcada na ética cristã, fundamental para a reconstrução da sociedade dentro do padrão moral divino.
Não se pode confundir o cumprimento da Lei Moral com a salvação, a qual é pela graça e soberana escolha de Deus.
Também, não se pode confundir o cumprimento da Lei com o sistema pactual. A Nova Aliança é superior à Antiga Aliança, e não temos de cumprir os "sacrifícios" do A.T., pois Cristo cumpriu-os por nós. Mas isso não invalida a Lei como o indicativo de santidade, e regulador social, refletindo a justiça de Deus.
A conduta cristã se baseia na obediência à Lei. Talvez, por isso, hajam tantos crimes, e o mal encontre-se sem "freios".
Portanto, a teonomia traz tanto benefícios pessoais (revelar o pecado, levar à conversão, à santificação [como "aio", indicativo, apontando para]), como social (aplicar a justiça de Deus, restringir o mal).

Em relação à citação de Ex 35.2, parece-me que o sábado, implicitamente, foi revogado em At.20.7, 1Co 16.2; e de que, a ressurreição do Senhor em Mt 28, Mc 16, Lc 24 e Jo 20, corroboram que a guarda do sábado e suas consequências foram abolidas por Deus no novo Pacto.
Abraços.

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12/3/09 23:55 delete

Trecho de postagem sobre o tema no blog Sala de Estar:

"(...)Em meio a tantas declarações não pude deixar de perceber o silêncio da igreja evangélica diante dos acontecimentos. Não critico esse silêncio, pois em um caso delicado como esse, talvez a atitude mais prudente seja mesmo a de calar-se. Porém, sobre esse assunto, o meu desejo é de falar.

Gostaria de poder dizer aos excomungados que, mesmo que a Igreja Católica os tenha abortado, Cristo a ninguém aborta, mas por meio dele somos adotados como filhos pelo Pai Celeste (Rm 8:10-17). E ao bispo Dom José Cardoso, que o Direito Canônico da Igreja Católica não é a Lei de Deus e que, na Bíblia, o princípio último e norteador das decisões de uma mente cristianizada é o amor. Por amor sou contra o aborto, mas por amor, sou contra a criminalização de quem o pratica."

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13/3/09 09:01 delete

Talvez eu esteja na contramão, mas não vejo base bíblica para o aborto em qualquer hipótese.

Onde a Bíblia permite a morte de alguém para salvar outrem? Só a de Cristo.

Nem a legítima defesa foi recepcionada pelo NT.

Agora, pena capital, essa sim está amplamente fundamentada nas Escrituras, tano no AT como no NT.

Daí, meu querido irmão Paulo Silvano, qualquer escusa significa condenar fatalmente as Escrituras à sua caducidade.

A paz
Tales

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13/3/09 09:12 delete

EM DEFESA DO BISPO

As palavras do Bispo servem de exemplo para os protestantes:

Será que teríamos corajem de proferir nossas convicções que conflitam com a sociedade.

Sou contra o aborto, será que eu teria a mesma corajem do bispo? Preferiria ser ovacionado pela sociedade caída a ser condenado?

O homi é cabra macho, eu tiro o chapéu para sua corajem e ousadia, que muitas vezes falta-nos.

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Anônimo
AUTOR
13/3/09 11:40 delete

Irmãos,

A Lei, considerando os 10 mandamentos e toda a legislação mosaica, como bem ensinou Paulo serviam de aio para delimitar a nossa conduta perante Deus e os Homens... (entre Israel e Deus). E, que a história de Israel, na Antiga Aliança, serve de exemplo para nós que nascemos de novo em Cristo Jesus.
Com a Nova Aliança fica claro que o seu cumprimento não implica em salvação, que se opera somente pela Graça de Deus através de Cristo Jesus, logo não estamos debaixo da Lei, contudo os princípios morais de toda a Bíblia continuam a nortear os nossos atos.
Isso não significa, portanto, que devemos guardar o Sábado, não comer carne de porco ou filé de linguado, bem como atirar pedras...
Deus não trata com o Estado, mas com o homem... Ele se interessa por nós, independente da forma como nos organizamos socialmente. Obviamente, que uma sociedade mais próxima de Deus... tende a refletir melhor os princípios morais e éticos do nosso Deus.
Somente Deus é soberano sobre tudo e sobre todos, inclusive quando Ele aplica o seu juízo.
A Nova Aliança não exige que vivamos hoje nos moldes do antigo Estado de Israel.
Se temos que cumprir a Lei, devemos cumprí-la em todos os seus aspectos: guardando o sábado, observando as restrições alimentares, os cerimoiniais, as festas... ora, mas tudo isso não foi abolido pela Nova Aliança?
Aos gentios foram exigidos que vivessem tal qual um judeu... com toda a sua organização social, política, jurídica e econômica?

Um bom final de semana a todos... na Graça do nosso justo Senhor!

Ir. Harley

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13/3/09 11:50 delete

Prezados irmãos,

Gostaria de ouvir o Rev. Augustus Nicodemus a respeito do tema.

Como pastor experimentado que é, qual a sua opinião?

Como a IPB se posiciona nesses casos?

Grato.

Cristiano Pereira de Magalhães

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Danilo Neves
AUTOR
13/3/09 18:25 delete

A Nova Aliança não aboliu a pena de morte, amado irmão Harley!

Precisamos, todos nós, compreender melhor os aspectos da Lei (tipos, princípios, aplicações e validade) e entender de fato o que Cristo aboliu. Leia conjuntamente os livros: Lv, Dt, Hb e Rm aplicando as 4 regrinhas básicas de hermenêutica: quem escreveu, pra quem foi escrito, o que foi escrito e porque foi escrito. Lembrando que a Escritura é auto-explicativa, que Ela NUNCA se contradiz e que passagens obscuras são elucidadas por passagens mais claras. Claro que há coisas que estão de fato ocultas, não pela ignorância do homem, mas pela vontade de Deus. Me ensinaram uma vez no meu catecúmenos e eu nunca mais esqueci de fazer isso! Por isso compartilho com você.

O Solano já divulgou no comentário dele lá em cima para o irmão Paulo Silvano e eu o reforço, pois li agorinha o estudo dele sobre "A Pena Capital e a Lei de Deus: Uma Posição Bíblica para os Evangélicos"

http://www.solanoportela.net/na_integra/pena_capital.htm

Click em cada uma das partes (1,2 e 3) e leia, se você se interessar pela interpretação reformada calvinista sobre o assunto.

A intenção não é convencê-lo, mas te oferecer uma outra abordagem bíblica. Compare com as outras interpretações e tire as suas conclusões.

Abç, irmão.

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Unknown
AUTOR
13/3/09 21:41 delete

Presb. Solano, As pessoas envolvidas no processo do aborto foram excomulgadas pela ICAR.Na Igreja Presbiteriana eles também seriam disciplinados?

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Anônimo
AUTOR
14/3/09 09:54 delete

Sobre Interpretação de Textos

A Natureza, como texto, é interpretada pelos cientistas, a quem Deus deu vocação, e exige que cheguem a conclusões não ambíquas ao longo do tempo. Copérnico, Galileu Galilei, Newton e Einstein são exemplos que atestam a evolução dessa interpretação que limita a margem de ambiguidade.

Quanto aos textos literários seculares, nenhuma regra tem sido suficiente para se chegar a soluções não ambíguas. Nos vestibulares, por exemplo, Mario Prata, Jorge Amados e Adélia Prado alegaram que teriam sido reprovados nas questões sobre os seus livros.

Quais são, então, os critérios que levariam a interpretações não ambíguas da Bíblia? Os cinco pontos de Calvino são bíblicos. Os cinco ponto de Armínio são bíblicos. Ambos chegam a conclusões opostas, numa antinomia que, segundo Kant, invalida tais conclusões.

Os livre-atiradores do Cristianismo, em função dessa ambiguidade, fazem suas próprias interpretaões e criam suas denominações/heresias. Edir Macedo, por exemplo, afirma ser totalmente bíblico.

A ICAR resolveu o problema com os seus dogmas, mas foi contestada pelos protestantes.

Martinho Lutero, no seu livro "Da Liberdade do Cristão" dá um critério bastante razoável: tudo que confirmar as exigências da fé e do amor está certo; tudo que for contra está errado. Calvino chamava Lutero de "meu pai".

Irmãos: não é o caso de voltarmos aos fundamentos da busca da verdade, seja sob a perspectiva secular, seja sobre a perspectiva Cristã?

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14/3/09 10:01 delete

Prezado presbítero Solano e irmãos, parabéns pelo post e pelos comentários! Sem dúvida o assunto é muito delicado e triste!

Muitas vezes a nossa comoção e visão antropocêntrica diante desses fatos, nos levam a posições distantes e contrárias da vontade perfeita e soberana de Deus revelada nas Escrituras.

Infelizmente o caso dessa menina não é único e isolado. Trabalho em uma escola pública. Numa região carente da periferia de Sampa na área da coordenação pedagógica e recebemos pelo menos uma vez por semana um caso de abuso sexual de crianças. Todos correm em sigilo de justiça. Não são apenas padrastos, mas também dos pais biológicos. Crianças que começaram a ser abusadas e molestadas quando estavam saindo das fraldas !!!!!!

Escutei horrorizada o relato de uma mãe que descobriu que a filha estava sendo violentada pelo próprio pai, quando a menina deprimida, tentou o suicídio. Ao investigar o motivo, a mãe descobriu a violência. O laudo médico de um hospital especializado nisso e do IML é triste e revoltante sobre o que aquele pai fez com a própria filha ...

Como não foi flagrante o pai está solto e mãe que desesperada me relatou:" fui casada 14 anos com esse homem e nunca suspeitei de nada".

Para completar, essa mãe não teve o apoio da igreja dela e nem de seu sogro que é o pastor da igreja ...

Esse é apenas um relato. Existem outros que não tenho condições de classificar como situações melhores ou piores, pois não tem como.

Como cristã reformada, esposa, mãe e profissional fico revoltada! Essas crianças são molestadas e abusadas justamente por quem deveria protegê-las, educá-las e dar todo o afeto e carinho. Mas são abusadas por pessoas em que depositaram a confiança e foram traídas!

Sempre comento com meu esposo quando aparece um novo caso em meu serviço:"Ore por mim, pois estas coisas me desgastam como você nem imagina!"

Irmãos, não discordo da postura do presb. Solano em relação a pena de morte, pois a postura dele é a postura bíblica.

Que o paganismo, o relativismo, o liberalismo,nossa visão antropocêntrica e nossa comoção diante dessas tragédias não nos distanciem da Palavra de Deus!

Que Ele nos ajude! E a Ele seja dada toda a glória!

Me perdoem pela comoção deste post ... foi inevitável!

Abraços reformados.

Silvia

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Anônimo
AUTOR
14/3/09 11:14 delete

O grande problema que podemos ver, não em todos casos,mas sim na maioria,que nós crentes não somos capazes de confrontar situações práticas do dia a dia, o que acontece realmente no mundo lá fora.Vivemos em um tempo aonde falta capacidade de discernimento em assuntos como esse.Somos capazes de ficar horas discutindo sobre a famosa graça,e incapazes de usar o pensamento em algumas situações do dia a dia.Vivemos em mundo muito bonito dentro da igreja,e quando chega certas situações complicadas,muitos crentes usam a famosa escapatória, DEUS quis assim!Precisamos mesmo é de uma outra reforma em nossos conceitos,e teologias que pararam no tempo.E que crentes aprendam a ser mais firmes e saibam dar opinião concretas e saibam realmente se orgulhar do passado histórico da igreja, aonde grandes homens se levantaram e foram capazes de questionar muitos.No momento estamos inseridos dentro do mundo,não fora dele, como muitas igrejas pensam,e a vida não é fácil!E que nossa luta seja diaria e que saibamos nos posicionar frente a desafios que o mundo tem colocado a nossa frente e tem pego muitos crentes despreparados.DEUS nos capacitou com uma capacidade incrivel de raciocionio e desenvolvimento de nossas idéias,e precisamos pedir muito mais sabedoria e inteligência para assim aprendermos a questionar certas atitudes.Parabéns Solano,vc tem sido um dos poucos que conseguem ser claros e leva a gente a refletir e questionar muitas coisas nessa sociedade.Continue assim!DEUS abençoe.

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Oliveira
AUTOR
14/3/09 11:56 delete

Caro Jorge
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Você se revelando um adepto da teonomia... Uma agradável surpresa.

Parece que estamos caminhando para a mesma direção.

Aos demais:
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Li os debates, um-a-um, certamente este é um local que não é a roda dos escarnecedores, e a leitura é prazerosa (pelo menos para mim).

Sobre o sábado:
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Não entendo que quando a Bíblia está a falar de sábado, esteja falando do nosso chamado dia sábado... Não leio no original nem nada... Mas entendo que sábado na Bíblia está falando do "shabat" (Como se escreve isto?), ou seja, para mim, a lei do shabat-descanso é o princípio que a Bíblia defende, e este nunca foi revogado. Devemos guardar o “shabat”.

O texto bíblico está falando de um princípio (de adoração) e não de um dia em questão (legalismo).
Até porque se fosse possível voltar no tempo e acertar os erros dos calendários.... quando chegássemos nos dias de Jesus, o nosso sábado moderno, não seria uma sei lá quinta-feira? E se voltássemos ainda mais será que o nosso sábado seria o sábado do Édem.

Por estes (talvez fracos) argumentos que devemos guardar o sábado sim, mas não o dia em si.
Eu guardo o dia do Senhor (para mim o sábado): no domingo.
Se alguém discorda, eu entendo que Romanos 14 se aplica bem ao caso.

Agora no restante não devemos fazer caso de dia, seja sábado, domingo, segunda, etc... até porque qualquer um deles pode ser o "sábado-shabat-descanso".

Os pastores trabalham muito provavelmente no "sábado" (domingo), então pela minha analogia, eu entendo que sim durante a semana vocês (pastores) devem ter o sábado de descanso de vocês. Ou vocês trabalham no Mackenzie de fio a pavio, e ainda trabalham nas igrejas aos finais de semana de fio a pavio?

Acho que o sábado não é só para adoração, mas para descanso também, conforme o texto que me permitam estou com preguiça em procurar, mas que fala se não me engano que é também para descanso dos animais, dos servos, dos estrangeiros e dos da casa.

Assim um pastor que prega, visita, faz velório, etc.... cansa e bastante eu imagino.
Então se o pastor é digno do seu salário, não seria ele digno do seu sábado? (Nem que seja na segunda?)

Eu respeito os irmãos adventistas, caso tenha algum me lendo, e entendo que à luz de Romanos 14 eles o fazem por fé.
Um pouco legalistas (os horários de 6 às 6, etc....), mas no fundo é por fé e para adoração, então deixo eles em paz no canto deles....

E pelo que lembro a Bíblia chama sim alguns dias da semana (ou qualquer um deles) também de sábado, que eram os casos dos grandes sábados, que dependendo do calendário caiam em dias diferentes. Nesta mesma linha entendo que Jesus não morreu numa sexta-feira santa, mas numa quarta-feira “santa”, véspera de um grande sábado, que não era o sábado (sétimo dia normal da semana), para que se cumprisse o que Jesus mesmo disse “3 dias e 3 noites”, assim mesmo que se conte e faça uma ginástica para dar 3 dias de sexta até domingo, 3 noites não fecha a conta nunca.

Sobre soberania e para especificamente ao Prof. Solano:
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Eu me debato com o assunto, e colega Jorge em outros locais virtuais tem sido amigo e ajudante presente na questão.
Temos progredido no assunto.
Mas lhe pergunto assim mesmo: Foi o nosso Deus soberano que determinou e decretou o estupro desta menina? Foi o nosso Deus soberano que predestinou os momentos e os mínimos detalhes do estupro feito contra a menina?

Como o senhor responde estas questões, para aqueles que pedem a razão da nossa fé?

Para implicar:
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Qual seria o problema de a lei ser aplicada nos dias de hoje?
É chocante demais a lei (que a Bíblia chama de santa, inclusive no Novo Testamento) a aplicação da lei aos dia de hoje?
Ou seria incredulidade da nossa parte?
Ou somos também, no fundo um pouco humanistas também, e nos achamos mais “bonzinhos” que Deus?
Ou eu sou um fundamentalista?

No mais, me desculpem por ser longo.
Fiquem livres em responder.
Não me ofenderei se calarem, mas aprenderei bastante caso resolvam falar.

Saudações

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14/3/09 15:27 delete

Creio que questões como pena de morte, perdição eterna de crianças não salvas, predestinação, mexem tanto conosco porque expõem de forma crua a soberania de Deus, que não se dobra à nossa vontade, às nossas emoções.
Por isso é difícil aceitá-las, ver nossas melhores intenções derrubadas pela vontade soberana, boa, perfeita e agradável do Deus que não depende do que cremos ou pensamos.

Nossa melhor lógica, mesmo quando forçadamente tentamos apoiá-la nas escrituras, é torta e míope.

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Anônimo
AUTOR
15/3/09 12:05 delete

Eu entendo perfeitamente porque o Sr. Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, não excomungou o padastro da menina que engravidou de gêmeos e autor do estupro: é que, como a ICAR está repleta de estupradores nas fileiras de sua hierarquia, teria sido uma imensa falta de coerência!

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Anônimo
AUTOR
15/3/09 14:09 delete

Prezados,

Fiquei surpreso com opiniões de pessoas que estudam e apreciam as escrituras sagradas. Inquieta-me a incerteza e medo com o qual alguns poucos assumiram uma posição na questão do post e acerca da pena de morte. Diante disso, uma pergunta: a Bíblia é absoluta ou não? Observe como Deus é detalhista quando estabeleceu a lei.
Sem rodeios, absorto é pecado indepedente da situação. Pena de morte é reprovada por Deus (lembrem-se de Jo 8).

Joel

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Gilson
AUTOR
15/3/09 15:03 delete

Essas “otoridades eCAOSiausticas romanas” agem como se todos nós fossemos bois em um grande curral do qual eles se arvoram donos. E com isso, se acham no direito de nos carimbar ou ferroar (os bois são marcados a ferro quente) com a sua marca que dizem ser católica (universal).
Tem um grupo religioso que acredita que o Paraíso será constituído por montes verdejantes e entre eles um rio de iogurte de morango. Isto não significa que é a verdade e isso será real. Alguém (desse grupo) poderia dizer, “para nos é real e cremos que assim será por que nos reunimos e decidimos que é assim!”. Isso não muda o futuro, a realidade nem a forma do paraíso real. Concluindo, podemos crer em qualquer coisa, jacaré subindo em arvores, tartaruga ou vacas voando, elefantes cor de rosa dançando balé, etc. (Alias, quem vê isso, geralmente esta drogado ou fora da realidade). Isso não significa que é verdade ou que vá acontecer. Nesse ponto Marx tinha razão (a religião e ópio e aliena coletivamente). Essas invencionices sem a devida base bíblica, são a mesma coisa. É uma pena que as opiniões dadas a favor disso não tenham essa base bíblica com hermenêutica e exegese (no mínimo). Só opiniões vazias e “religiosas canônicas”, em forma de arrogância e pretenso senhorio e domínio de almas e de mentes.
Deus, com certeza, esta vendo e pesando toda essa loucura, principalmente esse juízo do que é mais grave. O que merece perdão e que não merece. Veremos no porvir onde será o lugar dessas otoridades arrogantes.

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Gilson
AUTOR
15/3/09 15:17 delete

Apesar de todos os avanços tecnologicos conseguidos até agora, o ser humano continua sendo um fracasso moral e espiritual desde o Éden. Por esta razão, a Bíblia Sagrada tem sido, e sempre vai ser, um livro indispensável.
Por se tratar de um livro de extrema importância, é preciso, ao mesmo tempo, interpretá-lo de acordo com as regras da hermenêutica, a ciência que estuda a interpretação de textos. Assim, pode-se dizer que a Bíblia é como uma navalha. Com ela se faz a barba, mas com ela se corta também o pescoço. Depende da maneira como ela é usada. Quando os princípios da hermenêutica e da exegese bíblica são abandonados, os abusos, as manipulações e os ensinos controvertidos começam a se multiplicar ao redor da Palavra de Deus. A ética desaparece do ministério cristão e da vida dos adeptos do cristianismo. Infelizmente, a situação atual reflete bastante este abandono da fidelidade bíblica, gerando maus testemunhos, suspeitas, heresias e transtornos para o progresso do evangelho. Se estivermos atentos vamos constatar que vários segmentos do evangelicalismo brasileiro abandonaram os princípios sólidos de interpretação bíblica, sucumbindo as pressões do marketing, do mercado e do capitalismo, em suas formas de atuar e de desenvolver o ministério cristão. Com isso gera-se um verdadeiro CAOS, com varios "sambas do crioulo doido" onde muitos ficam "batendo palmas pra maluco dançar".

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Danilo Neves
AUTOR
15/3/09 16:54 delete

Caro Oliveira: Sugestão de livro para ti: "O Sofrimento e a Soberania de Deus" de John Piper e Justin Taylor (+ colaboradores), editora Cultura Cristã. Livro que considero profundo quanto a questão que o irmão tocou. Não te indicaria se não valesse a pena ler!

Abç, irmão.

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16/3/09 00:57 delete

Caros Amigos:

Depois de uma semana ultra-agitada, na qual acompanhei, ainda que silente, a postagem dos varios e ricos comentários, sento para agradecê-los pelas contribuições e gentileza de suas opiniões.

Obviamente, não vou ter condição de interagir com cada um, ou com a grande maioria que postou, nem com todos os assuntos levantados - mas sou grato a todos.

Algumas observações:

1. Pena de morte - em algum ponto, a discussão enveredou por esse ponto. Observei várias opiniões que expressam a incompreensão comum com essa questão:

(a) que um Deus de amor não validaria uma pena de morte - quando foi ele próprio que a comandou, e isso ANTES da lei civil ou judicial de Israel; e se ela estivesse só na lei civil do AT - Deus era MENOS amoroso e justo, naquela ocisão do que é hoje? Estamos postulando uma "evolução" ao caráter de Deus? Temos um entendimento contemporâno, que é melhor do que o que Deus tem, para essas questões? São questões pertinentes que, os que se posicionam contra têm que confrontar.

(b)O apelo ao sermão do monte - sem a percepção de que tais instruções comportamentais são dadas as indivíduos, aos cristãos, que devem ser, por naturesa, pacíficos e até dispostos a sofrer prjuízos (perda de direitos), por amor à paz. Não foram instruções dadas aos governos, ou governantes (essas, no NT, encontramos em Rom 7, além de em outros locais). Será que os que querem aplicar as instruções individuais do sermão do monte às esferas governamentais, querem, mesmo, que os policiais virem a outra face e não respondam a agressão? Certamente que não - por isso Deus instrui que o governo não traz "em vão (ou debalde)" o poder da espada.

(c) de qualquer maneira, já foi colocado em um comentário, que esse assunto é tratado, em algum detalhe, em meu livreto "A Pena Capital e a Lei de Deus - Uma posição bíblica aos evangélicos", cujo texto integral está disponível em: www.solanoportela.net.

(d) Em adição, trato disso em alguns posts anteriores (no texto principal, ou nos comentários), com por exemplo, em: http://tempora-mores.blogspot.com/2006/12/saddam-o-estado-vingador-e-o-rio-de.html ; ou em outros posts que falo sobre o papel do governo, de acordo com a Palavra de Deus. Aos interessados, sugiro uma pesquisa no próprio Blog.

2. Excomunhão: à pergunta se "a Igreja Presbiteriana Excomungaria os envolvidos na questão"? respondo que a IPB não é a igreja católica e não toma decisões genéricas bombásticas a pessoas fora de sua jurisdição. Ela trata, sim, casos de disciplina, examinando com todo cuidado processual e bíblico os casos de quebra da Lei de Deus, afastando da comunhão ou excluindo do rol aqueles que são seus membros. No âmbito da igreja local, cada uma deve exercer a disciplina eclesiástica, quando cabível, para manutenção da pureza da igreja.

3. Minha posição contra o aborto foi explicitada no texto principal, ao mesmo tempo em que registro e reflito os intricados detalhes desse caso, que devem nos levar a uma reflexão e à busca da solução mais adequada e justa, de acordo com nossa persuasão própria, pelos princípios e valores eternos da Palavra de Deus. É interessante como há uma avidez para opiniões definitivas e pre-fabricadas de terceiros para tudo nessa vida. A maioria das pessoas parece não gostar de ter de pensar, e de garimpar as conclusões a partir dospreceitos da Escritura. Alguns comentários entenderam o meu desafio à reflexão. Gostaria de encorajar a todos a fazer isso, lembrando que uma das grandes conquistas da reforma protestante, do século XVI, foi exatamente o resgate da doutrina do "sacerdócio universal dos crentes" - onde cada uma, com "acesso direto ao trono de graça" e à Palavra de Deus, deve firmar suas convicções e posturas éticas, rendendo-se às evidências da Escritura.

4. Um comentário pediu a opinião do Dr. Augustus sobre o caso. Passei a questão a ele, mas ele disse que o post e meu e que não iria se pronunciar - está envolvido em outras atividades e pesquisas, preparando uma viagem à Jakarta, onde participará de um encontro da Fraternidade Reformada Mundial e apresentará uma série de palestras, naquela região. Por enquanto, terão de ficar com meu texto, mesmo.

Tenham todos uma excelente semana, na paz do Senhor!

Solano

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Anônimo
AUTOR
16/3/09 09:38 delete

E assim, quem não se alinha com a vontade de Deus - não basta crer, pois o diabo também crê - está condenado a fazer o trabalho de Sísifo, seja ele ateu teórico ou prático.

Corre cada vez mais rápido como o cão que persegue a própria calda. De vez em quando para e pergunta: - o que estou procurando afinal?

Alguns se contentam com doutrinas que são, às vezes, atrevidas interpretações pessoais da vontade Deus supostamente expressa na Bíblia.

Quanto à verdade a respeito de Deus, ela se manifesta, aqui na Terra, pelos frutos próprios do amor.

Os reformados/calvinistas/puritanos/presbiterianos/ortodoxos precisam agir, em primeiro lugar, como Cristãos!

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16/3/09 10:22 delete

Caro último Anônimo:
E você? Com esse comentário disperso, ininteligível, não identificado, mas transbordante de julgamento censório e de auto-justiça!
Solano

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16/3/09 10:24 delete

Natan Oliveira,
Concordo que o sábado tem a idéia explícita de "repouso no Senhor", de descanso nEle, mas havia na Lei uma série de exigências que indicavam que o sábado, como dia, deveria ser guardado. Creio que Cristo abrogou-a conforme já disse, e de que, o sábado no AT nos remete a Cristo, o nosso santo repouso, ao levar sobre Si nossas iniquidades, pecados (Is 53.11-12), dando-nos a paz (Is 53.5).
Sobre a soberania de Deus, me manterei em silêncio como os demais, contudo, deixarei que o próprio Deus fale de Si mesmo:
"E disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?" (Ex 4.11).
"Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus... Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas" (Is 45.5;7).
"Assim diz o Senhor: Eis que estou forjando mal contra vós; e projeto um plano contra vós; convertei-vos, pois, agora cada um do seu mau caminho, e melhorai os vossos caminhos e as vossas ações" (Jr 18.11).
"Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande? Porventura da boca do Altíssimo não sai tanto o mal como o bem? De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados".
"E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?" (Dn 4.35).
"Sucederá algum mal na cidade, sem que o Senhor o tenha feito?" (Am 3.6)".

Sugiro a leitura do livro "O Autor do Pecado", de Vincent Cheung, disponível gratuitamente em www.vincentcheung.com/books/authorsin.pdf
Com a reformulação do site Monergismo, não sei se o livro encontra-se novamente disponível em português.
Abraços.

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Ailsom
AUTOR
16/3/09 11:19 delete

Prezado Solano,

Talvez caindo no erro de ser repetitivo, mas após seu ultimo continuam algumas dúvidas minhas:

- Então tá, as autoridades tem o direito de exercer a pena de morte, mas será que eu individualmente, com base no sermão da montanha, posso defender isso ? Eu viro a outra face para um inimigo mas torço que o governo o mate ?

- Um político reformado (ou presbiteriano) estaria agindo certo se ele propusesse uma emenda a constituição para a Pena de Morte ? E se for instituído o cargo de carrasco ou executor, eu como presbítero na minha igreja poderia prestar concurso?

- Em uma campanha para um plesbicito contra ou a favor a pena-de-morte a IPB (apenas como exemplo) deveria manifestar uma posição oficial sobre o assunto, como se manifestou sobre a homofobia ? E qual seria esta posição ?

- No Brasil a pena de morte não existe na lei. É claro que um policial para defender sua vida ou de outra pessoa inocente tem o dever de matar um criminoso em um momento extremo, e se não houver outra opção (e acho que ninguém questionou isso neste debate ainda). Mas o dever maior de um policial é prender. Infelizmente todos sabem que nem sempre isso acontece. Aqui no RJ onde estou, e principalmente no local onde minha igreja está localizada, todos sabem que muitas vezes os policiais executam mesmo os criminosos que são pegos. Estariam nestes casos os policiais descumprindo a lei brasileira mas, de certa forma, exercendo esta permissão dada por Deus para as autoridades ?

- Alguém citou a soberania de Deus e vários textos que falam sobre mal que Deus permite ou ordena. Creio que, pelo menos aqui nestes comentários, ninguém negou isso. Mas posso eu, como Cristão (lembrando do sermão da montanha) desejar que Deus aplique o mal contra os meus inimigos ? Posso eu também buscar ser instrumento deste mal ? Posso desejar ser um Faraó ou Nabucodonosor ?

Um abraço,

Aílsom

Responder
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16/3/09 11:45 delete

Caro Ailsom:

Grato pelos comentários. No entanto, desculpe a pergunta, você chegou a ler o meu texto completo e referências correlatas sobre o assunto (algumas delas falam sobre a asituação no Rio - quando andavam queimando ônibus, por aí - "privilégio" de muitos outros centros urbanos, também, infelizmente)?

A razão da minha pergunta é que várias das suas indagações são tratadas lá. Você tem o direito de discordar, lógico. O que peço é que pondere suas conclusões à luz da Palavra. Ainda acho que você não quer aceitar que Deus tem uma postura pacífica e individualizada prescrita às pessoas, mas rígida, inflexível e corporativa, dada ao estado (governo). Não há contradição nisso, mas a ausência dessa compreensão leva a muitos problemas.

Por exemplo - lembro-me de um incidente, em uma escola cristã, em que um grupo de alunos havia sido rebelde e desobediente ao instrutor/treinador. Quando houve a punição (com suspensão), vários pais (cristãos) se rebelaram e a principal argumentação era que "uma instituição cristã tinha que exercitar o perdão", procurar entender a explosividade dos adolescentes, etc., etc. Percebe a diferença? Eles, também, extrapolavam para uma instituição, que deveria cumprir as regras - para o bem da coletividade - diretrizes bíblicas de abnegação, perdão e até a disponibilidade de "sofrer dano", que são dadas às pessoas. Não há nenhuma contradição nessa percepção,

Em paralelo, observe que eu não advogo a pena capital com base na lei civil de Israel, mas não posso fugir à constatação de que foi DEUS que a instituíu naquela lei civil, também. Não foram pessoas malévolas e mal-intencionadas que colocaram isso no código penal de Israel. Deus, com sua misericórdia - para proteção da sociedade a instituíu. Acho que não deve haver nenhuma dúvida disso - está lá, bem claro, em Êxodo 21, nas leis contra a violência (isso mesmo, é CONTRA a violência que a pena de morte se mostra mais eficaz), v. 12. Quando Deus fez isso, não colocou nenhuma ressalva, dizendo: "isso só se aplica com governantes bons". Não. A lei independe do caráter dos governantes. Eles é que são responsáveis para aplicá-la justamente.

A verdade é que a maioria dos argumentos contra a pena capital são de natureza pragmática e sociológica, mas não bíblica. Mesmo assim, eles não subsistem a um teste de lógica e veracidade - julgados em seus próprios termos.

Mas, não vou poder me alongar mais sobre o tema, nesse espaço e no tempo que me sobra. Dê uma lida mais ampla, por favor.

Um abraço fraterno,

Solano

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Ailsom
AUTOR
16/3/09 11:58 delete

Prezado Solano,

Desculpe. Não li ainda o texto indicado. Vou procurar ler.

E realmente ainda não aceitei este assunto, mas não por não querer aceitar, mas simplesmente não fui levado a isso ainda. Não é resistência de minha parte. Se para aceitar isso eu dependo do Espírito Santo, Ele ainda não agiu em mim para isso ainda. Já agiu para várias outras coisas, mas não ainda para isso.

Também não vou me alongar mais. Uns "200" comentários antes eu já havia falado que fugimos do assunto do "post".

Peço apenas uma indicação do irmão de algum texto de algum autor cristão sério, que mereça consideração, e que seja contrário a pena de morte. Apenas para eu ter os dois lados do assunto vindo de autores respeitáveis. O seu texto já vou ler.

Um abraço, e peço desculpas se exagerei em alguns comentários.

Aílsom

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16/3/09 12:01 delete

Caro Oliveira:

Apenas um comentário rápido - A Bíblia diz claramente que Deus tem o controle absoluto de toda história (Is. 46.9-12). A Bíblia igualmente estabelece que todos são responsáveis por suas ações. Você não acha que foi uma extrema maldade, crucificar, com crueldade uma pessoa totalmente inocente, como foi o caso de Cristo? No entanto a crucificação, em todos os seus detalhes, estava no plano insondável de Deus - "o Filho do Homem vai conforme o que está determinado" - e aí vem a responsabilidade humana: "mas ai daquele por quem é traído"; como também está no livro de Atos que ele foi crucificado.

Não é negando a soberania de Deus em todas as áreas que resolvemos a dificuldade de compreensão. Podemos dizer "não sei por que"; mas nunca devemos dizer: "Isso deve estar fora dos planos de Deus" - porque assim diminuimos de forma anti-bíblica a sua soberania.

É exatamente isso que fez o Ricardo Gondim, quando, perplexo com o advento da Tsunami e com as centenas de milhares de vidas perdidas, no natal de 2004, disse que o evento estava fora do controle e do plano de Deus (e depois escorregou mais ainda indicando que Deus não sabe o futuro, pois ele ainda não existe e está sendo construído em parceria com o homem). Não caiamos nesse erro de colocar Deus em um molde que parece lógico - até um certo ponto - mas não é bíblico e diminui a soberania e a pessoa de Deus a um ponto onde ele se torna irreconhecível e ineficaz.

Além disso, se você questionar esse ponto, vai ser uma "nova espécie", a qual estou curioso de ver: o primeiro teonomista, que não aceita a soberania irrestrita de Deus (sobre teonomistas - vejam meu post em: http://tempora-mores.blogspot.com/2008/03/os-teonomistas-mordem-ou.html). Recomendo também a leitura do Capitulo III da COnfissão de Fè de Westminster, especialmente a Seção I - que fala dos Decretos de Deus e das causas secundárias ou tangenciais, bem como da responsabilidade humana. É um mistério, mas rendamo-nos às evidências da Palavra.

Um abraço,

Solano

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Anônimo
AUTOR
16/3/09 12:47 delete

Agora sim: o fascistóide do Solano Protela não aceita o aborto nem no caso de estupro, mas acha que Deus é a favor da pena de morte! Era só o que faltava!

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Anônimo
AUTOR
16/3/09 15:20 delete

O link para a tradução em português do livro "o Auto do Pecado" de Vincent Cheung é:
www.monergismo.com/textos/autor_pecado_livro_cheung.pdf

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Anônimo
AUTOR
16/3/09 15:43 delete

Calma Último Anônimo,

O irmão Solano tem a mente aberta. Tanto é que deixou passar o seu comentário belicoso.

O que ele talvez não tenha refletido a respeito é o seguinte:

1) Deus decretou a pena de morte no AT, pois o povo tinha a cerviz dura e só poderia aprender diante do terror da Lei;
2) No NT Deus quis, por outro lado, que os homens exercitassem o amor e, assim, deu-lhes a oportunidade de demonstrar que são contra o "aborto", sendo contra a pena de morte. Aqui não se comenta o direito do Estado, mas apenas do servo de Deus.

Entretanto o irmão Solano, falível como todos nós, quer opor-se à vontade de Deus e antecipar o envio do criminoso para o inferno. Nega-se a contribuir - com os recursos que acha que são seus - para manter o criminoso na cadeia.

Em síntese, o irmão Solano, embora bem intencionado, confunde o livre exame com a livre interpretação da Bíblia.

Anõnimo 2

Responder
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16/3/09 17:07 delete

Caro Anõnimo 2:

O que você talvez não tenha refletido, e sem essa reflexão fez uma livre interpretação, em vez de um livre exame das Escrituras, é que:

1. No antigo testamento a natureza humana era a mesma de hoje. O requerimento às pessoas, da parte do próprio Deus, já era um "caminhar em amor e justiça. Isso não é inovação do NT (Mq 6.8: Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça e ames a misericórdia, e
andes humildemente com o teu Deus).

2. Que a base para a Pena Capital não é apenas veto-testamentária, mas, como demonstro em meu texto, é confirmada pelo NT e pelo próprio Cristo.

3. Que opondo-se à explícita vontade de Deus, e defendendo os que deveriam receber a pena capital, você está, por suas premissas, apressando a morte e a possível ida ao inferno dos inúmeros que serão mortos pelo criminoso que deveria ter sido executado.

Mas aprecio a sua compreensão de nossa falibilidade.

Abs

Solano

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Danilo Neves
AUTOR
16/3/09 17:34 delete

Anônimos 1 (serve pro 2 tb) e os demais que vierem sem personalidade pra comentar aqui:

Tornem os seus comentários proveitosos e edificantes e, por favor, não falem de Bíblia, pois vocês devem saber muito pouco ou de fato só estão sendo usado por Satanás, ainda que tenham o mínimo de conhecimento (o que até um maldito liberal tem!). Pra ficarem fazendo joguinho de palavras pra tentar (qual o propósito disso? debater ou bater?) fazer não sei o quê, vão atrás de outros blogs interativos que prezam por isso como os de fofoca, por exemplo!

Falem de Bíblia e menos de homens. Mostre os textos sagrados e não retóricas pouco articuladas. Sejamos todos nós como os crentes de Beréia, examinando de fato os textos e partindo deles para a conclusão e não o inverso. "Examinai as Escrituras" foi o que Jesus disse aos seus opositores (Jo 5). Refutem as opiniões com a Bíblia nas mãos e não com um livro de introdução a Filosofia. Exponham os versículos das Escrituras que dão suporte para vocês opinarem, pois este blog é essencialmente bíblico. Porque não vi até agora ninguém oferecer uma outra abordagem para a questão do significado do vocábulo "espada" no texto de Rm 13.4? Pela exegese? Não. Apenas comentários avulsos tentam derrubar os comentários dos reformados, dos ortodoxos que conseguem mostrar a verdade com textos da infalível Palavra de Deus, a verdade como deve ser mostrada. Talvez seja por isso que muitos sentem raiva dos presbiterianos, pois nessas horas muitos outros, inclusive os contras que estão nas nossas próprias denominações, não conseguem apelar para mais nada e partem para o "eu acho". Talvez isso que digo soe arrogante, mas não é nada mais do que um desabafo. Se é arrogante, mostrem que estou errado e voltarei atrás, meus irmãos.

Aumentei o tom desse comentário, porque se vocês até agora não entenderam que o assunto do aborto e da pena de morte são extremamente sérios do ponto de vista bíblico e das pessoas que passam por essas difíceis situações (ponto sociológico, diria, humano), não entenderão mais. Se querem expressar opinião contra, olhem para os irmãos que aqui opinaram e os imitem, pois eles pelos menos foram respeitosos como cristãos.

Não conheço vocês e prefiro saber que vocês são Anônimos mesmo! Se não gostarem de ler essas palavras, já é um bom sinal! Questionem-se. Esse meu manifesto não é a favor do Solano, antes que vocês digam isso pra me atormentar. Mas é em defesa da Palavra de Deus, a qual eu amo. Se ficarem com dificuldades em entender esse "eu amo", olhem para o comentário de vocês e olhem para os meus.

Espero que eu esteja totalmente errado quanto ao que escrevi aqui e pensei sobre vocês! E se for esse o caso, desde já, peço que desconsiderem esta mensagem e me perdoem pelo que disse. E se for mesmo, entenderão esse comentário como os meus amados irmãos em Cristo Jesus. Se não, ouçam, caso tenham ouvidos para ouvir. Parecem que muitos perdem o seu tempo, entrando nesse blog para bater e talvez esse meu comentário seja uma perca de tempo também, mas mesmo assim resolvi mandar.

Abç a todos os irmãos!

Soli Deo gloria

Responder
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16/3/09 17:48 delete

Caro Solano,

Parabéns pelo artigo (e haja paciência com os trolls anônimos). Quanto à avaliação médica, no meu blog postei alguns exemplos de mães com menos idade que 9 anos. Forte abraço, Ageu.
(blog: www.resistenciaprotestante.com.br)

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Anônimo
AUTOR
16/3/09 20:00 delete

Prezado Solano,

Eu, Anônimo 2, não me idenfiquei por motivos óbvios: não faria diferença e, de qualquer maneira, sempre se poderia suspeitar de que o nome usado não era verdadeiro.

Retiro aqui as minhas "opiniões", até segunda ordem, e suspendo as minhas "crenças" até que eu possa fazer melhor juízo desses assuntos tão controvertidos.

Peço-lhe desculpas se lhe dei alguma descarga de fogo amigo (dizem que os protestantes sempre fizeram isso!).

A paz de Cristo seja com todos, por hora, sem execuções de qualquer natureza.

Anônimo 2

Responder
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Anônimo
AUTOR
16/3/09 22:16 delete

Bem,
Li, estudei, reli e li um pouco mais. A pena capital é bíblica mesmo. Quando não prescrita, está subentendida. É fato. Quando presente, foi obedecida.
Mas há um elemento que creio oferecer desafios inusitados.
Como dar poder de penalizar com a morte a um Estado que assume cada vez mais ares de uma "divindade" secular?
Atualmente, considero perigoso qualquer permissão a um aumento na autoridade e no controle estatal sobre a vida particular, e uma vez que a autoridade sobre a vida de seus membros lhe seja garantida, a patrulha ideológica poderá fazer estragos "como nunca antes neste país" se fez.
O que deveria ser uma ferramenta de valorização da vida pode se tornar uma ferramenta de banalização da morte, como vimos nos governos totalitários da modernidade.
Que a pena capital está lá, está. Basta ler, e o artigo do Solano é excelente neste aspecto. Mas vejo aqui um desafio que nossos tempos e costumes impõem ao uso de tal prática.
Pr. Solano tem alguma idéia a respeito?
Um grande abraço.

Responder
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16/3/09 23:55 delete

Caros amigos - algumas observações adicionais:

1. Caro Aílsom: Você perguntou sobre livros contra a pena capital. Eu acho que é bem possível que só encontre livros contra ela. Se não livros, pelo menos artigos. Existem dezenas deles (faça uma pesquisa no Google - colocando "pena de morte" e "bíblia") e muitos por autores cristãos. Eu próprio cito, em meu livreto, o manifesto da AEVB (Associação Evangélica Brasileira), contra a pena capital. O difícil é achar um a favor. No entanto, você vai verificar que a maioria dos argumentos são realmente sociológicos, ou pragmáticos.

2. Caro Hélio: Parabéns por ter aceito o desafio e pela honestidade na realização da pesquisa. Você toca em dois pontos importantíssimos e começo pelo último: (1) não queremos mais intervenção governamental! Concordo totalmente. Defendo um estado limitado e por isso sou a favor da maior limitação que existe, que é aquela colocada pela Bíblia - em Romanos 7: o grande propósito do governo é defender os indivíduos - e praticamente só esse (podemos interpretar "recompensar os bons" como sendo algumas atividades de fomento e de concessão de oportunidades iguais aos desiguais). O grande problema dos nossos dias, é que os governantes e os governos se metem em tudo e fazem tudo, exceto o essencial. Vejo a pena capital como uma volta às bases, à essência. (2) o segundo ponto, que você traz, e esse é difícil - como confiar em um governo corrupto para tão importante ação? É exequível, em nossos dias? Repito o que já coloquei antes - a lei é justa e adequada à proteção da sociedade como desencorajadora de maior criminalidade. Os governantes são responsáveis por seguir as leis, perante Deus (responsabilidade tremenda - são "ministros dEle"). De uma certa forma, já confiamos (inutilmente, na maioria das vezes) que eles irão conservar presos aqueles que se constituem uma ameaça à sociedade. Via de regra, eles promovem a injustiça e o criminoso está de volta à senda do crime em poucos anos (ou meses) - só que mais escolado na universidade do crime, que é a prisão. Se houvesse a pena capital, menos encontrariam seus caminhos de regresso à prática do mal. Além disso, da forma como andam as coisas, estamos delegando - erradamente - a execução da pena capital, sem julgamento para tal - aos "vigilantes" ou aos demais presos. Acho que nada é pior do que isso, que já ocorre. Pelo menos deveria ser regulamentada, como a Bíblia a prescreve. Mas não é uma questão fácil de visualizar - concordo.

3. Caro Anõnimo 2 - siga em paz e volte sempre.

4. Caro Danilo: Concordo com a maior parte de sua exposição. Acho, entretanto, que o aspecto de vingança está presente, sim. Aí é que está o ponto crucial: somos instados a ser pacíficos, a não exercitar vingança; mas o estado, impessoal, é exatamente VINGADOR dos bons, ordeiros e pacíficos (Romanos 13 utiliza exatamento esse termo - o magistrado, ou governante, é ministro de Deus e VINGADOR). Temos que entender que vingança, nesse sentido, é nada mais, nada menos do que justiça retributiva. Quanto à campanha contra os anônimos, eles sempre estarão presente, então é melhor o exercício da longanimidade...

5. Caros Ageu, Silvia Sanchez e tantos outros - obrigado pelos comentários e palavras de encorajamento. Que Deus os abençoe.

Solano

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Oliveira
AUTOR
17/3/09 08:15 delete

Caro Prof. Solano

Eu aceito a soberania irrestrita de Deus.

Aceito "muito mais" quando penso no sentido racional e teológico, tipo "Deus é soberano e autor da história nos mínimos detalhes até o fio de cabelo de um zé qualquer."

Mas quando leio emocionalmente como homem, é bem difícil entender que Deus tenha pensado e determinado eventos absurdos que fazem parte da história e do dia-a-dia de todos.

Gosto muito do Vincent Cheung, pois ele é um dos poucos (que eu li) que afirma isto sem rodeios.

Os outros (como no outro livro que me foi recomendado) ora afirma, depois se contradizem e ficam "esperneando" sobre o assunto.

O que eu queria mesmo era saber o seu argumento neste tipo de questão.

Obrigado pela resposta.

Um abraço

Responder
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Danilo Neves
AUTOR
17/3/09 14:01 delete

Caro Oliveira:
"ora afirma, depois se contradizem e ficam "esperneando" sobre o assunto". Entendi o oposto disso, quando li o livro, especialmente o apêndice: "Não desperdice seu câncer".

Vc já leu o "Deus é Soberano" de A. W. Pink ou "Os Atributos de Deus" do mesmo autor? Ele é bem sistemático e talvez não te agrade por ser assim.

Responder
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Oliveira
AUTOR
17/3/09 17:51 delete

Caro Danilo

Eu gostei daquela sua dica de leitura.
Gosto do que John Piper escreve.

Mas "resumindo bem resumido", a questão do "permitir" é uma técnica legal de não chocar as pessoas.
Mas para mim, a palavra permitir é um truque apenas.
Tipo para criancinhas dizer que vem da cegonha, para não ter que explicar o que é uma relação sexual etc...
Mas respeito profundamente os textos de John Piper.

Os outros Talbot, Saint, Ellis Jr. e outros, estão mais ou menos nesta "categoria" que chamei dos que se incomodam (esperneiam) sobre o assunto.

Eu mesmo me coloco nesta qualidade, quando penso emocionalmente.

Há os que entendem como sendo mistério, ou paradoxo, ou que não sabem, ou como sendo uma aparente contradição que Deus harmoniza de uma forma que desconhecemos. Me identifico com eles também (Solano e Augustus).

Pois bem, o fato é que o único que já li que enfrenta o problema de frente é o Vincent.
Se puder (tempo e dinheiro) vou dar uma olhada nos outros livros que recomendas.

Existem aqueles (uns amigos meus) que entendem a soberania como sendo um duto por onde o homem circula e toma ações mas o duto da soberania acabará levando ele para onde Deus já determinou. Assim Deus determinou o caminho do duto (uma tubulação), mas dentro da tubulação, o homem escolhe livremente nos limites do diâmetro da mesma.

Acho interessante como idéia, mas é frágil quando diminui a soberania, dizendo por tabela que Deus não sabe tudo, só sobre o caminho do tudo, mas as pequenas escolhas dentro do duto são de cada um, desde que limitadas (pelo duto).

Um outro amigo meu, diz que é como uma bola de futebol americano, que tem muitas linhas infinitas (meridianos) entre um umbigo da bola até o outro umbigo da bola no outro estremo. Estas linhas infinitas sempre começam num lugar (Deus) e sempre terminam noutro lugar (o destino final que Deus reservou), e se cruzam entre si, milhões de vezes. Assim para este meu amigo Deus conhece todos os pontos de cruzamento e as escolhas que cada um fará no ponto, mas durante o caminho da linha ele escolheria livremente limitado por ela (não seriam escolhas cruciais que alterariam o plano de Deus, estas seriam as escolhas dos pontos de cruzamento) o que lhe dá a Deus uma visão soberana do todo, mas ao homem cabe pequenas escolhas ao caminhar por estes pontos. Mesmo problema, esta versão, Deus não saberia os detalhes somente os pontos de cruzamento.

Enfim... já falei demais.

Repito que creio num Deus soberano, que sim falando da crucificação, é cruel, é sanguinária, etc... mas até entendo Deus determinando isto em tempos eternos antes da fundação do mundo visando um fim maior (a salvação e o plano de redenção).

Mas sendo explícito: Quando eu coloco a minha teologia a prova como num caso destes da menina, eu penso: "Deus antes da fundação do mundo, detecretou este evento na história, que esta menina seria estuprada, por quem seria, de que forma seria, quando seria, todos os detalhes de como seria,..... então eu sofro... me entendes agora?"

A razão está convencida de uma coisa que a emoção não dá conta de lidar.
Não que eu vá relativizar o meu Deus e a doutrina da soberania como parece que outros fizeram.
Eu sinto temor....

Fico apenas sem resposta, e desejava saber a resposta do professor Solano.
Só isto.

Ele respondeu a contento, foi polido, educado, etc... sem ser explícito.

Se eu fosse um "advogado do diabo" eu diria a ele assim:
"Vossa Senhoria só pode responder SIM ou NÃO: Diga definitivamente para os jurados, na sua concepção de Deus soberano, Deus decretou antes da fundação do mundo que esta menina seria estuprada desta forma? SIM ou NÃO?

Esta é a pergunta que me faço.
Sei a resposta bíblica.
Mas sofro com a resposta que dou a mim mesmo.
Ainda bem que o Espírito Santo é quem convence o homem.
Pois quando as pessoas me colocam a questão, e lhes dou a resposta direta, não a "educada", a conversa acabou.

Piper, e outros senhores, são os que "esperneiam" sobre o assunto, escrevem 300 páginas, falam dos seus sofrimentos para evitar o monosílabo chave.
Solano está entre os "educados", eu diria até que sábio no falar.
Vincent é "explícito".
Na Bíblia, nos textos que Jorge citou e em muitos outros que eu poderia citar, Deus é explícito.

Um abraço

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Danilo Neves
AUTOR
17/3/09 22:49 delete

Obrigado por interagir, Oliveira. O Solano por ser um ortodoxo-reformado-calvinista-presbiteriano, imagino a resp. dele. MAS, apareça, Solano!! kkkk

O irmão foi honesto: "Mas sendo explícito: Quando eu coloco a minha teologia a prova como num caso destes da menina, eu penso: "Deus antes da fundação do mundo, decretou este evento na história, que esta menina seria estuprada, por quem seria, de que forma seria, quando seria, todos os detalhes de como seria,..... então eu sofro... me entendes agora?"

A resposta é sim, mas não um sim desprovido de emoções (a situação não os deixa indiferente quanto as emoções). Em "O problema do sofrimento" e especialmente em "A anatomia de uma dor - um luto em observação", C. S. Lewis encara o sofrimento e põe a teologia do livro "O problema do sofrimento" a prova. Ele mesmo a testou sobre ele mesmo! Incríveis estes dois livros! No segundo livro, ele chega a comparar Deus com um "palhaço" (Lewis aqui ainda buscava uma conclusão para a morte da sua amada esposa. E ele chegou nela!)

Os decretos eternos de Deus estabeleceram as circunstâncias e tudo mais em relação a menina, irmão. Mas dizer que "Deus decretou" não é dizer "Deus foi um dos responsáveis". Quanto mais lermos sobre os atributos de Deus, em oração, mais entenderemos sobre estas questões tão difíceis. E as circunstâncias das nossas vidas nos darão as oportunidades de aplicar aquilo que lemos, com a graça de Deus se derramando em nós!

A afirmação acima geralmente é detonada de cima a baixo. Mas fico com ela, porque ela é bíblica. Volte novamente a cruz. Tem exemplo melhor que este? Sl 2//At 2 dizem que foi pelo decreto de Deus que o Seu Filho Jesus sofreu o que sofreu. Mas os homens foram os responsáveis de tudo aquilo!

Citaria + um que dispensa comentários quanto ao sofrimento: Jó. E o que lemos no final do livro:

"“Então vieram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs [...] e o consolaram de todo o mal que o SENHOR lhe havia enviado [...]”
Jó 42.11

Parece-me que as Escrituras não focam tanto o problema em si do sofrimento, a dor propriamente dita como nós focamos (os salmos fazem muito isso, como o salmo 13. Jr também. é legítimo e importantíssimo pensar sobre). Considerando toda a Escritura, "acho" que a questão do propósito do sofrimento é o tema mais tocado e ao mesmo tempo mais difícil, pois há sofrimentos com calibre de "espingarda de chumbim"
e os de calibre de uma "12" (voltamos de novo a questão da dor em si). Em ambos Deus diz para os seus filhos, aqueles que o amam: coopera para o seu bem (Rm 8.28). Tb devemos saber de fato porque sofremos: por obediência ou desobediência a Palavra? Aqui daria pra falar de mais sobre...

Lloyd-Jones diz (Comentário do Capítulo 1 de Ef) que é precisamente este o problema da filosofia quando falamos de soberania de Deus e responsabilidade do homem: a filosofia tenta entender o todo. Mas Deus quanto a este assunto não nos deu a dádiva de entendê-lo. Simplesmente dizemos, como Jones, não sei. Mas creio, pois é a Palavra de Deus quem diz. Talvez no céu entenderemos melhor!

Dustin Shramek diz uma frase interessante: "Se pretendemos sofre bem, a boa teologia é essencial. Mas nem mesmo a maior quantidade de boa teologia será capaz de tirar a dor do sofrimento". Jesus, perfeito homem. Jó, home íntegro, justo e reto. Tinham boa teologia e sofreram.

Responder
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Oliveira
AUTOR
18/3/09 00:08 delete

Caro Danilo

Obrigado pelas suas palavras.
Vou mastigá-las por um tempo.

Em tempo: Eu também sou ortodoxo-reformado-calvinista-presbiteriano.

Vou desaparecer por uns tempos, e neste post não mais pretendo me manifestar.

Um grande abraço

Responder
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Danilo Neves
AUTOR
18/3/09 00:55 delete

+ um presb. que conheço então!

Parei por aqui tb, Oliveira! Começaram pra valer as minhas aulas na eng. de alimentos e esse ano é o meu último ano. Gostei de falar com o irmão. Abç! Obrigado pelo espaço, Solano. Até.

Responder
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19/3/09 10:03 delete

Solano,

Essa questão toca um pouco no problema da separação entre a Igreja e o Estado...e na insistência do Estado em afirmar que, já que há separação, as igrejas deveriam se calar.

Mas como certas notícias não chegam ao conhecimento do público, você sabia que o Ministério da Cultura abriu o edital do Prêmio Cultural LGBT 2009, que vai premiar, com R$ 23 mil, ONGs que trabalhem no combate à homofobia e na promoção do movimento LGBT? O link é http://www.cultura.gov.br/site/2009/03/16/edital-lgbt-2009/

Sem entrar aqui no mérito ou não da ação do Estado no caso da menina do Recife, mas acho que é fato que, em questões éticas, o Governo Federal tem assumido posições cada vez mais contrárias ao ensino bíblico. E a mobilização das igrejas e dos cristãos não tem sido muito grande nesse sentido.

Acho que o assunto vale um post no Tempora, fica aí a sugestão.

Abs,

Rev. Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro

Responder
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20/3/09 01:14 delete

Olá Solano

Na sua indicação de leitura (Geisler) o autor não considera aborto assassinato e é claramente a favor nos casos de estupro, incesto, deformidade prevista e risco de vida da mãe.
Segundo essa indicação me parece que seu posicionamento em relação ao assunto é bem clara.
Um abraço e parabéns pela coragem em expor esse assunto.

Responder
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20/3/09 10:21 delete

Caro Maurício:

Obrigado pelo comentário. Na realidade, não assino embaixo de tudo o que Geisler coloca, mas acho a leitura dele muito estimulante, porque ele nos faz pensar biblicamente sobre as inúmeras tramas e a complexidade ética das situações vividas. No entanto a posição não pode ser colocada tão reduzida, como você fez.

Geisler não trata apenas de posições teóricas, abstratas, mas aborda situações reais - bíblicas e da nossa época.

Ele não é situacionista ético, crê em absolutos normativos - como a Bíblia apresenta, mas estrutura o seu pensamento no que chama de hieraquialismo: as regras absolutas têm um grau de subordinação. E, nesse sentido, às vezes é necessário ver qual a regra a cumprir, o que envolve julgamento de valores - até do valor da vida. Assim a pergunta é lançada: todas as vidas são preciosas, mas toda vida tem valor igual - ou uma é mais valiosa do que a outra?

Ele não é a favor do aborto, mas julga ser possível aferir a "valiosidade" maior da vida da mãe.

Meu propósito, no post, é de lamentar o episódio; chamar atenção para a monstruosidade do crime; e mostrar a necessidade de que estejamos conscientes da complicação e dos detalhes, para que saibamos aplicar coerentemente os absolutos da Palavra de Deus, quem sabe, ordenando-os hierarquicamente, como Deus parece fazer nas Escrituras.

O grande teólogo Charles Hodge também lutou com essas questões, tomando uma posição de absolutismo conflitante, no qual o "mal menor" é às vezes necessário, nas situações da vida - mostrando inúmeros exemplos da Palavra onde isso ocorreu.

Enfim,o estudo da ética é algo fascinante e proveitoso, desde que o façamos com os pés fincados na Palavra de Deus. Veremos que os posicionamentos não poderão ser expressos de forma tão simplista, como às vezes são.

Solano

Responder
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Anônimo
AUTOR
26/3/09 13:50 delete

Concordo que é uma situação delicada, mas discordo que Geisler possa ajudar em alguam coisa. Pelo que conheço de sua obra sobre ética, Geisler, se mostra um péssimo exegeta, e hierarquista. Deus graciosamente capacita os homens para atender em várias áreas, especialmente saúde, mais 2 meses, pelo que me parece a menina já tinha 4 meses de gravidez, algo menos drástico, no que diz respeitos as 2 crianças assassinadas, poderia ter sido feito. Já cansei de ouvir médicos dizendo que não há recurso para isso ou para aquilo e no final estavam absolutamente errados. O contrário também é notório, eles dizem que vão resolver e não resolvem. Não quero ser juiz desta questão, mas em certos momentos me parece o tipo de situação que os favoráveis ao aborto esperam que aconteça para justificar sua impiedade, e por isso, como bem observou o Dr. Alfredo, resolvem questões difíceis como esta rapidamente. Espero que não seja isso. Não sou médico e talvez minha opinião quanto ao caso seja extremamente marcada pela ignorância, mas não posso deixar de pensar como pessoas com tanta facilidade resolvem matar crianças. Não discordo que o homem que fez isto a menina seja um monstro, mas não sei como chamar os que apelam para o assassinato de infantes em estado de formação.

Responder
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28/3/09 11:54 delete

Caro Helder:
Obrigado pelo comentário e pelas informações nele contidas. A cada dia temos surpresas, como a que você coloca. Há dois anos o Ministério da Educação promoveu cursos para toda rede de ensino, ensinando os professores do ENSINO FUNDAMENTAL a ACEITAR o homossexualismo, sob o manto cobertor que tudo justifica, de se contrapor à homofobia. Tenho falado disso por aí. Já abordamos alguns temas pontuais semelhantes, aqui. Mas há muito por fazer. Obrigado pela sugestão.

Solano

Responder
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Marcos
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13/5/09 04:53 delete

Independente de onde foi baseada a posição do arcebispo, não podemos deixar de admirar a sua coragem de posicionar-se contra o aborto mesmo sabendo estar indo contra a corrente. Sei que católicos e calvinistas têm diferenças doutrinais, mas diante de tanta loucura do mundo é melhor deixar de lado diferenças e unir forças contra o demônio nas coisas claramente pecaminosas como o assassinato de inocentes. Vamos deixar para resolver as diferenças depois de que convertamos o Brasil em uma sociedade mais cristã.

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