domingo, agosto 27, 2006

Augustus Nicodemus Lopes

Para Quem Pensa Estar em Pé (III) – versão para neo-ortodoxos

Eu não poderia deixar de incluir nessa série um post que trabalhasse a relação entre a santidade bíblica e a neo-ortodoxia. Acredito que uma das maiores vulnerabilidades da neo-ortodoxia é exatamente na área de santificação. Com isso não quero generalizar, dizendo que todo neo-ortodoxo inevitavelmente tem problemas sérios para viver uma vida santa. Apenas estou dizendo que os princípios operantes da neo-ortodoxia tendem a relegar a santificação a um papel secundário na vida cristã.

Começo recordando o que já disse aqui sobre a neo-ortodoxia (veja os links para os posts ao final). Ela foi uma tentativa de síntese entre a ortodoxia da Igreja e o liberalismo teológico no século passado, síntese em que não somente o liberalismo perdeu sua força, como também a própria ortodoxia, que já não seria a mesma. Contudo, a neo-ortodoxia continuou a se apresentar usando os termos e o vocabulário da ortodoxia histórica, embora com conteúdo diferente e que pouca coisa tem em comum com a ortodoxia histórica da Igreja. Aos neo-ortodoxos brasileiros eu diria o seguinte quanto à necessidade de santificação.

1. A santidade é visível aos olhos humanos – Ela não acontece nas regiões celestiais apenas, no âmbito das relações invisíveis entre os crentes e Deus. Se por um lado já fomos santificados e glorificados em Cristo nas regiões celestiais – coisa que não podemos sentir nem ver – somos exortados a nos santificar diariamente pela mortificação da natureza pecaminosa e pelo revestimento das virtudes cristãs (cf. Colossenses 3.1-6). A neo-ortodoxia tem a tendência de colocar como transcendentes as manifestações práticas e visíveis da operação da graça de Deus no ser humano, interpretando conversão e santificação em termos psicológicos, apenas. Talvez seja por esse motivo que alguns neo-ortodoxos – note que não estou generalizando – consideram como sem importância fazer sexo antes do casamento, fumar, beber, ir aos bailes e baladas, separar-se e casar de novo mais de uma vez, e usar palavrões e linguagem chula. Eles acabam esvaziando de sentido as declarações bíblicas sobre a necessidade diária e prática de uma vida separada do pecado e apegada aos valores cristãos.

2. A santidade é sinal da eleição – Muitos neo-ortodoxos negam isso, afirmando que os puritanos modificaram a doutrina da segurança da fé ensinada por Calvino. Os puritanos, com seu legalismo, teriam conectado a certeza de salvação à santidade e não á fé salvadora, como Calvino supostamente acreditava. Essa tese falsa já foi convincentemente refutada por muitos autores (recomendo o artigo de Paulo Anglada na revista Fides Reformata). Não precisamos dos puritanos para ver que a Bíblia ensina claramente que fomos eleitos para a santificação, e que sem santificação, ninguém verá ao Senhor (Hb 12.14). A santidade de vida – não estou falando de perfeição – é parte integrante da fé salvadora (Romanos 6). Santidade e fé salvadora são dois lados de uma mesma moeda. Tiago que o diga: “Fé sem obras é morta”. E no contexto, ele não estava falando de dar esmolas, mas de obedecer a Deus mesmo ao custo do que nos é mais precioso, como os exemplos de Abraão e Raabe demonstram (Tiago 2). Deixando de considerar a santificação como sinal da eleição para a vida eterna e adotando a fé como esse sinal, adotam uma base subjetiva para a segurança de salvação e correm o risco de se enganarem quanto à sua experiência religiosa, pois desta forma, podem se considerar salvos mesmo que não haja sinais visíveis da santificação entre eles.

3. A santidade é experimental – com isso quero dizer que podemos experimentá-la. Podemos viver, sentir e experimentar a vitória sobre as tentações interiores e exteriores. Sentimos e experimentamos grande gozo, alegria e deleite nas coisas de Deus. Sei que muitos vão se espantar com isso, mas declaro acreditar que reações físicas como tremer, chorar, emocionar-se, são perfeitamente válidas, se são resultado da pregação da Palavra de Deus na mente e no coração. Neo-ortodoxos tendem a considerar toda manifestação religiosa emocional como pentecostalismo, esquecidos de que a tradição reformada à qual dizem pertencer reconhece que a ação graciosa do Espírito na santificação por vezes produz efeitos profundos em nossa estrutura emocional. Eu sou contra emocionalismo e a manipulação e exploração das emoções. Mas, já chorei de alegria diante de Deus ao meditar na sua graça, já solucei amargamente, prostrado, por causa dos meus pecados, já senti uma paz que ultrapassa qualquer descrição ao enfrentar grandes tentações. O processo de santificação inevitavelmente passa pelas emoções – não é somente uma coisa da mente. E isso não é pietismo e nem pentecostalismo, como geralmente os neo-ortodoxos pensam.

4. A santidade precisa da prática devocional – Eu ainda acredito, depois de todos esses anos de crente, de pastor e professor de interpretação bíblica, que a leitura bíblica diária, junto com meditação e oração a Deus, são meios indispensáveis para nos santificarmos (Salmo 1). Não sei como muitos conseguem passar dias e dias sem ler a Palavra de Deus, sem meditar nela e buscar a Deus em oração. Quando por algum motivo deixo de fazer minhas devoções diárias, sinto o velho Adão crescer dentro em mim. Perco o gozo e o deleite na oração. Meu coração começa a se endurecer, meus sentidos espirituais começam a se embotar. O pecado deixa de ser odioso e começa a ser mais atraente. Eu nunca havia entendido até alguns anos passados porque neo-ortodoxos adotam uma ordem de culto extremamente litúrgica. Hoje, penso que descobri. Se não temos prática devocional e se tiramos o poder prático do Evangelho em nossas vidas, temos de transferir a dinâmica da santificação para outra esfera – e no caso, um culto extremamente formal e litúrgico. Não sou contra um culto litúrgico. Sou contra o “liturgismo” que aparece como substituto de uma vida devocional diária e do processo de santificação.

5. A santificação pressupõe que Deus fez e faz milagres neste mundo – A santificação bíblica pressupõe a realidade de três milagres. Primeiro, a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte, por sua ressurreição física, literal e histórica de entre os mortos. É somente mediante nossa união com o Cristo ressurreto e exaltado que temos o poder para vencer o pecado em nós. Segundo, a operação do Espírito regenerando o pecador, dando-lhe uma nova natureza e implantando nele o princípio da nova vida em Cristo. Sem regeneração, não pode haver santificação. A velha natureza pecaminosa não pode santificar-se. É preciso uma nova natureza e somente um ato miraculoso, criador, de Deus a implanta no pecador. Terceiro, a ação da Providência de Deus, que diariamente impede que sejamos tentados mais do que podemos resistir, subjugando Satanás, subjugando nossas paixões e nos mantendo no caminho da santidade. A neo-ortodoxia tende a lançar todos os atos miraculosos de Deus para a heilsgeschichte, um nível de existência que eles inventaram, que é fora desse mundo. Portanto, quem realmente não crê na ação miraculosa de Deus na historie, no mundo real, não conhece o que é a regeneração, a união mística com Cristo e a vitória diária sobre o pecado.

6. A santificação precisa de referenciais morais objetivos e fixos -- Sem eles, a santificação descamba para o misticismo, pragmatismo, e paganismo. O referencial seguro do caminho da santidade é a Palavra de Deus, nossa única regra de fé e prática. Ela é lâmpada para meus pés e luz para meus caminhos (Salmo 119.105). A neo-ortodoxia vê a Bíblia, não como a Palavra de Deus, mas como o testemunho humano escrito e falível a essa revelação. Deus só me fala pela Bíblia num encontro existencial, cujo conteúdo será determinado pela minha necessidade naquele momento. Fica difícil dizer não ao pecado, mortificar as paixões, rejeitar as tentações, buscar a verdade, a pureza e a justiça quando não temos certeza que essas coisas são certas e que são a vontade de Deus para nós a todo momento. Uma Bíblia falível, muda, cheia de erros, é um guia inseguro e não-confiável na senda do Calvário.

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12.14).

Veja esses posts sobre a Neo-Ortodoxia

A Neo-Ortodoxia e a ressurreição de Jesus

Barth para Leigos

Por que o Barthianismo foi chamado de Neo-ortodoxia

A Voz é de Jacó, Porém as Mãos são de Esaú

Augustus Nicodemus Lopes

Postado por Augustus Nicodemus Lopes.

Sobre os autores:

Dr. Augustus Nicodemus (@augustuslopes) é atualmentepastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia, vice-presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana doBrasil e presidente da Junta de Educação Teológica da IPB.

O Prof. Solano Portela prega e ensina na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, onde tem uma classe dominical, que aborda as doutrinas contidas na Confissão de Fé de Westminster.

O Dr. Mauro Meister (@mfmeister) iniciou a plantação daIgreja Presbiteriana da Barra Funda.

17 comentários

comentários
Anônimo
AUTOR
27/8/06 22:39 delete

Não existe santificação quando os meios de graça não são observados. João escrve na primeira epístola que o que por ele foi escrito tem como objetivo leva seus leitores a não pecarem. Creio que um neo-ortodoxo nunca lerá as Escrituras nessa perspectiva. Além disso, sempre tive uma curiosidade de saber qual é a relação de um neo-ortodo e ortodo entre a prática da oração. Eles oram pr. Augustus? Entendo que a comunhão brota no coração daqueles que partilham da confissão sobre Cristo e as doutrinas apostólicas e, também, surge naqueles que buscam uma pureza moral. SEndo assim, creio, que não é possível manter comunhão com um liberal. Entretanto creio que é possível mantermos uma comunhão, rev. Augusto, mesmo sendo um neo-puritano com um reformado. Pera aí!!! Mas, neo-puritano não é reformado? Na verdade somos todos iguais. A diferença é que uns fé demais.

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27/8/06 23:50 delete

Rev. Augustus, lendo os livros de Francis Shaeffer, entao perguntei a Deus: Senhor, Shaeffer morreu, onde estao os seus substitutos. Deus sempre tem aqueles que escolheu soberanamente para a sua glória, pois vejo nesse blog o motivo maior que é a glória de Deus. Fiquei impressionado pelo equilíbrio, a coragem e a sabedoria que escreveu essas versoes. Quero dizer q demonstra a sua importância no Reino de Deus em esclarescer a muitos, usando sua erudiçao e sabedoria p trazer um blog tao rico, juntamente com o Rev. Mauro e Rev. Solano. Fico alegre em Deus me ter dado o provilégio de ter sido seu aluno e resta-me a dívida de orar ao Deus soberano que continue lhe dando sabedoria e que vc jamais esqueça q toda boa dádiva procede dele. Creio q esse blog é muito importante e muito rico. Deus os abençoe.

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Fabio
AUTOR
28/8/06 01:33 delete

Estimado Pastor Augustus,

Muito bom seu post, como sempre.
Para mim tem sido enriquecedor ler seus artigos.
Gosatria de saber seu pensamento sobre a resiliencia, ou seja, pecados que foram vencidos por nós, porém se afloram novamente e como posso conectar isso com a santificaçao, que é sinal da eleiçao. É possível que um eleito volte a pecados já vencidos?
Um abraço,
Fábio (Chile)

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28/8/06 11:31 delete

Olá Rev. Augustus,

Pra variar, gostei do post. :-)

Acho que cabe uma recomendação: o livro do J.C. Ryle, Santidade, sem ao qual ninguém verá o Senhor. Apesar dele ter um estilo meio "puritanão", é um excelente livro e traz bons conselhos e definições. Creio que é uma obra que, lida como devocional, pode mudar pra muito melhor a vida de um neo-ortodoxo.

Abraços Reformados,

André Scordamaglio

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Anônimo
AUTOR
28/8/06 14:33 delete

Olá Nicodemus

Muito bom texto sobre a santificação e os neo-ortodoxos, mas acredito que os pontos 1, 2, 3 e 6 sejam bastante controversos, eu pelo menos tenho algumas dúvidas. Gostaria de coloca-las.

Ponto 1: A santidade é visível aos olhos humanos.

Veja isso apenas como uma sugestão e não como arrogância...srsrsr
Esse ponto, dá uma impressão de que a santificação de um cristão deve ser aparente, visível, clara ao outros e não a Deus. Ou seja, tenho que mostrar a outros, principalmente a cristãos, que necessariamente estou me santificando.
Desse modo, podemos incorrer num julgamento com base no comportamento, que é o meio mais visível da santificação. E comportamento exemplar não significa santificação. Mas santificação implica em atitudes mais apuradas, moderadas, sábias e corretas que as escrituras ensinam.
Talvez o ponto 1 poderia ser sintetizado em "A santidade é vivida e sentida na esfera humana"

Ponto 2: Sem sombra de dúvidas que o eleito necessariamente irá se santificar.
Mas uma das coisas que os neo-ortodoxos ponderam é a questão da segurança da salvação e o impacto sobre a consciência individual. Não sei até que ponto, mas aliar a santidade como sinal de salvação pode gerar os mais demasiados tipos de conflitos internos, duvidas da salvação. Sabemos que existem muitos eleitos que possuem dificuldades em algumas áreas da vida (como aqueles citados no ponto 1) e isso faz parte da santificação (que é dinâmica e não estática). Qual seria o erro: Vou me santificar para ter certeza que sou salvo.

Ponto 3: Manifestações Emocionais fazem parte da vida do cristão, sem dúvida alguma.
Mas vivenciar e experimentar a santificação implica não só em vitórias sobre a tentação, mas também em erros, reveses e tentações?
E a impressão que se tem é que experimentar a santificação é experimentar somente vitórias...quando vem o erro..parece que tudo desmorona e a experiencia foi um mero engano.

Novamente peço meus próximos comentários seja apenas uma sugestão.
Ponto 6: Sem sombra de dúvidas que nosso único referencial são as escrituras sagradas para santificação. Mas se por um lado a neo-ortodoxia cria um forte subjetivismo à biblia, sua mã interpretação pode levar a conclusão de que a biblia é um mero simples livro de regras morais, e que executar essas regras morais é seu fim.
Talvez a sintese poderia ser "A santificação precisa da ação da graça de Deus para se atingir referenciais e padrões exclusimente bíblicos".

Já escrevi muito, sei que meus comentários são um pouco grandes..como sempre..srsrsrsrs

Abraços
JP

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28/8/06 21:16 delete

Queridos,

Obrigado a todos que fizeram os primeiros comentários aqui no post. Sempre ficamos gratos pelo envolvimento de tantos irmãos e amigos aqui nesse espaço.

Paulo de Tarso,

Não sei dizer se os neo-ortodoxos oram. Creio que sim. Sobre liberais, de fato não tem como manter comunhão com eles, se forem liberais mesmo. O liberalismo teológico clássico não é Cristianismo, na minha opinião. Sobre comunhão entre reformados e "neo-puritanos" (é você quem está usando a nomenclatura, eu já me comprometi a não usá-la mais), teoricamente é claro que é possível.

Fábio,

Boa pergunta. Nos posts anteriores sobre santificação eu disse que, para mim, a santificação é sempre um processo, um processo incompleto aqui nesse mundo. Não creio, como disse, em perfeição debaixo do sol. Como parte desse processo imperfeito, a luta contra o pecado em todas as suas formas vai durar até o último dia de nossas vidas. Creio que alguns hábitos pecaminosos são mais difíceis de vencer do que outros e o processo de vencê-lo pode durar muito tempo. E às vezes, um hábito que pensávemos ter vencido pode retornar. De qualquer forma, entendo a partir de Romanos 6 e 1João que o regenerado não vive na prática do pecado, embora viva em constante luta contra ele, e que o pecado sempre deve ser um acidente em sua vida, e não a norma.

Um abraço!

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28/8/06 21:31 delete

André,

Obrigado pela indicação do livro de Ryle. Já li, sim, e é muito bom!

Caro JP,

Sim, sempre há pontos controversos nesse assunto. Sobre as dúvidas que você mencionou, respondo:

Ponto 1: Quando eu disse que a santidade é visível aos olhos humanos não estava excluindo, é óbvio, que ela é primeiramente vista por Deus. As duas coisas se completam, não se excluem. Nada do que eu disse sugere que devemos nos santificar para que os outros nos julguem salvos, muito embora a Bíblia recomende que nossa moderação seja conhecido de todos e que sejamos exemplos de santidade, de amor e de pureza.

Ponto 2: Eu entendo sua dúvida e sua preocupação. O que eu coloquei sobre certeza de salvação é a posição clássica da Confissão de Fé, que diz que o verdadeiro cristão pode ter sua certeza abalada de vários modos, e um deles é a consciência ferida pelo pecado. Lembre-se ainda que quando eu escrevi a versão deste post para reformados eu disse que a busca da certeza da salvação deveria ser feita à luz da justificação pela fé, pela graça, para não cairmos em confusão, desânimo e desespero.

Ponto 3: Ué, eu citei como exemplo de emoções a minha própria experiência de chorar prostrado por causa de minhas quedas, fracassos e reveses. Releia cuidadosamente esse ponto.

Ponto 6: não entendi direito o que vc quis dizer.

Obrigado pelos comentários. Um abraço!

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Anônimo
AUTOR
29/8/06 10:55 delete

Augustus,

A queda mais desastrada, nas fotos da série, foi a dos neo-ortodoxos. Alguma inferência subliminar nisso?

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29/8/06 10:58 delete

Caro Anônimo,

Foi só coincidência. Acontece que é difícil achar fotos de queda na Internet e não tenho tempo para ficar pesquisando. Pego a primeira que aparece...

Mas, confesso que esse ponto, sim, certamente me cruzou o pensamento, por um segundo ou dois.

Um abraço

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29/8/06 11:42 delete

Gostei do artigo, como os outros da série, tende a ajudar a auto-reflexão. Gostaria de dar uma dica, a primeira que deixei não recebi nem um não sobre o assunto, mas, esta sei que será respondida. Entre os nomes do blog, poderia ser inserido o Rev. Hermisten? Alguns comentários dele são verdadeiros artigos.

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29/8/06 15:07 delete

Prezado Rev. Augustus,

Muito interessante seu comentário a respeito da relação dos neo-ortodoxos com a liturgia. Coincidência ou não, eu dou grande valor a uma liturgia tradicional e formal (embora essa predileção também se deva à minha história de 32 anos de protestantismo histórico)... Seria uma tentativa de "reter" algo que, intelectualmente, os neo-ortodoxos sentem escapar como areia entre os dedos? Seria uma tentativa inconsciente, análoga à própria prática teológica neo-ortodoxa, de "conservar" o conteúdo essencial da fé cristã "apesar dos pesares".

Os neo-ortodoxos parecem ser pessoas bastante divididas. Sentem-se atraídos pela crítica moderna (liberal), mas não querem perder a fé, a experiência com Deus. Talvez por isso procurem manter a mesma terminologia do cristianismo clássico, embora criticando-a. E também por isso talvez se apeguem à liturgia como a uma bóia de salvação. Como alguém que se recusa, sem saber exatamente por quê, a levar às últimas conseqüências os princípios em que acredita.

Por tudo isso, creio que se deva dar um voto de confiança aos neo-ortodoxos. No fundo, são pessoas bem-intencionadas...

Abraços,

Marcos M. Grillo

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31/8/06 10:09 delete

Gustavo,

Dr. Hermisten seria um nome que certamente enriqueceria em muito nosso blog. Obrigado pela sugestão. Todavia, já discutimos bastante entre nós três (Mauro, Solano e Augustus) se deveríamos convidar irmãos queridos para compor o quadro de autores, e nossa conclusão foi que, por mais pobres que fiquemos deixando de ter irmãos como o Hermisten e outros, manteremos o formato original do Tempora-Mores: três autores.

Afinal, somos mais conservadores do que caixa de Maizena, que faz 50 anos que não muda a embalagem...

Um abraço.

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1/9/06 00:47 delete

Gustavo (pegando carona no post do outro...):
Quando o Rev. Dr. Hérmisten se animar a postar, tenho certeza que o blog dele será riquíssimo. Alíás ele precisará de dois - um para os arquivos memoráveis e outro só para as notas de rodapé...
Abs
Solano

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2/9/06 23:21 delete

Rev. Augustus,

Muito boa a série, mas entendo que também faz parte da vida cristã o olharmos para o espelho, e vermos nossas próprias falhas. Se o Solano escreveu sobre pecados que ameaçam os calvinistas, talvez fosse o momento de escrever um "Para Quem Pensa Estar Em Pé" - versão para reformados. Quais são os erros que reformados conservadores não "neo-puritanos" cometem ou podem cometer em sua compreensão sobre santidade?

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5/9/06 23:33 delete

Helder, querido, o "Para Quem pensa estar em Pé" número II foi exatamente para reformados. Dê uma olhadinha.

Abraços,
Augustus

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5/9/06 23:37 delete

Grillo,

É sempre bom ler seus comentários. Sim, eu gostaria de dar um crédito aos liberais e neo-ortodoxos, mesmo que eles já tiveram esse crédito e por mais de duzentos anos (os liberais, veja bem), dominaram a área teológica.

Por isso, prefiro tratar cada caso como um caso, individualmente -- nada em bloco. Pois há neo-ortodoxos e neo-ortodoxos. Alguns que eu conheço, merecem todo crédito.

Um abraço.

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Anônimo
AUTOR
26/7/09 14:51 delete

Caro Nicodemos, gostaria de cumprimentá-lo pelas posições assumidas em seus comentários nesse espaço eletrônico. Em relação à santidade dos neo-orodoxos, acho que o texto contribui sim, para àqueles que têm pouco, ou nenhum discernimento das Escrituras em relação ao assunto. Devo dizer ao irmão, que é um profundo conhecedor da Palavra, que o estado de letargia espiritual, no qual se encontra a igreja hoje, é sim, muito mais grave do que o tema em questão . Aliás, na minha modesta opinião, acho que os neo-ortodoxos, surgiram exatamente porque o estado insípido por que passa a igreja, favoreceu o surgimento deles. É lamentável tudo isso. Por outro lado, a realidade do cumprimento das Escrituras jas á porta, uma vez, que estamos vivenciando o início da apostasia no mundo, e os momentos mais difíceis ainda estão por vir aí....
A minha oração, é na direção de que os crentes consigam enxergar a tempo, o grande tesouro que lhes foi concedido exclusivamente pela Graça, e saiam dessa timidez espiritual lembrando que somos os únicos soldados na história da humanidade, que lutam com a bandeira da Vitória hasteada até o final...
Graça e PaZ!!

Evandro Rocha.

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